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zedoevergrove · 3 years ago
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𝗣𝗢𝗩 #𝟬𝟭: 𝗔 𝗖𝗼𝗹𝗵𝗲𝗶𝘁𝗮
          ɪꜱ ᴛʜᴇʀᴇ ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ ᴛʜᴀɴ ᴛʜᴀᴛ?                                  ɪꜱ ᴛʜᴇʀᴇ ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ ᴛʜᴀɴ ᴛʜᴀᴛ?           ɪꜱ ᴛʜᴇʀᴇ ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ ᴛʜᴀɴ ᴛʜᴀᴛ?                                           ɪꜱ ᴛʜᴇʀᴇ ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ           ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ, ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ ᴛʜᴀɴ                             ᴊᴜꜱᴛ ᴡᴀɪᴛɪɴɢ ᴏɴ ᴀ ᴡᴀʀ?
Naquela final de manhã, Zedo teria tudo para descrever-se como alguém minimamente feliz. Afinal, o sino de todas as indústrias do Distrito 8 soaram mais cedo e, em massa, todos os trabalhadores seguiam para suas casas, ainda que por pouco tempo. Ter dado sua força de trabalho pela capital por apenas três horas seria um belo sinônimo de felicidade, entretanto, um único detalhe impedia essa informação de ser verídica: a colheita.
ᴊᴜꜱᴛ ᴡᴀɪᴛɪɴɢ ᴏɴ ᴀ ᴡᴀʀ ꜰᴏʀ ᴛʜɪꜱ ᴀɴᴅ ᴛʜᴀᴛ
De uma maneira simples e direta: Zedo era ridiculamente azarado, em todos os aspectos. No entanto, ter se livrado até seus dezoito anos de ser sorteado era absolutamente uma questão que frisava quando queria se sentir bem consigo mesmo. Por isto, como todas as outras vezes banhou-se apenas por uma questão de costume, colocou uma de suas vestes limpas e usou uma essência qualquer que vendiam como perfume contrabandeado da capital. Spoiler: não era. Poderia ser algo inútil tratando-se de ter que gastar com algo mais importante, porém, admitindo ou não, Evergrove é uma das pessoas mais vaidosas que você poderá conhecer. Cabelo alinhado, perfume no pescoço e pulsos, mangas da camisa de retalhos em tons de cinza dobrada e sapatos perfeitamente limpos. Tomou um xarope para dor, que... sinceramente? Estava longe de cumprir função de cessar as dores que sentia. Fechou a porta de madeira, bem como as janelas e seguiu caminho para onde os telões foram montados. De maneira prática preferia chegar adiantado em eventos como aquele, não por amar ou ser um entusiasta, todavia, sempre que pudesse evitar de ser coagido por um pacificador por estar atrasado, era de validade importante.
ᴛʜᴇʀᴇ'ꜱ ɢᴏᴛ ᴛᴏ ʙᴇ ᴍᴏʀᴇ ᴛᴏ ᴛʜɪꜱ ᴛʜᴀɴ ᴛʜᴀᴛ
Aos poucos notou o local ser tomado por uma multidão. Era curioso pensar que dois infelizes se despediriam hoje de todos e seriam massacrados nos jogos. Era óbvio. O distrito oito não tinha legado algum nos jogos. O número de carreiristas era grande nos outros distritos, ainda mais tratando-se de um massacre quaternário. A população do distrito oito tinha uma fama de morrer nas primeiras horas. Qual a chance desse ano ser diferente? Seria isso. De novo. Choro com os dois subindo no palco. Os dois assustados o suficiente para não conseguir falar uma frase completa. Pessoas com cara de choque, mas ao mesmo tempo aliviadas por terem se livrado e, para aqueles que acompanhavam vinte e quatro horas os telões, teriam a chance de sair avisando para os trabalhadores fabris sobre os canhões soados. E a partir daí, mais uma sequência de choro da família. Todo ano era a mesma coisa. O que poderia ser modificado neste ano, é que a pessoa já seja tão velha, que não tenha mais os pais vivos. Ou simplesmente não ter os pais ou família ali, como era seu caso.
ᴇᴠᴇʀʏ ᴅᴀʏ ᴡᴀɪᴛɪɴɢ ꜰᴏʀ ᴛʜᴇ ꜱᴋʏ ᴛᴏ ꜰᴀʟʟ
Poucos minutos antes do anúncio ser realizado, o moreno trocou olhares com Dazzle. A mulher de trinta anos e dona dos fios mais loiros que teve a honra de conhecer, foi casada dois anos com o melhor amigo de Zedo, até o amigo morrer misteriosamente na floresta. Na visão de Evergrove, não havia mistério algum. Dale continuamente se rebelava no trabalho e arrumava uma forma de implicar com a capital. Em uma das últimas vezes que viu o amigo, foi apanhando em praça pública e, no outro dia, foi vendo o corpo encontrado sendo retirado da floresta. Já se faziam seis meses desde o ocorrido. Desde então, sente-se culpado por ter se aproximado de Dazzle. Nunca aconteceu algo efetivamente, mas não por ele, por ela. Dazzle nunca deu abertura para a ação, por mais que demonstrasse e já tivesse dito que gostaria, mas sempre era não agora. O mínimo era Zedo respeitar a decisão da loira. O luto ainda a incomodava.
