Cultura é o que fica depois de se esquecer tudo o que foi aprendido...
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Calçada pra favela, avenida pra carro céu pra avião, e pro morro descaso Cientista social, Casas Bahia e tragédia Gosta de favelado mais que Nutella Quanto mais ópio você vai querer? Uns preferem morrer ao ver o preto vencer É papel alumínio todo amassado Esquenta não mãe isso é uma cabeça de alho Cartola virá que eu vi Tão lindo e forte e belo como Muhammad Ali E cantar rap nunca foi pra homem fraco Saber a hora de parar é pra homem sábio Rico quer levar uma com nóis, 'cê que sabe Quero ver pagar de loco lá em Abu Dhabi Eu sou nota 5 e sem provoca alarde Nota 10 é Dina Di DJ Primo e Sabotage Pode colar, mas sem arrastar Se arrastar, a favela vai cobrar Acostumado com sucrilhos no prato Morango só é bom com a preta de lado O planeta jaz e a trombeta do Satanás Usain Bolt se não correr fica pra trás Querer tapar o sol com a peneira é feio demais E cocaína desgraça a vida de um bom rapaz É Trilha Sonora do Gueto, Rappin Hood e Facção Fazem o povo cantar com emoção Zona Sul haja coração! Dez mil pessoas numa favela, na quermesse do Campão E é Di Cavalcanti, Oiticica e Frida Kahlo Têm o mesmo valor que a benzedeira do bairro Disse que não ali o recém formado entende Não vou espera você ficar doente Cantar rap nunca foi pra homem fraco Saber a hora de parar é pra homem sábio Vacilou no jab, fio, é lona! Criolo Doido não é garapa A ideia é rápida, mas soma Pode colar, mas sem arrastar Se arrastar, a favela vai cobrar Acostumado com sucrilhos no prato Morango só é bom com a preta de lado Eu tenho orgulho da minha cor Do meu cabelo e do meu nariz Sou assim e sou feliz Índio, caboclo, cafuso, criolo! Sou brasileiro! Criolo X O Navio Negreiro “’Stamos em pleno mar… Doudo no espaço Brinca o luar – dourada borboleta; E as vagas após ele correm… cansam Como turba de infantes inquieta. ‘Stamos em pleno mar… Do firmamento Os astros saltam como espumas de ouro… O mar em troca acende as ardentias, – Constelações do líquido tesouro… ‘Stamos em pleno mar… Dois infinitos Ali se estreitam num abraço insano, Azuis, dourados, plácidos, sublimes… Qual dos dous é o céu? qual o oceano?… ‘Stamos em pleno mar. . . Abrindo as velas Ao quente arfar das virações marinhas, Veleiro brigue corre à flor dos mares, Como roçam na vaga as andorinhas… Era um sonho dantesco… o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros… estalar de açoite… Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar… Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras moças, mas nuas e espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia e mágoa vãs! E ri-se a orquestra irônica, estridente… E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais … Se o velho arqueja, se no chão resvala, Ouvem-se gritos… o chicote estala. E voam mais e mais… Presa nos elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! Um de raiva delira, outro enlouquece, Outro, que martírios embrutece, Cantando, geme e ri! Existe um povo que a bandeira empresta P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!… E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!… Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa… chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto!… Auriverde pendão de minha terra, Que a brisa do Brasil beija e balança, Estandarte que a luz do sol encerra E as promessas divinas da esperança… Tu que, da liberdade após a guerra, Foste hasteado dos heróis na lança Antes te houvessem roto na batalha, Que servires a um povo de mortalha!… Fatalidade atroz que a mente esmaga! Extingue nesta hora o brigue imundo O trilho que Colombo abriu nas vagas, Como um íris no pélago profundo! Mas é infâmia demais! … Da etérea plaga Levantai-vos, heróis do Novo Mundo! Andrada! arranca esse pendão dos ares! Colombo! fecha a porta dos teus mares! Castro Alves
