Text
Chester não se conteve e abriu um sorriso de volta para a morena, que abriu passagem para o rapaz se apoiar no balcão do bar ao lado dela.
- Você por aqui? - Marília disse, com a voz um pouco mais alta do que o normal e um pouco mais próxima do rapaz, por conta do som alto do local.
- Aparentemente nossos caminhos sempre se encontram em algum momento… Já não é a primeira vez que isso acontece - Chester respondeu, dando um sorriso fraco, meio tímido mas parecia aliviado em ter encontrado a garota ali, naquele meio de desconhecidos. Já não usava mais os óculos escuros de antes, então já era possível ver seus olhos novamente, neles havia um certo brilho que somente Marília conseguia enxergar em alguns momentos.
Marília corou de leve.
- Dois Jaggerbombs? Tá na mão! - a garota do bar disse, entregando as bebidas para os dois que esperavam pelos drinks do outro lado do balcão. De repente, a garota do bar reconheceu Chester e sorriu largo - Ei, Chester! Que bom ver você por aqui de novo! Achei que não iria mais aparecer! - a garota dizia, animada.
- Hey Lily! Mal te reconheci aí de trás e com essas luzes todas, me desculpe. Mas… Sim, pois é. Uma hora sempre apareço, você sabe disso - Chester dizia, sorrindo - Bom ver você também. Vou tentar trazer os caras aqui em breve.
A garota levantou as mãos e bateu palmas como se tivesse ganho na loteria; sorria largo e dava uma espécie de high five com Chester no fim da conversa. A garota voltou a servir outros clientes que estavam ali escorados no bar, enquanto Marília e o cantor continuavam ao lado do bar, observando a movimentação em volta.
- O que te trouxe aqui, afinal? - Chester perguntou, sem olhar para Marília.
Marília hesitou por um momento. Lembrou de tudo o que tinha passado naquela noite e no impulso que teve de ir até o local em que estava naquele momento e respirou fundo, dando um grande gole em seu drink.
- Problemas. Ou só tentando fugir da realidade por algumas horas mesmo… o que todo mundo faz quando vem num lugar como esse, eu acho - Marília finalmente respondeu, dando um riso sem graça enquanto girava o copo em sua mão, encarando o mesmo - E o que te trás aqui?
- Uhn… - Chester murmurou, olhando em volta, como se procurasse resposta - Acho que o mesmo que você.
- Não me diga.
- Pois é. No final, todos estamos no mesmo barco, acredite - Chester respondeu rindo sem graça, agora olhando de canto para Marília - Se tem uma coisa que você pode ter certeza é que você não tá sozinha. Mesmo que pareça estar, às vezes.
Marília ouviu as palavras do rapaz e ficou em silêncio. Aquela frase entrou em sua mente como se fosse algo que esperasse ouvir por muito tempo, mas ninguém havia sido capaz de dizer até aquele momento. Sentiu um aperto no peito, uma espécie de ansiedade. Lembrou exatamente do sentimento que sentiu quando teve sua última conversa com Chester naquele corredor do Wembley; quando se olharam e se abraçaram, quase como se estivessem esperando por aquele momento por anos.
- Acho que nunca estivemos sozinhos de fato - Marília disse, quase sussurrando, fazendo com que Chester virasse o rosto para a garota e arqueasse a sobrancelha, como quem estivesse tentando entender o que ela estava dizendo. Marília apenas riu nervoso e balançou a cabeça, tentando dizer que não era nada demais.
Há alguns quilômetros dali, ainda no Magic Box, a exposição chegava ao seu fim e apenas uma pequena festa com um DJ acontecia por ali. Stella, por sua vez, andava pelo local com passos largos e nervosos, enquanto virava mais uma taça de espumante. Não tão longe dali, Will conversava com alguns convidados que ainda restavam:
- William, sua exposição foi incrível! Adoramos ver todo o seu trabalho aqui. Precisamos conversar melhor sobre isso e sobre quando vamos realizar outra desse mesmo tipo - um homem mais velho dizia, enquanto Will tentava prestar atenção no que o homem dizia, mas na sua mão, tinha seu celular, onde a cada cinco minutos olhava o visor do mesmo checando se sua namorada, Marília, não havia respondido suas ligações ou não havia mandado mensagem. O rapaz fingia postura e calma, sempre dando um sorriso solícito e charmoso.
- Claro, senhor Williams! Vai ser um grande prazer fazer uma parceria com vocês futuramente - Will ia dizendo, com um sorriso amarelo no rostro, quando foi interrompido por um cabelo ruivo, que surgiu como um raio entre os dois.
- Com licença, gentleman, se vocês me permitem… - Stella ia dizendo, com um enorme sorriso no rosto, já segurando o braço de Will com a ponta dos dedos, indicando que iria tirá-lo dali a qualquer custo - Posso roubar o senhor Whitehouse do senhor por alguns instantes?!
O mais velho apenas riu e assentiu com a cabeça, fazendo com que Stella sorrisse ainda mais e puxasse Will pela camisa até um canto mais reservado da enorme sala, onde não havia quase ninguém em volta.
- Stella, por Deus, o que você quer— - Will ia dizendo quando foi interrompido pelo joelho de Stella que acertou em cheio o meio das pernas do rapaz, que segurou um grito e apenas soltou um enorme “OUCH!” e uma careta, enquanto olhava para a ruiva em sua frente, que também o encarava, com olhos de fúria.
- Eu pedi uma única coisa pra você, e você não foi capaz de cumprir com ela. Quando é que você vai ser capaz de virar um homem de verdade, William? - Stella perguntava, com firmeza e ao mesmo tempo com a voz um pouco enrolada por conta do álcool. Will a olhava com ódio, enquanto ainda segurava o meio das suas calças.
- Você ainda vai se arrepender de me tratar desse jeito, sua maluca - Will finalmente rebateu, entre dentes. Stella rolou os olhos.
- Um dia, quem sabe. Até lá, espero que você se arrependa de ser como você é, dickhead - Stella ia dizendo, já se afastando - Boa volta pro seu flat solitário e gelado!
Will se escorou na parede e respirou fundo. Assistiu a ruiva desaparecer no meio do restante do público que ainda havia ali, enquanto ainda se recuperava da dor que sentia. Por um instante, encontrou forças para alcançar seu celular que estava em seu bolso e mais uma vez quis checar se Marília não havia respondido nenhuma de suas ligações. Negativo. Nenhuma resposta. Bufou. “FUUUUUUUCK!”, o fotógrafo gritou, jogando o celular longe, enquanto ninguém estava perto para ver a cena patética.
No colorido e meio hostil The Smell, uma banda autoral e meio cover tocava algumas músicas rock e indie rock — com uma qualidade meio duvidosa, o público parecia não se importar muito. Mesmo com o vocalista e os demais membros errando os tempos e letras de algumas músicas, o público parecia se divertir e aproveitar o resto da noite.
Ainda próximos ao bar e num lugar um pouco mais iluminado do clube, Marília e Chester assistiam ao show da banda desconhecida e trocavam risadas entre as músicas.
- Ei, quer tomar mais alguma coisa? - Marília perguntou, apontando para o bar. Chester riu.
- Você parece meio… rápida hoje.
Marília arqueou as sobrancelhas.
- Como assim? Você quer dizer que eu ando bebendo demais?!
- Wow! Não, de forma alguma. Só não me lembro de você bebendo tão rápido assim - Chester respondeu, se defendendo, mas ainda rindo. Marília caiu na risada junto do rapaz.
- Tudo bem, você tem razão. Eu não costumo beber rápido assim, mas hoje é uma exceção! - Marília dizia, abrindo os braços. Chester também abriu os braços e depois fez sinal de joinha, se dirigindo até o bar junto da garota.
Logo do lado de fora do clube, Stella, Mike e Josh, que era colega de trabalho de Stella, acabavam de chegar da exposição no The Reef.
- De quem foi a ideia de tomar 8 taças de espumante? - Josh resmungava enquanto saía do carro, colocando seu boné e coçava os olhos de sono, tirando uma risada de Stella.
- Como aguentar uma exposição fucking boring daquelas sem beber, garoto? Em que mundo você vive? - Stella respondeu, retocando seu batom enquanto olhava no retrovisor do próprio carro - Hey, Mike! Tenho uma aposta pra fazer com você!
Mike virou-se de costas e tombou a cabeça, rolando os olhos, já se preparando para o que a ruiva teria a dizer - O que, redhead? Qual sua ideia genial agora?
- Se a Marília e o Chester estiverem juntos você me paga uma cerveja. Se eles estiverem apenas lado a lado, eu te pago um drink - Stella disse, apenas se dirigindo até a porta do clube, deixando Mike e Josh pra trás.
- Mas… Isso não faz o mínimo sentido - Mike disse, levantando os ombros e olhando para Josh, que apenas passava as mãos pela nuca - Você entendeu alguma coisa?
- Não… Eu nunca entendo muito. Só tento ir atrás mesmo - Josh respondeu um pouco sem emoção, apenas seguindo a amiga.
A banda que tocava no The Smell continuava a tocar alguns hits, e agora, fazia uma tentativa de fazer um cover de Yellowcard.