ʙɪɢ ʙᴀʙʏ, ʀᴜɴ ᴀɴᴅ ʜɪᴅᴇ
Finalmente os olhares e sorrisos constantes foram desfeitos com a microfonia causada. Infelizes. Um discurso cafona e clássico foi iniciado. Mais letais. Mais sanguinários. Mais impiedosos. Frases que soaram continuamente na cabeça de Evergrove. Não admitiria, mas seu coração estava acelerando. Poderia ser parte de sua doença ou apenas um alerta sobre o que viria a seguir. A mão da apresentadora com uma roupa estonteantemente amarela mexia continuamente o recipiente com um número absurdo de nomes. Muitas possibilidades. Não havia estudado o suficiente para saber probabilidade, mas entedia que as chances de sair um nome conhecido era mínimo. Lilith Evie Koskinen. Quem? Uma coitada. Pouco se importou com a cerimônia de ver a mulher subir no palco. Só queria que aquela encheção acabasse de uma vez por todas. Após todo o drama dos conhecidos da tal de Lilith, que diga-se de passagem, parecia alguém importante e querida para alguns, iniciou o drama para a escolha dos homens. “Galvan Amberflake, setenta e dois anos. Yay” Yay? Engoliu seco a maldita escolha feita pela apresentadora. Nome errado. Não, não poderia ser. Galvan sempre será o pai de Dale e, por mais pouca consideração que Zedo aparentava nutrir atualmente pelo amigo, não poderia deixar de se recordar que foi Galvan que o acolheu por tantos anos. Galvan foi como um pai para Evergrove. Sei que pareceu até agora que Zedo Evergrove não tem lá muita empatia pelas pessoas, todavia, tratando-se do homem da terceira idade que o acolheu no momento da ida de sua mãe para a capital e na morte de seu pai, Zedo ainda guardava um pouco de compaixão. Mordeu os lábios e respirou fundo. Não tendo muito tempo para o mínimo de raciocínio possível, rapidamente levantou o braço direito e gritou que seria um voluntário. Sentiu olhares pesados olhando para si. Talvez indignados. Talvez surpresos. Talvez nem sabiam quem eles eram. Apenas deu um olhar final para Galvan antes de subir ao palco, algo que se assemelhava a um “sinto muito por isso”.
ᴅᴏɴ'ᴛ ᴡᴇ ʟᴏᴏᴋ ɢᴏᴏᴅ? ᴅᴏɴ'ᴛ ᴡᴇ ʟᴏᴏᴋ ɢᴏᴏᴅ?
Sentia as batidas do coração tomarem um ritmo até então desconhecido por ele. Em suas têmporas tornou-se visível gotas de suor e, bom, enquanto isso, sua visão tinha alguns flashes de escuridão. Para Zedo, foi um milagre ter conseguido subir os seis degraus até o palco. Não conseguiu prestar atenção em mais nada a partir dali. Apenas segurou a mão da mulher sorteada do distrito oito. E segurou apenas por ter recebido essa instrução da apresentadora, após ter repetido diversas vezes que deveriam fazer aquilo. Depois da cerimônia, foram praticamente empurrados até a parte de dentro da tenda construída atrás do palco. Sua última lembrança foi apoiar uma das mãos na parede e vomitar, mesmo que não tivesse comida alguma para sair. 
Talvez devesse manter algum resquício de fé que acordaria em um lugar melhor, ainda que em seu colchão velho e desconfortável. Qualquer coisa parecia ser melhor do que ser um tributo no massacre quaternário. Qualquer coisa. 
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nesrinsix · 3 years ago
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It's just pressing a button.
POV. Task001 - a colheita
Três dias antes da colheita.
Quando acordou, o céu era laranja e azul. As primeiras estrelas apareciam enquanto o sol começava a desaparecer no horizonte. Tudo era silêncio senão pelo constante barulho dos motores rodando e cuspindo fumaça no subsolo e por seu coração que, naquele início de noite, batia com força suficiente para que suas costelas doessem. É hoje. Enquanto as pessoas do seu distrito se preparavam para dormir, Nesrin deixava as pernas caírem para fora da cama e mecanicamente a levarem para as tarefas da noite.
No escuro começou suas tarefas mais básicas: ir ao banheiro. Escovar os dentes. Tomar uma pílula branca. Prender os cabelos. Evitar os espelhos. Tudo era silêncio, apenas os motores zumbindo aos seus pés, reconfortantes e em ordem. E o coração batendo no ritmo das máquinas. Um copo de leite, um pedaço de bolo relativamente duvidoso e as louças lavadas. As portas de todos os cômodos sempre fechadas, para que ela não se importasse em ver o que tinha dentro, para se lembrar que não havia ninguém dormindo nas camas sempre feitas.
Enfiar seus braços pelo macacão cinza e depois os pés nas botas também cinza e as mãos nas luvas cinza para abrir a porta e ver uma noite igualmente cinza. Ela suspirou, deixando o ar puro sair de seus pulmões para inalar a fumaça do clima cinzento do distrito 6. Saiu de casa sem olhar para trás: não havia ninguém de quem se despedir. É hoje.
As pesadas botas de aço e plástico rebatiam no chão de pedrinhas ladeado por florzinhas toscas. Nesrin deixou a boca se contorcer num sorriso doloroso: a Capital achava que as florzinhas rodeando a aldeia dos vencedores dariam a ela algum conforto, a fariam agradecer por ter uma vida boa e ligeiramente menos miserável do que a das outras pessoas. Ela arrancaria todas aquelas flores com os dentes se isso significasse que poderia sair dali e ter sua família de volta. Não podia, portanto apenas continuou andando, deixando os portões de ferro e o caminho de pedras para trás.
As ruas do distrito 6 eram escuras, com luzes que tremeluziam pela quantidade de energia que os trens e outros equipamentos gastavam, mas Nesrin não precisava de muito mais que um feixe de luz para se guiar até o subsolo, seus pés descendo pelos degraus gastos e ásperos até chegar até sua sala no subsolo 7. As fracas luzes do painel transformavam as cadeiras e seus ocupantes em meros espectros fantasmagóricos, as vozes abafadas pelos ruídos dos metais arrastando-se uns com os outros. Ouviu "boa-noites" e "como vai?", mas decidiu responder apenas com um fraco sorriso. Não era uma boa noite e ninguém ia bem; era hoje, afinal.
