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Menina Jasmim
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meninajasmim · 8 months ago
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Procurando o melhor lugar pra encontrar textos de ficção curtos de qualidade duvidosa
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meninajasmim · 1 year ago
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Você não sabe...
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(O tema sorteado foi inveja. Há algum tempo não escrevo esses meus textinhos autorais, então não espere muita coisa kkkk. Postado originalmente no Insta)
"Você vive repetindo que eu tenho tudo no lugar certo, que minha vida é perfeita e que nada, nem ninguém consegue me abalar. O que não vê é o que se passa em minha cabeça sempre que me lembra o quanto vê de fora. Nós não gostamos de compartilhar esses sentimentos negativos que borbulham por dentro e mentimos que é só uma indigestão, não é mesmo? Mas algumas coisas não conseguimos mentir nem para nós… Eu finjo que nada sinto, mas já estou lutando com esses sentimentos há tempo demais para achar que é algo de momento. Lutando com o fato de que me incomoda mais do que eu gostaria ver você sentado com sua família inteira, rindo e se divertindo, aproveitando a companhia uns dos outros. Ou como você parece não se importar com o mundo ao seu redor, porque as coisas simplesmente acontecem. E por mais que se esforce, você não precisa ser lembrado todo dia o quanto está lutando também para se manter vivo; não precisa pisar em ovos temendo que um dia eles vão olhar para você e ver tudo o que escondeu durante anos e te odiar mesmo que um dia tenham te amado. Você vai voltar para a sua vila e ser recebido com beijos e abraços enquanto nem mais vila há para eu voltar. Não sabe o que sinto quando diz que minha vida é perfeita como se fosse fácil fazer todos acharem isso.
Mas você não sabe. Não sabe o que está acontecendo desse lado e como tudo, de fato, me abala. E você está enfrentando suas próprias lutas, mas não são iguais às minhas, nem nunca serão. Talvez por isso não consegue entender o que se passa aqui dentro, nem todo esse sentimento que fermento por você.
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meninajasmim · 6 years ago
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Quando os sinos tocarem
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Acho que não acreditaria se um dia eu dissesse que nem mesmo o sol brilha tanto quanto seu sorriso. Mentira não seria, e eu sei bem do que falo. Seria tendencioso, porém, abrir minha boca para falar algo, eu sei, mas não consigo evitar de sentir o anil esquentar em meu rosto e todo meu corpo se alertar toda vez que a vejo passar. Não consigo evitar de sonhar com seus dedos enrolados por minha pele, mesmo eu sabendo que você é sempre tão receosa.
Seria tudo muito bonito, se nossa história não fosse trágica. Mesmo com o amor esmurrando meu peito, mesmo com seus olhos sorridentes toda vez que me vê. Tudo é tão distante. Tudo é tão impossível para seres tão diferentes quanto nós.
Mas em meus secretos sonhos nosso amor floresce por todos os campos, espalhando-se por cada pedacinho fértil e tomando tudo com as cores que sei que você tanto ama. Seus lábios tocariam minha pele sem medo e eu não me recriminaria por sentir meu corpo arrepiar de felicidade, nem esconderia tudo o que tanto sonhei poder dizer.
Você não sabe, mas eu preferiria ser arrancada de minhas raízes, ter parte por parte minha despedaçada, morrer entre seus dedos por um simples capricho. Eu preferiria me entregar aos seus pés, para que pudesse destruir o que há de mais precioso em mim, o que há de mais belo. Eu preferiria deixar tudo para trás, só para fazer um dia seu que fosse mais bonito.
Mas você se mantém distante, me olhando pelos cantos, cuidando daquela forma que só você sabe cuidar. Nem passa pela sua cabeça como o turbilhão de sentimentos ecoa dentro de mim, como jorra pelo meu corpo e me faz retesar de amor por você. Você nem ao menos consegue imaginar o quanto sua simples presença muda tudo. Como apenas vê-la a distância basta para mais um dia terminar feliz.