If I could find you now things would get better
We could leave this town and run forever
Let your waves crash down on me and take me away
Marília e Chester agora tomavam long necks de cerveja. Davam longos goles de cerveja, enquanto balançavam a cabeça e dançavam mesmo que timidamente ao som da música.
If I could find you now things would get better
We could leave this town and run forever
I know somewhere, somehow we'll be together
Let your waves crash down on me and take me away
Marília cantarolava a letra da música baixinho, quase pra si mesma, enquanto se segurava para não se deixar levar e dançar totalmente ao som da música. Algo sobre aquela letra a fazia se lembrar de algum momento específico de sua vida. Quando se deu conta, olhou ao seu lado e seu olhar encontrou com o de Chester, que estava a olhando, com um leve sorriso no rosto.
I remember the look in your eyes
When I told you that this was goodbye
You begged me not tonight, not here, not now
We're looking up at the same night sky
Keep pretending the Sun will not rise
We'll be together for one more night somewhere, somehow
Por um segundo, um flash passou pelos seus olhos. O corredor no Wembley, o momento em que suas mãos tocaram as do rapaz em sua frente e, principalmente, quando disse que aquilo não seria um adeus definitivo. Depois de dezoito anos, estavam ali. Num bar sujo, em outro continente, em outra realidade. Marília desviou o olhar de Chester e pôde enxergar os cabelos ruivos de sua amiga Stella adentrando o local, junto de Mike e Josh. Abriu um sorriso.
- Afinal, quem vai pagar a bebida? - Josh entrou no meio de Stella e Mike, enquanto os três olhavam Marília e Chester trocarem olhares ininterruptos.
Stella respirou fundo. - Ahn, tudo bem, deixa comigo, insuportáveis.
0 notes
Text
Chester observava as fotos em sua frente e sorria fraco, com os olhos tapados pelos óculos escuros. Quando notou que o casal finalmente se deu conta de sua presença ali, forçou mais o sorriso e deu um passo pra trás, virando-se levemente de frente para Marília e Will, que o olhavam, surpresos.
- Achou que eu tinha desaparecido pra sempre, Will? - Chester disse finalmente, com as mãos no bolso da calça, com um tom meio indiferente mas ainda rindo um pouco, como se estivesse fazendo piada com o rapaz em sua frente.
Will riu meio sem jeito e largou a mão de Marília, agora passando ambas as mãos pela cabeça, em sinal de surpresa genuína.
- Eu… Bom, eu esperava todo mundo menos você aqui hoje! Quem poderia me dizer que Chester Bennington teria tempo pra visitar minha exposição?! - Will dizia, entre risos nervosos e um pouco forçados, que faziam Chester rir junto.
Logo há alguns passos atrás de Will, havia uma Marília totalmente paralisada e desacreditada do que estava vendo. Sentia suas mãos geladas e suarem frio, seu peito acelerado e um zumbido no ouvido. A imagem de Chester em sua frente chegava a ser um pouco turva, não sabia se era real ou não. Observava silenciosa a interação entre seu namorado e o cantor, que parecia ser bem natural, apesar de Chester sempre manter a retaguarda. A linguagem corporal do cantor não havia mudado muito depois de todos aqueles anos, pensava ela. Ele era praticamente o mesmo — era simpático, carismático e carinhoso, mas gostava do seu espaço pessoal.
Distraída e ainda prestando atenção na interação dos dois, mal notou quando o assunto tomou o rumo que ela não queria:
- Você já conhece minha namorada, Marília, não? - Will começou, se reaproximando da morena e a abraçando de lado, depositando um beijo no topo de sua cabeça. Marília murmurou algo baixinho e forçou um sorriso amarelo para Chester, que sorriu de volta, com certa ternura. Como se tivesse acabado de vê-la saindo do corredor do Wembley.
- Sim, nos conhecemos - os dois responderam em uníssono. Marília e Chester se entreolharam e sorriram sem mostrar os dentes, enquanto Will apenas pigarreou, ainda abraçando a namorada.
- Nos conhecemos, já faz algum tempo. Diria que uns dezoito anos, mais ou menos? - Chester disse, cruzando os braços e dando um leve sorriso, fazendo Marília corar levemente. Ela mal imaginaria que ele lembraria tanto tempo fazia.
- Erm… Sim. Dezoito anos. Faz um bom tempo, eu diria - Marília respondeu, dando um riso tímido, enquanto colocava uma mecha de seus cabelos atrás da orelha.
- Pois é. É um adolescente já - Chester rebateu, rindo e arrancando uma risada sincera de Marília também, enquanto Will apenas forçava um riso amarelo enquanto observava a interação de ambos.
- Ah! Sim! Como eu poderia esquecer. Dezoito anos daquele show e daquela gravação toda. Realmente, aquele dia foi inesquecível… - Will dizia, sorrindo enquanto olhava em volta e por vezes, para Marília e Chester, com um olhar saudoso - Pelo show incrível, por ter feito parte disso e óbvio - Will olhou imediatamente para Marília, que arregalou os olhos - Por ter conhecido você no meio daquela multidão de fotógrafos.
Will sorriu largo, orgulhoso e como um “vitorioso”, logo estalando um beijo nos lábios da morena, que quase como um ato instantâneo, devolveu o beijo imediatamente, mas sentiu sua mente entrar em confusão. Sentiu os braços do namorado a apertarem num abraço de lado novamente e logo se viu tentando olhar para os olhos escondidos de Chester, que ainda estavam escondidos por trás dos óculos escuros. Era possível notar um sorriso irônico nos seus lábios e uma certa frieza vindo do corpo do rapaz, o que fazia Marília se sentir estranha.
- Hey, William! Acho que já podemos falar sobre essa foto aqui, huh? Essa seria a foto surpresa que você tanto comentou durante a semana? - um rapaz chegou interrompendo, se aproximando ao lado de Will, com certa animação e curiosidade. Will o olhou com confusão.
- Eh… Claro. Mas, de qual se trata? Não me recordo agora, acho - Will respondeu, rindo nervoso, tentando manter a postura, agora já se desfazendo do abraço com Marília, apenas ficando ao lado dela. Marília apenas observava tudo com atenção e por vezes, tentava olhar Chester de canto de olho, que agora andava ao redor, olhando o restante das fotografias.
- Como assim não se recorda?! É a foto da sua musa inspiradora e você não se recorda de colocar isso na sua exposição, William? Ou será que… Ops! Eu estraguei a surpresa do casal? - o rapaz desconhecido disse finalmente, deixando Marília boquiaberta e fazendo com que Will levasse a mão a cabeça mais uma vez e desse uma risada abafada.
- Well shit Scott, era uma surpresa, ou algo do tipo, sim… - Will ia dizendo entre risos, se encaminhando até a fotografia em si, enquanto tinha Marília em seu encalço, que dava passos nervosos e ansiosos - Mas queria ter feito surpresa e todo um discurso antes e, enfim…
- Como você quer deixar passar uma foto tão bonita assim e que ninguém comente até o final do evento?! É quase impossível, não acha? - o rapaz exclamou, abrindo os braços.
- Eu posso saber do que se trata? Afinal, acho que isso é sobre mim - Marília pigarreou, enquanto se colocava no meio dos dois homens e dava de frente com uma fotografia sua, que Will havia tirado há mais ou menos um ano atrás.

A garota olhava desde a ponta de sua cabeça até o final da imagem e sentia certo desconforto, como se fosse uma sensação de timidez e repulsa por estar tendo uma fotografia sua, que anteriormente era pessoal, sendo exposta para tantas pessoas ali presentes. Tinha um copo de bebida em sua mão e simplesmente virou a metade de bebida que havia em sua mão de uma vez. Enquanto encarava seu próprio rosto na fotografia, que parecia sereno e descontraído, capturado num momento de descontração entre ela e o fotógrafo — vulgo seu namorado, sentiu seu rosto arder em ansiedade. Virou-se rapidamente para Will, que a encarava com um olhar preocupado mas ao mesmo tempo, tentava forçar um sorriso e esperava alguma resposta da namorada.
- Eu preciso tomar um ar. Eu já volto - Marília disse finalmente, sorrindo sem mostrar os dentes.
- Espera, Mari, espera - Will disse, segurando o braço da morena, evitando que a mesma saísse do nada do local. Marília encarou a mão de Will segurando o braço da morena e depois voltou a olhar nos olhos do rapaz, que a olhava com os olhos quase brilhando, de nervosismo - Eu não fiz isso pra te incomodar ou pra te causar nenhum tipo de…
- Gatilho? Ansiedade? Ou você só pensou na sua vaidade e em mostrar como suas fotos são tão boas? - Marília disse quase vomitando as palavras.
- Eu nunca quis dizer isso e nunca sequer pensei isso, Marília - Will dizia, com a voz meio trêmula - Eu só queria compartilhar com as pessoas uma memória importante que eu tenho sua comigo…
Marília ouvia Will falar e fechava os olhos, enquanto passava as mãos pelos cabelos, respirando fundo. Olhava em volta e procurava por algum rosto amigo, principalmente por Stella, mas pra sua infelicidade, não a encontrava.
- Eu preciso sair daqui por alguns minutos, William, por favor. Me dá um tempo - Marília disse, firme, olhando fundo nos olhos do rapaz, que apenas suspirou e não disse mais nada, apenas assistiu a namorada sair de perto.