Ela se ajeitou na cadeira, colocando os fones de ouvido pesados e analisando os pontos luminosos em seu painel. Os trens corriam por toda Panem em velocidades absurdas, mas, para ela, eram apenas estrelinhas navegando em um confortável emaranhado de linhas. Foi-se a época em que tinha de se esgueirar pelos trilhos com ferramentas entre os dentes e graxa escorrendo pelo rosto; agora sentava confortavelmente em sua cadeira enquanto as veias de Panem se desdobravam a sua frente, mas não sabia dizer qual era pior. Naquela noite, treze pequenas estrelas a esperavam aglomeradas em um ponto do mapa. A Capital. Nesrin engoliu em seco, respirando fundo e sentindo o coração bater com a mesma intensidade das treze luzes tremulando. Apertando um dos botões de seu painel, escutou a própria voz distante:
- Distrito 6, funcionária Brass 1423. Máquinas com início na Capital... - as palavras ficaram travadas em sua garganta, sua perna esquerda tremendo. Tudo dependia dela - Repito, máquinas com início na Capital e destino aos distritos... - as luzes ficaram estáveis, indicando resposta imediata. Os operadores estavam todos a escutando. Um único botão alaranjado chamava sua atenção no canto do olho. Se apertasse o botão, iniciaria um alerta de emergência mecânica. Se apertasse o botão, todas as linhas seriam imediatamente fechadas. Se apertasse o botão, não haveria trem algum chegando em nenhum distrito nos dias seguintes. Se apertasse o botão, causaria caos suficiente para alguns dias de atraso na colheita. Se apertasse o botão, vinte e seis famílias teriam mais tempo com seus parentes. Se apertasse o botão... Seus dedos esticaram um pouco, tão perto... Pressionou. - Máquinas com início na Capital e destino aos distritos, linhas abertas e seguras, permissão para iniciar viagem. Estejam atentos a novas informações. Distrito 6, funcionária Brass 1423.
Uma a uma, de acordo com seus comandos, as pequenas luzinhas começaram a se mover pelo painel enquanto seus dedos ainda pressionavam o botão verde. Verde. Nesrin fechou os olhos até ver pontos luminosos na escuridão. Enquanto os outros dormiam, lá estariam ela e seus companheiros de cabine, acompanhando aquelas luzinhas pelas próximas noites, liberando trens atrás de trens, verificando peças e consertando itinerários, fingindo que podiam fazer alguma coisa para parar a Capital quando não passavam de peões com alguns botões coloridos. Esperando que chegassem aos seus destinos para causarem pequenos desastres.
No dia da colheita.
Sair do subsolo sempre fazia com que os olhos de Nesrin demorassem a se acostumar com a luminosidade do dia. Piscando, a última Brass ajeitou seu macacão menos surrado e olhou para as botas pretas e lustrosas. Era a melhor coisa que possuía para se arrastar até a praça central e ser apenas mais um rosto na multidão. Após três dias observando todos os trens se moverem por Panem e chegarem um a um em seus respectivos distritos, seus olhos estavam secos e cansados, olheiras fundas arroxeando sua face normalmente radiante. Enquanto tentava focar nas pessoas ridiculamente decoradas no palco malfeito e precariamente decorado com fitilhos coloridos, voltou a pensar no botão laranja que não havia apertado três noites antes. Ele era da mesma cor que as decorações vibrantes.
Enquanto a ladainha começava, Nesrin deixou que seu olhar vagasse pelas pessoas do distrito. Estaria mentindo se dissesse que as conhecia. Eram milhares, esperando por suas sentenças, as armas dos pacificadores firmes em mãos enluvadas de branco como um eterno aviso de que a qualquer deslize tornar-se-iam vermelhas. Vislumbrou os rostos cansados de seus colegas de trabalho e tentou sorrir para alguns deles, mas não conseguiu. Ao seu lado, uma mulher abraçava um bebê. Seus olhos imediatamente focaram nela; não deveria ter mais de trinta anos, agarrando-se à criança enquanto tremia. Poderia ser ela. Poderia ser uma mãe que nunca mais voltaria a abraçar o filho de poucos meses. Poderia ser um bebê morto porque sua mãe morrera, simples assim: duas vidas ceifadas sem motivo nenhum. Seus olhos se encontraram. Castanho escuro e verdes. O botão verde. No palco, a mulher espalhafatosa colocou a mão dentro do aquário. Unhas como garras prontas para ceifar uma vida.
Foi apenas um sussurro. Apenas um sussurro olhando no fundo dos olhos verdes daquela mãe ao seu lado, mas teve quem ouviu - Eu me voluntario. - os olhos claros se arregalaram quando falou mais alto, sentindo o coração na garganta - Eu me voluntario como tributo. - um passo para frente. Ela pensou que iria vomitar. Os olhos verdes se enchendo de lágrimas. Ela estava cansada de apenas esperar para morrer. De não apertar o botão laranja. O foco dos olhos castanhos na mão que nunca tirou um nome do aquário. O sorriso doentio e falso da mulher da Capital. Mais passos para frente, pacificadores ao seu encalço empurrando-a pelo corredor infinito. Então foi assim que seus irmãos se sentiram? Ou eles estavam mais tranquilos porque havia alguém para amá-los quando morressem?
A cada passo se lembrava de alguém de sua família, em ordem, deixando seus companheiros de distrito para trás. Moon; uma flecha atravessada no olho. Cryssan, soterrado em uma avalanche. Copper; esfaqueado no banho de sangue. Lumos; envenenado por um tributo. Donan; morreu de tristeza e overdose. Rosé; morreu feliz, achando que seus filhos teriam uma ótima vida. E agora Nesrin, a última Brass a procurar a morte. A Capital não teria ninguém para executar se ela morresse na arena. Uma pessoa a menos na pilha de corpos cinzentos e cheios de graxa. O barulho oco de pisar nos degraus do palco era tão excruciante quanto o silêncio da plateia, aliviado por alguns suspiros de felicidade e medo: não tinham sido eles daquela vez. Nesrin não queria olhar para ninguém e nem tinha para quem olhar. Apertou a mão da enviada da Capital, era gelada como a da morte; e esperou em choque o tributo masculino ser chamado e também apertou sua mão sem sequer ver quem era, espichando os lábios num sorriso doloroso para as fotos.
Silêncio e o barulho dos motores tremendo no subsolo. Foi levada pelo cotovelo para uma sala qualquer. Ela não pensava, não chorava, apenas escutava o coração bater nas costelas e doer. Vislumbrava os olhos verdes e o bebê no colo daquela mulher. O botão laranja que nunca apertou. Não havia ninguém de quem se despedir. A sala era grande demais para sua solidão. O prefeito lhe deu um tapinha nas costas e foi tudo que levou de seu distrito antes de colocar os pés no trem que ela mesmo havia programado para levá-los até a Capital. Jamais imaginara que seria ela a luzinha brilhante se afastando do distrito 6.
