34. District 6. She/Her Just a sad song with nothing to say
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lizzo:


Lizzo for the 63rd Annual Grammy Awards
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“I felt like crying but nothing came out. it was just a sort of sad sickness, sick sad, when you can’t feel any worse. I think you know it. I think everybody knows it now and then. but I think I have known it pretty often, too often.”
— Charles Bukowski (via hell0mandi)
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Nesrin ainda estava se adaptando aos horários do centro de treinamento. Seu corpo reclamava de ter, são subitamente, trocado a noite pelo dia. Ela se sentia incomodada com a quantidade de pessoas e de luz ao seu redor. A madrugada anterior fora uma das muitas em que passara em claro, observando a vista da capital de seu quarto no décimo primeiro andar. Nunca estivera tão alto em sua vida, e por mais que ainda não tivesse reunido coragem para chegar até a sacada, Nesrin apreciava ver as luzinhas piscando muito abaixo dela.
Assim que as horas foram aceitáveis a tributo colocou seu uniforme, comendo uma das barras proteicas disponíveis na cozinha como seu café da manhã e aceitando de bom grado o café que um dos cozinheiros entregou para ela em um copo térmico. Café. Ela duvidava que já tinha tomado algo tão bom na vida, tão diferente da mistura queimada e com gosto de água suja com a qual fora acostumada durante a vida. Apertando o copo na mão para se aproveitar do calor dirigiu-se até o elevador sem saber bem para onde queria ir. Talvez fosse para as piscinas. Automaticamente apertou o botão do primeiro andar e esperou as portas de aço se fecharem.
Nos primeiros instantes dentro da caixinha metálica as sobrancelhas de Nesrin se franziram, um vinco formando-se entre os olhos ao olhar para cima. Cleing. Tac clack. Tack clack. Cleing. Sua atenção foi desviada ao parar no andar seguinte, observando as portas se abrirem com um leve sino e zumbido e o rapaz do distrito 5 entrar no elevador. Retribuiu o aceno breve, seu coração acelerando. Ficara desconcertada desde a primeira vez que o vira. Era a própria visão de Cryssan. Se o irmão estivesse vivo, ela apostaria que se pareceria com aquele homem. Por um momento a Brass se esqueceu do barulho do elevador ao voltarem a andar, até que um estridente som de engrenagens emperrando atravessou seus ouvidos. Familiar demais. Tack clack. - Puta merda. - reclamou enquanto olhava para cima, sentindo toda a máquina tremer e se arrastar pesadamente antes de ricochetear como um chicote, tremendo até parar.
A menina agarrou seu café com mais força, apoiando-se em uma das paredes para não cair e olhando com raiva para o equipamento, observando com total desprezo as luzinhas do painel piscarem. O bipe estridente começou tão logo quanto pararam, e ela desviou os olhos para o rapaz do cinco com um leve sorriso antes de tomar um gole de seu café - Eu achei que os dias de elevadores de merda tinham acabado quando saí do meu distrito.
@nesrinsix
Mal havia dormido na noite anterior, o que o havia deixado em um humor ainda pior do que o habitual. Quando vestiu o uniforme de treinamento e se olhou no espelho, sentiu certo estranhamento ao ser encarado de volta pelo reflexo. Não se sentia ele mesmo quando vestia as roupas padronizadas.
Era apenas mais um número para a Capital.
Operou no piloto automático durante todo o café da manhã, nem mesmo o prazer da gula sendo capaz de melhorar sua disposição naquele dia. Quando por fim decidiu deixar o andar de seu alojamento, o elevador pareceu demorar por uma vida antes de as portas se abrirem. Havia uma mulher no interior.
A reconheceu como a tributo do Distrito 6, mas não se recordava de terem interagido diretamente antes. Rye entrou, a cumprimentando com não mais que um aceno de cabeça. Estava tentando manter-se em sua própria bolha, porque a ideia de ter que matar as pessoas com quem estava convivendo já era desconfortável o suficiente sem que as conhecesse. Esperava que ela não levasse para o lado pessoal.
Apertou o botão que os levaria até o segundo andar, apreciando a ironia que havia na ilusão da escolha.
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zedoevergrove:
Odiava ter que admitir, mas de certa forma, seu trabalho no distrito oito era tranquilo. Não conseguia se imaginar em um distrito onde trabalharia diretamente com engrenagens, alavancas e trens. Teria que usar macacões com tecidos grossos e sapatos completamente voltados para a proteção. Talvez nem confortáveis fossem, muito menos elegantes. Não era como se no distrito oito as pessoas se vestissem com as roupas que produziam, mas querendo ou não, eram roupas melhores do que alguns distritos especificamente. “— Sim, acertou. Tecidos.” abriu um sorriso forçado “— Eu entendo seu ponto, mas se tá aqui, acho que você poderia se dar alguns dias de glória. Nunca se sabe. Você tá confiante em ganhar isso tudo? Se estiver, também é bom aproveitar o cashmere. Terá que se acostumar com a riqueza e luxo que o vencedor recebe. Num massacre quaternário a honra de ganhar é ainda maior.”