Do lado de fora do Magic Box, havia uma área externa grande, onde haviam algumas mesas e um espaço grande que servia de fumódromo e espaço de lazer, junto de um bar e lounge, onde haviam algumas pessoas por ali, bebendo e jogando conversa fora. Marília dava passos largos, passava no meio das pessoas e mal olhava por quem passava. Só queria chegar em algum lugar onde pudesse respirar e parar em algum canto onde ninguém fosse a incomodar por alguns minutos. Quando avistou o bar no fundo do local, resolveu passar pelo mesmo e pegar um drink; sua pedida foi um Cosmopolitan, que não demorou muito a ficar pronto. Logo depois, encontrou um espaço próximo a algumas cadeiras e puffs onde haviam algumas pessoas sentadas, conversando e fumando, mas resolveu ficar apenas em pé, observando a paisagem que tinha da cidade. Fechou os olhos por alguns segundos e depois deu um gole em sua bebida, tentando se acalmar e pensar que o acontecido de mais cedo era apenas algo bobo e nada para se estressar ou ter ansiedade sobre, apesar de Will saber que Marília detestava ter suas fotos expostas em exposições, portfólios ou revistas. Não entendia porque o rapaz havia feito aquilo.
No mesmo espaço onde Marília estava, também havia um DJ tocando, que variava entre músicas 90-2000-2010-2020. Algumas pessoas próximas da garota dançavam ao ritmo da música que tocava no momento:
I'm lyin' here on the floor where you left me
I think I took too much
I'm crying here, what have you done?
I thought it would be fun
Logo ao fundo, Marília pôde ouvir uma voz conhecida dizer:
- Eu ADORO quando o DJ simplesmente tá afim de destruir a nossa noite com essas playlists! - era a voz de Stella, que já soava um pouco enrolada e mais alta do que o normal. Quando Marília conseguiu avistar a amiga de longe, notou que tinha alguns outros amigos em volta e um deles era Mike Shinoda, que gargalhava com alguma outra coisa que a ruiva reclamava. Marília soltou um riso sincero para si mesma assim que viu a cena e voltou a aproveitar o mesmo consigo mesma, dando mais um gole em seu drink.
I can't stay on your life support
There's a shortage in the switch
I can't stay on your morphine
'Cause it's making me itch
(…)
And I swear you're just like a pill
'Stead of makin' me better
You keep makin' me ill
You keep makin' me ill
A morena balançava a cabeça ao som da música, que de fato, não era a mais animada da noite, mas trazia uma certa nostalgia que não sentia há algum tempo, e cantarolava baixinho para si mesma algumas estrofes da música, enquanto seguia olhando para o horizonte e dava pequenos goles em sua bebida. Ainda martelava em sua cabeça a situação de mais cedo, por mais que tentasse esquecer, mas seguia se sentindo estressada pelo ocorrido.
Olhou em volta, deu um longo gole em seu Cosmopolitan e levou a mão até sua bolsa, alcançando seu celular. Assim que a tela do mesmo se acendeu, pôde ver que haviam pelo menos 10 ligações perdidas de Will e mais 15 de Stella. Bufou baixinho. Já ia desbloqueando seu celular para responder o namorado e a amiga, mas do absoluto nada, um sentimento de urgência a fez guardar o celular de volta na bolsa e apenas seguiu o comando de sua mente de ir correndo até o estacionamento até seu carro.
Correu até o mesmo e com certa urgência, pegou na bolsa as chaves do carro e abriu a porta, entrando rapidamente. Assim que percebeu o silêncio característico do carro e que percebeu que estava “longe” de toda aquela gente da exposição, fechou os olhos e sentiu seus olhos marejarem. Abriu os olhos e sentiu uma lágrima insistente rolar sobre seu rosto enquanto dava start em seu carro, não sem antes enviar uma mensagem para sua amiga, Stella:
“Vou pro The Smell. No more questions, só esteja lá x” -M
Marília enviou a mensagem e seguiu com o carro para a downtown de Los Angeles, onde ficava o The Smell. Uma espécie de balada indie, um clima meio caótico e bagunçado e com nenhum glamour — totalmente diferente do lugar onde Marília estava antes. No caminho, Marília tinha o rádio ligado, onde algumas músicas tocavam. Quando já estava quase chegando ao local, a música Feeling This do Blink-182 começou e no lugar das lágrimas que caiam sobre o rosto da morena, um leve sorriso surgiu. A garota começou a batucar o volante do carro no ritmo da música enquanto procurava um lugar para estacionar o carro e enquanto isso, também se deixava levar pela atmosfera da música.
Quando finalmente chegou ao local, passou pela revista dos seguranças da porta e finalmente entrou no bar/balada. O ambiente era um pouco hostil, mas tinha uma aura de bagunça que por algum motivo, Marília gostava de sentir de vez em quando. A fumaça do gelo seco que a banda que tocava havia acabado de soltar pelo ambiente ainda voava pelo ar, e as pessoas estavam espalhadas pelo local ou simplesmente andando de um lado pro outro, procurando o melhor lugar pra ficar. Marília olhou rapidamente em volta e seguiu diretamente em direção ao bar:
- HEY! - Marilia gritava para a garota do outro lado do bar, que logo ouviu a morena chamar por ela - Eu vou querer um Jaggerbomb, por favor!
- Dois, por favor - uma voz masculina conhecida disse, por trás de Marília, que congelou por alguns segundos, antes de olhar pra trás e ver de quem se tratava. Marília virou-se totalmente e deu de cara com Chester, que esperava “na fila” logo atrás de Marília. A morena logo trancou olhares com o rapaz, que fez o mesmo, e sorriu, genuinamente.
(n/a: a música tocando ao fundo nessa última parte é Smile Like You Mean It porque quando escrevi essa parte tava tocando ela)
0 notes
Text
Marília sorria genuinamente para um homem que a dizia como as fotografias de seu namorado, William, eram de bom gosto e transmitiam emoção. “Obrigada, você devia dizer isso pessoalmente pra ele! Ele está bem ali, inclusive”, dizia a morena, acenando com a cabeça em direção a Will, que a esperava um pouco mais adiante.
Marília olhou mais uma vez em direção à Will e pôde ver sua melhor amiga, Stella, logo ao lado. Sorriu genuinamente e sentiu-se aliviada em saber que a amiga não havia desistido de comparecer ao evento.
- Hey, que maravilhoso dar de cara com vocês dois tão rápido assim! - Marília disse, se aproximando de Will e Stella. Will sorriu para a garota e depositou um beijo nos lábios da morena, enquanto Stella apenas observava o casal.
- Você está linda, babe! Valeu a pena ter demorado tanto tempo pra chegar - disse Will, fitando Marília da cabeça aos pés. Marília balançou a cabeça e mordeu os lábios, enquanto Stella apenas rolou os olhos.
- Não acho que demorei. Foi o tempo perfeito. Acho que cheguei em boa hora. Acabei de falar com alguns admiradores seus, inclusive.
- Uau, sério? - Will perguntou, sorrindo charmoso.
- Nossa, William Whitehouse realmente cativando as pessoas em todos os cantos do país! - Stella disse de repente, recebendo um olhar de reprovação de Marília, enquanto Will apenas riu baixo e ignorava o comentário da ruiva - Mas, convenhamos… os admiradores são tantos que até velhos amigos seus apareceram pra te prestigiar, não, Will? - Stella provocou, dando um gole no resto de espumante que ainda restava em sua taça. Will olhou de canto para a ruiva, com olhar de fúria, enquanto Marília os observava com certa confusão.
- Hm… Posso saber do que se trata? - Marília perguntou, séria, enquanto encarava Stella e Will.
- Não é nada demais, amor - Will respondeu rápido, se aproximando mais de Marília e entrelaçando sua mão com a da morena, que estranhou o movimento do rapaz, mas apenas aceitou a aproximação repentina do namorado - Por que não vamos dar uma volta e dar um oi para algumas pessoas? Tem algumas pessoas aqui que quero te apresentar, vai ser interessante! - Will dizia, forçando um sorriso e apertando as mãos da garota, que o encarava olhando nos olhos, com olhar de questionamento.
- Ahn… Bem, claro - Marília olhava bem nos olhos de Will, as vezes olhando em volta, mas logo voltando aos olhos do namorado - Vai ser interessante, sim. Nós já voltamos, amiga. Te encontramos por aí!
Stella forçou um sorriso e assentiu com a cabeça para o casal, que saiu andando pelo salão, cumprimentando algumas pessoas ali presentes. A ruiva observava o casal de longe, enquanto cutucava um garçom e pegava mais uma taça de espumante. Deu um gole no mesmo e sussurrou pra si mesma: “É melhor que você não pise na bola hoje, William”.
- Falando sozinha, Stella? - uma voz masculina surgiu ao seu lado, fazendo com que a ruiva quase engasgasse.
- Por Deus, Shinoda… Você quer que eu me afogue numa taça de espumante ou o quê?! - a ruiva dizia, fingindo total indignação.
- Tudo bem, vamos fingir que você não me viu entrando no salão agora a pouco e deu um sorriso do tamanho do mundo, huh? - Mike cutucou, fazendo com que Stella virasse os olhos e cruzasse os braços.