Se tivesse apertado o botão laranja... Quem agora apertaria o botão? Moon. Cryssan. Copper. Lumos. Donan. Rosé. Não deixara nada para trás, não havia nada para deixar. Talvez morrer fosse bom. Talvez já estivesse morta há anos. O gosto ruim em sua boca poderia ser da morte e não dos remédios que tomara pela noite. Ela ouvia as engrenagens rodando, tão reconfortantes, e os ouvia chamando por ela. Moon. Cryssan. Copper. Lumos. Donan. Rosé. Decidira apertar o botão verde, e era hora de ir.
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foxrzck · 3 years ago
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task um : a colheita .
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O DIA ANTERIOR :
o   escuro   no   quarto   já   era   rotineiro   .   ao   contrário   da   maioria   das   pessoas   ,   a   falta   de   luz   dentro   do   cômodo   trazia   uma   sensação   de   segurança   para   mylora   ;   como   se   nada   pudesse   a   enxergar   ou   alcançar   .   vez   ou   outra   ,   abria   poucos   centímetros   da   cortina   ,   deixando   o   feixe   de   luz   solar   invadir   o   espaço   e   trazer   um   pouco   de   calor   .   obviamente   ,   nada   comparado   ao   calor   que   eleine   poderia   proporcionar   .
a   mulher   sabia   bem   que   no   próximo   dia   teria   a   colheita   .   sua   tia   havia   feito   questão   de   deixá-la   avisada   sobre   a   possibilidade   de   ser   sorteada   ,   mas   não   fazia   diferença   alguma   .   sendo   tributo   ou   não   ,   nada   mudaria   na   vida   da   foxrock   e   ela   continuaria   sem   motivação   para   viver   .   talvez   ,   a   arena   pudesse   ser   o   seu   último   ato   .   não   faria   questão   de   vencer   ,   caso   fosse   a   escolhida   ,   apenas   de   deixar   o   seu   nome   marcado   .
como   em   todas   as   semanas   ,   pouco   depois   do   sol   começar   a   esquentar   o   dia   ,   as   três   batidas   na   porta   foram   facilmente   reconhecidas   .   "   pode   entrar   .   a   porta   está   aberta   .   "   murmurou   da   cozinha   ,   enquanto   preparava   um   chá   de   ervas   .   sua   tia   sempre   fazia   questão   de   visitá-la   ,   mas   sabia   que   o   dia   precedente   a   colheita   também   seria   um   deles   .   vinha   sempre   insistir   para   que   mylora   largasse   a   solidão   e   ceiar   com   os   primos   ,   no   entanto   seus   esforços   eram   sempre   em   vão   .   "   bom   dia   ,   tia   .   o   que   você   tem   aí   ?   "   perguntou   ,   observando   a   bolsa   que   a   mesma   carregava   .
"   suas   roupas   ,   mylora   .   a   colheita   é   amanhã   .   "   a   senhora   de   expressão   cansada   resumiu   ,   suspirando   logo   após   .   a   única   reação   da   mais   jovem   foi   um   rolar   de   olhos   ,   afinal   nunca   entendia   o   motivo   de   sempre   precisar   se   preparar   com   as   melhores   peças   para   o   maldito   dia   .
"   certo   .   esqueci   que   eu   preciso   ficar   bonita   para   agendar   minha   morte   .   "   a   morena   respondeu   de   forma   irônica   ,   sorrindo   mesmo   sabendo   como   aquelas   atitudes   causavam   raiva   na   mais   madura   .
"   quantas   vezes   preciso   te   pedir   para   levar   isso   a   sério   ?   não   custa   nada   pelo   menos   ir   até   minha   casa   ,   ver   seus   primos   e   jantar   com   eles   .   eles sentem sua falta . "   a   tia   rebateu   ,   finalmente   deixando   de   lado   o   tom   doce   que   sempre   utilizava   .   a   ansiedade   de   perder   mais   um   membro   da   família   foxrock   era   iminente   .
"   você   quer   mesmo   falar   sobre   isso   de   novo   ,   titia   ?   "   a   mais   nova   questionou   ,   erguendo   uma   das   sobrancelhas   ,   enquanto   servia   o   chá   em   duas   xícaras   .   "   eu   não   quero   sair   e   não   vou   sair   .   ponto   final   .   então   ,   aproveite   a   chance   para   tomar   esse   chá   comigo   ,   hm   ?   ele   pode   ser   o   último   .   "   sorriu   mais   uma   vez   ,   sabendo   que   venceria   a   conversa   .   daquela   vez   ,   ao   menos   .
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A COLHEITA :
o   que   a   maioria   sentia   nas   horas   que   precediam   a   colheita   ?   medo   ,   angústia   ,   tristeza   ...   naquele   ano   em   específico   ,   não   havia   uma   pessoa   sequer   que   não   estivesse   tomada   pelas   sensações   horripilante   .   afinal   ,   o   perigo   existia   para   todos   ,   sem   exceção   de   idade   ou   gênero   .   só   alguém   fugia   à   regra   :   mylora   .   nada   era   capaz   de   reduzir   o   vazio   que   tomava   conta   de   seu   interior   .   nem   mesmo   a   mínima   chance   de   precisar   lutar   pela   própria   vida   .   já   cravava   lutas   muito   maiores   em   sua   própria   mente   .
mesmo   negando   ,   sua   tia   havia   insistido   para   que   se   encontrassem   na   praça   central   para   ficarem   juntas   durante   a   colheita   .   a   companhia   da   jovem   ,   no   entanto   ,   de   nada   servia   .   nenhuma   palavra   saiu   de   sua   boca   ,   já   que   precisava   focar   toda   sua   atenção   em   não   sair   dos   eixos   em   meio   a   tanta   gente   .   havia   aqueles   que   olhavam   estranho   para   sua   presença   ,   afinal   não   a   viam   desde   o   último   sorteio   .   e   ,   com   toda   a   sinceridade   ,   sua   imagem   só   parecia   piorar   a   cada   ano   .   definhava   cada   vez   mais   pela   alimentação   precária   ,   falta   de   sol   e   movimentação   .   a   jovem   mylora   forte   e   decidida   havia   dado   lugar   para   alguém   triste   e   deplorável   .