Seria bonito. Seria bonito. Mas é tão trágico. Entre todas, eu nunca poderei ter seu toque só para mim, ter seu cuidado só para mim, ter seu sorriso só para mim. Meu peito continuará chamando por seu nome, o anil continuará quente em minha face. Eu continuarei parada, encarando-a, tendo apenas aquilo que você pode me dar.
Eu nasci com o destino fadado, com toda a história escrita antes de começar. Mas então você aconteceu e eu desejei que tudo pudesse ser por apenas um dia diferente. Não pode e nunca poderá.
E mesmo se eu gritasse com todo ar que ainda guardo em mim, mesmo se pedisse ao Céu ou ao Inferno, mesmo que me atirasse aos seus pés… Nada disso adiantaria de nada.
Mesmo se eu confessasse que preferiria morrer entre seus dedos, que preferiria ser guardada entre as velhas páginas de seu livro favorito ou presa entre suas madeixas brancas como a lua. Mesmo se eu tivesse a chance de declarar tudo o que sinto, aquele seria meu destino.
Você me entregaria de bom grado, em um papel bem-arrumado para uma mão suada, a fim de que eu morresse em um colo fresco entre palavras arrastadas de uma jura de amor.
E quando os sinos tocarem você saberá que aquela foi a única forma que consegui para dizer que até no último momento, não parei de pensar em você.
Postado originalmente no wattpad
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meninajasmim · 6 years ago
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Instagram: @nane.artwork
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meninajasmim · 6 years ago
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Natália suspira aliviada toda vez que o horário de ir para casa chega. Era sexta à noite, um dos piores horários para quem trabalhava naquele pequeno shopping suburbano, ainda mais naquela única loja de chocolate que parecia nunca estar vazia. Mas, pelo menos, o expediente havia acabado por aquele dia e só teria que retornar na manhã seguinte.
Entrou nos fundos da loja, onde guardava suas coisas, e se apressou a se arrumar antes que surgisse algum outro imprevisto e ela tivesse que fazer hora extra até o fechamento do shopping. Não podia, não naquele dia. Sua mãe estava viajando e não tinha ninguém para pegar a pequena Lúcia. Teria que ser ela e não iria deixar a menina sozinha na escola.
Seus colegas mal escutaram quando se despediu, nem viram quando desapareceu pelos corredores, apressada para não perder o ônibus que passaria dali a seis minutos. A escolinha não ficava muito longe, mas o tempo que levava para chegar duplicava caso perdesse o primeiro coletivo. Por sorte, alcançou a parada assim que o veículo parou. Espremeu-se entre as pessoas e conseguiu um bom lugar perto da porta, pronta para saltar dali a três paradas.
Desceu a rua correndo e chegou esbaforida, sentindo os pulmões pulando em seu peito e o ar ainda faltar ali dentro. As crianças já estavam liberadas há, pelo menos, meia hora antes, e Natália não gostava de deixar a filha esperando por muito tempo, ainda mais depois do sol se pôr.
– Boa noite, Clara – cumprimentou a monitora que estava sentada paciente ao lado das últimas crianças que esperavam os pais chegarem.
– Boa noite, Natália. – A moça abriu um sorriso, contente por mais um aluno estar indo para casa em segurança.
– Mamãe! – Lúcia pulou nos braços da mãe e escalou com habilidade até se arrumar em seu colo. Natália a ajeitou sobre os braços, em uma posição um pouco menos desconfortável. A criança estava ficando cada dia maior e mais pesada, logo não conseguiria mais ficar nos braços da mãe.
– Muito obrigada por tomar conta da Lúcia. Espero que ela tenha se comportado.
– Lúcia é uma excelente criança, Natália, nunca dá problema. Na agendinha dela, eu mandei um recadinho sobre a apresentação de dia dos pais. Será na próxima sexta.
– Er… Ok. – A mãe se esforçou bastante para manter a expressão calma, mas era difícil não exprimir nada quando mencionavam aquela data. – Até segunda-feira, então.
– Até, bom fim de semana.
