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คโ ๐๐ฅ๐จ๐ฌ๐๐ ๐ ๐ก๐๐๐ก๐๐ โข @pagliarvlo.
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๐๐๐บ, ๐๐๐๐๐พ ๐ฝ๐พ ๐๐บฬ๐ป๐บ๐ฝ๐.

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คAs pedras da calรงada eram disformes, velhas, provavelmente da mesma รฉpoca em que Montelune foi fundada. Eu devia ter prestado mais atenรงรฃo, mas estava ocupada tentando equilibrar duas sacolas de compras, o vinho barato e a prรณpria frustraรงรฃo acumulada do dia. Um passo em falso, um pedaรงo de pedra maldita mais alto que os outros e โ pronto. Caรญ de bunda no meio da calรงada, com um baque surdo e pouco gracioso. Nรฃo escorreguei, nรฃo tropecei com leveza, nรฃo tive nenhum pingo de dignidade no processo. Simplesmente caรญ. Como se o universo tivesse decidido me colocar no meu devido lugar: sentada, derrotada, no meio de uma ruazinha esquecida de Montelune. Algumas pessoas olharam, รฉ claro. O tipo de olhar que se desvia rรกpido demais pra parecer educado. Nenhum oferecimento de ajuda, sรณ aquela tรญpica reaรงรฃo de quem se pergunta se deve se importar e decide que nรฃo. Eu sรณ fiquei ali. Respirei fundo, afastei uma mecha de cabelo do rosto e, com toda a calma que me restava, tirei a garrafa de vinho da sacola. Um vinho tinto dos mais baratos, cuja rolha jรก parecia meio solta. Olhei ao redor, depois para o cรฉu, e, por fim, coloquei a borda da garrafa entre os dentes. Um estalo seco. Um leve puxรฃo com a mรฃo. Rolha fora. Bebi um gole.
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คA brisa da noite passou pelos meus ombros, sussurrando algo que eu preferi nรฃo escutar. Montelune estava barulhenta, mas me atentei ao som distante de uma mรบsica. A luz da lua caรญa oblรญqua, bonita demais pro estado em que eu me encontrava. Quase uma ironia. E entรฃo, bem ร minha frente, uma crianรงa atravessou a rua correndo. Pequena, risonha, com o casaco aberto balanรงando atrรกs dela como asas improvisadas. Correu direto para os braรงos do pai, que a ergueu no ar com facilidade, girando-a uma, duas vezes. Eles riram juntos. Ela gritou algo e ele respondeu com um beijo na bochecha. Louis fazia isso comigo. Quando eu era pequena. Quando tudo era diferente. A garganta fechou de repente e nรฃo foi culpa do vinho. Eu senti aquela coisa estranha crescer dentro do peito, como um soluรงo preso. Pisquei rรกpido. Uma, duas vezes. Nรฃo. Nรฃo aqui. Nรฃo agora. Outro gole. Seco. Talvez eu estivesse caindo aos poucos em Montelune, mesmo tentando lutar contra. Mas ali, sentada na calรงada, sentindo a pedra fria nas costas e o gosto do vinho barato na boca, eu soube: ร s vezes, o fundo do poรงo vinha com cรฉu estrelado.
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