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torre-relogio-de-gotham · 5 years ago

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A Reinvenção de Barbara Gordon como Batgirl, Oráculo, Batgirl

“Perguntei à DC se eles tinham algum problema comigo incapacitando Barbara Gordon, que era a Batgirl na época e, se bem me lembro, conversei com Len Wein, que era nosso editor no projeto... (Ele) disse: 'Sim, tudo bem, aleije a vadia.’”- Alan Moore, em um artigo da Wizard Magazine de 2006 discutindo a decisão por trás da cena infame que paralisou Barbara Gordon em A Piada Mortal.

Essa decisão para a personagem de Barbara Gordon foi um caso clássico de um momento de ‘Mulheres em Geladeiras’. Um tropeço nos quadrinhos identificado pela primeira vez por Gail Simone ao discutir a morte da namorada de Kyle Rayner quando o mesmo encontrou o corpo dela na geladeira.

A definição comumente aceita de um momento de ‘Mulheres nas Geladeiras’ é quando uma personagem feminina de quadrinhos é prejudicada por causa de uma história centrada em um homem. No caso de A Piada Mortal de 1988, Barbara Gordon foi baleada pelo Coringa na batalha em curso do vilão contra Batman e Jim Gordon.

Barbara Gordon recuperou um pouco de sua atividade um ano depois, quando os escritores do Esquadrão Suicida John Ostrander e Kim Yale a apresentaram como Oráculo, e permitiram que sua deficiência se tornasse sua força. Desde seus dias como Oráculo, Barbara continuou a evoluir como personagem, mas nunca esquecendo a 'refrigeração' de A Piada Mortal.

"Não escondi o fato de que acho que A Piada Mortal foi um momento clássico de Mulheres em Geladeiras", disse Gail Simone à Newsarama anteriormente. "É lindamente executado, mas para um amante de Babs, é um quadrinho incrivelmente doloroso. Foi discutido em pedaços, mas na verdade desisti dos quadrinhos por um tempo depois de lê-lo."

"Babs poderia ter sido essencialmente marginalizada para sempre, se não fosse pelo maravilhoso trabalho de dois dos meus heróis, John Ostrander e a falecida Kim Yale", continuou Gail Simone. "Por causa deles e dos escritores que se seguiram, a recuperação de Babs realmente significou algo, não apenas para pessoas com deficiência.”

Depois de se tornar Oráculo em 1989, a personagem apareceu como peça central de um novo título da DC, Aves de Rapina, do escritor Chuck Dixon e do editor Jordan B. Gorfinkel. Como Chuck Dixon diz ao Newsarama, ele ficou "chocado" no momento de A Piada Mortal.

"Pegar esses personagens e executá-los em eventos horríveis foi uma violação. E encerrá-los em um fina auto-indulgente e errado foi um insulto à franquia e também aos leitores", disse Chuck Dixon ao Newsarama.

"Fazer uma história como essa com personagens com legados apenas por uma única história é preguiçoso e errado. Quero dizer, se Charlie Brown fosse assassinar Lucy por se afastar do futebol, certamente é uma ‘história’, mas é uma profanação dos personagens."

Chuck Dixon explicou que foi seu então editor da DC, Jordan B. Gorfinkel quem primeiro trouxe Barbara como uma adição em potencial às Aves de Rapina, além de ver os contrastes entre ela e Dinah Lance, também conhecida como Canário Negro.

"Jordan B. Gorfinkel, meu editor de Aves de Rapina, foi o verdadeiro criador do título. Eu fui o escritor que ele designou para desenvolver o título", disse Chuck Dixon. "Mas foi tudo que Gorf viu uma química real entre Oráculo e Canário Negro. O truque de Dinah trabalhando para uma manipulador desconhecida foi ideia dele. E com o cancelamento do Esquadrão Suicida, Barbara não apareceu regularmente em nenhuma série além de uma ocasional aparição nos quadrinhos do Batman.”

"Gorf estava convencido de que os contrastes entre Barbara e Dinah trariam uma parceria intrigante. Ele estava absolutamente certo", continuou o escritor. "A insistência de Barbara em se preparar e ter todas as informações disponíveis para preservar o risco foi o oposto do salto de Dinah de ‘pular antes de olhar’. Foi uma combinação divertida quando elas trabalharam juntas.”

Chuck Dixon foi uma parte essencial dos títulos de Batman na DC durante esse tempo, não apenas em Aves de Rapina. Ele disse que a transformação de Barbara Gordon em Oráculo "salvou" a personagem.

"Oráculo salvou Barbara. A persona foi criada como terapia, como veículo, para seu retorno ao papel de combatente do crime", explicou Chuck Dixon. "Foi uma progressão natural da bibliotecária para a vigilante mascarada e para a fornecedora de inteligência.

Barbara teve seu otimismo arrancado dela sem transformá-la em uma cínica amarga. Ela transformou sua tragédia em algo positivo e fez o melhor possível de imaginar, de uma situação terrível. Em um gênero carregado de personagens indestrutíveis, a história de Barbara é uma verdadeira inspiração.”

Da perspectiva de Jordan B. Gorfinkel, as sementes de Oráculo foram semeadas bem antes de A Piada Mortal.