vez   ou   outra   ,   alguns   antigos   amigos   vinham   cumprimentar   .   se   fosse   por   preocupação   ou   pura   curiosidade   ,   não   fazia   diferença   .   a   foxrock   respondia   a   todos   da   mesma   forma   ,   com   um   simples   aceno   da   cabeça   ,   enquanto   murmurava   um   olá   seco   e   sem   ânimo   .   o   sol   estava   posicionado   quase   no   topo   do   céu   devido   ao   horário   e   era   ele   quem   prendia   sua   atenção   .   a   estrela   brilhante   lembrava   eleine   ,   que   deixava   rastros   de   luz   por   onde   passava   .   mylora   imaginava   como   seria   se   ainda   tivesse   ela   ao   seu   lado   ,   se   lidaria   de   outra   forma   com   a   colheita   ,   mas   preferiu   deixar   para   lá   .   só   pensava   que   estaria   com   medo   de   perder   seu   grande   amor   ,   mas   isso   já   havia   acontecido   .
a   apresentadora   de   roupas   extravagantes   se   posicionou   sobre   o   palanque   e   deu   alguns   toques   no   microfone   .   mylora   sabia   que   usava   os   piores   farrapos   para   se   vestir   ,   porém   as   peças   da   mulher   só   deixava   mais   claro   .   ela   vinha   da   capital   ,   claro   .   se   a   jovem   já   odiava   a   maioria   das   pessoas   ,   os   mais   abastados   causavam   mais   raiva   ainda   em   si   .   eram   eles   que   roubavam   a   carne   ,   os   jovens   e   as   esperanças   do   distrito   10   .   a   desigualdade   ficava   ainda   mais   notável   quando   os   ricos   faziam   presença   em   meio   a   toda   aquela   humildade   .
era   odioso   assistir   aquele   vídeo   sobre   os   jogos   vorazes   todo   ano   .   já   sabia   de   cor   cada   palavra   dita   ,   por   isso   preferia   que   apenas   fossem   sorteados   os   tributos   de   uma   vez   por   todas   para   voltar   ao   seu   casulo   .   mylora   já   não   aguentaria   mais   meia   hora   em   meio   a   tantas   pessoas   e   agradeceu   internamente   quando   viu   as   mãos   da   apresentadora   começarem   a   rodear   a   cúpula   de   vidro   .   por   alguns   segundos   ,   a   morena   sentiu   seu   coração   bater   mais   forte   .   e   se   o   seu   nome   fosse   dito   ?   e   se   a   sua   sorte   tivesse   morrido   junto   com   eleine   ?   teria   forças   para   participar   dos   jogos   ou   seria   só   mais   uma   participante   a   morrer   nos   primeiros   segundos   ?
as   perguntas   foram   respondidas   quando   a   voz   estridente   ditou   ao   microfone   :   mylora   foxrock   .   a   tributo   não   tinha   reação   ,   ao   contrário   da   tia   posicionada   ao   seu   lado   .   as   lágrimas   corriam   sobre   o   rosto   da   senhora   ,   ao   mesmo   tempo   que   a   sobrinha   era   levada   para   cima   do   palco   pelos   pacificadores   .   o   olhar   de   dó   era   presente   no   rosto   da   maioria   que   a   conhecia   ,   obviamente   misturados   com   a   felicidade   de   não   terem   sido   sorteados   .   enquanto   o   sorteio   do   tributo   masculino   era   feito   ,   a   garota   refletia   sobre   o   seu   destino   .   já   havia   perdido   tudo   ,   então   só   estava   prestes   a   perder   sua   vida   .   grande   coisa   .
os   minutos   se   passaram   ,   quando   viu   já   estava   em   uma   sala   com   sua   tia   e   tinha   apenas   alguns   segundos   para   se   despedir   .   a   surpresa   já   havia   passado   e   mylora   tinha   apenas   um   sorrisinho   estampado   no   rosto   .   aquele   típico   que   a   mais   velha   tão   odiava   .   "   ainda   bem   que   tomamos   aquele   chá   ,   titia   .   pelo   menos   você   conseguiu   se   despedir   de   mim   .   "
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hyacinthhz · 3 years ago
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our    lives    were    𝐍𝐄𝐕𝐄𝐑    ours    .    they    𝐛𝐞𝐥𝐨𝐧𝐠    𝐭𝐨    𝐬𝐧𝐨𝐰    ,    and    our    𝐃𝐄𝐀𝐓𝐇𝐒    do    too        —        𝐭𝐚𝐬𝐤    𝟎𝟎𝟏    .
𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐈𝐓𝐎    𝐃𝐎𝐙𝐄    ,    um    dia    antes    da    colheita    .    
acordou  cedo,  como  de  costume.  e,  por  mais  que  já  fosse  um  hábito,  o  galo  cantou  lá  fora;  quase  como  se  debochasse  da  cara  do  rapaz,  que  apenas  esperava  pela  bela  oportunidade  de  transformá-lo  em  janta.  a  luminosidade  atravessava  as  frestas  da  cortina  puída,  clareando  o  cômodo.  a  cama  rangeu,  arrancando  um  resmungo  incompreensível  de  um  de  seus  irmãos.  na  volta,  colocaria  um  pouco  de  óleo  nas  molas  —  o  cheiro  não  seria  um  dos  mais  agradáveis,  é  claro,  mas  conseguiria  mexer-se  com  liberdade  no  colchão.  apoiou  ambas  as  mãos  nas  coxas  e,  com  um  suspiro  combalido,  levantou.  
