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voxvickers:
Sabia que não havia qualquer tipo de razão em agir daquela maneira, mas era por reflexo. Como não seria? O corpo estava acostumado a repelir, da melhor forma que podia, uma presença muito parecida, mas ao mesmo tempo totalmente diferente. Odiava a sensação que Freen lhe causou nos últimos anos: impotência, inferioridade, fraqueza. Se sentia fraca perto dele, no sentido mais primário de todos, por não ter forças para impedí-lo de estar sempre por perto, nem coragem de tomar uma medida mais drástica.
Se odiou mais ainda quando Rye se desculpou. Achou que tinha disfarçado bem, mas os músculos retraído eram nítidos e a mudança na expressão corporal era quase palpável. Não respondeu com nada além de um olhar mais calmo, ao mesmo tempo que, aos poucos, o corpo foi relaxando. Ela só precisava se lembrar que não era a mesma pessoa ali, estava muito longe do gêmeo de Rye. “Já quebraram seu nariz?” Tentou escapar totalmente do clima constrangedor, mesmo que sua vontade fosse de virar as costas e voltar para seu andar. Sabia que o rapaz podia ser um aliado importante ou, ao menos, queria que ela não fosse seu primeiro alvo na Arena, depois da péssima impressão que deixara.
“Bom, na verdade isso faz muito sentido. E eu com certeza dei a impressão de que sou uma burra, mas, veja, é o que eu te falei, não pretendo usar suas dicas, mesmo que elas sejam muito boas.” Se explicou de forma rápida. Não queria parecer fraca e não achava que era, muito pelo contrário. Embora fosse muito magra, já tinha ganhado dois quilos desde que chegou, e podia ficar muito forte. Além disso, não era baixa, conseguia bater de frente com vários Tributos. Não que quisesse, mas sabia que conseguia. “Eu posso te ensinar pontaria. Veja…” Passou por ele para pegar uma faca, a menor que tinham disponível. “Eu consigo acertar isso onde você quiser. E é muito fácil, algumas semanas de prática e você consegue se virar bem.”
A pergunta que se seguiu a tirou a concentração, fazendo com que parasse de tentar demonstrar qualquer qualidade e voltasse a atenção para ele. Pela primeira vez, encarou seu rosto, percebendo como até os músculos do rosto eram diferentes, se mexiam diferente, tornavam os traços quase diferentes também. Ela estava sendo exagerada em sentir tanto incômodo e sabia que, se se esforçasse mais, conseguiria ignorar qualquer problema. Soltou uma risada forçada. “Nenhum dos dois! Me desculpa ter passado essa impressão… Você me lembra uma pessoa, só isso, uma pessoa que não é tão simpática assim.” Foi sincera, o máximo que podia, sem precisar dizer que conhecia seu gêmeo. Não sabia qual era a reação entre os irmãos mas, só pelo fato de sempre ter pensado que Freen não tinha família, imaginava que não fosse boa. “Eu não estou com medo de você, se é o que está pensando. Acho que é você quem deveria ter medo de mim.” Alterou a postura, deixando claro que estava brincando.
Pegou uma das facas organizadas no display de equipamentos e mediu o peso em seu sua mão – era um pouco maior que a escolhida por Vox, mas não grande demais para atrapalhar um possível arremesso. Duvidava muito que pontaria fosse ser o seu forte, mas aceitaria a oferta de lições se significasse que poderia entender que raios se passava na cabeça daquela mulher estranha. Para que pedir conselhos que não planejava usar? Não podia achar que estava descobrindo os truques que tinha na manga – seria demasiada estupidez para alguém que insistia em dizer não ser burra tal como um disco arranhado.
Não, não a achava burra. Odiava admitir, mas na verdade estava curioso. Por que Vox havia decidido puxar assunto com ele então? Certamente não havia sido para trocar amenidades, ou com segundas intenções como faziam os funcionários da Capital – a falta de tato provava a primeira tese errada, e a repulsa ao seu toque certamente o dissuadia da segunda. Sua teoria desde o princípio era que esperava o convencer a não matá-la primeiro, mas a reação dramática à sua aproximação lhe parecia desproporcional. Não engoliu a explicação que lhe foi oferecida nem por um só segundo: havia algo de errado, fosse consigo ou com ela própria, e Rye queria entender o que era.
Seus olhos se estreitaram na direção de Vox por um segundo, mas a expressão logo voltou ao seu estado neutro. Indicou com um aceno da faca que tinha em mãos para que ela se posicionasse diante do alvo de prática. Se jurava ser boa de arremesso, aquela era a hora de provar. A assistir compraria tempo para que continuasse a estudá-la, até que por fim a pudesse entender. Quando a entendesse, a categorizaria mentalmente em uma das caixinhas que dedicava para organizar a ordem de prioridade com a qual devia tirar sua vida. Algo simples, rápido e completamente transacional, como seriam todas as suas interações sociais até que morresse ou fosse coroado vitorioso na Arena.
O cérebro humano gosta de contar mentirinhas a si mesmo às vezes, mas isso você já deve saber.
"Qual o seu objetivo então? Certamente não é quebrar o meu nariz." Questionou, apoiando-se contra uma das muitas prateleiras de exposição de armas em uma pose calculadamente despreocupada. Se por acaso o quisesse como aliado, a abordagem era no mínimo peculiar. Invés de a garantir que tampouco era um imbecil, para ele mais parecia útil o provar. "Eu não acho que você esteja com medo de mim ou que seja burra, mas você claramente está preocupada com a minha opinião." Alfinetou de maneira implicante, um sorriso sorrateiro pontuando a frase. "E não confia em mim, o que eu entendo, mas parece importante que essa não seja a impressão que eu tenha de você."
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voxvickers:
Havia se prometido, desde que chegou na Capital, que não lidaria com as pessoas com todos os rodeios que a vida em sociedade geralmente exigia. Não tinham tempo para isso, embora alguns parecessem pensar que seis meses de treinamento eram muita coisa. Para a Vickers, eram seis meses de vida, e ela não planejava lidar com as pessoas como se tivesse mais tempo. A chance era uma em vinte e seis de que realmente vivesse mais do que aquilo.