Um riso mal contido ficou preso no nariz de Nesrin quando o rapaz sugeriu que ela poderia ganhar o massacre. Era tão absurdo que seu rosto abriu em um sorriso enquanto negava com a cabeça, encarando o rapaz - Então o preço é a cashmere. - mordendo o lábio inferior levemente a tributo voltou o olhar para as botas, dando de ombro - Foda-se. - pisou nos calcanhares dos tênis escuros de treinamento que usava e sentiu os pés no chão frio por um breve momento, antes de tomar as botas nas mãos e ajeitá-las em seus pés - Céus. - seus dedos flexionaram dentro do tecido, revestidos pela maciez. Ela havia pisado na grama poucas vezes na vida, mas se lembrava de uma sensação parecida, reconfortante e delicada. Ela se perdeu um pouco nos sapatos por um tempo antes de voltar a olhar para o homem do oito - Vocês têm sapatos assim no D8?
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zedoevergrove:
Evergrove não poderia evitar de ser uma daquelas pessoas que não buscava, nem ao menos, disfarçar quando encarava alguém. Em sua defesa, seus dias de sobrevivência dependiam diretamente de conhecer seus adversários. Aliás, poderia afirmar com convicção que sabia que seu verdadeiro inimigo não era nenhum dos tributos que morreriam na arena junto com ele, contudo, guardaria sua militância e rebeldia para um momento mais oportuno, ou melhor, menos perigoso. Mantinha seus olhos na mulher do distrito seis. Ela definitivamente não entendia de tecidos. Não que a moda fosse salvá-la de alguma maneira. É, realmente não salvaria. No entanto, nunca se sabe se resolvem colocar as temperaturas da arena em graus negativos. Saber escolher os tecidos mais resistentes e eficazes para um inverno rigoroso seria necessário. “Nada” a respondeu prontamente assim que foi pego a observando e, cá entre nós, a julgando. “Fiquei curioso pra saber o que a galera que entende de trens sabe” complementou a resposta, no entanto, ao notar que poderia ter soado um pouco mais sarcástico e ácido do que sua intenção inicial, buscou consertar a fala “É que… bom, esquece. A gente não sabe o dia vamos morrer nos jogos. Se eu fosse você pegaria essas peças de cashmere e aproveitaria ao máximo.”
Os lábios secos de Nesrin se contraíram ao ouvir o comentário do rapaz do distrito 8 - Engrenagens, alavancas e botões coloridos. - comentou de forma áspera, lembrando-se das horas no subsolo e dos momentos que, antes de comandar os trilhos, passava se desviando dos trens e correndo pelos túneis escuros torcendo para conseguir ser mais rápida que toneladas de metal - E você entende de tecidos, eu imagino. - ela sorriu esticando os lábios, fechando os dedos sobre a manga da camisa com mais força. Estava curiosa, mas o tom do outro tributo a fazia ficar calada e não expor suas dúvidas sobre todas as coisas que estava usando desde que chegara ali. Os olhos da menina voltaram para os sapatos fofos, mas não demoraram muito e retornaram a encarar o rapaz do D8. - Cashmere. - repetiu baixinho. Até o som daquele tecido parecia caro - Não seria muito prudente aproveitar tecidos sendo que não vou ter nada disso na arena.
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hyacinthhz:
em um primeiro momento , o rapaz ficou um tanto quanto relutante . aquilo seria uma aceitação ? não soube distinguir . esticou-se levemente e pegou um graveto que julgou ser o perfeito e mostrou à ela , levando até a altura de seus olhos . ‘ bem , não acredito que vão te dar um isqueiro . não de graça . ’ foi sincero . aliás , duvidava se iriam dá-los qualquer coisa que não fosse considerada uma arma . além do mais , aquilo era um jogo de sobrevivência e , em sua concepção , saber criar fogo era uma noção básica de sobrevivência . ‘ é um processo bem fácil . ’ havia aprendido ainda na infância , seu pai o ensinara . quando o faltavam recursos , precisavam se virar para cozinhar , então , hyacinth precisou aprender uma série de maneiras de soluções .
Os olhos de Nesrin acompanharam os movimentos do menino atentamente, um esboço de um sorriso passando por seu rosto ao pensar o que teria de fazer para conseguir um único isqueiro no meio dos jogos. Ela conseguiria gerar fogo com um curto-circuito, mas duvidava que acharia uma rede elétrica para fazê-lo, então teria de lidar com os gravetos. Copiando o rapaz ao seu lado, pegou um graveto semelhante ao dele, franzindo as sobrancelhas ao mostrá-lo para o outro tributo - Esse é bom?
