nonatomurillo
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nonatomurillo · 3 years ago
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nonatomurillo · 3 years ago
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O VENTO
Para ler ouvindo O Vento – Jota Quest
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Era uma tarde de domingo e o sol aparecia pela primeira vez no Porto da Barra em semanas. Meus olhos estavam fixados no mar, meu dedo indicador passeava pela borda do copo em movimento circular e minha mente vagava. Amigos conversavam ao lado, debaixo de um sombreiro azul e branco, vozes ressoavam por todo o bar, mas eu não escutava.
Uma leve brisa tocou carinhosamente o meu rosto e desviei o olhar para os passantes na calçada. Entre o vai e vem do movimento dominical da orla - pessoas buscando por alívio dos seus cotidianos -, me deparei com um casal de jovens homens passeando de mãos dadas. Neles não havia nada além da exuberante beleza do ordinário.
"Preciso", pensei. De súbito, estava fascinado pela beleza do comezinho, carente do trivial, ávido por reproduzir o costumaz e banal ato de andar de mão dadas na orla da Barra em uma tarde ensolarada de domingo. Queria amar e ser amado de volta. “Banal”, ri de canto. Amar é, na verdade, profundamente complexo e labiríntico. Todos sabemos disso.
Meus amigos olharam curiosos para as expressões que emergiam no meu rosto enquanto deambulava em meio aos pensamentos. "Quero namorar", anunciei. O olhar de surpresa ainda estava estampado em seus rostos. “Relacionamentos são trabalhosos e demandam muito tempo e energia”, eu dizia para eles todo o tempo. Típico capricorniano. O que mudou? Não saberia dizer. Sei dizer apenas que fui subitamente tomado pelo desejo de viver o ordinário. Caminhar de mãos dadas em paralelo ao mar. Sob o sol ao entardecer. Pés na areia. Brisa do mar.
Tomei um gole de cerveja, fitei novamente o mar, ri e disse: “Vou jogar para o vento". Eu, que sempre fui um homem cético e de pouca fé, sucumbia ao místico. Quem diria? Ali estava eu me rendendo às forças místicas da natureza, ao universo enquanto entidade regente da vida e energia movente. “Isso, amigo, joga para o vento”, disse um amigo. Rimos todos. Bebemos cerveja.
O sol já tocava o horizonte quando saímos do bar. Caminhamos para a praia do Porto da Barra enquanto o céu ostentava um belo colorido se dividindo entre o vermelho, laranja e azul escuro. Nos aproximamos da balaustrada e lá me deparei com a areia da praia coberta por uma multidão.
Descemos a escada e, quase que imediatamente, meus olhos pousaram no seu sorriso. De sunga preta, parado em pé, conversando com amigos, seus olhos encontraram o meu, no meio da multidão, te observando. Sorriu para mim. Sorriu seu sorriso doce, aconchegante. Me sentia juvenil. Meu coração estava aquecido, pulsante, vivo.
Me sentei alguns metros a sua frente. Olhei para trás, sorrindo timidamente, e fiz sinal com a cabeça para que se aproximasse. Sem vacilar, caminhou na minha direção e meu coração saltitava. Tímido, não consegui dizer nada. Antes que percebesse que havia perdido a fala ou com medo de abrir a boca e gaguejar, te dei um beijo. Logo em seguida, te cobro com um abraço e descansei meu rosto no seu ombro.
Ficamos por breves segundos naquele silêncio confortável. Conheci seu cheiro, a textura da sua pele, do seu cabelo e o ritmo da sua respiração e da batida do seu coração. Percebi naquele momento que conhecer tudo aquilo era muito mais importante do que saber nome, idade, endereço e profissão. Aquela era uma comunicação muito mais densa. Nos comunicamos através daquele toque trivial de forma que as palavras jamais expressariam.
- Oi, tudo bem? Meu nome é João. E o seu? – Disse, divertida e ironicamente, rompendo com o nosso silêncio, espantado com a rapidez com que me lancei na sua boca. "É tão difícil encontrar pessoas como você aqui", disse. Acenei positivamente com a cabeça sem entender exatamente o que queria dizer com aquilo. Entendi depois apenas. Entenderia tudo.
Meus amigos nos olharam surpresos. Não haviam notado o desenrolar do nosso enlace. Se encantaram contigo quase tão rapidamente quanto eu. Seus amigos também nos rodearam. Trocamos ideias, resenhamos e rimos. "Foi o vento, né amigo?", disse um dos meus amigos. Você fez uma expressão de dúvida e eu me limitei a responder: "Foi o vento, amigo". Rimos. Você não entendeu nada. Entendeu depois apenas. Entenderia tudo.
Nos abraçamos novamente e contemplamos a imensidão negra do mar coberto pela noite. Apenas o reflexo da lua iluminava o seu centro naquele momento. Havia uma energia diferente nas primeiras vezes que nos tocamos, nos seguramos no braço um do outro. Deixamos também que a brisa fria da noite nos abraçasse, se juntasse a nós, fizesse parte de nós. O mar e a brisa daquele porto que se tornariam testemunha de vários dos nossos afetos estavam fundidos conosco naquele momento.