- Você tem muita auto estima, não acha? Isso não muda nada com o tempo? - Stella rebateu, arrancando uma risada sincera de Mike.
- Uau. Sempre com uma resposta na ponta da língua. Até que eu senti falta disso, sabia?
- No fucking way. - Stella respondeu, agora já com um pequeno sorriso nos lábios, olhando o rapaz ao seu lado de canto de olho. Deu uma longa pausa antes de continuar, respirando fundo - Não vou negar, não esperava você aqui.
- Erm… Nem eu - o rapaz respondeu, forçando um riso enquanto ambos olhavam a movimentação do salão - Mas recebemos um convite de uma das revistas e resolvemos dar uma olhada. E não é como se não tivéssemos dado de cara com algumas fotos nossas logo no início, afinal, o Will está com o trabalho dele exposto aqui também - Mike deu uma risada forçada - Apesar de não nos falarmos há algum tempo, ele fez uns trabalhos muito bons pra gente.
- Você tá falando no plural, Mike. Cadê a outra pessoa?! - Stella perguntou, com uma expressão curiosa, enquanto olhava em volta como se estivesse procurando alguém.
- Ahn… - Mike também passou a olhar em volta, procurando por alguém naquela confusão de gente - Droga. Bom, o Chester deve estar por aí, em algum lugar… Só espero que não preso com algum empresário ou dono de revista ou gravadora que possa sugar a energia dele. Nem algum fotógrafo mala tentando fazer um bico.
- Ouch - Stella deu um longo gole em seu espumante, fazendo careta em seguida.
Um pouco mais adiante, um grupo de fotógrafos e filmmakers conversava com Marília e Will, que os ouviam atentamente. O casal seguia de mãos dadas e eram sorrisos pra todos os lados.
- William me disse que você também é fotógrafa, é verdade? - um homem perguntava à Marília, que assentia com a cabeça.
- Sim, também. Mas hoje em dia estou mais focada em ser redatora da revista, mas ainda faço meus trabalhos de fotografia, sim! Até mesmo pra própria revista que eu trabalho - Marília respondeu, com um sorriso no rosto.
- O Greg é só elogios sobre você, Marília. Já ouvi falar sobre você antes e também pude ler algumas das suas entrevistas, ele realmente sabe o que fala! - uma mulher na mesma roda comentou, fazendo com que Marília sorrisse ainda mais e sentisse suas bochechas corarem um pouco.
- Realmente, devo concordar com vocês. Minha namorada é muito talentosa. Acho que fazemos um belo casal! - Will disse orgulhoso, abraçando a morena de lado e depositando um beijo no topo de sua cabeça, fazendo a garota sorrir e todos na roda concordarem com as palavras do mesmo.
Logo ao lado do grupo, do lado oposto, duas fotos que Will havia tirado estavam expostas e tomavam um bom espaço. As duas chamavam atenção pois faziam parte da coleção que Will chamava de “sua fase musical”.


- Você mandou muito bem nessas aqui, Will - uma voz conhecida mas um pouco distante disse, chamando atenção de todos ali presentes na roda, principalmente Marília e o próprio Will, que imediatamente tratou de dar um passo para o lado e certificar-se quem estava falando. Marília seguiu o namorado, também curiosa.
Quando os dois finalmente conseguiram avistar o rapaz vestido todo de preto e óculos escuros, ambos se surpreenderam. Talvez um mais do que o outro.
- Chester, dude!? - Will disse, forçando um riso.
- C-Chester…? - Marília tentava dizer, com a voz trêmula e o rosto queimando em surpresa.
0 notes
Text
O telefone tocou duas vezes e logo foi possível ouvir um bocejo do outro lado da linha. Marília não conseguiu conter o riso.
- Stella… - Marília começou, com um tom divertido - Bom dia, florzinha!
- Ahh… Ugh, bom dia, docinho - a ruiva do outro lado da linha respondeu, resmungando, com a voz preguiçosa e tentando segurar mais um bocejo - O que devo a honra da sua ligação à essa hora?!
Marília riu mais uma vez, mas dessa vez soltou uma gargalhada sincera - Não me diga que você esqueceu completamente do compromisso que temos mais tarde hoje?!? - Marília dizia com tom de surpresa, mas ainda um pouco risonha.
Stella ficou em silêncio por alguns segundos; era quase possível ouvir a ruiva tentando se lembrar do que Marília se tratava. Quando se deu conta finalmente, soltou um grande e longo “FUCK!”, com gosto.
- Você tá falando da exposição das revistas e dos fotógrafos e filmmakers no The Reef, não é? - Stella perguntava, com uma voz meio desanimada.
- É exatamente sobre isso, docinho - Marília respondeu, forçando um sorriso enquanto ouvia a melhor amiga bufar no outro lado da linha - Sério que você esqueceu?
- Ahn… Não é bem isso… Você sabe que acabei de voltar da Inglaterra, fui cobrir o Glastonbury de última hora. DE NOVO - Stella dizia, com certa irritação na voz - Me colocaram nessa viagem do nada porque o Josh teve um imprevisto familiar e não pôde ir, então a doida aqui teve que abaixar a cabeça e ir. Imagina o jet lag que eu estou - a ruiva reclamava sem parar, enquanto Marília apenas ouvia as lamentações da amiga, enquanto estava de cara com seu closet e observava suas roupas e tentava decidir qual look iria usar para o evento de mais tarde.
- Uhm. Eu sei, sinto muito, amiga - Marília disse, sem muita emoção, mas fazendo bico do outro lado da linha - Mas nada que alguns drinks e colocar um look bem bonito não cure esse jet lag. E também, vamos finalmente nos ver depois de semanas! - exclamou a morena, animada. Stella riu.
- É… Tem razão, eu acho - Stella dizia, tentando se convencer e tentando chegar no nível de animação de Marília - E ver algumas obras do William Whitehouse também, huh?
Marília engasgou ao ouvir aquelas palavras. Não estava se lembrando muito de que algumas fotos e vídeos de seu namorado estariam expostos naquele evento — preferia não pensar muito, pois aquilo trazia ansiedade. Não sabia dizer exatamente o porquê.
- Aha, é, sim! Claro! - Marília respondeu, limpando a garganta e tentando retomar o ar - Acho que vai ser importante estar lá pelo Will também - deu um riso sem graça. Stella suspirou.
- Claro, ainda mais eu… sendo a maior fã dele - Stella disse de pronto, sem emoção, deixando Marília sem graça e engolindo em seco.
Quando a morena já pensava em responder, o barulho da campainha de seu apartamento tocou, fazendo a mesma tomar um susto.
- Ah Deus, falando nele, ele deve ter voltado da agência agora. Preciso ir atender - Marília ia dizendo, enquanto fechava a porta do seu closet e se encaminhava até a sala.
- Tudo bem, docinho. Melhor ir atender logo o seu digníssimo antes que ele se incomode com a demora - Stella respondeu - Vejo vocês dois mais tarde - a ruiva dizia, tentando segurar outro bocejo - Eu aaacho.
Marília rolou os olhos e finalizou a ligação, jogando o celular na cama e correndo até a porta da sala, assim abrindo a mesma. Tinha um sorriso no rosto, esperando dar de cara com seu namorado, mas foi surpreendida por dar de cara com o síndico do prédio, que segurava algumas correspondências. O sorriso no rosto de Marília logo desapareceu.
- Ah… Oi, senhor Jones - Marília disse para o homem parado em sua porta, forçando um sorriso - Posso ajudar?
- Nada demais, senhorita. Apenas algumas correspondências pra você e pro senhor Will - o mais velho disse, entregando alguns envelopes para a garota - É isso. Tenha um ótimo final de dia.
O homem entregou os envelopes e logo se retirou, sem muita cerimônia. Marília pegou as correspondências e ficou observando o homem sumir pelo corredor, enquanto dizia “pra você também” em voz baixa. Fechou a porta do apartamento, enquanto jogava os envelopes em cima da mesa da sala, sem checar os mesmos. Logo foi checar seu celular, que havia deixado em cima de sua cama e era possível ver uma notificação de Will, que havia enviado uma mensagem há poucos minutos atrás. A morena encarou a notificação e suspirou fundo.
“Babe, não vou poder te encontrar em casa. Me encontre direto na exposição, ok? Até logo x” -W
“Claro que não vai conseguir me encontrar. Como sempre”, Marília pensou em voz alta, encarando a mensagem. Fechou os olhos por alguns segundos e levou as mãos até a cabeça, respirando pesado e com o coração acelerado. Uma certa irritação havia surgido repentinamente, e a garota tentava descobrir de onde surgia aquilo.
Passou alguns minutos sentada na mesa de canto que tinha no seu quarto, folheando uma revista aleatoria que havia ali. Era a última edição que a mesma havia ajudado a editar, da Rolling Stone. Na capa, quem estampava a edição era a banda Blink-182 e na edição, Marília havia feito uma entrevista exclusiva com a banda sobre a nova turnê que os mesmos estavam prestes a começar pela América do Norte e Europa. Seu chefe, Greg, havia rasgado elogios para a garota, dizendo que aquele havia sido um dos seus melhores trabalhos desde a entrevista exclusiva que havia feito com o Linkin Park, em 2007. Enquanto folheava a revista, a memória de anos atrás voltou a sua mente; quando menos se deu conta, um sorriso brotou no canto dos seus lábios, enquanto se lembrava da entrevista que havia feito com a banda de Agoura Hills. Ficou alguns segundos olhando para o nada, apenas lembrando sobre o passado, mas logo chacoalhou a cabeça e tratou de voltar à realidade — e ao presente também.