"Perdoe-me, mas a Oráculo não reinventou Barbara Gordon. A Oráculo externalizou o que sempre estava por dentro", disse o editor. "Você sabe como dizemos que Batman é o homem real e Bruce Wayne é a personalidade falsa? Com Babs, a Batgirl era um traje. Oráculo é quem ela é de verdade."

Depois de mais de 20 anos como Oráculo, a DC reinventou Barbara Gordon mais uma vez - removendo a deficiência e colocando-a de volta como Batgirl em "Os Novos 52". Mas nem todo mundo estava feliz com essa mudança, Chuck Dixon incluído.

"Acho que o retorno à Batgirl foi um erro, uma traição de décadas de continuidade", disse Chuck Dixon. "Por mais lamentáveis que tenham sido os eventos de A Piada Mortal, o que surgiu foi uma saga fascinante de coragem. Jogar isso de lado apenas para voltar o relógio foi um erro que dilui todo o conceito da evolução de Barbara Gordon como personagem."

Jordan B. Gorfinkel vê a mudança como inevitável se a personagem permanecer atual, e isso resultou em mais histórias excelentes de Barbara.

"Evolua ou pereça. Sempre teremos essas histórias da Oráculo, ninguém pode tirá-las de nós", disse Jordan B. Gorfinkel. "Eu direi que somos os mais ricos por termos a Batgirl nas histórias de Burnside, que foram fantásticas. (Eu tenho essa figura de ação da Batgirl zelando por mim no meu escritório.)”

Gail Simone foi a escritora do retorno de Barbara Gordon ao traje de “Os Novos 52″ e a descreveu na época como a personagem que recuperava sua história.

"Ela está afastada da ação e do perigo há muito tempo. Com esse relançamento, ela ainda é muito Barbara, mas pode recuperar uma parte de sua história e legado com histórias modernas, em sua própria revista e em outros lugares, desenhada por alguns artistas maravilhosos", disse Gail Simone ao Newsarama.

O DCU em Setembro será sobre exploração por um tempo, e parece notável, mas esta é a primeira vez na história da DC que Barbara Gordon tem uma revista solo em andamento.”

Embora Barbara já não estivesse mais paraplégica, Gail Simone não estava limpando os eventos de A Piada Mortal - esse evento traumático continuou a conduzir a história de Barbara.

“Comparada à edição #1, Barbara Gordon trabalhou com parte de seu estresse pós-traumático", disse Gail Simone à Comicosity em 2014. "Isso não significa que ela trabalhou com tudo isso, mas está aprendendo a lidar e a viver com o evento traumático que aconteceu com ela, e também como seguir em frente com sua vida e viver com o fato de que ela tem alguma culpa de sobrevivente.”

"Barbara está trabalhando nos problemas dela. Ainda está tentando conseguir o emprego perfeito e encontrar um bom relacionamento amoroso", continuou a escritora. "Acho que ela está mais forte agora. Ela já passou por muitos desses 30 problemas e nós a colocamos contra muitas situações difíceis. Tudo isso que foi feito a tornou mais forte.”

Depois da série dos "Novos 52" da Batgirl de Gail Simone, a DC seguiu para a era "Batgirl de Burnside" com Cameron Stewart, Brenden Fletcher e Babs Tarr. Embora Barbara tenha sido definida por seu trauma de A Piada Mortal por décadas, esse trio procurou mostrar que havia mais nela do que apenas seu trauma.

Eu acho que a Batgirl como personagem esteve em um lugar tão escuro, foi uma jornada óbvia para nós", disse Brenden Fletcher à Comicosity em 2015." Cameron e eu queríamos que ela fosse a Batgirl com a qual crescemos - não exatamente em sua caracterização, mas da maneira que ela se sentisse como a versão icônica de Barbara Gordon como Batgirl: Yvonne Craig do programa de TV Batman de 1966, Barbara Gordon de Batman: A Série Animada, dos antigos quadrinhos dos anos 1960 e 1970. Queríamos sentir isso da personagem.”

"O que isso nos deu foi um arco implícito em que permitimos que Barbara tomasse uma decisão difícil sobre o que ela queria que seu futuro fosse, ou seja, que ela queria um dia melhor para si mesma", continuou Brenden Fletcher. "Mas ela não sabia muito bem como chegar lá.

Nosso arco é a jornada dela para descobrir sua estrela do norte, sua normalidade... Seu meio termo. 'Quem sou eu realmente, quando não estou atolada na angústia do Bat-mundo ou nas trevas de Bruce Wayne? Quando não sou arrastada para as profundezas do crime, quem sou eu? E quem eu queria que a Batgirl voltasse a ser quando eu tinha 16 anos e criado a Batgirl?’”

Após o início de "Renascimento", em 2016, a Batgirl incorporou muitos desses temas em um personagem multifacetado que lida com os problemas do dia-a-dia, como uma pessoa de vinte e poucos anos tentando sobreviver em Gotham, enquanto enfrenta o trauma que vem junto com sua deficiência e Transtorno de Estresse Pós-Traumático.

O figurino e o codinome de Barbara podem ter mudado e podem continuar a mudar, mas uma coisa permanece: a força que ela encontra em seu trauma para continuar lutando a boa luta, não importa o obstáculo.

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