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avitori:
por mais que dinheiro nunca tivesse sido realmente um problema para a bramhall, exatamente por conta de seu sobrenome, as vezes avitori se pegava admirando certos detalhes da vida na capital que eram estranhos até para si. roupas nunca haviam sido um problema em sua casa, mas a variedade de tecidos, estampas, cores e tamanhos que via ao seu redor eram o suficiente para que se sentisse levemente deslumbrada. não se deixava enganar, é claro, sabia muito bem que tudo aquilo era unicamente disponibilizado para que os tributos conseguissem se vender mais facilmente.
deixou o olhar correr ao redor, observando seus colegas pelos próximos seis meses, querendo saber se alguém ali pensava a mesma coisa que ela, e foi logo que os olhos encontraram a mulher do distrito seis. não conseguia lembrar seu nome, mas lembrava ser voluntária. o cenho se franziu ao ver a forma como o sapato foi descartado por ela, percebendo tardiamente que havia sido pega encarando. se sua mãe estivesse ali, avitori já teria levado uma bela de uma bronca por estar fitando alguém daquela forma. “desculpa!” pediu logo de cara, se aproximando lentamente da outra. “eles vão ficar bons em você, eu acho.” tentou amenizar a situação, apontando para os sapatos esquecidos na prateleira. “e parecem mais confortáveis que ficar descalça, o piso daqui é sempre gelado…” sabia que seu tom de voz não era o mais normal do mundo, se sentia estranha naquela situação, sem saber para onde correr ou onde enfiar sua cabeça.
Nesrin deixou que sua expressão se suavizasse ao perceber o desespero da outra tributo em tentar se desculpar, negando com a cabeça brevemente - Não vão não. E mais, não quero me acostumar com esse tipo de coisa se provavelmente não vou ter um igual na arena. - a mulher riu um pouquinho ao perceber que a outra tributo ainda estava se atrapalhando com as palavras. Era a primeira vez desde que chegara no centro de treinamento que alguém parecia apresentar uma reação relativamente normal, sem calcular cada um de seus passos. Os ombros de Nesrin relaxaram um pouco.
- Estou acostumada ao frio, no D6 é comum termos grandes nevascas. - ela deixou que seus lábios ficassem entreabertos antes de perguntar mais alguma coisa, se censurando por talvez estar levando aquela conversa trivial longe demais. Deveria continuar falando com um tributo sobre coisas tão toscas quanto o clima? - Não é muito frio no D2, certo? Ou estou enganada? - ela não se aguentou, deixando que as palavras escapassem. Além de ser a primeira pessoa que não tentara jogar algo nela, seja física ou emocionalmente falando, a participante do D2 era, pelo que se lembrava, a pessoa mais próxima de sua idade, e talvez compartilhasse de medos semelhantes aos de Nesrin.
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sudden-deth:
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“Dead man walking.” Foi a resposta dele para o questionamento da mulher. “Também conhecido como Anfernee Rapport. Provavelmente alguém que odeia os Jogos mais que qualquer outra que você jamais conhecerá”, ele disse com um dar de ombros. Ela havia assumido uma postura extremamente defensiva, o que não era nenhum espanto para Nee. Afinal… Podiam estar, naquele mesmo momento, conversando com seu futuro assassino.
“Tenho certeza que é capaz de cuidar de si mesma sozinha. Acontece que não fiz isso por você. Fiz isso por mim. Essa garota metida está enchendo o saco de todo mundo desde a hora que pisou nesse maldito Centro de Treinamento. Como se não já estivéssemos todos tensos e assustados o suficiente”, uma risada sem esperanças escapou por sua garganta antes que ele pudesse controlá-la. “Além do mais… Nunca é muito bom deixar os Carreiristas a vontade. Serão seis meses até a arena… Não quero ser manipulado psicologicamente pelos joguinhos deles por todo esse tempo.” Ele a fitou, analisando a mulher aos poucos. Se ela tinha se voluntariado, provavelmente havia uma razão para aquilo. Ela não parecia ansiosa para sair matando pessoas. E, além do mais, era sempre incomum que pessoas dos distritos pobres escolhessem participar voluntariamente da Arena. Mas não ia perguntar. Não era problema seu e, além de tudo, talvez ela estivesse ali por um motivo pessoal. Não era uma ferida que precisava colocar seu dedo em cima.
“Parece que você tem uma vantagem clara aqui. Já sabe meu nome… E eu nem desconfio qual seja o seu.” Precisava começar a estudar os tributos o quanto antes, mas sentia uma sensação ruim toda vez que pensava em se preparar para os Jogos. Era como se isso os fizesse ser mais real.
Os olhos de Nesrin se arregalaram ao ouvir o rapaz falar mal dos jogos tão abertamente, e imediatamente procuraram por qualquer pacificador que pudesse estar por perto, os ombros tensionando na espera de um tiro vindo aparentemente de lugar nenhum. Ela continuava procurando por qualquer sinal de alguém vindo na direção dos dois até ser chamada de volta pela fala do rapaz.
- Muito altruísta de sua parte. - comentou a mulher ao encontrar seu olhar novamente com o de Anfernee. Um gosto ruim subiu em sua boca ao lembrar que teria de ficar ali por seis meses até receber o alívio de morrer ou passar mais algumas semanas em tortura na arena. Sua sobrancelha se ergueu quando foi dito que ela possuía uma vantagem, e um riso fraco saiu de seus lábios - Que merda de vantagem é saber o nome de alguém nos jogos? - ela mordeu o lábio inferior brevemente antes de se apresentar - Nesrin Brass, D6.