como  o  restante  da  casa,  o  chão  também  rangia.  curiosamente,  era  um  som  até  aconchegante,  presente  desde  que  se  entende  por  gente.  seus  dias  eram  sempre  os  mesmos;  uma  rotina  que,  em  sua  opinião,  havia  se  tornado  um  tanto  quanto  maçante.  repetia,  religiosamente,  os  mesmos  passos  diariamente.  despiu-se,  deixando  as  roupas  no  chão  e  posicionando-se,  com  calma,  para  entrar  na  banheira  gélida.  mergulhou  o  sabonete  na  água,  umedecendo-o  e,  em  seguida,  passou  a  esfregá-lo  pela  pele,  criando  bastante  espuma.  aquele  até  não  poderia  ser  um  dos  melhores  sabonetes,  porém,  possuía  uma  fragrância  sútil,  mas  refrescante.  graças  à  sua  mãe,  talvez  fosse  um  dos  mais  cheirosos  da  costura.  
de  frente  para  o  espelho,  já  vestido,  hyacinth  encarou  a  própria  imagem;  as  maças  do  rosto  estavam  ligeiramente  avermelhadas,  ou  melhor,  queimadas  de  sol.  o  cabelo  era  curto  e  castanho,  como  cor  das  íris.  passou  um  dos  dedos  sobre  a  cicatriz  que  se  iniciava  na  metade  de  sua  pálpebra  e  terminava  um  pouco  acima  da  sobrancelha  —  embora  levasse  nome  de  flor,  não  era  nada  delicado.  de  maneira  geral,  era  detentor  de  uma  aparência  rústica,  pouco  sofisticada.  as  palmas  de  suas  mãos  eram  cheias  de  calos  e  outros  pequenos  cortes,  a  pele  de  seu  corpo  também  não  passava  despercebida,  já  que  era  moderadamente  coberta  por  sardas  causadas  pela  longa  exposição  solar.  e,  ao  contrário  de  muitos  da  costura,  ele  era  um  rapaz  forte,  corpulento,  de  músculos  mais  desenvolvidos.  as  idosas,  por  sua  vez,  não  lhe  escondiam  elogios;  gostavam  de  falar  o  quão  hyacinth  era  sadio,  diferente  de  seus  filhos  e  netos.  
apesar  da  feiura,  e  com  grandes  colheradas,  devorou  o  mingau  de  sementes.  os  irmãos  também  aproveitavam  a  refeição,  embora  não  replicassem  a  sua  voracidade.  sua  mãe,  por  outro  lado,  remexia  a  gororoba  com  a  colher,  encarando-a  com  certa  tristeza  no  olhar.  ele  sabia  o  porquê.  para  sua  família,  o  dia  antes  da  colheita  era  sempre  extremamente  melancólico,  quase  como  se  já  tivessem  sido  sorteados  e  prestes  a  morrer.  hyacinth  não  compartilhava  do  sentimento,  em  outras  palavras,  não  poderia  se  dar  o  luxo  de  passar  vinte  e  quatro  horas  enfurnado  em  casa,  chorando.  após  a  morte  do  pai  e  do  irmão,  tornou-se  o  responsável  por  manter  a  família,  fornecendo,  constantemente,  subsistência.  
enjoado  com  a  cena,  empurrou  a  cadeira  para  atrás  com  certa  ignorância,  atraindo  olhares.  deixou  a  louça  suja  na  mesa,  não  pensando  duas  vezes  antes  de  abrir  a  porta  e  sair.    
sabia  que  não  deveria  estar  ali,  nos  limites  do  distrito  doze,  louco  para  levar  uma  bela  bofetada  de  um  pacificador.  contudo,  era  o  lugar  perfeito  para  caça;  onde  os  animais  mais  valiosos  residiam.  atravessou  a  cerca,  que  não  era  eletrificada  há  uns  bons  anos,  tomando  cuidado  para  não  deixar  a  roupa  agarrar  nas  partes  pontiagudas.  preferia  caçar  em  paz,  sem  ninguém  lhe  perturbando  e  tirando  sua  concentração.  .  .  algo  que,  curiosamente,  seus  irmãos  amavam  fazer.  com  o  arco-e-flecha  grosseiro  ao  seu  lado,  sentou  em  meio  à  alta  mata,  enquanto  esperava,  pacientemente,  a  presa.  
o  dia  já  se  encontrava  parcialmente  escuro  quando  retornou.  conseguiu,  para  sua  sorte,  vender  quatro  coelhos  dos  cinco  que  capturara  e,  querendo  ou  não,  estampou  um  pequeno  sorriso.  levaria  a  caça  restante  para  casa  e  pediria  à  mãe  que  fizesse  algo  gostoso  para  jantaram.  com  uma  boa  refeição,  sua  família  ficaria  menos  melancólica.  
dito  e  feito,  o  jantar  foi  tão  gostoso  que  dançaram  e  cantaram  após  comer.  riram  e  lembraram  das  boas  memórias,  conversaram  até  a  meia-noite.  hyacinth  foi  dormir  de  barriga  cheia  e  alegre.  nada  de  ruim  aconteceria,  ele  estava  certo.  
𝐃𝐈𝐒𝐓𝐑𝐈𝐓𝐎    𝐃𝐎𝐙𝐄    ,    dia    da    colheita    .          
viu  o  papel  ser  sorteado,  escutou  seu  nome  ser  chamado  e,  mesmo  assim,  não  conseguia  acreditar.  hyacinth  não  esboçou  qualquer  reação    —  porém,  seu  rosto  já  não  tinha  mais  cor.  
‘ hyacinth heavengrove ! ’ chamou, mais uma vez. sabia que a mulher esquisita o encarava com um sorriso perturbador, mas, novamente, não se mexeu.  ‘ venha querido, não seja tímido. ’ a voz ecoou. 
fechou  o  punho,  cravando  as  unhas  na  palma  da  mão.  levantou  a  cabeça  e  de  maneira  atordoada,  procurou  os  irmãos  na  multidão.  encontrou  uma  das  irmãs  com  o  rosto  molhado  e  contorcido.  sua  tentativa  de  procurar  o  restante  da  família  foi  impossibilitada  devido  aos  pacificadores  que  puxavam-no  sem  nenhum  cuidado.  arrancou,  de  maneira  agressiva,  os  braços  dos  toques  alheios,  optando  por  marchar  sozinho. sequer  sabia  como  ainda  mantinha-se  em  pé;  a  respiração  era  ofegante  e  a  única  coisa  que  conseguia  compreender  por  completo.  
