#eumechamoostra
Explore tagged Tumblr posts
ostrafelipe-blog · 8 years ago
Text
“Escrevo porque amo, me demito porque preciso voar”.
Tumblr media
Há 1.574 dias parodio Chico e faço tudo sempre igual.                                       Mudava o ponto de referência e o número de conduções (todas elas muito bem acaloradas), mas o cotidiano era sempre o mesmo. Não que a rotina seja motivo de inquietações desesperadas. Ela é personagem onipresente da nossa vida e desde sempre “aprendemos” a administrá-la.
Hoje, faço tudo igual pela última vez.                                                                 O mesmo despertador, o mesmo percurso, o mesmo ir e vir e uma vontade incontrolavelmente arrebatadora de reprogramar a rota do GPS e assim trilhar um caminho diferente, ainda que sem nenhuma certeza, nem 3% de garantia do processo e a incredulidade capitalista de alguns.
É a minha história.
É o meu roteiro.
É a minha verdade.
Em quatro anos já estou a quatro de chegar aos 30, minhas entradas da calvície cresceram, me acostumei com o tamanho do meu nariz, meu grau de miopia aumentou, comecei a fazer terapia, fiquei solteiro, encontrei um novo amor, voltei a bater ponto no Twitter, conclui a pós-graduação, assinei minha primeira matéria de capa, conheci o Gregório, a Maria e o Xico, perdi, ganhei... E o sonho continuou aqui estático, na raiz do bom senso, esperando o “momento ideal”, “a hora certa”, “o tempo natural das coisas” e suas derivações acomodativas.
O que ela quer da gente é coragem...
Não pensei que o sonho de ser escritor no Brasil fosse uma marimba tão pesada de carregar. Fazer das palavras fonte de renda, em um país onde o hábito da leitura não é estimulado e a produção intelectual não é incentivada no seio familiar, nos muros da escola ou nas grades de Brasília, é foda!
Em meio à crise generalizada que assombra nosso país, entrar na estatística do desemprego por livre e espontânea vontade é um ato de insanidade (senso comum). Mas, tenho consciência de que a loucura é um estado relativo. Muda conforme o olhar, o lugar, o “ao redor” e o interior de quem se mostra apto a dar tal diagnóstico e do “louco” em questão.
Na neblina que embaça loucura e lucidez está o medo que nos paralisa diante nossas escolhas, e a coragem que nossa zona de conforto faz questão de não enxergar.
O último texto que publiquei ano passado no Cinemação fala sobre a cinebiografia de Elis Regina. E a coragem, mencionada de forma enfática e perspicaz no filme de Hugo Prata, foi a faísca que me fez parar, refletir e tomar essa decisão. 
Hoje, saio deixando o Felipe de outrora ainda mais convicto da minha escolha e despido de todo e qualquer orgulho de não ostentar o velho ditado de que o bom filho a casa torna. Deixo a porta aberta e amigxs pra vida!
A frieza camuflada da minha sociopatia involuntária esconde um afeto que cresceu com o tempo e se fortaleceu com os ventos. Minha acidez verborrágica, ora invasiva, sempre sincera, foi a forma que encontrei de deixar nossa relação mais leve e mostrar quem de fato sou. Conviver é uma simbiose entre a arte de encontrar e a arte de enxergar no outro, com respeito e alteridade, uma inspiração para seguir em frente. Todos os segredos confessados, todos os mal entendidos, todas as gargalhadas incontroláveis, todos os silêncios (in) compreendidos e todas as horas convividas extrapolam a carga horária de uma jornada de trabalho exaustiva e desaguam num ciclo de amizade e afetos.
Foi com a estabilidade de um emprego de carteira assinada, plano de saúde, plano odontológico, férias (não sabemos até quando), seguro de vida – o oásis do sucesso contemporâneo – que consegui publicar com suor e raça, meus “griphos meus”. E é abrindo mão de toda essa normatividade capitalista que publicarei meu segundo livro (aguardem, logo as memórias virão à tona!) e me encontrarei de forma plena e honesta com minha felicidade. Os paradoxos de ser e viver...
Ciclos são cíclicos e todo percurso precisa se renovar e encontrar sua pérola.
OBRIGADO!
1 note · View note
ostrafelipe-blog · 9 years ago
Text
Eu me chamo... OSTRA.
Tumblr media
É leviano e ‘herégico’ nos resumirmos a um número, a um canudo e a um currículo vitae (vintage?).
Eu quero… Ser Getúlio Vargas. Enrolar-me no próprio latim. Engasgar com o próprio discurso. E morrer com a própria bala.
Na verdade sou uma ostra. Uma ostra triste. E essa minha verdade, que estava com ele, foi revelada. E ele se revelou pra mim, como uma fotografia.
O revelador, o revelado, Rubem Alves.
A maneira como nós encontramos com um livro é subjetivamente enigmática. O que independe se o livro é fruto de uma coceira gostosa ou de uma paralisia generalizada. Passamos por ele com soberbia. O desdém prevalece. Os olhos se divergem…
Certo dia, o que não vimos ali, passamos a enxergar na margem oposta do rio. E o encontro pode acontecer de trás pra frente. O traseiro nos seduz. As longínquas costas de mais ou menos quinze linhas instiga. O samba é atraente, que te leva a entrar pela porta principal… O título é: “Ostra feliz não faz pérola”.
Seria uma parábola gigante, uma manual acadêmico de biologia, uma cartilha barata de auto-ajuda…? – Um filme.
Foi o que me veio. Um belo roteiro cinematográfico. A forma como o banal traduz o essencial é nostalgicamente poética. As banalidades das fotos compõem um lindo filme da alma humana. Revela nosso suculento, e opulento recheio. O filme é dividido em três atos, como uma peça. Esquartejadas em fotografias velozes, não lineares, cada uma com a sua própria coceira. A infância, as lembranças, todos os pensamentos e anseios, submersos na mesma água, desaguando no mesmo mar.
O cinema é espera. É ver os búzios na areia e esperar a maré levar. Às vezes a água da literatura mata a sede do cinema. E a escassez de um elixir sincero nos faz ver uma miragem, no deserto de bons filmes. Cheguei à conclusão de que esse livro é um filme onde a imagem é resultado instantâneo da leitura, do mergulho.
Vamos fazer um tratado... 
Eu, como ostra (não do ato de comer, detesto-as!), compartilharei com vocês textos de filmes que de alguma forma nos fazem coçar. E vocês abrirão as ostras, devorarão seu recheio e depois irão me dizer ela era triste ou feliz. Certo?
Primeiro “Eles”, depois a ostra, e por último… A felicidade! 
Publicado em 16 de abril de 2016 no Cinem(AÇÃO). 
1 note · View note