Levantou-se rapidamente da cadeira e foi em direção ao banho, onde passou um bom tempo. Depois de terminar suas higienes pessoais, foi logo até seu closet, onde já ia em busca do look que tinha em mente para aquela noite, enquanto deixava uma máscara para sua pele descansar em seu rosto e tomava um suco detox. Optou por um look all black e casual, uma blusa de gola meio alta e calça de alfaiataria, combinando com sapatos também pretos. Usava os cabelos soltos e uma maquiagem mais leve, que ressaltava a elegância da sua roupa.
Fez um check list mental do que estava levando em sua bolsa, olhou em volta e estava pronta. Assim que ia se dirigindo até a porta, enviou uma mensagem para sua amiga, Stella:
“Estou a caminho, te vejo daqui a pouco. Beijinhos, vê se não fura :) x” -M
Há alguns quilômetros dali se encontrava o The Reef, um espaço onde eram realizados frequentemente exposições para eventos de design, moda, tecnologia e arte em geral. Dentro do mesmo local havia o Magic Box, um espaço um pouco mais moderno e flexível; local onde os organizadores do evento haviam escolhido para realizar a exposição.
- Uau, que incrível ver todas as suas capas e seus ensaios juntos numa exposição assim, Will! - dizia uma garota, se aproximando de William, que observava uma de suas fotografias expostas. O rapaz riu, charmoso.
- Aha, imagina! Não é nada demais! São apenas meus humildes trabalhos - Will respondeu, dando um sorriso para a garota, que sorria de volta.
- Você sabe que conheço seu trabalho há algum tempo… Já trabalhos juntos, não é como se eu não soubesse do seu talento, William - a garota insistiu, enquanto cruzava os braços e encarava o rapaz, que tinha um sorriso de canto. Will assentiu com a cabeça e abriu os braços.
- Tudo bem, você venceu! Você tem um ponto. Realmente conhece meu trabalho, não é de hoje, Cindy… - Will respondeu divertido, fazendo ambos rirem.
- Uhm… Oh, desculpem, mas… Vocês sabem onde é o toilet? - uma voz conhecida surgiu no meio dos dois, de repente. A garota com quem Will conversava olhou de canto para a mulher que questionava, com certo desconforto.
- Talvez o segurança possa te ajudar? - Cindy respondeu, entortando o nariz enquanto Will se virava para trás e finalmente pôde ver quem era a dona da voz conhecida. O rapaz suspirou e riu baixo.
- Eu posso te ajudar, sem problemas! - Will respondeu, logo se virando para a garota que havia surgido no meio da conversa entre ele e a modelo, deixando a modelo de cara amarrada - Depois nos falamos, Cindy.
- Você não me dá um tempo, huh? - Will perguntava, enquanto caminhava pelo salão ao lado de Stella, que segurava o riso e balançava a taça de espumante na mão - Já imagino que você vai tornar isso mais um dos seus teatros quando a Marília chegar…
- Teatros? Eu? Ou será que você mesmo causa os seus próprios teatros e não consegue bancar os mesmos depois? - Stella questionou o rapaz, que sentiu seu rosto arder em nervosismo enquanto encarava a ruiva, que ainda tinha um sorriso sapeca no rosto - Mas não, não vou comentar absolutamente nada com a Marília. Se algo tiver de acontecer, você mesmo vai fazer a sua… Cagada.
Will respirou fundo, olhando em volta. Notou que alguns convidados observavam os dois conversando no meio do salão e logo forçou um sorriso.
- Eu já disse pra você e já disse pra ela mesma - Will começou, enquanto apertava os punhos - Eu não vou mais dar motivos pra gente discutir ou pra ela se magoar. Ela não merece isso.
- OH MY GOSH, UAU! Que bom que você notou isso, meu querido - Stella exclamou, batendo palminhas em sinal de ironia, fazendo com que Will ficasse com o rosto quase vermelho - Esse é o mínimo que esperamos de você, Will Whitehouse. Agora é melhor você respirar fundo, voltar à sua postura pois sua namorada acabou de chegar.
Stella acenou com a cabeça e Will logo virou-se de costas, assim avistando Marília chegando no local. A morena tinha um sorriso no rosto, cumprimentava algum dos convidados que ela já conhecia, e parecia relaxada, mesmo depois do momento de frustração de mais cedo. Não demorou muito e logo os dois trocaram olhares, de longe. Will sorriu para Marília, e a morena retribuiu, também acenando.
- Espera um minuto… - Will começou, arqueando as sobrancelhas e tentando não se atropelar nas palavras - Aqueles ali atrás são quem eu estou pensando?
Stella deu um passo a frente, assim ficando logo ao lado de Will, enquanto apertava os olhos tentando enxergar de longe e entender do que Will se tratava. Quando se deu conta, a ruiva não conseguiu conter o sorriso.
- Hm… Aparentemente, sim - Stella respondeu finalmente, com um enorme sorriso divertido no rosto.
0 notes
Text
Los Angeles, janeiro de 2025.
- Ugh, já vou indo! Só um minuto! - Marília terminava de enrolar uma toalha nos cabelos úmidos e corria para atender a porta de seu apartamento, vestindo apenas uma camiseta larga preta do Red Hot Chilli Peppers e um shorts por baixo. Assim que abriu a porta, deu de cara com seu namorado, Will.
- Achei que iria demorar mais uns 30 minutos pra me atender - disse o rapaz, sem emoção, apenas entrando no apartamento. Marília rolou os olhos.
- Você disse que chegaria só daqui uma hora, William - Marília rebateu, trancando a porta e indo em direção ao rapaz, que deixava algumas coisas em cima da mesa de centro na sala, como alguns equipamentos de fotografia e algumas fotografias - Então aproveitei e fui pro banho. Acordei com uma dor de cabeça irritante hoje - a morena dizia, passando a mão pela cabeça e torcendo o nariz.
- Se você procurasse dormir melhor e passar menos tempo trabalhando durante horários aleatórios, talvez melhorasse disso - Will respondeu, olhando de canto para a garota, enquanto organizava suas coisas - Não espere melhorar de uma dor de cabeça constante trabalhando tanto desse jeito.
Marília bufou. - Achava que você melhor do que ninguém iria entender que agora eu, como uma das editoras chefes da revista, não tenho o luxo de escolher muito meus horários de trabalho. O Greg não é um dos chefes mais leves, você sabe disso.
- Ao contrário, docinho, você deveria fazer seus horários. Você está permitindo seu chefe montar em você e te encher de coisas desnecessárias. Já conversamos sobre isso, esqueceu? - Will rebateu, agora totalmente voltado para Marília, que cruzava os braços e balançava a cabeça em negação - Você não é só mais uma redatora ou algo do tipo, as coisas mudaram muito e você precisa impor alguns limites.
- Tudo bem, Will, talvez você esteja certo - Marília respondeu um pouco sem paciência, sentando-se na mesa de frente para Will e suas coisas, enquanto desenrolava a toalha que estava em seu cabelo, assim deixando o mesmo solto e a mostra - Mas eu vou saber o momento certo de fazer isso, tudo bem?
Will rolou os olhos e suspirou. Marília fez o mesmo, enquanto alisava a toalha em seus cabelos.
- Só espero que esteja bem pra festa de hoje à noite. Vai ser importante pra nós estarmos presentes, principalmente pra mim - o rapaz dizia, sentando-se na cadeira em frente a garota, com os cotovelos apoiados no pequeno espaço que havia na mesa - Os melhores fotógrafos e videomakers da área vão estar por lá e alguns trabalhos vão ser expostos.
- Sim, fiquei sabendo - Marília disse com um pequeno sorriso no rosto, fitando o rapaz, que olhava para o nada - E imagino que o seu trabalho vai estar lá, não? Afinal, todo o seu trabalho para a Vogue nos últimos anos não deve ter sido em vão.
O rapaz pigarreou e deu um sorriso de canto.
- Espero que sim. Seria uma das primeiras vezes em que meu trabalho fosse reconhecido dessa forma - Will dizia, com uma mão na cabeça, pensativo - Não lembro desse tipo de reconhecimento nem quando trabalhei com a indústria da música anos atrás…
Marília engoliu em seco.
- Mas seu nome está pra sempre marcado em um dos maiores shows e DVDs da história de uma das maiores bandas do mundo, Will - a garota dizia, com certo entusiasmo na voz, ao lembrar do trabalho que o rapaz havia feito anos atrás. Will riu baixo, com um tom meio irônico.
- É. Isso é o que você pensa… - Will dizia, cruzando as pernas e agora encarando o próprio pé, ainda pensativo - Pelo menos, por esse trabalho foi que nos conhecemos.
Marília sorriu fraco, reparando na expressão pensativa do rapaz em sua frente.