de  cima  do  palco,  não  conseguia  encontrar  a  família  no  meio  de  tantas  pessoas.  na  sua  concepção,  os  minutos  passaram  de  maneira  extremamente  rápida,  entretanto,  era  apenas  o  nervosismo  lhe  ludibriando.  
antes  que  a  cerimônia  se  encerasse  e  fosse  empurrado  para  dentro  do  prédio,  deu  uma  rápida  mirada  na  direção  da  outra  sorteada.  não  a  ofereceu  nenhum  sorriso,  pois  bem,  não  havia  qualquer  razão  para  tal.    
esperava  sentado  em  uma  das  cadeiras,  balançando  ansiosamente  a  perna  esquerda,  quando  sua  família  invadiu  o  cômodo  com  desespero.  palavras  não  foram  proferidas  naquele  primeiro  instante,  apenas  teve  o  corpo  envolto  pelos  braços  de  seus  parentes.  a  maioria  chorava;  sua  camiseta,  a  melhor  que  tinha,  havia  sido  molhada  por  lágrimas  alheias.  
‘  prometa  que  irá  voltar.  ’  sussurrou  a  mãe,  acariciando  o  rosto  de  hyacinth  com  ambas  as  mãos.  ele  não  prometeu.  talvez  devesse  ter  prometido.  ‘  cuide  da  mamãe.  ’  disse  para  o  irmão  mais  novo.  
abraçou  cada  um.  apertado.  com  amor.  
e,  antes  que  pudesse  dizer  que  venceria  os  jogos,  foi  retirado  do  cômodo  as  pressas.  
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ryewhitewillow · 3 years ago
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ㅤ ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤㆍ﹒ ✶ ﹗ ﹐ the reaping.
Quatro e quarenta.
Todos os seus dias começavam religiosamente no mesmo horário. Rye Whitewillow era uma criatura de hábitos: acordava antes mesmo do sol e dos galos, e preparava o café da manhã para os irmãos antes de sair para trabalhar. Mesmo em ocasiões como aquela, em que a rotina era interrompida, não era capaz de permanecer na cama após as cinco.
A bem da verdade, pensava que aquela seria a primeira colheita em anos em que conseguira pregar os olhos. Dylla, a mais jovem entre os Whitewillow, tinha agora dezenove anos. Por fim estariam todos à salvo.
Exceto que não, graças ao Massacre Quaternário. Com o anúncio feito uma semana antes, tudo havia mudado.
Nada na situação lhe parecia digno de comemorar: suas crianças haviam crescido o suficiente para estar livres do açoite da Capital, mas o regime sempre encontrava novas e criativas maneiras de manter a ferida aberta.
O banho frio nada fez para dissuadir sua espiral de pensamentos amargos mas, ao sair do banheiro, encontrou a blusa de linho branca o aguardando sobre a cama, e o coração por fim amoleceu um bocado. Elyas.
Sabia que não o encontraria naquela manhã antes da colheita, mas sua presença silenciosa era sempre reconfortante. Ely acordava ainda mais cedo que Rye e se despencava até a casa do prefeito, para quem lavava e passava. Syen por vezes o acompanhava no caminho para o Mercado Municipal, mas não em dias como aquele.
Encontrou Syen exatamente onde esperava: deitado no sofá em meio a uma pilha de garrafas vazias. Se esforçou para não o acordar enquanto abria os armários da cozinha, em busca de opções silenciosas para a primeira refeição do dia.
Pão. Manteiga. Ainda tinham um pedacinho de queijo de cabra. Aquela poderia ter sido uma boa manhã.
Como se invocada para o impedir de se afundar em pânico, Dylla escancarou a porta dos fundos conforme adentrava a cozinha. Depositou a garrafa de leite fresco sobre a bancada com um gesto dramático e, ao fundo, Rye ouviu Syen resmungar.
"Sério?" Questionou a irmã em vias de um bom dia, a lançando um olhar afiado. Tudo o que queria naquela manhã era evitar conflitos.
"Eu não estou nem aí para as pirraças dele." Dy devolveu prontamente, sem muita paciência. Rye precisava lembrar a si mesmo que a irmã não sabia de toda a história em momentos como aquele.
Quebraram o jejum em silêncio, como se em luto antecipado. Em algum momento ao longo da refeição, Syen se juntou aos dois. Ninguém o questionou. Quando Sy terminou a refeição, Rye o seguiu.
O barulho de água corrente a partir do corredor entregava que o irmão estava no banho. Ao espiar pela porta entreaberta do quarto que os irmãos mais novos dividiam, percebeu que a prótese havia sido depositada sobre a cama.
O dedo do meio da mão artificial estava levantado em riste. Rye conteve um sorriso.
"Hey." Chamou, batendo gentilmente à porta do banheiro compartilhado. "Precisa de ajuda?" Sem resposta. ㅤ
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ㅤ De saída para a praça principal junto de Dylla e Syen, Rye pensou em checar a caixa de correio como fazia todos os dias. Não o fez.
Elyas encontrou o restante dos Whitewillow na metade do caminho, e juntos marcharam na mesma direção que todos os demais residentes do Distrito.
Dez anos atrás, haviam feito aquele mesmo caminho, e Rye havia falhado em segurar a mão do pequeno Sy. Desta vez tinha o braço ao redor dos ombros dele.
Dylla pôs-se a assobiar uma melodia familiar. Não tardou para que todos os irmãos se unissem à ela e, em meio a vielas e avenidas, alguns dos residentes mais vividos e menos abastados arriscaram também algumas notas desafinadas.
A canção do velho, era como chamavam. Ninguém teve coragem de cantar a letra em voz alta.
As notas foram silenciadas tão logo alcançaram o primeiro círculo de pacificadores no perímetro central. Em um mundo ideal, nenhum deles precisaria passar do cerco naquele ano. Buscaram pelo letreiro luminoso da Tenda de Variedades da Sra. Blythe, uma antiga amiga da família, e encontraram a senhorinha varrendo a calçada enquanto aguardava pelo início da cerimônia.
Ely tomou a vassoura para si e assumiu a tarefa em silêncio, enquanto os demais trocavam gentilezas vazias.