Concordou com a cabeça e seguiu de volta para a parada de ônibus. Ambas, mãe e filha, sempre ficavam muito cansadas depois de mais um dia, então pouco conversavam no caminho para casa. Dividiam um acento no coletivo, enquanto Lúcia aproveitava para cochilar no ombro da mãe. Era melhor daquele jeito, Natália não queria que a filha olhasse para ela e visse como as feições da mulher estavam mudada.
Não era só o cansaço, era também pensar que teria que falar com o pai da criança e convidá-lo para a festinha na escola. Muito desgastante. Se a mãe estivesse na cidade, com certeza pediria para ela providenciar de ligar para o traste que era Vinícius e fazer o convite.
Suspirou, mais alto do que esperava, fazendo a filha se mexer. Então tentou ficar ainda mais quieta.
Lúcia ainda dormia quando chegou em casa, mas foi acordada pela mãe para poder se lavar. Era a hora que a criança começava a falar desenfreadamente, contando tudo o que acontecera naquele dia. Ela estava animada para a festa do dia dos pais, já que raramente via Vinícius. Falava muito sobre como seria a próxima sexta e aquilo deixava Natália ainda mais frustrada.
Por sorte, a criança mudou de assunto logo que se sentaram para jantar. Ela era assim, não conseguia falar sobre uma coisa só. Conversou sobre seu canal favorito de youtube e tentou convencer a mãe a comprar cola e um monte de outras coisas para fazer geleca, ou Slime, como a garota falava. Natália achava divertido a forma que a garota falava, mas já se preocupava de antemão com a bagunça que aquela… experiência iria causar.
– Acho que esses vídeos estão te viciand… – A palavra morreu em seus lábios. – Vamos ter que diminuir a quantidade de horas que passa na internet, não?
Lúcia fechou a cara, colocando o bico para fora, o que sempre fazia a mãe sorrir e ceder. Não foi diferente daquela vez.
– Ok, eu compro o que você quer depois, está bem? Agora vá escovar esses dentinhos enquanto eu termino aqui.
Louças e dentes limpos, deitaram-se as duas na cama que dividiam. Natália abriu um livro, mas estava tão cansada que nem prestou muita atenção na história que lia, por mais que Lúcia se mostrasse interessada.
A criança demorou a dormir e a mãe também. Natália só percebeu quando acordou assustada, o livro sobre o peito e o celular vibrando na mesa de cabeceira. Esticou o braço e conferiu o número que ligava. Droga, pensou, antes de recusar a ligação. Voltou a dormir, desejando que tivesse sido a única daquela noite. Algumas horas depois, mais uma.
Desta vez, ela se levantou, com cuidado para não acordar a criança. Pegou o celular e se arrastou até a sala, encostando a porta ao sair.
– São duas da manhã, caralho! – praguejou, tentando não levantar muito a voz.
– Natália… – A voz pastosa ignorou o cumprimento nada amistoso da mulher. Calou-se em seguida, o que a permitiu escutar o barulho ao fundo. – Natália…
– O que você quer, Vinícius?
– Eu tô com saudade, Natália.
– E o que eu tenho a ver com isso? São duas da manhã! Para de ser inconveniente.
– Eu quero te ver.
– Vai continuar querendo.
– Eu ainda te amo…
Natália não conseguiu suprimir o riso de escárnio que escapou de seus lábios. Mas então, parou para pensar naquelas palavras. Ela o amava também. Amava-o quase da mesma forma de quando eram adolescentes e estavam perdidamente apaixonados como jovens estúpidos que eram. Quase da mesma forma de quando descobriu que estava grávida e ele disse que cuidariam juntos da criança, mesmo tão novos. Quase da mesma forma de quando o buscava nos incontáveis bares e o arrastava de volta para casa.
Amava-o quase da mesma forma de quando o expulsou de casa às lágrimas, porque não dava mais conta de levar aquilo adiante.