A mais velha passou os olhos pelo rapaz brevemente. Ele era forte, teria chances de ganhar os jogos se quisesse brigar por isso, mas se sequer sabia seu nome não parecia estar muito inclinado a isso. Cada dia mais ela se perguntava o que mesmo todos eles estavam fazendo ali, e como era horrível terem de fingir um mínimo de cortesia - Bom, se é só isso então acho que vou indo. - completou com um dar de ombros, indicando com a cabeça a saída mais próxima.
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lilithevie:
Lilith era boa observadora! Sabia ler bem as pessoas, já até mesmo havia lido livros acerca disso. E por isso, pretendia passar um bom tempo dos primeiros dias observando quem seriam seus adversários. Assistiu a dona das madeixas escuras pegar uma bota de inverno adorável e quase levá-la aos pés. Mas a garota parecia hesitante - será que não sabia se havia gostado? O senso de moda de Koskinen entrou em alerta automaticamente, fazendo com que se aproximasse um pouco da jovem com um sorriso delicado - esse era o sorriso que conquistaria a Capital, era isso que acreditava. “Oi, tudo bem? É um prazer finalmente te conhecer, eu escutei tanto sobre você” puxar saco era uma de suas habilidades. Mesmo que só tivesse visto a garota pela televisão ao ser divulgado os nomes das colheitas. Nesrin Brass. Distrito seis. Trinta e poucos anos. As informações básicas de todos os tributos haviam sido muito bem memorizadas pela jovem. “Vi que você estava olhando aquela bota e eu queria apenas dizer que é adorável. Combina muito com você, tenho certeza que causaria uma boa impressão. Além de ser bem quentinha não é?” Deu uma risada, na intenção de ser amigável com a outra. A verdade era que a bota teria um contraste com a aparente personalidade durona da mulher, e isso poderia ser positivo ou negativo, apenas o tempo diria. Mas seu objetivo não era melhorar a imagem dos outros, e sim a sua própria. “Vamos, prove! Tenho certeza que ficará estonteante”
Ainda brincando com a manga de sua blusa, Nesrin suavizou a expressão em seu rosto, assentindo com a cabeça - Olá. - não sabia se estendia a mão para a outra tributo ou se apresentava formalmente, ainda mais após ouvir que ela já sabia quem era. A Brass não conseguia se acostumar com aquilo; estar no meio de completos desconhecidos que, de alguma forma, sabiam exatamente quem ela é ou deveria ser. Os olhos de Nesrin voltaram imediatamente para a bota que havia deixado na prateleira, uma risada nervosa escapando de seus lábios ao terminar de ouvir a outra menina falar - Não tem nada a ver comigo. - comentou com um dar de ombros, lembrando-se de suas enormes botas de plástico e aço - E eu duvido que algo tão bonito vá ser útil para a arena. - ela fez uma pausa, observando a garota, ainda sem ousar tocar nos sapatos outra vez - Você é do oito, não é? Que tecido é esse na bota?
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Ao perceber a carreirista do distrito 1 se aproximar de onde estava, Nesrin segurou a faca que tinha em mãos com um pouco mais de força, preparando-se para o que pudesse vir. Seus dentes trincaram ao escutar a menina, as unhas curtas pressionando o couro da bainha da faca. Sabia que era louca por ter se voluntariado e não precisava de ninguém para relembrá-la disso. - Bom, se eu morrer não vou precisar te ouvir, já vejo uma vantagem. - retrucou a mais velha erguendo uma das sobrancelhas, seu sorriso tão duro quanto os dedos fechados contra a faca.
Nesrin virou o rosto na direção da voz masculina ainda com uma das sobrancelhas levantadas, se perguntando o motivo daquele tributo estar escutando a conversa alheia. Seus ombros tensionaram e ficaram mais firmes ao observá-lo. Silenciosamente os escutou trocando farpas, bufando e revirando os olhos ao ouvir que eram todos inimigos. Grande novidade, pensou. Ela não sabia o que pensar da menina do distrito um senão que era extremamente desagradável e muito menos do rapaz do distrito 10 que tinha vindo ao seu auxílio, mas observou com alívio a mais nova ir embora.
- E você, quem é? - questionou enquanto seus dedos afrouxavam no cabo da faca - Não pedi ajuda. - ela entreabriu os lábios, pensando em complementar algo, porém os fechou antes que algo escapasse deles. Nesrin encontrou os olhos do rapaz enquanto continuava - Está protegendo os outros dela por quê?
@nesrinsix
“Um voluntário no Distrito 6… Você é realmente uma das pessoas mais corajosas que eu já conheci.” A garota disse, ao notar uma pessoa em específico no Centro de Treinamento. Ainda ficava espantada de descobrir que haviam pessoas nos Distritos mais pobre que se voluntariavam. Afinal, essas pessoas precisavam trabalhar. Para elas, aquilo era apenas um campo de morte. “Ou devo dizer uma das mais loucas? Estou realmente curiosa para ver que carta você tem na manga, Flor.” Seu olhar era intenso e deixava bastante claro que a garota duvidava muito do potencial da mulher, mas também estava genuinamente curiosa com ela. “Por que não tiver nenhuma… Vai morrer…”
A garota era realmente fria e cruel e tinha uma dificuldade extrema de conseguir pensar como as outras pessoas. Para ela, todo mundo que se voluntariava tinha o mesmo objetivo. Vencer a qualquer custo. E não perderia uma oportunidade de intimar uma inimiga se pudesse. Sentia um prazer mórbido em ver aquelas carinhas dez esperançosas… De pessoas que tinham certeza que morreriam em breve. Com sorte, por suas próprias mãos.