Rye se permitiu olhar ao redor enquanto os irmãos estavam ocupados e, para sua surpresa, não encontrou a estação de triagem da colheita no mesmo lugar que nos anos anteriores. Na verdade, não a encontrou em lugar algum. Eram todos elegíveis, e a mera ideia era capaz de revirar-lhe o estômago.
O barulho de estática sendo transmitida nos alto-falantes interrompeu sua trilha de pensamentos, e logo a familiar voz da Presidente preencheu a atmosfera.
Uma quebra de protocolo.
Com a péssima qualidade do áudio, Rye se concentrou para poder processar as palavras que estavam sendo despejadas sobre a multidão.
Como uma lembrança de que nem o tempo pode livrá-los do poder da capital, este ano, não há restrição de idade entre os tributos. Toda a população dos distritos participará da colheita, um papel por nome.
A reafirmação do possível destino o acertou como um tapa na cara. Morder a língua foi a única alternativa que encontrou para conter o grito que ameaçava se formar em sua garganta. Rye provou o próprio sangue. Dylla o segurou pelos ombros, mas seus olhos evitaram os dela. A mão fria de metal de Syen encaixou-se na sua. Elyas continuou a varrer.
Para lembrá-los do sofrimento das famílias da Capital trazido pelas ações dos rebeldes, se um tributo morrer na arena, um membro de sua família morrerá também.
O som que o escapou a seguir foi o de uma risada. É claro. Pode ouvir Syen gritando obscenidades ao seu lado, mas o barulho pareceu abafado comparado ao som de seus próprios batimentos cardíacos pulsando alto em seus ouvidos.
Havia evitado pensar no que aquilo poderia significar até então.
O cerco de pacificadores se fechou ao redor da praça, impedindo quaisquer tentativas de escapar. Dylla o estava sacudindo, mas Rye permanecia inerte. Esperando. Antecipando. Tremendo.
Como se em uma mistura de cenas cortadas, capturou alguns detalhes do que acontecia ao seu redor. Um par de saltos caminhou através do palco e na direção do microfone. O prefeito secou o suor de suas têmporas. A atenção de Dylla foi desviada para a necessidade de manter Syen calado. A Sra. Blythe ofereceu um biscoitinho a Elyas.
Tap, tap. Dois dedos contra o microfone para testar se estava ligado.
O olhar de Rye voltou-se para a mulher da Capital que encarava sua plateia. Palavras vazias foram ditas. O vídeo de propaganda do regime foi exibido. Nada parecia real.
"O tributo feminino do Distrito 10 para o 5ª Massacre Quaternário é..."
Não era Dylla. Não era Dylla. Todo o restante saiu de foco.
O toque frio da mão de Syen o manteve ancorado conforme a multidão se abria, permitindo que a mulher sorteada passasse.
A respiração de todo o Distrito 5 parecia suspensa.
"O tributo masculino..."
Não conseguiu ouvir as palavras que vieram a seguir.
Pouco a pouco, todos os pares de olhos ao redor se voltaram para Rye, e então ele entendeu.
Elyas foi quem falou primeiro.
"Não." O irmão disse, em tom firme. Sabia o que ele estava prestes a fazer. Rye buscou o olhar de Syen e, em um segundo, alcançaram um entendimento sem palavras.
Syen se lançou sobre Elyas e o derrubou, a mão que o restava cobrindo a boca do irmão. Dylla gritou, mas não fez menção alguma de intervir. Ela entendeu.
Um passo após o outro. Quando ergueu o olhar, viu sua imagem projetada no telão. Parecia estoico em um primeiro momento, mas as mãos fechadas em punhos ao lado do corpo o entregavam.
Nenhum pacificador o tocou. O acompanharam de uma distância segura enquanto Rye subia os degraus do palco. A emissária da Capital o fez uma pergunta, mas nada recebeu em retorno. Seu olhar se manteve fixo na câmera que o estava filmando. Se perguntou se o gêmeo estava assistindo à transmissão e vendo a si mesmo na tela.
Se coubesse a Rye escolher qual familiar seria executado quando morresse, não havia dúvidas de que escolheria Freen Whitewillow. ㅤ
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ㅤ As luzes do pequeno cômodo em que o fizeram aguardar estavam apagadas mas, graças às cortinas entreabertas, Rye ainda era capaz de enxergar o suficiente para reconhecer o rosto de Elyas quando a porta se abriu.
O irmão se sentou ao lado dele em um sofá antigo e desbotado. Quando Ely pousou a mão sobre o próprio joelho, tinha a palma virada para cima. Um convite.
Rye cobriu a mão dele com a sua, e assistiu enquanto Ely fechava os olhos. Ali ficaram em silêncio na companhia um do outro até que os pacificadores os interromperam.
Logo depois veio Dylla, sua pequena, e o contraste entre interações se fez evidente tão logo a irmã se lançou em seus braços. Estava chorando.
Não houve um momento de silêncio sequer com Dy, cada segundo preenchido com dezenas de palavras vazias sobre como iriam comprar tangerinas no Mercado Municipal quando ele voltasse. Tangerinas eram a fruta favorita de Rye.
Por fim veio Syen. Rye pousou sua testa contra a dele, a diferença entre suas alturas quase inexistente agora que o irmão era um adulto.
"Eu sinto muito." Foi só o que Rye disse, mil e uma implicações deixadas nas entrelinhas de uma só frase. Pela colheita. Por Elyas. Pelo acidente.
"Não foi sua culpa, Rye. Nada disso é culpa sua, ok?" O irmão devolveu de maneira incisiva, mas as palavras entraram por um ouvido e saíram pelo outro.
Foi naquele momento que os pacificadores os interromperam. "Só um segundo!" Implorou Syen, sacando um envelope de um dos bolsos e o empurrando na direção. "Chegou hoje de manhã." Foi só o que ele disse como explicação, fechando os dedos de Rye ao redor do pedaço de papel antes de ser arrastado para fora do cômodo.
"Não morra!" Ouviu Syen gritar por sobre o ombro antes de a porta se fechar uma última vez.
Piscou para afastar as lágrimas e desanuviar a visão antes de ler o nome do remetente, por muito que já soubesse quem era.
Freen Whitewillow.
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