Ainda assim, era difícil não tratar o rapaz com um cuidado a mais. Não pelo que poderiam desenvolver entre si, ou pelo destino que os aguardava, mas pelo que aquele mesmo rosto já havia a feito sentir diversas vezes. Invasão. Agressão. Nojo. Todos os tipos de violência e sentimentos ruins que alguém podia proporcionar. A todo segundo, precisava se lembrar: não era ele, não era ele, não era ele.
Em algum momento, os pensamentos se organizaram de forma a realmente ignorar a fisionomia alheia. Com uma atitude diferente, até conseguia entender porque todos diziam que a Capital estava caindo de amores pelo Tributo masculino do Distrito 5. “Eu não planejo chegar perto da Cornucópia, na verdade. Isso é coisa para quem tem muita confiança em si mesmo. Ou para os suicídas.” Revelou, sem qualquer problema. Não achava que nenhum dos Tributos fosse um grande estrategista, nem via muito problema em revelar pequenos detalhes do que havia pensado sobre a Arena até então. Não era como se fosse algo a ser usado contra si.
Nem todo autocontrole do mundo permitia que ignorasse a pele formigando onde havia sido pega, mesmo que delicadamente, pela mão alheia. Não sabia o que sentir com o toque. Não o odiava, como era com Freen, mas a incomodava ao ponto dos músculos ficarem tensos por vários segundos, os olhos brevemente arregalados. Repetiu novamente: não era ele, não era ele. Até que relaxou. Abriu seu maior sorriso quando o nariz tocou sua mão, sentindo a respiração muito mais tranquila que a sua. “Mas quebrar um nariz não vai me ajudar, vai? Na hora da adrenalida, duvido que a pessoa sequer sinta a dor. Quer dizer, eu não estou contando com força física para esmagar o nariz de alguém ao ponto de matar.”
Não mexeu a mão pelos segundos seguintes, até ter a desculpa de querer colocar a espada no lugar devido. Precisou se lembrar do porquê insistir no contato. Seria bom para sua própria sobrevivência, pelo menos nos primeiros dias na Arena. Ela queria morrer com dignidade, ao menos, e não junto a mais vários outros Tributos que foram burros ou imprudentes. Era mais esperta do que aquilo. “E para uma rasteira? Não é só dar uma arrastada no tornozelo? Acho que isso eu consigo fazer.” Mirou o tornozelo alheio, pensando se conseguiria derrubá-lo se quisesse.
Seus olhos a estavam observando atentamente, e o momento de hesitação tão logo a tomou pelo punho não passou despercebido. Rye não pode evitar torcer o nariz em uma expressão dolorosa antes de se retrair. Tinha anos de prática observando sinais como aquele em Elyas, que tanto detestava ser tocado sem permissão, e devia ter tido mais tato com uma pessoa desconhecida. Soube pela pequena pausa e pela tensão dos músculos sob seu toque: havia ultrapassado algum tipo de limite invisível.
Será que a havia lido de maneira equivocada? Poderia jurar que Vox não tinha medo dele. Repassou mentalmente toda a interação, sentindo certa culpa por ter causado desconforto, mesmo sabendo que deveria enxergar a garota como uma inimiga. Era patético – deveria estar disposto a estrangulá-la até a morte com as próprias mãos. Aquele era o exato motivo por não se permitir aproximar de ninguém naquele inferno de lugar.
"Desculpe." Ofereceu, dando um passo para trás como se para a assegurar de que seu espaço pessoal seria respeitado. Não soube o que fazer consigo mesmo por um momento, então ocupou suas mãos com algo fútil, ajustando seu cabelo, antes de as unir atrás do próprio corpo de maneira a mantê-las longe de sua nova companhia, esperando que isso passasse certa segurança. Tentou retomar o tópico de conversa na esperança de não a constranger. "Se você já tivesse tentado alguma vez brigar com um nariz quebrado, saberia que a dor não é o único problema. É preciso erguer a cabeça para conseguir parar de sangrar, o que te garante um momento de hesitação." Explicou, tentando soar normal, um esforço curioso considerando o quão peculiar era toda a situação. "É um golpe incapacitante. Se quiser fazer mais estrago depois disso, é só segurar a pessoa pela nuca e usar o joelho. Vai ser mais forte e encontrar menos resistência."
A frieza com que estava descrevendo atos tão violentos fazia seu estômago revirar, mas manteve quaisquer sinais de incômodo sob a superfície. Era de seu interesse soar metódico, robótico quase – quanto mais seus oponentes o pensassem desumano, mais manteriam sua distância. "Rasteiras são perigosas, a pessoa pode cair em cima de você e te machucar. Chute os joelhos dela invés disso – se a pegar por trás vai a derrubar, e se for pela frente... bem, vai doer mais."
Mesmo tentando prosseguir a conversa, estava incomodado – precisava saber, para evitar que acontecesse novamente. Aquilo deveria ser a coisa mais irrelevante do mundo na situação em que estavam, mas não conseguiria deixar de se obcecar com o ocorrido até ter uma resposta. Decidiu arrancar o band-aid de uma vez e perguntar de maneira casual. "Seu problema é com o toque ou com a proximidade de modo geral?" Questionou, tentando soar neutro o suficiente para que a vulnerabilidade passasse despercebida. Talvez o problema fosse com ele especificamente.
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lilithevie:
Sorriu. Sorriu, porque era o que fazia de melhor. Na última noite havia passado horas treinando seus melhores sorrisos no espelho, até mesmo aprendido a fazer os olhos brilharem para parecer mais convincente, genuína. Queria que gostassem dela, queria tanto. Considerava-se uma pessoa gostável, querendo ou não! E sua estratégia seria ter o máximo de aliados possíveis para que pudesse ir os apunhalando pelas costas um por um. “Eu espera que pelo menos como um cachorrinho eu consiga nadar” ela deu uma risada baixa, tentando soar despreocupada. Aprenderia a nadar, estava decidida. E quando colocava uma coisa na cabeça, não havia ninguém que a faria mudar de ideia.