A partir daquele dia você começou a se apaixonar pelo meu “jeitinho” e eu pelo seu. Descobri em você um homem maduro e ao mesmo tempo jovial. Enxergou o que se passava em mim direitinho. Me revelei para você. Você também se revelou par mim e com uma sinceridade absoluta. Você não tinha medo de caminhar no meu universo, na força imaginativa e, por vezes, caótica que emana em mim. Algumas vezes deixei você me guiar, levar pelas mãos. Me parecia que você simplesmente e naturalmente sabia o que fazer.
Naquele momento, lá na praia, sob a negro céu da noite, deixei meu rosto repousar nos seus ombros novamente, deixei minhas pálpebras se fecharem e me abandonei em você. Talvez tenha sido nesse instante preciso que me apaixonei por você, fiquei doido de paixão por você. Entregue. Você, então, me ensinou aos poucos que paixão é descontrole. Você detesta descontrole. Obsessivo-neurótico. Típico.
Com o tempo me ensinou que eu deveria me amar primeiro, depois o outro. Somente me amando eu saberia amar o outro de uma maneira leve, saudável e gostosa. Se amar é uma tarefa tão difícil... exige tanto de nós... Você fez com que eu me enxergasse pelos seus olhos, perfeitamente imperfeito. Isso fez com que essa tarefa parecesse um pouco mais fácil. Ainda estou aprendendo a me amar e a te amar. Tenho sido bom aluno, acho. E você um bom professor. E vice-versa.
Desde que o vento te trouxe para os meus braços, mergulhamos na instigante e nem sempre fácil tarefa de lidarmos com nossas semelhanças e diferenças, nossas complexidades.
Desde que o vento me levou para o teu abraço, eu não tive medo. Esperava excitado o que viria na sequência do meu encontro contigo. Do nosso encontro com a brisa e com o mar. Eu sentia que o futuro que se desenhava ao seu lado só poderia ser feliz e belo.
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nonatomurillo · 4 years ago
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Inácio (I)
Quando pousei meus olhos  em Inácio pela primeira vez, estava deitado sobre uma canga na areia da Praia do Rio Vermelho, próximo à casa de Iemanjá, contemplando um pôr do sol que salpicava o céu com tons de amarelo, vermelho e roxo. Eu o vi se aproximar, vagarosamente, caminhando pela borda da praia vestindo um short curto, acima dos joelhos, blusa presa na cintura. Caminhar seguro, olhar destemido. O rosto era jeitoso, era encorpado, mas a beleza residia, de fato, no gesto. Algo no gingado do caminhar, no molejo dos quadris, no ritmo dos movimentos dos braços fascinava, subjulgava o olhar, inflamava o desejo.
A poucos metros de distância um do outro, procurei seus olhos, mas Inácio parecia não ter percebido a minha existência e passou diante de mim caminhado a passos lentos, compenetrado, sisudo. Olhei para baixo e, meu coração que batia acelerado, agora doía, como se tivesse visto cruzar seu caminho um amor antigo, daqueles que deixa feridas nunca inteiramente cicatrizadas. Respirei fundo, olhei mais uma vez em sua direção, como quem olha alguém ou algum lugar pela última vez, como quem se despede, tentando tirar uma fotografia mental do objeto desejado para guardar nos acervos da memória. Prestes a virar meu olhar na direção contrária a dele, Inácio girou o torço e a cabeça para trás fixando seu olhar no meu. A minha respiração pareceu cessar. O mundo pareceu desacelerar por um minuto. Ele inclinou a cabeça levemente em direção as pedras que ficam atrás do muro da Casa de Iemanjá pedindo que o seguisse e continuou caminhando sem olhar para trás, sumindo atrás das pedras. Fiquei atônito. O coração parecia ter parado de pulsar. Havia uma mistura de tesão, tensão e medo circulando pelo meu corpo.
Levantei da areia, sacudi os grãos que ficaram grudados na perna, peguei a minha canga e segui em direção às pedras. Adrenalina. Quando o encontrei, estava encostado na parede com as mãos nos bolsos. Me aproximei e minhas mãos tremiam, o corpo tremia de excitação e medo. “Oi”, balbuciei.  Ele retirou as mãos do bolso, levou ao zíper da bermuda, o abaixou, retirou o membro e disse: “50 reais”. Lembro de ouvir o som dos carros e das pessoas um tanto distantes, lembro de ouvir as ondas do mar batendo nas pedras e, de repente, um chirriado em minha cabeça. “50 reais”, pensei. Olhei para o membro, olhei para o seu rosto. Tentei desvendar os seus mistérios. As histórias que contam suas linhas de expressão.
Meus joelhos cederam e os prostrei na areia. As ondas do mar atravessavam o meu corpo, o empurrando, suavemente, para trás e para frente.  A maré... as águas... embalavam meu corpo nessa dança de forma cada vez mais veloz e voraz.  A água, a dança, cobrindo e descobrindo as rígidas pedras na costa. As ondas do mar... seus movimentos lascivos... a pedra, sua rigidez... para frete, para trás... a pedra dura, enrijecida, retesada, inflexível. As ondas cessam. Espuma. O sal do mar na minha boca.
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nonatomurillo · 4 years ago
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// é orgânico?
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nonatomurillo · 4 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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nonatomurillo · 5 years ago
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