“Está tudo bem por ai?”, a figura masculino do tributo do Distrito 10 apareceu, que estava escutando a conversa, apareceu e chamou momentaneamente a atenção de Valkyrie. Anfernee já havia notado que a menina em questão vinha fazendo questão de ser desagradável com os outros tributos e isso o estava incomodando profundamente. Afinal, ele também vinha de um Distrito pobre e estava assustado como todos ali deviam. Não precisava ficar escutando aquelas merdas de uma carreirista mimada que tinha vento na cabeça.
“Perfeitamente Dez. E com você? Já conseguiu cortar esse rostinho incrivelmente angelical brincando com as facas?” Ela sorriu, pendendo o rosto para o lado. “Que patético… Só estamos conversando como pessoas civilizadas. Ninguém aqui precisa de proteção. Afinal… Somos todos pessoas crescidas, não? Mais do que isso.. Somos inimigos. Nós três… Já que só um pode vencer.” Os lábios dela se curvaram numa riso de puro divertimento,como se realmente gostasse daquela ideia.
A expressão dele não mudou porém. Anfernee já imaginava que encontraria carreiristas com aquele tipo e comportamento e não ia morder a isca.
“Menos, Um. É só o primeiro dia. Não te considero um monstro. Na verdade, não te considero absolutamente nada. Você não é o centro do universo como acredita, apesar de terem lhe feito pensar isso. Porque não vai treinar? Fazer algo mais útil que ficar infernizando todo mundo como tem feito o dia todo.”
Valkyrie não gostou daquelas palavras, apesar de não ter demonstrado..
“AH… Um dia você vai pensar em mim. Os dois. E não serão pensamentos felizes.” Ela deu uma piscadela para a dupla. “Divirtam-se, gatinhos. Não façam nada que eu não faria, sim?” Gargalhou novamente, antes de afastar dali.
Já se sentia mais competitiva naquele momento.
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- Caralho! - sobressaltou-se a mulher ao perceber tarde demais que havia alguém com um objeto brilhante bem defronte seu rosto. Ela precisaria melhorar suas habilidades de percepção se não quisesse ser morta tão facilmente na arena. Nesrin retirou a mão que tentava acalmar seu coração do peito e a esticou para pegar o fio de cobre que lhe era estendido. Suas sobrancelhas franziram levemente ao senti-lo entre os dedos - Não mexo com fios, mas nunca vi algo tão brilhante na vida. - ela ergueu os olhos para o rosto da menina a sua frente. Distrito 3; sua mentora havia comentado sobre ela, algo como “por favor se deem bem porque não quero atrito com o D3″ e que agora Nesrin não se lembrava bem do motivo. Brass deu de ombros para o comentário, ainda brincando com o fio - Tudo de melhor vem pra Capital. - a mais velha inclinou-se um pouco para frente, olhos reluzindo ao completar num sussurro - Você viu os painéis dos centros de treinamento e das janelas dos quartos? Até as luzes parecem mais brilhantes do que no 6.
Já faziam duas horas que devia estar aprendendo alguma coisa nova. Como usar uma faca, alguns golpes, um jeito de utilizar seu corpo como arma, porque sabia que não teria armas de fogo à sua disposição, a única coisa com que realmente era boa. Mas ela não conseguia largar aqueles fios de cobre. Sabia que a função destes na Arena, para os Idealizadores, era diferente do que ela pretendia fazer. Mesmo assim, aqueles fios eram melhores do que qualquer coisa que já tocou no Distrito 3. As contas não fechavam em sua cabeça: mesmo que o objetivo dos Distritos fosse fabricar coisas para a Capital, o material de que dispunham não chegava aos pés do que tinha ali. Será que pensavam que ela furtaria os fios de cobre? Provavelmente o faria, mesmo. Quando finalmente teve coragem de largar o pequeno carretel, ainda tinha em mãos um pequeno pedaço do fio. Aproximou-se a passos furtivos de @nesrinsix, que tanto chamara sua atenção nos últimos minutos, com o fio erguido na altura de sua face. “Vocês tem fios assim no Distrito 6?” Perguntou, esperando sinceridade. Seu mentor havia falado tanto do Distrito 6, o mínimo que esperava era que a mulher entendesse sua indignação. “Já fiz um painel de controle que seria enviado para vocês e não tive um desses para fazê-lo. Como eles podem gastar algo dessa qualidade aqui?”