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Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida: Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar. Um dia vivemos! O homem que é forte Não teme da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir. O forte, o covarde Seus feitos inveja De o ver na peleja Garboso e feroz; E os tímidos velhos Nos graves concelhos, Curvadas as frontes, Escutam-lhe a voz! Domina, se vive; Se morre, descansa Dos seus na lembrança, Na voz do porvir. Não cures da vida! Sê bravo, sê forte! Não fujas da morte, Que a morte há de vir! E pois que és meu filho, Meus brios reveste; Tamoio nasceste, Valente serás. Sê duro guerreiro, Robusto, fragueiro, Brasão dos tamoios Na guerra e na paz. Teu grito de guerra Retumbe aos ouvidos D’imigos transidos Por vil comoção; E tremam d’ouvi-lo Pior que o sibilo Das setas ligeiras, Pior que o trovão. E a mão nessas tabas, Querendo calados Os filhos criados Na lei do terror; Teu nome lhes diga, Que a gente inimiga Talvez não escute Sem pranto, sem dor! Porém se a fortuna, Traindo teus passos, Te arroja nos laços Do inimigo falaz! Na última hora Teus feitos memora, Tranqüilo nos gestos, Impávido, audaz. E cai como o tronco Do raio tocado, Partido, rojado Por larga extensão; Assim morre o forte! No passo da morte Triunfa, conquista Mais alto brasão. As armas ensaia, Penetra na vida: Pesada ou querida, Viver é lutar. Se o duro combate Os fracos abate, Aos fortes, aos bravos, Só pode exaltar Gonçalves Dias X Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no coração do hemisfério sul Na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena E o espírito dos pássaros das fontes de água límpida Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias Virá Impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee Virá que eu vi O axé do afoxé Filhos de Gandhi Virá Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, cor Em gesto, em cheiro, em sombra, em luz, em som magnífico Num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto-sim resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará Não sei dizer assim de um modo explícito Virá Impávido que nem Muhammad Ali Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi Tranqüilo e infálivel como Bruce Lee Virá que eu vi O axé do afoxé Filhos de Gandhi Virá E aquilo que nesse momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos não por ser exótico Mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto Quando terá sido o óbvio Caetano veloso
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Os dois horizontes Dois horizontes fecham nossa vida: Um horizonte, — a saudade Do que não há de voltar; Outro horizonte, — a esperança Dos tempos que hão de chegar; No presente, — sempre escuro, — Vive a alma ambiciosa Na ilusão voluptuosa Do passado e do futuro. Os doces brincos da infância Sob as asas maternais, O vôo das andorinhas, A onda viva e os rosais. O gozo do amor, sonhado Num olhar profundo e ardente, Tal é na hora presente O horizonte do passado. Ou ambição de grandeza Que no espírito calou, Desejo de amor sincero Que o coração não gozou; Ou um viver calmo e puro À alma convalescente, Tal é na hora presente O horizonte do futuro. No breve correr dos dias Sob o azul do céu, — tais são Limites no mar da vida: Saudade ou aspiração; Ao nosso espírito ardente, Na avidez do bem sonhado, Nunca o presente é passado, Nunca o futuro é presente. Que cismas, homem? — Perdido No mar das recordações, Escuto um eco sentido Das passadas ilusões. Que buscas, homem? — Procuro, Através da imensidade, Ler a doce realidade Das ilusões do futuro. Dois horizontes fecham nossa vida. Machado de Assis X Além Do Horizonte Jota Quest Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo pra gente se amar Além do horizonte deve ter Algum lugar bonito pra viver em paz Onde eu possa encontrar a natureza Alegria e felicidade com certeza Lá nesse lugar o amanhecer é lindo Com flores festejando mais um dia que vem vindo Onde a gente pode se deitar no campo Se amar na relva escutando o canto dos pássaros Aproveitar a tarde sem pensar na vida Andar despreocupado sem saber a hora de voltar Bronzear o corpo todo sem censura Gozar a liberdade de uma vida sem frescura Mas se você não vem comigo nada disso tem valor De que vale o paraíso sem o amor Se você não vem comigo tudo isso vai ficar No horizonte esperando por nós dois Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo Pra gente se amar Mas se você não vem comigo nada disso tem valor De que vale o paraíso sem amor Se você não vem comigo tudo isso vai ficar No horizonte esperando por nós dois Além do horizonte existe um lugar Bonito e tranquilo Pra gente se amar
