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O lugar onde ele me deixou
Nunca acreditei quando diziam que o primeiro amor de uma mulher sempre voltaria para assombrá-la. Achava piegas. Coisa de filme, de livro, de gente que não soube seguir em frente. Até agora.
Já se passaram dois anos desde o fim. Três desde aquele dia em que, sem grandes planos, a gente decidiu namorar. Foi tudo muito simples, leve, quase inocente. E talvez por isso tenha doído tanto. Porque foi real. Porque, pela primeira vez, eu me permiti amar de verdade.
E, meu Deus, como eu amei. Amei com tudo o que eu tinha. Amei com o corpo, com a alma e, especialmente, com o que faltava em mim. Amei mais do que deveria. Mais do que a mim mesma.
Durante muito tempo, odiei essa história. Odiei tudo que ela me causou. Mas hoje, olhando de longe, percebo que não me arrependo. A forma como tudo começou ainda me parece uma das coisas mais bonitas que já vivi.
Mesmo assim, não consigo evitar as perguntas. Onde foi que eu errei? No que falhei? Será que eu não era boa o bastante? O que poderia ter feito para que a gente não virasse dois estranhos?
Sinto falta dele. Do cheiro, do carinho, do jeito bobo de amar. Sinto falta do sexo, das declarações de amor, do tempo que passávamos juntos sem fazer nada e, mesmo assim, era tudo.
Carrego sentimentos confusos. Um vai e vem de lembranças, saudades e mágoas.
Parte de mim ainda o queria aqui. Queria que a gente estivesse crescendo juntos, dividindo a vida. Mas outra parte se lembra das palavras duras, das vezes em que ele passou do ponto. Das situações em que, mesmo sendo a ferida, eu é que precisei consolar.
Isso me revolta. Porque mesmo depois de tudo, mesmo depois de tanto tempo tentando me curar, ainda estou aqui. No mesmo lugar onde ele me deixou.
Não consigo sentir o mesmo por ninguém. Nem algo parecido. E isso me assusta. Ainda olho para o amor com desconfiança. Ainda olho para mim com uma dureza que não mereço.
Fico feliz que ele tenha seguido em frente. Que tenha se libertado das amarras dele, que tenha conseguido amar de novo. Mas e eu?
Talvez seja egoísmo — provavelmente é. Mas eu só queria sair desse looping. Parar de me sabotar, de me punir por um passado que já não me pertence.
Meu primeiro amor me deu momentos lindos. Mas também me deixou marcas profundas.
Eu quero amar. Eu também quero ser feliz de novo.
Só peço isso: me deixem ser feliz.
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Jean Paul Gaultier: ‘Les Marionettes’ Autumn/Winter (2004)
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vogue italia, 2011 – mechanical dolls by tim walker.
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Aquela dor velada que, vez por outra, eu percebia ao falarem sobre os meus sentimentos. Que eu tinha sorte. Sorte. Uma roleta-russa que fazia com que a pessoa que me amava fizesse aleatoriamente. Como se o amor destinado a mim só fosse meu por obra do acaso. Eu acreditava e acreditei mais uma vez.
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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O nada. A ausência de sentidos e sentimentos, que nada mais é do que a morte. Quanto tempo se leva para morrer?
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Muita gente associa a chuva à fertilidade, à bonança, à regeneração da vida e está certo, mas esquece que a chuva também é destruição e caos. Foi com ela que Deus resolveu acabar com tudo. A chuva, um dia, também foi o fim. A água, como tudo que é vivo, tem dois lados.
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Antes de colocar pra fora, a dor era um ponto pequeno aqui dentro, mas à medida que as palavras saíam, ia se alastrando, se alargando, subindo pelo meu esôfago, preenchendo meus pulmões, até me sufocar.
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Tem um momento em que você passa a não questionar mais a dor, porque a dor é tudo que você conhece. Já se familiarizou conhece os trejeitos e, embora desconheça os limites, a dor já não assusta tanto assim.
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Depois de um tempo, anos, eu não estava mais preocupada em ganhar briga nenhuma, eu só não queria desistir. Como se fazer isso demonstrasse fraqueza, como se desistir de toda aquela merda fosse me diminuir ainda mais, como se fosse possível ficar menor do que aquilo em que eu tinha me transformado. Eu ainda não sabia que desistir, em muitos casos, é ganhar.
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Aquele segundo - é um segundo, ou um milésimo de segundo ou fração de milésimo de segundo? - entre viver e não viver mais. Estar vivo, estar morto. O que separa essas duas coisas, ter vida e não ter?
Primeiro eu tive que morrer, Lorena Portela
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Sim, é verdade, às vezes também penso que eu não sou eu, pareço pertencer a uma galáxia longínqua de tão estranho que sou de mim. Sou eu? Espanto-me com o meu encontro.
Clarice Lispector
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Se a moça soubesse que minha alegria também vem de minha mais profunda tristeza e que tristeza era uma alegria falhada. Sim, ela era alegrezinha dentro de sua neurose. Neurose de guerra
Clarice Lispector
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