O passo em sua direção foi interpretado como uma aproximação interesseira. Lilith havia pensado em três tipos de pessoas até então estava classificando os tributos de acordo com as categorias: primeira) inseguros, tímidos e com muito medo, que poderiam ser facilmente influenciáveis e já haviam aceitado que morreriam, segunda) estavam deixando claro que vieram para matar e não morrer, estavam tentando intimidar e assustar as pessoas ao seu redor e terceira) pessoas que sorrateiramente tentavam ganhar vantagens no jogo. Lilith se encaixava na terceira categoria e aquele passou a frente fez com que ela imaginasse que o tributo do distrito cinco também. “Gente como você? Bonitos assim?” Ela brincou, pois sabia que charme a levaria longe. Elogios quebravam qualquer pessoa, ela sabia bem disso. Deixou que um sorriso ocupar os lábios e assentiu “Então imagino que aproveitava muito para nadar bem. Se a arena for com água, você vai ter uma vantagem boa” pontuou o óbvio, adorava se fazer de burra. Quanto menos esperassem dela, mais ela poderia surpreender.
Quando o tributo disse que a água estava funda, ela baixou os olhos e respirou fundo. De repente a animação e a confiança de que aprenderia começaram a faltar. Ela engoliu em seco, um tanto quanto receosa. “Bom… se você não for tentar me afogar,” ela deu uma risada irônica, lembrando-se da forma como a tributo do distrito um a olhara no outro dia que estivera na piscina “talvez eu possa… tentar.” Tinha uma escolha: confiar ou ir embora. E por algum motivo ela escolheu confiar, afinal, fazia parte de sua estratégia parecer de fácil influência. Respirou fundo e sentou mais a beira da borda, ficando com toda a perna dentro d’água. Até que entrou com os quadris e o tórax, ainda se segurando com as mãos na borda. “Certo. Eu entrei”
Nunca havia gostado de joguinhos, mas não era como se pudesse escapá-los agora. Em um outro universo, talvez aquele sorriso o pudesse encantar, mas não ali. Não quando estava vivendo vinte e quatro horas por dia no modo sobrevivência. Ela estava jogando exatamente o mesmo jogo que ele, nas expressões e nas palavras, e Rye ao menos se sentiu confortado pelo entendimento mútuo silencioso.
"Não acho que haja correlação entre minha aparência e o rio em que nadei, mas fique à vontade pra falar sobre como me acha atraente na frente das câmeras – vai me ajudar a conseguir patrocinadores." Retrucou com um sorriso que claramente implicava a falta de seriedade nas palavras. Duvidava muito da probabilidade de a arena para a qual estavam destinados ser um terreno aquático, então ficou em silêncio diante das hipóteses mirabolantes. Preferia se apegar à realidade.
A mudança na linguagem corporal da tributo ao ser informada sobre a profundidade das águas foi fácil de ler: medo. O fez lembrar de Syen por um segundo.
"Te matar não está nos meus planos no momento, eu prometo." A encorajou, assistindo conforme ela entrava na piscina, ainda se mantendo grudada à borda por segurança. Mesmo enquanto suas palavras eram positivas, seus instintos de sobrevivência o fizeram a estudar, tomando nota de quaisquer vulnerabilidades. Não queria a matar, e na verdade preferia não ter que matar ninguém. Odiava saber que seria capaz.
A permitiu alguns segundos para se ajustar à área mais rasa, antes de nadar um pouco mais para o fundo, mantendo a cabeça sobre a superfície para que ela o pudesse ver. "Agora é só vir até aqui." Orientou, levantando o tom de voz para poder ser ouvido sobre o som das ondas artificiais.
animada + piscinas de treinamento / w. @ryewhitewillow
Diferente do dia anterior quando praticamente congelou diante da água, dessa vez Lilith havia feito um trabalho mental antes de chegar até ali. Ela precisava aprender, por isso, precisava confiar que conseguiria e que daria conta. Os olhos estavam um pouco atentos ao local, mas aproveitaria que não havia ninguém ali para tentar, sem passar vergonha, certo? Estava empolgada com aquilo, mantinha um sorriso largo e confiante de quem sabe que vai conseguir qualquer coisa. As roupas feitas para entrar na água eram justas e cobriam seu corpo com um tecido maleável que praticamente grudava em seu corpo. Os cabelos escuros estavam presos em um coque alto, meio frouxo, o que apenas deixava exposto seus diversos brincos nas orelhas. Respirou fundo mais uma vez e se sentou na beira da piscina, deixando que os pés tocassem a água. Estava confiante. Estava animada para aprender. Deu uma risada nervosa quando a onda da piscina que imitava mar subiu até o meio de sua panturrilha. “Eu consigo. Claro que eu consigo, eu… eita. Oi.” Ela se surpreendeu quando o corpo de Rye Whitewillow submergiu da água - o que fez ela se perguntar quanto tempo ele era capaz de segurar a respiração ou se ela era extremamente distraída. Ela desviou os olhos um pouco sem graça e recolheu o pé da água - mas ainda tinha um sorriso. Era impressionante o quanto Lilith era manipulável, até por si mesma. Bastava acreditar que conseguiria e ela comprava aquela ideia fielmente.
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voxvickers:
Num geral, Vox gostava de sua vida no Distrito 3. Acordava todos os dias antes do sol nascer e logo já estava no subsolo do prédio principal do Distrito, construindo armas. Não era o trabalho dos sonhos, mas a mantinha distraída, tinha algum prestígio e não estava nem próximo de ser o trabalho braçal exercido em outros Distritos. Tinha uma família, pai e mãe, que também eram respeitados, não passavam qualquer tipo de necessidade. E tinha Electra, que vivia tão bem quanto. Não havia do que reclamar. No entanto, a vida consideravelmente pacata era um problema quando relacionada aos Jogos. Num geral, nos anos anteriores, os Tributos do Distrito 3 tinham um problema sério: ninguém sabia mexer em armas brancas, lutar ou, pelo menos, se defender.
A Vickers sabia atirar, isso era fato, e sua pontaria só não era melhor do que de uma pessoa. O rosto igual ao do Tributo do Distrito 5 era muito bom com armas, atirava em qualquer ponto com facilidade, especialmente as pessoas em movimento. Já havia o visto atirar em situações ruins mais de uma vez, também havia escutado os gritos de seu pai em casa, proferidos contra o garoto. Não conseguia evitar se perguntar se Rye tinha a mesma reação de Freen quando confrontado. Lembrava-se perfeitamente da última vez que havia o feito, e como o homem tivera coragem de apertar seu braço, deixando uma marca roxa por dias. Se acontecesse ali, Vox queria acreditar estar preparada para ter uma reação diferente da que tivera antes.