– Você não me ama, Vinícius. Só está me ligando porque está bêbado, como sempre faz. Você não me ama! Porque se me amasse, teria dado um jeito nessa sua bebedeira, porque você sabe como eu morria de preocupação de te encontrar morto de tanto beber. Você nem se importa com sua filha, desaparece e fica meses sem mandar notícias. E olha que ela sempre fica animada quando fala de você. Semana que vem vai ter festinha de dia dos pais na escola e adivinha, ela vai se decepcionar novamente porque com certeza a porra do pai dela não vai aparecer. Você só me liga quando está bêbado, caralho!
– Natália… – Ele chorava. Como sempre fazia. E depois as promessas que nunca iria cumprir. – Eu tô tentando, porra! Me dá mais uma chance, eu tô tentando parar de beber, eu vou ser um pai melhor.
– É o que você fala toda vez. – Ela também chorava. Um misto de tristeza e de ódio por estar sendo tão fraca. – Eu já te dei mil chances! Eu estou cansada… Tô cansada disso. Eu não preciso disso na minha vida, Vinícius, nem a Lúcia.
– Natália…
– Olha, vai pra casa. Eu tenho que acordar daqui a pouco e não tenho tempo pra continuar essa conversa com você. Se puder fazer a bondade de aparecer na festa na sexta, a Lúcia vai ficar feliz. Não que eu espere alguma coisa de você e como se eu já não estivesse acostumada em arrumar desculpas pra nossa filha. E sério… pare de me ligar de madrugada!
– Natália, espera!
– Tchau, Vinícius.
Desligou antes que ele pudesse dizer mais algo. Não voltou a se deitar como queria, ficou na sala observando a lua pela janela e tentando entender por que ainda chorava. Acordou no sofá, o corpo e o coração doloridos.
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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Equilibrou-se no andaime e subiu mais alguns metros. O sol quente escaldava sua cabeça, fazendo o suor escorrer sob o capacete amarelo. Secou a testa sem notar o movimento. Automático. Como costumava ser quando estava cansado.
Só mais algumas horas. Pensou. Logo estaria arrumando suas coisas para voltar para casa.
Seus colegas conversavam alto, enfrentando o ruído dos carros que passavam na rua e da britadeira da própria obra. Parecia uma tarefa impossível, mas, mesmo assim, eles tentavam. Um gritava de um lado. O outro respondia gritando do outro. Falavam sobre superficialidades, coisas do cotidiano, sobre o jogo de futebol da semana passada e a última notícia absurda que saiu no jornal. Estavam passando o tempo enquanto trabalhavam.
Ele falava pouco, às vezes concordava com a cabeça, mesmo sabendo que seus colegas não estavam olhando-o. Estava cansado, não queria conversar. Não queria gastar sua energia.
Não era só aquilo. Era outra coisa. Algo que se escondia nas engrenagens de seu coração-relógio e modificava a forma como seu cérebro funcionava. Era um aperto estranho, que ele não compreendia bem.
Lembrava de algumas frases, de quando era criança e seu pai fazia questão de educá-lo como um homem deveria ser: Homens não choram. Homens não falam sobre sentimento. Homens não sentem.
Ele era homem, não devia chorar ou sentir. Foi ensinado assim. Cresceu assim.
Mas aquele aperto o encucava. O que tanto o incomodava? O que tanto doía ali dentro, sem que ele soubesse como colocar para fora?
Uma pausa na conversa. Seus colegas se afastaram um pouco, ele permaneceu lá, enfeitiçado pelas dúvidas que não queriam largá-lo. Completava anos que se sentia daquela forma e cada vez parecia piorar. Ele não entendia, também buscava não entender. Escondia no fundo de seu ser, quase que na sola de seus pés. Escondia para si mesmo, escondia para os outros.
Então um colega tocou seu ombro, só assim para fazê-lo perceber que se aventurara novamente pelos pensamentos e esquecera do presente. Quanto tempo passara sem notar o que fazia? Estava na hora de ir embora, podia finalmente seguir para casa e descansar.