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open starter
- Isso é para vestir? - questionou a Brass baixinho com os sapatos nas mãos, as sobrancelhas franzidas. Ela passou as mãos pelo tecido macio sem entender o que era. Fofo, bege, quentinho. Nunca tinha visto algo tão delicado para ser colocado nos pés. Queria perguntar se não seria algum tipo de desperdício usar algo aparentemente tão caro para cobrir os dedos sendo que poderiam usar pedaços de pneus e metal para fazer botas, mas engoliu as palavras antes que saíssem de sua boca. Ali as pessoas podiam se dar ao luxo de ter os pés confortáveis. Seus dedos deslizavam pelo par de botas na exposição de artigos para neve, querendo fechar as mãos nelas, sentir a maciez, mas temendo estragá-las se o fizesse. Por um momento pensou em colocá-las nos pés, pareciam grandes o suficiente para ela, mas deixou a ideia de lado com um aceno de cabeça, soltando-as na prateleira onde as encontrara. Já estava confortável demais nas roupas novas que ganhara, sapatos tão bons seriam demais. Virou-se preparada para ir para outra estação, talvez aprendesse alguma coisa sobre coisas comestíveis, mas se deparou com muse a encarando. Ela engoliu em seco, as mãos procurando pelos punhos da camisa enquanto as sobrancelhas escureciam seu olhar - Sim? - perguntou um tanto brusca demais, passando a língua pelos lábios secos.
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A natureza era um campo completamente desconhecido para Nesrin. Em seu distrito, tudo que havia para ver era concreto e metal, com sorte talvez algumas ervas daninhas teimando em crescer nos rejuntes ou as estúpidas flores da vila dos vencedores. Pensar nas flores, na casa que deixara vazia e na colheita novamente, fez com que Nesrin esfregasse com ainda mais força o graveto na pedra, esperando por alguma coisa, um sinal de faísca que fosse no lugar de suas mãos ardendo. Seus movimentos pausaram ao ouvir a voz ao seu lado, olhos escuros encarando-o. O sorriso nos lábios do menino a deixou desconcertada. Porque alguém estaria sorrindo naquele inferno? E mais, por que estavam conversando? - Ah, grande merda. - resmungou enquanto deixava os objetos caírem de suas mãos de volta para o solo, apoiando-se nos joelhos. Ela se sentia mais estúpida e inútil a cada hora, encarando as folhas e o substrato marrom - Vou ter que achar a porra de um isqueiro para ter fogo.
onde: segundo andar , área de treinamento .
com: em aberto .
a tensão no ar era quase palpável . além do mais , o jovem do doze sentia-se deslocado . oras , era claro que não se encaixaria , naquele espaço havia tecnologias extremamente avançadas , das quais nunca havia visto antes . sequer tinha televisão em casa , quem dirá hologramas em movimento . olhou para os lados procurando um rosto familiar , sua parceira de distrito não estava por perto , do contrário , estaria acompanhando-a . passou os dedos pelos cabelos castanhos e suspirou , claramente incomodado . poderia passar o dia analisando seus oponentes , mas isso seria um tanto quanto presunçoso de sua parte , certo ? mas , enquanto mergulhava nos próprios devaneios , notou pelo canto do olho uma pobre alma tentando gerar fogo com uma espécie de graveto e uma pedra . hyacinth , então , aproximou-se do outro tributo com certa leveza , levando um pequeno sorriso pendurado nos lábios . agachou ao seu lado , deixando os braços descansarem sobre as coxas . a estação possuía uma decoração interessante , com diversas plantas e algo que parecia ser terra . porém , ele duvidou da procedência daquele solo marrom , a capital jamais sujaria seu espaço com algo tão mundano como terra . ‘ precisa de ajuda ? ’ perguntou . ‘ esse graveto que você está usando não irá funcionar , ele é verde . precisa estar marrom , totalmente seco . esses verdes costumam conter água . ’
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rebelrodd:
“Quer apostar quanto que eu vou ser uma merda com essa coisa aqui e vou acabar morta na primeira hora na Arena?” Perguntou para a pessoa ao lado sem olhar diretamente para quem se dirigia, seus olhos estavam ocupados analisando uma pequena e afiada faca que Rebel havia acabado de pegar para tentar a atirar em um alvo. Estava mais pensando em voz alta do que realmente tentando estabelecer uma conversa com muse. “Que aposta de merda, depois que eu morrer não vou nem ter como pagar.” Riu de si mesma, passando o indicador de forma cuidadosa pela lâmina da faca, verificando se estava mesmo afiada.
"Bom, é só soltar e procurar outra coisa, então." os olhos de Nesrin caíram para a faca nas mãos da outra menina, e a primeira coisa que veio em sua mente foi como seria doloroso sentir aquele metal atravessar seu corpo. A Brass conteve um arrepio, deixando um sorriso de canto esboçar em seu rosto enquanto analisava um kit de pequenas ferramentas, deixando uma chave inglesa se encaixar em seus dedos "São os melhores tipos de aposta, não? Sorte de quem tem alguma merda na vida que pode apostar e correr o risco de perder."
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It's just pressing a button.
POV. Task001 - a colheita
Três dias antes da colheita.