Por alguns segundos, Marília se encontrou em um sentimento de nostalgia, onde viu um filme de sua vida passar pelos seus olhos. Lembrou de toda a sua jornada de anos atrás passar pela sua mente e tudo o que havia vivido até aquele exato momento.
Já não pensava mais sobre eles há algum tempo. Não tinha mais notícias, a não ser o que via na mídia. O número de telefone que ela havia guardado há anos atrás nunca mais retornou, e a garota nunca havia tentado ligar ou enviar alguma mensagem desde então. De longe, acompanhava a jornada do Linkin Park se desenrolar da mesma forma, ou talvez de uma forma um pouco mais conturbada de vez em quando. Podia notar que a mídia ainda pegava no pé daqueles rapazes e fazia um grande caso sobre as constantes mudanças sonoras da banda e até mesmo abordagens sobre a vida pessoal de alguns membros da banda. Era algo que incomodava, de fato; por isso, preferia evitar um contato mais próximo, mesmo que de vez em quando, sua vontade fosse apenas de dizer um “olá” e saber se estava realmente tudo bem.
Seria mentira de Marília dizer que ela havia superado a separação abrupta que teve da banda anos atrás; sem poder se explicar direito, sem poder dizer adeus de uma forma decente. O abraço no corredor do Wembley, a conversa que havia tido momentos antes no camarim. Tudo interrompido pelo seu ainda chefe, que interrompeu sua “aventura” para lhe envolver em um outro trabalho urgente na época.
O que havia restado daquela interação toda foi literalmente seu relacionamento com William, mais conhecido como Will. Pouco tempo depois da sua temporada em Londres naquela época, o rapaz a encontrou de volta na América e os dois formaram uma amizade, primeiramente baseada em trabalho; depois de algum tempo, sentimentos confusos foram se criando e depois de várias noites acordados conversando e tentando se entender, chegaram a conclusão que gostavam um do outro. Ou pelo menos tinham chegado muito próximo disso.
- Já faz tanto tempo que eu nem me lembro muito bem sobre aquela época, sabia? - Marília respondeu de repente, levantando-se da cadeira, se dirigindo a cozinha logo ao lado da sala - O tempo passou tão rápido e vivi tanta coisa que parece que faz uma vida que tudo aquilo aconteceu.
Will riu baixo, também se levantando e indo até a direção da garota - Não esperava ouvir isso de você. Você parecia ser a pessoa mais interessada e apaixonada naquela banda - o rapaz dizia, já ao lado de Marília, enchendo um copo de café - Lembro até hoje do dia em que você foi embora…
Will ia dizendo mas foi logo interrompido por Marília, que tentava desconversar a qualquer custo - Ei, isso é bobagem! - Marília atropelou as palavras de Will entre risos nervosos e enquanto levava uma de suas mãos até o peito do rapaz, que arqueou as sobrancelhas - Aquilo não foi nada demais - Marília disse forçando um sorriso, enquanto pigarreava. Will a encarava olhando nos olhos, segurando um riso.
- Erm… Entendi. Na verdade, nunca entendi muito bem, mas, se você diz… - o rapaz disse, dando um gole no seu café, ainda olhando Marília no fundo dos olhos, que mantinha o sorriso no rosto - Deixa pra lá mesmo.
Os dois se entreolharam por alguns segundos, com um clima um pouco confuso no ar, mas logo foram salvos pelo som do celular de Will, que tocou. O rapaz não pensou duas vezes e atendeu a ligação.
- Ah, que ótimo. Preciso ir até a agência de novo pegar mais um material que deixei por lá. Você se importa? - perguntou o rapaz, já dando um longo gole em seu café e depositando um beijo na testa de Marília, que apenas assentiu com a cabeça - Prometo voltar logo dessa vez. Até daqui a pouco, docinho.
O rapaz saiu do apartamento como um raio, deixando a porta meio entreaberta, enquanto Marília apenas assistia o mesmo sair. Ficou olhando o movimento do mesmo enquanto se escorava na pia da cozinha, com os braços cruzados, pensativa. Foi se dirigindo até a porta para trancar a mesma e bufou, baixinho. “Quantas vezes preciso repetir pra você não me chamar de docinho, William?”, pensou ela mesma em voz alta, enquanto girava a chave na porta. Apoiou a cabeça na parede ao lado da porta e ficou encarando a mesa de centro com a bagunça que Will havia deixado por ali, deixando se perder em pensamentos e quase se deixando tomar por um sentimento ruim e desconfiado. Respirou fundo e passou a mão pelo rosto, tentando se desfazer dos pensamentos que tomavam sua mente.
Foi até a cozinha e também resolveu pegar uma caneca de café, enquanto deslisava seu celular, olhando as mensagens no aplicativo de mensagens. Não demorou muito até achar o nome de sua melhor amiga, Stella, no histórico de mensagens. Não pensou duas vezes e resolveu ligar para a ruiva, nem se fosse pra falar sobre que roupa as duas iriam usar no evento de mais tarde.
0 notes
Text
- Será que você poderia ao menos me dar uma ideia de onde a gente tá indo?! - Marília perguntou, apertando o passo tentando acompanhar Emily, que caminhava pelos corredores do interior do estádio como um raio.
Emily olhou de canto para a morena e sorriu - Eu disse pra você confiar em mim, não disse?
Marília arqueou as sobrancelhas e balançou a cabeça em negação, mas continuou seguindo a loira.
Depois de passarem por diversas portas e corredores, finalmente chegaram onde Emily tanto queria. Marília parou bem em frente à porta e se viu mais uma vez em frente ao camarim da banda, onde esteve mais cedo. A porta seguia com um papel escrito “Linkin Park - dressing room” como anteriormente, apontando com clareza que aquela sala era o camarim da banda. Quando notou que era ali que Emily queria a trazer, teve uma crise de riso. De nervoso, provavelmente.
- Espera… Você me trouxe no camarim da banda? - Marília perguntou entre risos, assim fazendo com que a loira em sua frente virasse em sua direção antes de bater na porta, olhando para Marília com um olhar sem muita emoção, como se aquilo fosse a coisa mais normal a acontecer - Eu não sei se você pode simplesmente me trazer aqui assim…
- Ei, eu te fiz uma pergunta antes. Você disse que confiava em mim, não disse? - Emily interrompeu Marília, a olhando fixamente nos olhos, fazendo com que a morena sentisse seu corpo congelar por alguns segundos enquanto também encarava os olhos azuis da loira - Então…
Emily deu de ombros e sorriu para Marília, que apenas engoliu em seco e pensou para si mesma “Eu tinha esquecido como ela era maluca…”, enquanto assistia Emily bater na porta. Por alguns segundos, Marília simplesmente cruzou os braços e já esperava que a porta não fosse se abrir; mas foi logo surpreendida com Mike, que abriu a porta como se já estivesse à espera das duas garotas. O rapaz abriu a porta naturalmente e tinha um enorme sorriso no rosto. Já não vestia mais a camisa xadrez que havia usado no show há pouco, usava uma camiseta preta lisa de manga longa e tinha os cabelos meio bagunçados como de quem havia acabado de sair do chuveiro.
- Você veio! - Mike exclamou ao ver Emily, que sorriu ao ver o amigo - E você também. Devo dizer que é uma ótima surpresa ver vocês duas - Mike dizia bem solícito e com uma alegria notável na voz, abrindo mais a porta e dando espaço para as duas entrarem.
- Claro que viemos. Eu te disse que iríamos aparecer, você precisa acreditar mais em mim, huh? - Emily dizia, já entrando na sala, enquanto Marília simplesmente a seguia, com um olhar desconfiado mas um sorriso um pouco forçado no rosto - E acho que você podia tranquilizar a Marília em dizer que ela já era convidada antes.
Marília arregalou os olhos e virou-se para Mike, que segurou o riso ao ver tamanha surpresa da morena - Eu… Bom, eu estou muito tranquila, obrigada - Marília respondeu de pronto, forçando mais um sorriso e tentando soar firme nas palavras - Só não esperava que fosse convidada para… Erm…
- Nossa confraternização pós show? - Mike perguntou à morena enquanto fechava a porta - Ei, não é como se nós não nos conhecêssemos já há algum tempo…
- Na verdade, não faz tanto tempo assim, eu acho… - Marília insistia, ainda olhando em volta e agora cruzando os braços novamente, como quem estivesse na defensiva. Assim que olhou em volta pôde notar que na sala haviam apenas Mike e mais um rapaz de costas, que arrumava suas coisas em uma mala preta. A morena forçou os olhos e reparou mais detalhadamente no rapaz, ainda de costas, e sentiu que o conhecia de algum lugar.
- Eu acho que faz tempo o suficiente pra você estar com a gente - Emily disse, estendendo uma long neck de cerveja para Marília, que apenas observou o movimento da loira e riu baixo, agora levantando os braços em forma de quem havia desistido de argumentar.
- Ei, Will… Talvez você devesse conhecer nossa amiga - Mike ia dizendo, se aproximando do rapaz, que agora se virava e ficava logo de frente à Marília e Emily. Marília arregalou os olhos quando finalmente percebeu quem era o rapaz.
O rapaz alto, meio pálido e de cabelos meio enrolados sorriu genuinamente ao ver Marília novamente - Hey! Você por aqui.