Mas Rye não era Freen, e isso era óbvio, até por seu sorriso, que não carregava a mesma malícia. “Não acho que espadas sejam uma boa arma para a Arena de toda forma.” Deu de ombros, pegando a lâmina das mãos dele, e verificando que não estava afiada. Não era tão perigosa quanto parecia, mas o rapaz parecia forte o suficiente para transformá-la na melhor arma do mundo. “Eu não pretendo chegar ao combate corpo a corpo, para ser sincera, mas acho que é bom estar preparada. É verdade que, se eu acertar aqui…” Apontou para o pescoço dele, na curvatura que o liga ao ombro. “Posso desmaiar alguém? Ou é melhor tentar acertar a traqueia?” Parou, por um segundo, só então percebendo como parecia horrível falar daquela maneira. “Desculpe… Hm… Bom, não é como se eu fosse te acertar de qualquer jeito.”
A casualidade com que ela tirou a lâmina de sua mão lhe pareceu curiosa. A maioria dos tributos com os quais havia interagido até então tinha uma dezena de ressalvas ao redor dele, mas não a mulher do Distrito 3. Não parecia intimidada ou tentando intimidar, o que lhe parecia raro até então. De fato, havia certa naturalidade na maneira com que ela invadira seu espaço pessoal e o desarmara sem hesitação, e Rye não gostou do quão natural aquilo lhe parecia.
Tampouco gostava da maneira com que ela o estava olhando. Havia algo, algo para o qual não era capaz de dar nome ou explicação – havia algo de diferente ali. Não sabia como ler aquela interação, e aquilo o deixava apreensivo. Em resposta, optou por fazer o que fazia de melhor: esconder todos os questionamentos sob a inabalável superfície.
"Espadas só são boas se a intenção for conseguir patrocinadores." Comentou, sabendo que aquela não seria de forma alguma sua preocupação inicial na arena – lhe parecia muito mais inteligente se esforçar para obtê-los antes, durante as entrevistas e eventos, e aquele vinha sendo seu plano de ação até então. "Ninguém planeja chegar no combate corpo-a-corpo, mas não há como ter certeza se conseguiremos armas na cornucópia. Não sei você, mas eu não planejo me demorar por lá." Comentou, a lógica por trás permanecendo implícita. A cornucópia era território de carreiristas, e nada queria ter a ver com eles. Não queria participar do banho de sangue de maneira alguma – fosse como vítima ou como assassino.
Com a pergunta que veio a seguir, Rye acabou por dar uma risada. A segurou com gentileza pelo punho da mão que não carregava a espada, a espalmando de maneira a deixá-la aberta e então a trazendo na direção de seu rosto, perto o suficiente para sentir a própria respiração sendo espelhada. "Imobilizar alguém com um golpe de karatê mágico exige anos de treinamento, não é pra gente como eu e você." Retrucou, seu tom ainda bem humorado. Com gentileza, tocou a ponta de seu nariz contra a palma da mão dela. "É só empurrar para cima. No pior dos casos vai quebrar o nariz da pessoa, e no melhor vai esmagar os ossos da cavidade nasal com força o suficiente para matar."
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lilithevie:
Lilith gostava de acreditar que seu otimismo poderia ser uma boa arma. A força de vontade de viver e de fazer, a força de vontade de se tornar memorável… precisava servir de algo. Precisava ser o suficiente. Por isso o sorriso em seu rosto e sua confiança de que conseguiria aprender a nadar era uma forma de se colocar para cima, de garantir que algo daria certo. Ouviu a fala do rapaz que emergiu em sua frente e acabou soltando o ar pelo nariz em uma risada nasalada - poderia até soar deboche, mas essa não era a ideia. Claro que não sabia nadar. Mesmo que tentasse confiar que pudesse aprender, seu pai nunca a deixara sair muito de casa, nunca vira lago, rios ou mar - nada. Nem mesmo uma piscina ou algo assim, tudo que havia visto havia sido na televisão, afinal, essa foi a única forma que a Koskinen conheceu lugares que não sua própria casa e seu próprio distrito. “Eu pareço ruim assim?” Perguntou se referindo a água, com uma das sobrancelhas arqueadas na direção dele, finalmente voltando os olhos escuros aos dele. “Talvez eu esteja me convencendo de que consigo fazer isso. Aprender a fazer isso” falou com os lábios levemente comprimidos “Você nada bem, pelo que parece. Mas já ouvi dizer que o distrito cinco tem muita água, mesmo. Você tinha costume?” Perguntou para ele, já deixando claro que sabia de qual distrito ele era. Lilith poderia não ser forte em vários pontos, mas havia feito sua lição de casa e pretendia ganhar. Passou os olhos pelo homem, Whitewillow. Ele parecia forte e carismático, o que para a mulher poderia ser um belo problema. Precisaria achar jeitos de piorar a imagem dele ou tê-lo como aliado. “Quão funda está a água?”
Notou que ela sabia perfeitamente quem ele era, o que lhe pareceu curioso. Sua primeira observação da tributo do Distrito 8 havia sido rasa: ela lhe parecera ingênua e pouco ameaçadora, mas aquela pequena interação estava revelando uma astúcia que não havia antecipado, o que tornava as coisas mais difíceis.
Se fosse responder a primeira das perguntas com sinceridade, acabaria por esmagar quaisquer esperanças da garota. Por algum motivo, decidiu que era melhor mentir. "Talvez eu tenha sido um pouco dramático. Muitas pessoas sobrevivem apenas nadando cachorrinho." Retrucou com um sorriso implicante, optando por uma meia-verdade. O olhar que lhe foi dado não passou despercebido, e a fez percebê-la como alguém que poderia manipular.
O jogo já havia começado, e momentos como aquele determinavam quem seria caçado primeiro. Rye estava determinado a fazer com que não fosse ele. Nunca era o primeiro a buscar a companhia de ninguém, mas usava de quaisquer pequenas interações como uma oportunidade de ganhar o favor de todos. Sua postura mudou, e deu um passo casual na direção da mulher, inclinando-se como se para a ouvir atentamente em meio aos ruídos de fundo do centro de treinamento. "O rio é a única fonte de entretenimento para gente como eu." Foi a resposta que deu ao pequeno interrogatório recebido, sem fazer questão de elaborar o que gente como eu significava: ficava nas entrelinhas em meio a muitas outras verdades não ditas.