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As ondas são anjos que dormem no mar, Que tremem, palpitam, banhados de luz… São anjos que dormem, a rir e sonhar E em leito d’escuma revolvem-se nus! E quando de noite vem pálida a lua Seus raios incertos tremer, pratear, E a trança luzente da nuvem flutua, As ondas são anjos que dormem no mar! Que dormem, que sonham- e o vento dos céus Vem tépido à noite nos seios beijar! São meigos anjinhos, são filhos de Deus, Que ao fresco se embalam do seio do mar! E quando nas águas os ventos suspiram, São puros fervores de ventos e mar: São beijos que queimam… e as noites deliram, E os pobres anjinhos estão a chorar! Ai! quando tu sentes dos mares na flor Os ventos e vagas gemer, palpitar, Por que não consentes, num beijo de amor Que eu diga-te os sonhos dos anjos do mar? Alvares de Azevedo X Eu, Você, o Mar e Ela Luan Santana Ser romântico às vezes ajuda Mas se fecho os olhos, te imagino nua Talvez pareça uma cena de Hollywood Se tá pensando isso, por favor não se ilude Eu só quero uma noite de amor Como as outras, só mais uma que passou Mas foi só a porta fechar Pra mudar minha cabeça A sua boca vale o preço Pra perder o sossego que eu tinha A lua até beijou o mar Pra não ficar de vela Os quatro perdidos de amor Eu, você, o mar e ela Eu, você, o mar e ela Ser romântico às vezes ajuda Mas se fecho os olhos, te imagino nua Talvez pareça uma cena de Hollywood Se tá pensando isso, por favor não se ilude Eu só quero uma noite de amor Como as outras, só mais uma que passou Mas foi só a porta fechar Pra mudar minha cabeça A sua boca vale o preço Pra perder o sossego que eu tinha A lua até beijou o mar Pra não ficar de vela Os quatro perdidos de amor Eu, você, o mar e ela Eu, você, o mar e ela Mas foi só a porta fechar Pra mudar minha cabeça A sua boca vale o preço Pra perder o sossego que eu tinha A lua até beijou o mar Pra não ficar de vela Os quatro perdidos de amor Eu, você, o mar e ela O mar e ela Eu, você, o mar e ela
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Poemas x música
A Falta Que Você Me Faz Me falta o ar, me falta o chão, Eu fico sem rumo, sem paz. Sem você, o sim vira não. É a falta que você me faz. O tempo passa mais devagar, Os ponteiros andam para trás. As horas só sabem perturbar. É a falta que você me faz. O mundo perde suas cores, O para sempre vira jamais. As paixões, de amor viram dores. É a falta que você me faz. Meu poema perde o sentido, A vida, o mundo, nada mais. Espero que você tenha entendido. Essa é a falta que você me faz. [Mariana Siqueira] X Você faz falta aqui Você, você, faz falta, falta aqui aqui aqui Que o som, som, bate, bate Volta, volta, volta Não tem mais nada entre o chão E o teto, teto, teto Só o eco, eco, eco, eco Tem certeza que você levou tudo? Tem certeza que não esqueceu nada? Eu só sei que até o criado mudo Do seu livro preferido sente falta É que eu te vejo em tudo Em cada canto dessa casa Nos cabides, nas gavetas e na cama bagunçada E no box do banheiro sempre Que o vidro embaça Tem seu nome, um coração E uma flecha atravessada É que eu te vejo em tudo Em cada canto dessa casa Nos cabides, nas gavetas E na cama bagunçada E o seu cheiro está grudado Em cada roupa que eu usava Você foi e esqueceu De levar a saudade na mala, mala, mala Você, você, faz falta, falta aqui aqui aqui Que o som, som, bate, bate Volta, volta, volta Não tem mais nada entre o chão E o teto, teto, teto Só o eco, eco, eco Tem certeza que você levou tudo? Tem certeza que não esqueceu nada? Eu só sei que até o criado mudo Do seu livro preferido sente falta É que eu te vejo em tudo Em cada canto dessa casa Nos cabides, nas gavetas E na cama bagunçada E no box do banheiro sempre Que o vidro embaça Tem seu nome, um coração E uma flecha atravessada É que eu te vejo em tudo Em cada canto dessa casa Nos cabides, nas gavetas E na cama bagunçada E o seu cheiro está grudado Em cada roupa que eu usava Você foi e esqueceu De levar a saudade na mala, mala, mala Você, você, faz falta, falta aqui aqui aqui [Maiara e Maraisa]
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