Quando acordou, o céu era laranja e azul. As primeiras estrelas apareciam enquanto o sol começava a desaparecer no horizonte. Tudo era silêncio senão pelo constante barulho dos motores rodando e cuspindo fumaça no subsolo e por seu coração que, naquele início de noite, batia com força suficiente para que suas costelas doessem. É hoje. Enquanto as pessoas do seu distrito se preparavam para dormir, Nesrin deixava as pernas caírem para fora da cama e mecanicamente a levarem para as tarefas da noite.
No escuro começou suas tarefas mais básicas: ir ao banheiro. Escovar os dentes. Tomar uma pílula branca. Prender os cabelos. Evitar os espelhos. Tudo era silêncio, apenas os motores zumbindo aos seus pés, reconfortantes e em ordem. E o coração batendo no ritmo das máquinas. Um copo de leite, um pedaço de bolo relativamente duvidoso e as louças lavadas. As portas de todos os cômodos sempre fechadas, para que ela não se importasse em ver o que tinha dentro, para se lembrar que não havia ninguém dormindo nas camas sempre feitas.
Enfiar seus braços pelo macacão cinza e depois os pés nas botas também cinza e as mãos nas luvas cinza para abrir a porta e ver uma noite igualmente cinza. Ela suspirou, deixando o ar puro sair de seus pulmões para inalar a fumaça do clima cinzento do distrito 6. Saiu de casa sem olhar para trás: não havia ninguém de quem se despedir. É hoje.
As pesadas botas de aço e plástico rebatiam no chão de pedrinhas ladeado por florzinhas toscas. Nesrin deixou a boca se contorcer num sorriso doloroso: a Capital achava que as florzinhas rodeando a aldeia dos vencedores dariam a ela algum conforto, a fariam agradecer por ter uma vida boa e ligeiramente menos miserável do que a das outras pessoas. Ela arrancaria todas aquelas flores com os dentes se isso significasse que poderia sair dali e ter sua família de volta. Não podia, portanto apenas continuou andando, deixando os portões de ferro e o caminho de pedras para trás.
As ruas do distrito 6 eram escuras, com luzes que tremeluziam pela quantidade de energia que os trens e outros equipamentos gastavam, mas Nesrin não precisava de muito mais que um feixe de luz para se guiar até o subsolo, seus pés descendo pelos degraus gastos e ásperos até chegar até sua sala no subsolo 7. As fracas luzes do painel transformavam as cadeiras e seus ocupantes em meros espectros fantasmagóricos, as vozes abafadas pelos ruídos dos metais arrastando-se uns com os outros. Ouviu "boa-noites" e "como vai?", mas decidiu responder apenas com um fraco sorriso. Não era uma boa noite e ninguém ia bem; era hoje, afinal.
Ela se ajeitou na cadeira, colocando os fones de ouvido pesados e analisando os pontos luminosos em seu painel. Os trens corriam por toda Panem em velocidades absurdas, mas, para ela, eram apenas estrelinhas navegando em um confortável emaranhado de linhas. Foi-se a época em que tinha de se esgueirar pelos trilhos com ferramentas entre os dentes e graxa escorrendo pelo rosto; agora sentava confortavelmente em sua cadeira enquanto as veias de Panem se desdobravam a sua frente, mas não sabia dizer qual era pior. Naquela noite, treze pequenas estrelas a esperavam aglomeradas em um ponto do mapa. A Capital. Nesrin engoliu em seco, respirando fundo e sentindo o coração bater com a mesma intensidade das treze luzes tremulando. Apertando um dos botões de seu painel, escutou a própria voz distante:
- Distrito 6, funcionária Brass 1423. Máquinas com início na Capital... - as palavras ficaram travadas em sua garganta, sua perna esquerda tremendo. Tudo dependia dela - Repito, máquinas com início na Capital e destino aos distritos... - as luzes ficaram estáveis, indicando resposta imediata. Os operadores estavam todos a escutando. Um único botão alaranjado chamava sua atenção no canto do olho. Se apertasse o botão, iniciaria um alerta de emergência mecânica. Se apertasse o botão, todas as linhas seriam imediatamente fechadas. Se apertasse o botão, não haveria trem algum chegando em nenhum distrito nos dias seguintes. Se apertasse o botão, causaria caos suficiente para alguns dias de atraso na colheita. Se apertasse o botão, vinte e seis famílias teriam mais tempo com seus parentes. Se apertasse o botão... Seus dedos esticaram um pouco, tão perto... Pressionou. - Máquinas com início na Capital e destino aos distritos, linhas abertas e seguras, permissão para iniciar viagem. Estejam atentos a novas informações. Distrito 6, funcionária Brass 1423.
Uma a uma, de acordo com seus comandos, as pequenas luzinhas começaram a se mover pelo painel enquanto seus dedos ainda pressionavam o botão verde. Verde. Nesrin fechou os olhos até ver pontos luminosos na escuridão. Enquanto os outros dormiam, lá estariam ela e seus companheiros de cabine, acompanhando aquelas luzinhas pelas próximas noites, liberando trens atrás de trens, verificando peças e consertando itinerários, fingindo que podiam fazer alguma coisa para parar a Capital quando não passavam de peões com alguns botões coloridos. Esperando que chegassem aos seus destinos para causarem pequenos desastres.