Marília sorriu de volta para Will, que tinha um pequeno sorriso nos lábios enquanto encarava a morena, que tentava esconder a surpresa ao rever o rapaz de mais cedo.
- Ahn, pois é - Marília respondeu forçando um riso - Ah, aliás… - a morena ia logo abrindo sua bolsa em busca da bateria que Will havia a emprestado mais cedo - Não pense que eu esqueci da sua ajuda. Aliás, você me salvou um bocado.
- Como assim vocês já se conheciam?! - Emily perguntou, observando os dois e fazendo uma cara divertida - Então o mundo dos fotógrafos e jornalistas é realmente tão pequeno assim?
Marília e Will riram. - Hm… Aparentemente, sim - Will respondeu de pronto, dando um sorriso sincero para Marília, que ia pegando o objeto em sua bolsa - E aliás, não precisa me devolver isso. Eu já tenho várias aqui. Fica com ela como uma forma de… Ajuda. E como uma forma de nova amizade também - Will dizia, acenando para Marília apenas guardar a tal da bateria de volta em sua bolsa. Marília encarou o rapaz com uma certa confusão no olhar, mas deu de ombros e então logo guardou o objeto de volta em sua bolsa.
- Agh, bom, obrigada. Eu acho - respondeu Marília, sentindo suas bochechas corarem um pouco. Podia notar o rapaz observando seus movimentos e seu rosto, mas a garota evitava qualquer tipo de contato visual.
Emily observava os dois conversando, enquanto se escorava na parede no canto da sala, com uma cerveja na mão, mordendo o canto da boca. A loira observava os trejeitos e principalmente a forma como Marília tratava Will, com um pouco de vergonha e sempre se protegendo, de certa forma, até na linguagem corporal. Emily logo segurou um riso quando Marília agradeceu o “presente” do novo amigo.
A sala já ia tomando um silêncio um pouco desconfortável, mas que foi logo interrompido com Brad abrindo a porta, seguido dos demais integrantes da banda. Marília quase pulou de susto quando ouviu a voz dos rapazes chegando, e assim que a porta se abriu, virou-se imediatamente para a porta, assim dando de cara com ele, mais uma vez. Chester.
- Oh… Hey! Ninguém tinha avisado que vocês já estavam por aqui - Brad disse surpreso, entrando na sala e logo se encaminhando até o frigobar no canto da sala, onde Emily estava bem ao lado.
- Que mentira. Acabei de enviar uma mensagem pro Joe e pro Chester perguntando onde vocês estavam - Mike rebateu, sentando-se no sofá.
- Antes que você comece… Eu não vi nada - Joe respondeu, também sentando-se no sofá. Os dois se olharam rapidamente e então passaram a encarar Chester, que estava parado logo com a porta aberta do seu lado. Parecia estar surpreso com alguma coisa ali na sala, mas preferiu não dizer.
- Eu… eu to sem meu celular aqui, dude - Chester respondeu, balançando a cabeça como se estivesse tentando sair de um transe - Jamais iria ver mensagem sua - o cantor disse simplesmente, finalmente fechando a porta da sala.
- Tudo bem, o que importa é que finalmente estamos todos juntos aqui… - Mike disse, enquanto ia se levantando e indo até o centro da sala - E agora podemos dizer: o show foi muito foda! - o rapaz exclamou, seguido dos demais batendo palmas e concordando com as palavras de Mike, que agora também já tinha uma cerveja em mãos e levantava a mesma ao centro, sugerindo um brinde entre todos ali presentes. Todos os seus companheiros de banda também levaram suas garrafas até ele, incluindo Chester, que acabava de pegar a garrafa, e olhava de canto para Marília, que apenas se mantinha do lado observando todos irem brindar.
- Ei, você também precisa brindar com a gente - Chester disse, se dirigindo a Marília, que olhou para o rapaz com surpresa - Senão vai nos dar má sorte, hein?
Marília riu e apenas assentiu com a cabeça, levando sua garrafa perto da dos demais, assim, finalmente brindando com todos, incluindo Emily, que estava logo ao lado de Marília.
- Um brinde a nós! Conseguimos, mais um - Mike dizia, enquanto todos brindavam e celebravam.
- E teve quem diria que não iríamos conseguir chegar até aqui… - Chester disse, rindo de nervoso e fazendo os demais rirem também - Eu posso ter sido um deles, mas me orgulho do que fizemos hoje.
Marília agora observava a movimentação de todos, como todos ali se encaixavam e se davam tão bem. Isso incluía Emily também, que mesmo sendo parte de apenas um projeto com Mike, era como se fosse da “família”. Por um instante se afastou um pouco da roda dos amigos e se escorou na parede, ainda sem parar de observar a conversa animada que acontecia bem na sua frente.
- Se isso te faz se sentir um pouco mais incluída, eu também só sou um fotógrafo e vídeomaker trabalhando pra banda - Will disse, enquanto se apoiava na parede ao lado de Marília - Não é como se eu fizesse parte da equipe da banda ou algo do tipo… Esse foi meu último trabalho com eles. Pelo menos por enquanto.
Marília ouvia atentamente às palavras do rapaz ao seu lado, mas não desviava o olhar de Chester e os demais. - Ok, vamos lá… - Marília começou, rindo - Não sei dizer se isso me fez me sentir mais ou menos incluída, mas, devo dizer que você parece bem a vontade com eles.
Will riu baixo - É, confesso que já são alguns anos os conhecendo pessoalmente. Mas não é nada demais.
Marília olhou para o rapaz de canto de olho e sorriu fraco, apenas assentindo com a cabeça. Já podia perceber a tentativa do rapaz de se aproximar dela e aquilo a deixava um pouco ansiosa, mesmo sendo algo que não a incomodasse de fato. Deu um longo gole em sua cerveja e voltou a observar o grupo em sua frente, agora notando que Chester a observava anteriormente. Quando o olhar dos dois se encontrou, o cantor desviou o olhar rapidamente e voltou sua atenção para seus amigos novamente. Marília sentiu um leve nó no estômago e engoliu em seco. Balançou a garrafa de cerveja que ainda tinha em mãos e tomou o último gole que restava. Olhou rapidamente em volta e respirou fundo, como se estivesse tentando se encaixar no cenário, ainda. Logo sua atenção foi tomada por seu celular vibrando em seu bolso da calça, o que a fez rolar os olhos. Tentou ignorar a primeira chamada, mas foi em vão. Alguém tentava falar com ela a todo custo. Quando finalmente tirou o celular do bolso e encarou a tela do mesmo, viu que era uma ligação de seu chefe. Deu uma risada baixa em tom de decepção, e simplesmente negou a ligação, mandando uma mensagem de texto em seguida.
- Ei, que cara é essa? - Emily chegou logo ao lado de Marília, lado oposto onde estava Will - Até parece que acabou de ter uma notícia ruim ou algo do tipo - Emily fez careta ao dizer, arrancando uma risada sem graça de Marília, que balançou a cabeça.
- Você sabe… - Marília dizia, ainda encostada na parede, apoiando a cabeça na mesma - Trabalho. Normalmente, não tenho muito como fugir disso - a morena disse, com uma expressão um pouco decepcionada no rosto, o que fez Emily se sentir um pouco desapontada.
- Tem certeza que não tem nada que eu possa fazer pra melhorar essa questão? - a loira perguntou, dando um riso meio sem graça. Marília arqueou uma das sobrancelhas e olhou de canto para Emily, que apenas observava os amigos conversarem. Por algum motivo, aquela pergunta fez o coração de Marília errar as batidas por alguns segundos.
- Eh… Eu… Acho que não. Provavelmente, não muito - Marília ia dizendo, tentando não se atropelar nas palavras. Deu uma tossida como se estivesse tentando limpar a garganta, mas na verdade estava tentando recuperar o ar. A morena ia logo tentando se manifestar novamente mas sentiu seu telefone vibrar mais uma vez. Provavelmente era a resposta de seu chefe. Bufou baixinho e tomou o celular, assim abrindo a nova mensagem que havia recebido. Assim que a leu, sentiu um imenso incômodo no peito e uma estranha sensação de tontura começou a tomar conta de sua cabeça.
- Erm, eu já volto - Marília disse de repente, já se afastando de Emily - Preciso resolver uma coisa - Marília ia dizendo, quase se enrolando nas palavras.
- Tá tudo bem? - Emily perguntou, ameaçando seguir a morena, que se dirigia até a porta da sala. Emily, sem querer, chegou a tocar sua mão na mão quase congelada de Marília, que virou-se de repente para Emily assim que sentiu o seu toque. A morena simplesmente assentiu que não com a cabeça e sorriu fraco. A morena passou voando pelo grupo de Chester e seus amigos e foi abrindo a porta, chamando a atenção de Chester, que notou que a morena havia saído da sala como um raio. O rapaz olhou em volta e encontrou o olhar de Emily, que parecia preocupado e perdido ao mesmo tempo. Tentou um contato visual com a loira, e logo que encontrou o olhar da garota, teve certeza que precisava ir atrás de Marília.