Desceu com cuidado, seguindo a horda de trabalhadores. Caminhavam na mesma direção, abriam seus armários ao mesmo tempo, coletavam suas coisas, batiam o ponto. Seguiam para a padaria na rua de baixo, ou para o ponto de ônibus na mesma direção. Todos muito cansados. Todos conversando alto como se o barulho fosse dar mais significado às conversas vazias.
– Você está muito quieto hoje. – Outro colega comentou, esbarrando em seu braço. Ele estalou a língua, como se tanto fizesse o que estava sentindo. O colega não fez questão de saber mais, entrou na padaria e desapareceu lá.
Já ele continuou o percurso até um ponto mais afastado, onde o ônibus passava direto perto de sua casa. Não precisou esperar muito, o ônibus sempre estava lá alguns poucos minutos depois que ele saía do trabalho.
Estava cheio como de costume, ele mal cabia dentro, mas precisou se espremer para não chegar muito tarde em casa. Ali dentro eles eram feito um. Dividiam o mesmo espaço, dividiam o mesmo ar, dividiam o mesmo calor. Era o mais perto de um abraço que ele teria naquele dia. Sentia a respiração ritmada de todos, como se o próprio ônibus tivesse vida, com seus incontáveis corações batendo a um só ritmo.
Uma lágrima escorreu pelo seu rosto e ele a sentiu descer quente até despencar do queixo. Não estava chorando, homens não choram. Homens não sentem.
Prendeu a respiração, enquanto o sangue bombeado ecoava pelas orelhas. Seu coração-relógio falhou, atrapalhando a contagem dos batimentos do ônibus inteiro. Mas ele sabia que só seu coração sentira aquilo. Ninguém ao seu lado notara, a não ser ele.
Sentia como seu estivesse em uma contagem regressiva, como se fosse explodir a qualquer momento. Os batimentos ritmicamente contavam cada novo segundo. Um segundo a menos para seu coração-relógio parar de funcionar.
Esperou, enquanto os outros corações se mantinham alheios ao dele. Esperou.
Uma nova lágrima escorreu pelo seu rosto, mas ele a secou antes que alcançasse a metade da bochecha. Respirou fundo e desceu do ônibus.
Seria assim, talvez, até o fim de seus dias. Porque homens não choram e pessoas não se importam.
Seguiu em silêncio, até chegar em casa.
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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meninajasmim · 6 years ago
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 O clique metálico da velha maçaneta girando ecoou pela madrugada. Aquele agudo perturbou toda a paz de dentro do cômodo. Toda a falsa paz que eu fingia existir.
O ruído me fez abrir os olhos e encarar o quarto escuro. Não sabia de forma exata que horas eram, mas o tic-tac na cabeceira da cama deixou claro que o tempo não havia parado ali dentro. Parecia, porém, já que a sensação era a mesma, como se as folhas do calendário não tivessem sido arrancadas, e os ponteiros não tivessem rodado e rodado inebriante.
Esperei um momento, ainda colado à cama, sem ter controle completo de meu corpo. Sentia as mesmas coisas: meu nariz sendo atraído pelo cheiro forte de seu perfume; minha pele aquecendo-se à mera lembrança de seu ser; o sangue galopando pelas artérias, enquanto meu coração escalava minha faringe. Tudo explodindo em meu interior, fazendo-me só pensar em você.
Seu vulto se moveu pela noite, emoldurado pela parede clara onde antes colávamos nossas fotos. Sua pele refletia o filete débil que escapava pelas brechas da persiana, como a figura mitológica que parecia ser.
Perfeição, minha cabeça apontou, já não dona de minhas faculdades mentais.
Enquanto o colchão dobrava-se sob seu peso, eu me estirava pela coberta, pronto para recebê-lo. Pronto para ter seu corpo junto ao meu. Era aquilo que procurávamos. Eu e você. Presos naquele mundo onde não pertencíamos.
Seu toque gélido invadia meu corpo, congelava minhas entranhas, gangrenava tudo ali dentro. Tudo que pertencia a você. Você sabia como me tocar. Eu sabia como tocá-lo. Não precisava de muito, não precisava nem ao menos pensar. Era simples, fácil e natural. Nossos corpos se atraíam, puxavam-se um para perto do outro e se encaixavam como se tivessem sido forjados juntos.