No dia da colheita.
Sair do subsolo sempre fazia com que os olhos de Nesrin demorassem a se acostumar com a luminosidade do dia. Piscando, a última Brass ajeitou seu macacão menos surrado e olhou para as botas pretas e lustrosas. Era a melhor coisa que possuía para se arrastar até a praça central e ser apenas mais um rosto na multidão. Após três dias observando todos os trens se moverem por Panem e chegarem um a um em seus respectivos distritos, seus olhos estavam secos e cansados, olheiras fundas arroxeando sua face normalmente radiante. Enquanto tentava focar nas pessoas ridiculamente decoradas no palco malfeito e precariamente decorado com fitilhos coloridos, voltou a pensar no botão laranja que não havia apertado três noites antes. Ele era da mesma cor que as decorações vibrantes.
Enquanto a ladainha começava, Nesrin deixou que seu olhar vagasse pelas pessoas do distrito. Estaria mentindo se dissesse que as conhecia. Eram milhares, esperando por suas sentenças, as armas dos pacificadores firmes em mãos enluvadas de branco como um eterno aviso de que a qualquer deslize tornar-se-iam vermelhas. Vislumbrou os rostos cansados de seus colegas de trabalho e tentou sorrir para alguns deles, mas não conseguiu. Ao seu lado, uma mulher abraçava um bebê. Seus olhos imediatamente focaram nela; não deveria ter mais de trinta anos, agarrando-se à criança enquanto tremia. Poderia ser ela. Poderia ser uma mãe que nunca mais voltaria a abraçar o filho de poucos meses. Poderia ser um bebê morto porque sua mãe morrera, simples assim: duas vidas ceifadas sem motivo nenhum. Seus olhos se encontraram. Castanho escuro e verdes. O botão verde. No palco, a mulher espalhafatosa colocou a mão dentro do aquário. Unhas como garras prontas para ceifar uma vida.
Foi apenas um sussurro. Apenas um sussurro olhando no fundo dos olhos verdes daquela mãe ao seu lado, mas teve quem ouviu - Eu me voluntario. - os olhos claros se arregalaram quando falou mais alto, sentindo o coração na garganta - Eu me voluntario como tributo. - um passo para frente. Ela pensou que iria vomitar. Os olhos verdes se enchendo de lágrimas. Ela estava cansada de apenas esperar para morrer. De não apertar o botão laranja. O foco dos olhos castanhos na mão que nunca tirou um nome do aquário. O sorriso doentio e falso da mulher da Capital. Mais passos para frente, pacificadores ao seu encalço empurrando-a pelo corredor infinito. Então foi assim que seus irmãos se sentiram? Ou eles estavam mais tranquilos porque havia alguém para amá-los quando morressem?
A cada passo se lembrava de alguém de sua família, em ordem, deixando seus companheiros de distrito para trás. Moon; uma flecha atravessada no olho. Cryssan, soterrado em uma avalanche. Copper; esfaqueado no banho de sangue. Lumos; envenenado por um tributo. Donan; morreu de tristeza e overdose. Rosé; morreu feliz, achando que seus filhos teriam uma ótima vida. E agora Nesrin, a última Brass a procurar a morte. A Capital não teria ninguém para executar se ela morresse na arena. Uma pessoa a menos na pilha de corpos cinzentos e cheios de graxa. O barulho oco de pisar nos degraus do palco era tão excruciante quanto o silêncio da plateia, aliviado por alguns suspiros de felicidade e medo: não tinham sido eles daquela vez. Nesrin não queria olhar para ninguém e nem tinha para quem olhar. Apertou a mão da enviada da Capital, era gelada como a da morte; e esperou em choque o tributo masculino ser chamado e também apertou sua mão sem sequer ver quem era, espichando os lábios num sorriso doloroso para as fotos.
Silêncio e o barulho dos motores tremendo no subsolo. Foi levada pelo cotovelo para uma sala qualquer. Ela não pensava, não chorava, apenas escutava o coração bater nas costelas e doer. Vislumbrava os olhos verdes e o bebê no colo daquela mulher. O botão laranja que nunca apertou. Não havia ninguém de quem se despedir. A sala era grande demais para sua solidão. O prefeito lhe deu um tapinha nas costas e foi tudo que levou de seu distrito antes de colocar os pés no trem que ela mesmo havia programado para levá-los até a Capital. Jamais imaginara que seria ela a luzinha brilhante se afastando do distrito 6.
Se tivesse apertado o botão laranja... Quem agora apertaria o botão? Moon. Cryssan. Copper. Lumos. Donan. Rosé. Não deixara nada para trás, não havia nada para deixar. Talvez morrer fosse bom. Talvez já estivesse morta há anos. O gosto ruim em sua boca poderia ser da morte e não dos remédios que tomara pela noite. Ela ouvia as engrenagens rodando, tão reconfortantes, e os ouvia chamando por ela. Moon. Cryssan. Copper. Lumos. Donan. Rosé. Decidira apertar o botão verde, e era hora de ir.
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"Put your emptiness into melody, your awful heart to song"
Moodboard 001 - BRASS, Nesrin
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