A última das perguntas lhe deu uma ideia, e era uma ideia péssima, mas soube que a colocaria em ação tão logo esta lhe ocorreu, e os motivos não eram de todo estratégicos.
"Está bem funda. Posso te fazer companhia se quiser – só para garantir que não vai se afogar."
animada + piscinas de treinamento / w. @ryewhitewillow
Diferente do dia anterior quando praticamente congelou diante da água, dessa vez Lilith havia feito um trabalho mental antes de chegar até ali. Ela precisava aprender, por isso, precisava confiar que conseguiria e que daria conta. Os olhos estavam um pouco atentos ao local, mas aproveitaria que não havia ninguém ali para tentar, sem passar vergonha, certo? Estava empolgada com aquilo, mantinha um sorriso largo e confiante de quem sabe que vai conseguir qualquer coisa. As roupas feitas para entrar na água eram justas e cobriam seu corpo com um tecido maleável que praticamente grudava em seu corpo. Os cabelos escuros estavam presos em um coque alto, meio frouxo, o que apenas deixava exposto seus diversos brincos nas orelhas. Respirou fundo mais uma vez e se sentou na beira da piscina, deixando que os pés tocassem a água. Estava confiante. Estava animada para aprender. Deu uma risada nervosa quando a onda da piscina que imitava mar subiu até o meio de sua panturrilha. “Eu consigo. Claro que eu consigo, eu… eita. Oi.” Ela se surpreendeu quando o corpo de Rye Whitewillow submergiu da água - o que fez ela se perguntar quanto tempo ele era capaz de segurar a respiração ou se ela era extremamente distraída. Ela desviou os olhos um pouco sem graça e recolheu o pé da água - mas ainda tinha um sorriso. Era impressionante o quanto Lilith era manipulável, até por si mesma. Bastava acreditar que conseguiria e ela comprava aquela ideia fielmente.
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ottoamberlock:
Sabia que em algum momento ele teria que se aproximar das armas, ele precisaria melhorar as suas habilidades de luta (apesar de achar que era um homem morto numa luta contra os carreiristas), mas ele não era exatamente afeiçoado à elas. Até mesmo o barulho dos outros tributos treinando era suficiente para que Otto revirasse os olhos. Quão terrível a rebelião deveria ter sido para fazer todo o país de acordo com a morte de crianças? Não que ele não fosse matar, se necessário. Ainda tinha seu instinto de sobrevivência vivo e forte para voltar para sua família. Porém, o sentimento de quem já tinha sangue nas mãos parecia se alastrar por todo o seu corpo, e parecia existir um peso nos seus ombros que vinha com a visibilidade de ser um tributo.
Ele viu uma das instrutoras de sobrevivência se aproximando de uma mesa, e começou a observar à explicação, meio absorto com o que via, meio prestando atenção no que havia ao seu redor. “Eu consigo escutar bem daqui,” Otto respondeu, há um passo de distância do outro tributo. Seu oponente? Claramente. Todos ali eram seus oponentes, infelizmente. De onde estava não apenas conseguia escutar a instrutora, apesar de não ver completamente a mesa, mas podia observar também o tributo do distrito 5. Ponderou por um segundo antes de dar um passo para o lado, saindo mais da sobra do outro. Otto estava tão acostumado à estar na sobra que não imaginou que seria desconfortável para o homem ─ não que ele estivesse ali para atender o que fosse conveniente ao outro. “Quais as chances deles não oferecerem nenhum recurso para a gente esse ano? Não é como se quisessem nossa sobrevivência,” disse distraidamente.
Satisfeito com o que havia aprendido, Rye armou-se de um punhado dos mirtilos que havia aprendido a distinguir do temido nightlock. Se permitiu ponderar a pergunta do outro tributo conforme encerrava a lição com a instrutora, colocando-se de pé. É claro que já havia imaginado aquele cenário. Era ansioso, afinal – acreditava ter cogitado todos os cenários possíveis em suas noites insones desde que chegara na Capital. Havia planejado se preparar para tudo, mas duvidava que a inexistência de recursos fosse uma preocupação: eles podiam ser mais difíceis de encontrar e extrair, é claro, mas estariam lá, e havia um motivo claro para aquilo.
"Eles querem um show de entretenimento, e seria muito entediante nos assistir morrendo de fome ou sede." Foi a resposta que ofereceu, dando de ombros. Não via os Jogos como uma punição aos Distritos, e sim como uma demonstração de poder da Capital. Uma ameaça velada periódica, a bem da verdade.
Parou diante do outro homem por um segundo, inclinando a cabeça ao fitá-lo. "Eles querem nos ver sangrar. Somos um lembrete das consequências rebelião, blahblahblah." Continuou, repetindo parte do monólogo que os apresentadores da colheita faziam em todos os distritos anos após anos. "Mirtilo?" Perguntou, estendendo a mão cheia de frutinhas para o outro rapaz com um de seus sorrisos, uma cópia calculada dos maneirismos de um vencedor dos tempos antigos – substituindo os cubos de açúcar pela alternativa saudável.
#ㅤ、 ㅤ lıvıng ın the ın between 。ㅤ⟪ 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐚𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬 ⟫#os gifs ficam bugando a formatação e me deixando bolada Q ÓDIO
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solvris:
Honestamente falando, Solaris ainda não sentia qualquer urgência de aprofundar-se em qualquer assunto. Considerava que sabia o bastante para se virar e estava fazendo questão de repassar tudo em um caderninho antes de dormir, só por via das dúvidas. Aquelas primeiras semanas no centro de treinamento ele pretendia dedicá-las a observar seus oponentes. Não tinha nenhuma pretensão de ser campeão, sabia que a sorte não estava ao seu favor, mas ainda assim era inteligente conhecer os outros tributos, conhecer não só no que eram bons, mas no que era ruins também. No que estavam querendo aperfeiçoar. Se queria viver pelo máximo de tempo possível, talvez tivesse que tirar alguns deles de seu caminho, certo? Ele só não esperava se distrair o bastante para passar tempo demais encarando o outro. A voz dele acabou puxando Solaris para fora de seus pensamentos e um sorrisinho repuxou os cantos dos lábios. ━━ Você precisa da aula mais do que eu, não se preocupe comigo. ━━ Respondeu em um tom leve, mas a escolha de palavras era proposital. Se pudesse irritá-lo, ótimo.