Nossos lábios molhados, roçando um no outro, a centímetros de nos entregar totalmente, mas nunca o fazendo.
Era aquele seu jogo, o vai-e-volta, o fica-não-fica. Você não sabia lidar com tudo ali. Não sabia se entregar ao tempo e deixar que o presente o consumisse. Não, aquilo era complicado demais para você.
Mas você queria. Como um animal, você caçava sua presa. Cada segundo, salivando ainda mais faminto. Cada segundo, tornando-se ainda mais brutal. Você era assim, pegava o que precisava, desarmava-me até eu ser completamente seu, até eu não ser mais meu.
Um dia eu havia sido assim também. Preso naquela mente, buscando o que não tinha nos lábios de outras pessoas. E mesmo sendo tão parecidos, você precisou de pouco para me transformar. Precisou de pouco para me tornar sua caça. E mesmo sendo tão parecidos, só você que conseguiu me neutralizar.
E o frio de seus dedos corria pela minha pele, movia-me ao seu bel-prazer, mal sabendo que aquilo era tão prazeroso para mim quanto era para você.
Então eu fechava os olhos novamente. Não escutava mais nada, não sentia mais nada. Os abria. E você não estava mais lá.
Então eu fechava os olhos e escutava o tic-tac do relógio, a única coisa ainda real ali dentro. A única coisa que havia permanecido, tentando calar todas as lembranças.
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meninajasmim · 7 years ago
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Fim de tarde
O celular estava em algum lugar sob as cobertas, baixo, tocando uma playlist aleatória de músicas Indie. A trilha sonora combinava com o quarto naquele instante. Os raios do sol de fim de tarde fugiam pelas persianas entre-abertas, abraçando o quarto com suas cores magenta.
A cama estava bagunçada, ainda quente, desejando que a pessoa ainda estivesse quieta ali. Ela não conseguiria estar, não com sua mente fazendo questão de ser ouvida. Por isso o chão parecia mais confortável. Não era, de verdade, as frias tábuas de madeira não deixavam ser.
Ela tamborilou os dedos pequenos pelo assoalho, permitindo que o som estralado ecoasse em sua mente feito gritos. Seus olhos subiram para a estante abarrotada de livros não lidos bem ao seu lado. Suspirou.
Em sua cabeça, o pensamento de que deveria fazer alguma coisa. Perdia tempo parada daquele jeito. Era o que todos diziam. Seja produtiva. Faça x. Seja uma pessoa y. Não fique jogada no chão quando tem um monte de coisas para fazer.
Bateu os dedos mais rápido, ignorando o ritmo da música ou das considerações de sua cabeça. Encarou as estrelas coloridas que enfeitavam debilmente o teto.
Toc-toc. Bateu os dedos.
Desejou estar longe. Talvez no meio das estrelas. Talvez em outra dimensão.
Toc-toc. Fechou os olhos.
Mas estava ali.
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meninajasmim · 7 years ago
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Amor não é prisão, é campo aberto
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meninajasmim · 7 years ago
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Vania Pang
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meninajasmim · 7 years ago
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Poema aleatório sobre gente morta
Em pé na frente da minha casa
Flores em mãos
Como sempre costumam estar
Você olha para a janela
Procura por algum rastro meu
Mas eu me escondo bem
Quantas vezes já te vi parado ali?
Você quer que eu te ame de volta
Mas nunca vou amar desse jeito
Por que você tem sempre que
Amar tanto?
Eu sou a próxima da sua lista
Depois de tantas garotas
De tantos rostos como o meu
De meninas de 16
De meninas que você não conseguiu
Esquecer
Eu deveria amar tanto quanto você?
Que sempre amou demais
Mas nunca soube lidar
Com qualquer adeus
E por isso todas as suas meninas
Tiveram que descansar
Sob a grama verde
De seu quintal.
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