Não pode evitar a gargalhada que deixou escapar a seguir. A tentativa de projetar confiança lhe pareceu cômica justo por ser uma estratégia que ele próprio adotava: uma medida desesperada de alguém que já se considerava morto, especialmente em seu caso, e não podia imaginar que fosse muito diferente para qualquer um ali.
"Só um segundo." Foi o que pediu à instrutora antes de colocar-se de pé diante de sua mais nova sombra. Não se esforçou particularmente em tentar parecer intimidador ou coisa do tipo, apenas o encarou por um par de segundos, uma análise silenciosa. Sabia se tratar do tributo do Distrito 4, local de origem de carreiristas em muitos dos jogos que já assistira mas, ao estar cara a cara com alguém que o mundo esperava que fosse temer, só o que sentiu foi pena.
Aquele era o exato motivo para manter sua distância dos demais tributos – tinha dificuldade em não enxergá-los como seres humanos. Será que seu intruso tinha uma família o esperando em casa? Será que haviam sofrido como a sua? O garoto era jovem – devia ter a mesma idade de Elyas.
"Não se iluda. Você é gado de abate tal como eu." Foi o que disse por fim, uma vez que se deu por satisfeito em estudá-lo. "Talvez devesse deixar a persona arrogante de lado, não funciona. Você bota mais medo em silêncio." Sugeriu com certo humor antes de o dar um tapinha nas costas. Sua observação não estava exatamente longe da verdade: o outro de fato era capaz de intimidar quando o estava observando como uma presa.
#ㅤ、 ㅤ lıvıng ın the ın between 。ㅤ⟪ 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐚𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬 ⟫#tirei os gifs só pq o tumblr tava me irritando com a formatação mas se quiser continuar usando num tem problema <3
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nesrinsix:
Nesrin ainda estava se adaptando aos horários do centro de treinamento. Seu corpo reclamava de ter, são subitamente, trocado a noite pelo dia. Ela se sentia incomodada com a quantidade de pessoas e de luz ao seu redor. A madrugada anterior fora uma das muitas em que passara em claro, observando a vista da capital de seu quarto no décimo primeiro andar. Nunca estivera tão alto em sua vida, e por mais que ainda não tivesse reunido coragem para chegar até a sacada, Nesrin apreciava ver as luzinhas piscando muito abaixo dela. Assim que as horas foram aceitáveis a tributo colocou seu uniforme, comendo uma das barras proteicas disponíveis na cozinha como seu café da manhã e aceitando de bom grado o café que um dos cozinheiros entregou para ela em um copo térmico. Café. Ela duvidava que já tinha tomado algo tão bom na vida, tão diferente da mistura queimada e com gosto de água suja com a qual fora acostumada durante a vida. Apertando o copo na mão para se aproveitar do calor dirigiu-se até o elevador sem saber bem para onde queria ir. Talvez fosse para as piscinas. Automaticamente apertou o botão do primeiro andar e esperou as portas de aço se fecharem. Nos primeiros instantes dentro da caixinha metálica as sobrancelhas de Nesrin se franziram, um vinco formando-se entre os olhos ao olhar para cima. Cleing. Tac clack. Tack clack. Cleing. Sua atenção foi desviada ao parar no andar seguinte, observando as portas se abrirem com um leve sino e zumbido e o rapaz do distrito 5 entrar no elevador. Retribuiu o aceno breve, seu coração acelerando. Ficara desconcertada desde a primeira vez que o vira. Era a própria visão de Cryssan. Se o irmão estivesse vivo, ela apostaria que se pareceria com aquele homem. Por um momento a Brass se esqueceu do barulho do elevador ao voltarem a andar, até que um estridente som de engrenagens emperrando atravessou seus ouvidos. Familiar demais. Tack clack. - Puta merda. - reclamou enquanto olhava para cima, sentindo toda a máquina tremer e se arrastar pesadamente antes de ricochetear como um chicote, tremendo até parar. A menina agarrou seu café com mais força, apoiando-se em uma das paredes para não cair e olhando com raiva para o equipamento, observando com total desprezo as luzinhas do painel piscarem. O bipe estridente começou tão logo quanto pararam, e ela desviou os olhos para o rapaz do cinco com um leve sorriso antes de tomar um gole de seu café - Eu achei que os dias de elevadores de merda tinham acabado quando saí do meu distrito.
[ Aviso de gatilho: crise de ansiedade. ]
Não estava gostando nada da trilha sonora não planejada. Os sons metálicos o fizeram se agarrar às paredes do elevador em um instinto, seus olhos se fechando conforme esperava que o pior passasse. O pavor na boca de seu estômago veio com o que julgou ser uma realização aterrorizante: talvez a Capital tivesse decidido se livrar dele como fizera com seu pai.
Rye não era conhecido por ser lógico em situações como aquela. Qualquer ser humano com meio neurônio seria perfeitamente capaz de discernir que a Capital não tinha motivo para o matar em um elevador de todos os lugares quando podia o executar publicamente na arena, mas racionalizar a própria ansiedade nunca havia sido um de seus fortes.
Tão logo o movimento do elevador empacou, deixou escapar uma exclamação exasperada – as primeiras palavras que dizia na presença da tributo do Distrito 6. "Puta que me pariu." Abriu os olhos ao ouvi-la falar. O comentário da mulher teria o feito rir em qualquer outra situação, mas não naquela. Mesmo o sorriso que lhe foi oferecido nada fez para interromper sua espiral de pensamentos em meio ao pânico.
Cruzou a distância que o separava do painel de botões como um raio, pressionando desesperadamente o de número 2 como se aquilo fosse magicamente colocar a caixa metálica em que estavam presos novamente em movimento. "Não... Não, não, não...", ouviu a si mesmo sussurrar entre as respirações cada vez mais ofegantes, sentindo como se o coração fosse saltar do peito a qualquer momento conforme a mente se esvaziava de razão. Apoiou-se contra a lateral do elevador, deixando-se deslizar até ter se sentado no chão. Levou ambas as mãos ao rosto, tentando o cobrir em uma tentativa desesperada de manter a dignidade.
Era difícil o fazer quando sabia que o pai havia morrido em uma situação exatamente como aquela.
A falta de ar o fez sentir como se um par de mãos o tivessem envolvido pelo pescoço. Podia sentir sua consciência se anuviando, nada parecendo existir além da sensação de que havia uma inevitável catástrofe prestes a acontecer.
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Rome Flynn
#ㅤ、 ㅤ he wakes up wıth the sun 。ㅤ⟪ 𝐦𝐮𝐬𝐢𝐧𝐠𝐬 ⟫#a tour do rome maromba sem camisa continua#( queued post. )
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Sylvia Plath, from The Unabridged Journals
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@nesrinsix
Mal havia dormido na noite anterior, o que o havia deixado em um humor ainda pior do que o habitual. Quando vestiu o uniforme de treinamento e se olhou no espelho, sentiu certo estranhamento ao ser encarado de volta pelo reflexo. Não se sentia ele mesmo quando vestia as roupas padronizadas.
Era apenas mais um número para a Capital.
Operou no piloto automático durante todo o café da manhã, nem mesmo o prazer da gula sendo capaz de melhorar sua disposição naquele dia. Quando por fim decidiu deixar o andar de seu alojamento, o elevador pareceu demorar por uma vida antes de as portas se abrirem. Havia uma mulher no interior.
A reconheceu como a tributo do Distrito 6, mas não se recordava de terem interagido diretamente antes. Rye entrou, a cumprimentando com não mais que um aceno de cabeça. Estava tentando manter-se em sua própria bolha, porque a ideia de ter que matar as pessoas com quem estava convivendo já era desconfortável o suficiente sem que as conhecesse. Esperava que ela não levasse para o lado pessoal.
Apertou o botão que os levaria até o segundo andar, apreciando a ironia que havia na ilusão da escolha.
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STATUS: open to all.
Rye gostava de cozinhar, e a vida o fizera aprender a sobreviver com pouco. A única habilidade que tinha confiança de ser capaz de o manter vivo na arena era aquela – quanto mais pensava a respeito, mais lhe parecia lógico coletar um montão de recursos, se esconder e esperar.
Não precisava ser corajoso, só precisava ficar vivo.
Como parte de seu brilhante plano, decidiu que precisava aprender sobre quais plantas evitar, como obter água em ecossistemas não familiares, e quais animais seriam mais fáceis de capturar com uma armadilha. Aquele era o dia 1 de sua turnê de aprendizados com fins gastronômicos, e Rye estava estacionado junto à uma instrutora, que o estava ensinando sobre frutas venenosas.
Podia sentir uma presença sob seu ombro o observando mas, por alguns momentos, fingiu estar absorto demais para notar, até que a sensação de estar sendo vigiado começou a incomodá-lo.
"Se também quer aprender é só se juntar." Disse em voz alta, mesmo sem se virar para encarar quem quer que fosse.
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Nadar era uma das poucas coisas que o davam prazer na vida. No Distrito 5, crianças como ele cresciam à beira do rio, que era a única fonte de lazer gratuita. O pai o havia ensinado a nadar quando criança e, quando Freid faleceu, passou a ser de Rye a responsabilidade de ensinar aos mais novos.
Era bom naquilo, e sabia que não precisava exatamente praticar seu nado mas, em um impulso, decidiu que merecia um mergulho. Estava farto de tentar aprender a se manter vivo na arena quando sabia que a sorte não estava ao seu favor.
Foda-se, disse a si mesmo, eu vou morrer.
E então pulou na piscina.
Manteve-se sob a água por tanto tempo quando seu fôlego permitiu, e o silêncio sob a superfície da piscina o fez apreciar o barulho constante do centro de treinamento. Ali embaixo ouvia seus próprios pensamentos alto demais.
Quando emergiu, deu de cara com uma mulher, e precisou corrigir seu curso para que não terminasse em direta colisão – manteve-se em águas mais fundas invés de se colocar de pé. Notou conforme a tributo desviava o olhar, parecendo envergonhada. A ideia lhe pareceu adorável e constrangedora ao mesmo tempo.
"Oi." Respondeu, um tanto confuso, conforme sacudia a cabeça de maneira a afastar as gotículas de água dos olhos. A observou parada na área rasa da piscina por alguns segundos antes de fazer qualquer comentário. "Sem ofensa, mas você não parece alguém que sabe nadar."
animada + piscinas de treinamento / w. @ryewhitewillow
Diferente do dia anterior quando praticamente congelou diante da água, dessa vez Lilith havia feito um trabalho mental antes de chegar até ali. Ela precisava aprender, por isso, precisava confiar que conseguiria e que daria conta. Os olhos estavam um pouco atentos ao local, mas aproveitaria que não havia ninguém ali para tentar, sem passar vergonha, certo? Estava empolgada com aquilo, mantinha um sorriso largo e confiante de quem sabe que vai conseguir qualquer coisa. As roupas feitas para entrar na água eram justas e cobriam seu corpo com um tecido maleável que praticamente grudava em seu corpo. Os cabelos escuros estavam presos em um coque alto, meio frouxo, o que apenas deixava exposto seus diversos brincos nas orelhas. Respirou fundo mais uma vez e se sentou na beira da piscina, deixando que os pés tocassem a água. Estava confiante. Estava animada para aprender. Deu uma risada nervosa quando a onda da piscina que imitava mar subiu até o meio de sua panturrilha. “Eu consigo. Claro que eu consigo, eu… eita. Oi.” Ela se surpreendeu quando o corpo de Rye Whitewillow submergiu da água - o que fez ela se perguntar quanto tempo ele era capaz de segurar a respiração ou se ela era extremamente distraída. Ela desviou os olhos um pouco sem graça e recolheu o pé da água - mas ainda tinha um sorriso. Era impressionante o quanto Lilith era manipulável, até por si mesma. Bastava acreditar que conseguiria e ela comprava aquela ideia fielmente.
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Suas noites eram todas a mesma.
Se ocupava escrevendo cartas que nunca poderia enviar. Se fosse honesto consigo, admitiria que mais as estava usando como um diário, mas se envergonhava demais das próprias emoções para alguma vez reconhecê-las como existentes – era mais confortável fingir que estava falando com um outro alguém do que consigo mesmo.
A noite em que foi destaque na televisão da Capital não foi diferente. Sua equipe de mentoria havia batido na porta de seu quarto para o avisar que estava no ar para toda Panem, mas Rye pouco havia se importado. Seria mais estratégico saber o que o país pensaria de si, mas a realidade era que não era forte o suficiente para enfrentar a realidade. Não ainda. Manteve-se em seu pequeno cativeiro, enfurnado entre palavras, sem conseguir dormir.
E como resultado, a manhã seguinte o atingiu como um soco no estômago quando precisou sair da cama. Ainda assim, manteve-se fiel à nova rotina, e ocupou suas mãos tão logo desceu para o centro de treinamento. Não começava conversas com ninguém a menos que o dirigissem a palavra primeiro.
Naquela ocasião especial, foi a tributo do Distrito 2 que o fez.
Tinha suas opiniões pré-concebidas a respeito da mulher, e nenhuma delas era positiva. Seus olhos se estreitaram na direção da figura feminina ao processar seu pedido de ajuda. Parte de si quis rir, mas seria demasiado cruel o fazer na face de quem estava condenado à morte.
A verdade era que se importava, sim, em ajudar alguém que tinha tudo na vida a ter mais chances de sobreviver, quando outros como ele estavam cada vez mais próximos de suas sentenças.
"E por que eu faria isso?" Questionou simplesmente, erguendo uma sobrancelha, como se curioso para entender a lógica por trás do raciocínio alheio.
@ryewhitewillow
se nos primeiros dias avitori não conseguia se focar o suficiente para reter as informações sobre cada participante, aquilo lentamente mudava ao que conseguia associar as habilidades que cada um apresentava no dia a dia nos centros de treinamento aos nomes que lia por todo lugar. as noites mal dormidas por conta da ansiedade eram preenchidas com todos os momentos dos outros participantes na tv, desde a colheita de cada um até as entrevistas que já tinham dado.
na noite anterior tinha sido whitewillow. deixou o olhar preso nele ao passo que tentava categorizar as poucas coisas que já sabia — não que fossem muitas, era difícil entender seu jeito. distrito 5. sorteado. não foi fácil assistir a reação do que imaginava ser a família dele ao ter o nome anunciado para toda panem. imaginava que sigrid reagiria da mesma forma se ainda estivesse viva.
era basicamente aquilo que tinha.
mas deixou os olhos se fixarem na figura masculina. como todos ali, queria ser capaz de descobrir mais sobre o rapaz nos próximos seis meses. não sabia se seria capaz de formar alianças, visto que não tinha tanto a contribuir que não fosse sua habilidade com as facas que segurava naquele momento. não deixaria de tentar, não é como se fosse tímida.
caminhou a passos lentos em direção ao mais novo, nunca largando as facas no lugar que deveriam estar — se alguém quisesse usá-las, que esperasse — e o chamou sem levantar muito o tom, não querendo atrair nenhum tipo de atenção para o que fazia. “whitewillow? ‘cê se importa de me ajudar?” perguntou, apontando para direção alguma esperando que conseguisse pensar em algo de última hora caso ele dissesse sim. qualquer coisa falaria que queria levantar peso, mesmo sendo a pior desculpa do universo.
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Não podia evitar sentir-se extremamente deslocado durante as sessões de treinamento, em especial quando se permitia prestar atenção nos carreiristas – manter o pânico e a absoluta certeza de que morreria em breve sob a superfície era ligeiramente mais desafiador do que esconder as emoções dos irmãos mais novos.
A maneira que havia encontrado para cultivar a própria sanidade era simples: mantinha-se sempre ocupado. Não se permitia um segundo de ociosidade sequer quando estavam no centro de treinamentos, o que vinha trabalhando para sua vantagem até então, visto que se sentia cada vez menos inútil ao redor das opções de armas que encontrariam na arena.
Odiaria admitir aquilo em voz alta, mas também se sentia sozinho.
Estava absorto tentando aprender como matar alguém com uma espada quando foi interrompido e, ao virar para encarar quem o estava pedindo ajuda, se deparou com a tributo do Distrito 3. Já a havia notado antes.
Era uma voluntária, mas não por motivos que se sentia capaz de odiar.
Ponderou a oferta que lhe foi feita por um segundo a mais do que necessário só para a fazer questionar as próprias decisões, e então assentiu. Ainda acrescentou um sorriso por boa medida – talvez a fizesse tentar matá-lo por último. Seu ângulo era o da empatia.
"Em completa honestidade, eu não sei exatamente o que estou fazendo com a espada, mas posso te ensinar a dar uns socos." Esclareceu em contraproposta, dando de ombros. Tinha três – dois – irmãos, e certamente sabia como brigar.
Sabia que ficar encarando as pessoas, além de uma falta de educação absurda, também não faria bem para sua reputação até chegar à Arena, mas não podia deixar de encarar @ryewhitewillow. Por deus, como ela odiava aquele rosto. Tão familiar mas, ao mesmo tempo, tão distante. Havia o visto tantas as vezes em sua casa, proferindo as piores palavras possíveis, tocando-a na cintura mais do que ela gostaria, sempre se oferecendo para Electra. Precisava se esforçar para não voar no pescoço do coitado, mesmo sabendo que nada tinha a ver com aquilo. E talvez a pior parte tenha sido escutar tanto o nome Rye Whitewillow saindo da boca de seu mentor nos últimos dias. Já havia entendido que precisava ser boazinha com ele, mas não sabia e queria. A proximação gerou um esforço enorme. “Então é desse jeito que se segura uma espada?” Perguntou, observando-o. O tom de voz era neutro, ainda esbanjando simpatia, mas sem que Vox conseguisse disfarçar o pé atrás. Não sabia quão parecido com o irmão ele era ou se sequer sabia que Freen frequentava sua casa. Esperava que não. “Não gosto de admitir, mas talvez eu precise de ajuda com isso e duvido que os treinadores tenham saco para ensinar uma morimbunda a segurar uma faca. Você me ajuda e eu te dou umas dicas de pontaria, o que acha?”
#ㅤ、 ㅤ lıvıng ın the ın between 。ㅤ⟪ 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐚𝐜𝐭𝐢𝐨𝐧𝐬 ⟫#dps eu tenho q organizar tag pra cada char nesta bagaça
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