[n/a: eu escrevi esse trecho a seguir ouvindo Baby One More Time do Bowling for Soup]**
Há alguns passos dali, Marília andava rapidamente pelo corredor enquanto digitava ferozmente em seu celular uma mensagem para seu chefe, que insistia em fazer perguntas sobre seu trabalho. A garota não se conformava que havia tido seu momento de lazer e, um momento justo com eles, interrompido por perguntas desnecessárias de trabalho naquela hora da noite. A garota dava passos largos e raivosos, quando parou no meio do caminho e sentiu que sua respiração estava ficando um pouco falha e seu coração não parava de pular em seu peito. Fechou os olhos por um instante e encostou na parede, respirando fundo e ainda com os olhos fechados. Quando tomou de volta sua consciência, pegou seu celular novamente e apenas discou o número de sua amiga, Stella. Chamou uma vez. Chamou duas vezes. Chamou três vezes. Nenhuma resposta, apenas caixa postal.
- Droga. Não é possível que isso tá acontecendo - Marília disse em voz baixa, seguido de um suspiro longo e cansado.
Voltou a fechar os olhos e a respirar fundo e devagar, ainda prestando atenção nos seus batimentos cardíacos. De repente, notou alguns passos se aproximando. A garota apenas sorriu fraco e era como se pudesse visualizar a figura loira de Emily surgindo do seu lado, já que havia visto a mesma tentar seguir seus passos antes de sair do camarim da banda.
- Antes que você pergunte, não, não tem como me ajudar agora, Emily - Marília disse, ainda sem abrir os olhos, num tom de derrota e um sorriso frouxo nos lábios.
- A Emily talvez não pode te ajudar, mas eu pensei que talvez eu pudesse… - a voz de Chester surgiu ao lado de Marília, fazendo com que a garota abrisse os olhos imediatamente e quase desse um pulo de susto ao notar a presença do rapaz ao seu lado. A morena virou-se para o seu lado, assim que ouviu a voz do rapaz, assim ficando de frente para o mesmo, que a observava cautelosamente, apoiando seu ombro na parede onde Marília também estava apoiada. Os dois trocaram olhares por alguns minutos, em total silêncio. A sensação era que ambos podiam ficar horas e horas naquela troca de olhares, sem dizer uma palavra sequer.
Marília olhava atentamente dentro dos olhos de Chester, que parecia querer dizer alguma coisa, mas provavelmente o rapaz não encontrava as palavras pra dizer. Logo o peito da garota foi se tomando por uma ansiedade repentina novamente; ansiedade que ia tomando o restante de seu corpo, deixando suas mãos geladas e suando frio. Os lábios da garota tremiam, enquanto a mesma tentava segurar as palavras e o choro que chegava. Sem pensar muito, Chester tomou uma atitude que normalmente não teria, mas seu impulso foi maior.
Puxou a morena pelas mãos, que ainda estavam geladas, e a cobriu num abraço. Logo sentiu a garota afundar seu rosto em seu peito e os braços da mesma o apertarem levemente, como quem estivesse procurando conforto em algum lugar. Sentiu a garota o apertar cada vez mais em seu abraço, e então o rapaz fechou os olhos e apenas permitiu que a garota pudesse encontrar conforto nos seus braços.
Alguns longos minutos se passaram e nenhuma palavra foi dita, nem outro movimento. O abraço era longo, silencioso, apertado. Mas parecia que estava escrito para acontecer em algum momento, e os dois provavelmente sabiam disso.
Ainda com a cabeça mergulhada no peito de Chester, Marília respirou fundo e finalmente tomou forças para se desfazer dos braços do rapaz, que agora a olhava nos olhos novamente. A garota também o olhava nos olhos e tinha os lábios entreabertos, como se estivesse procurando força pra dizer algo.
- Eu… Eu preciso ir. - Marília disse finalmente, forçando um sorriso enquanto seus olhos marejavam.
- Como assim? Agora? - Chester perguntava, não muito conformado com a resposta da garota - Isso é um… adeus? - Chester perguntou, ao mesmo tempo que sentia como se alguém estivesse enfiando uma faca em seu peito. Não tinha expressão certa em seu rosto, apenas olhava a garota nos olhos com todo o foco do mundo, como se estivesse tentando memorizar cada parte dos olhos dela antes de ir.
- É complicado. Não fui eu quem escolhi - Marília dizia, rindo de nervoso e tentando ignorar a raiva que sentia daquela situação toda - Mas… É um até logo… - Marília respondeu, ainda rindo de nervoso e piscando rapidamente tentando se livrar de uma lágrima que parecia presa em seus olhos - Todas as vezes que nos encontramos… Foi sem saber que iria acontecer de novo. Acho que podemos esperar que vamos dizer “olá” novamente - a garota dizia, com a respiração ainda um pouco falha, mas ainda forçando um sorriso - Em breve.
Chester ia se manifestando mas Marília logo procurou se desfazer totalmente do abraço, enquanto segurava levemente uma das mãos do rapaz, que agora também sentia seu rosto arder em ansiedade. A garota o olhou fundo nos olhos novamente e, quase num piscar de olhos, soltou a mão de Chester e saiu correndo na outra direção, segurando com todas as suas forças a sua bolsa com os seus pertences.
- Marília! Ei, Marília!? - o rapaz disse, tentando chamar pela garota, mas em vão. A garota dava passos largos na direção contrária e ouviu de longe a voz do cantor a chamar, mas a mesma preferiu continuar andando, sem olhar pra trás. Apertou sua bolsa forte contra seu corpo, como se quisesse abraçar alguma coisa. Uma lágrima insistiu em cair por seu rosto, mas naquele momento a garota já não se importava mais em se desfazer dela. Logo pegou seu celular de volta em seu bolso e, nele já havia mais uma nova mensagem:
“Não posso te explicar exatamente o motivo mas tivemos que adiantar seu voo para Los Angeles. Preciso que você vá ainda hoje para o aeroporto e tome o primeiro voo de volta. Espero que não se atrase. Ainda temos muito trabalho aqui e só você é capaz de cobrir isso. Levante a cabeça e vamos seguir para a próxima” A mensagem de seu chefe era clara o suficiente e não havia muito o que Marília pudesse fazer. Não era a primeira vez que aquilo acontecia, e sabia que precisava seguir as ordens.
Já na área externa do estádio, a morena tomou o primeiro táxi que encontrou no caminho. Entrou no táxi e bateu a porta do carro. Olhava pela janela do carro enquanto o mesmo ia deixando o local, e um sorriso triste formou-se imediatamente em seu rosto, junto de uma lágrima que caia sobre sua bochecha.
**
Algumas horas depois…
Já no aeroporto, sentou-se numa mesa próxima a um café, enquanto esperava pelo horário de seu voo. Tomava um café preto, sem açúcar, nada além de café. Olhava para a multidão que caminhava pelo aeroporto e tinha o olhar totalmente perdido e cansado. Enquanto dava um gole no café, viu seu celular tocar. Mesmo um pouco de longe, pôde ver que era uma ligação de sua amiga, Stella. Por um instante, sentiu um pouco de conforto ao ler o nome da amiga na tela.
- Eu tentei fazer o que pude - Stella dizia no outro lado da linha, enquanto Marília já ia se afundando na cadeira onde estava sentada, esperando ouvir o pior - Mas consegui mudar meu voo. Se você olhar pro lado, vai me encontrar agora mesmo.
Marília deu um pulo da cadeira e procurou em volta, e logo avistou os cabelos ruivos da amiga, que tinha todas as suas malas junto dela, assim como Marília. A morena respirou fundo e levou a mão no peito assim que avistou a amiga.
- Eu jamais iria deixar você fazer essa viagem sozinha - Stella disse, se aproximando da amiga e abraçando a mesma, que deu um riso abafado ao ouvir as palavras da ruiva.
- Eu te devo uma. Na verdade, várias - Marília disse, se desfazendo do abraço da amiga. Antes que as duas pudessem continuar o assunto, logo ouviram seu voo ser anunciado nos auto falantes do aeroporto. Ambas se entreolharam e simplesmente seguiram até o portão de embarque. Por uma última vez, talvez por impulso, Marília olhou para trás antes de seguir no portão de embarque. Era como se esperasse ver alguém ali, a esperando, ou simplesmente a assistindo ir, mas pronto pra dizer que iriam se ver logo mais uma vez. Passou alguns segundos parada em frente a funcionária do aeroporto que segurava seu ticket, olhando em volta — mas em vão. Balançou a cabeça, tentando voltar à consciência e assentiu com a cabeça para a mulher que a encarava durante todo aquele tempo. Apenas sorriu fraco e seguiu em frente a caminho do avião.
There's no one in town I know
You gave us some place to go
I never said thank you for that
I thought I might get one more chance
Já dentro do avião, Stella tagarelava alguma coisa com Marília em voz baixa, enquanto a morena segurava a mão da amiga, tentando ignorar seu desgosto em voar. Enquanto Stella falava sobre algo aleatório, Marília apenas olhava pela janela do avião, com os pensamentos distantes.
What would you think of me now?
So lucky, so strong, so proud?
I never said thank you for that
Now I'll never have a chance
Já prestes a desligar seu telefone, seguindo as instruções de voo, Marília pôde ver duas mensagens pipocarem na tela. Sentiu seu peito apertar quando leu:
“Boa viagem, docinho. Não esqueça de segurar bem a mão da Stella.” -E
“Até breve?” -C
A morena leu as mensagens e sorriu, junto de uma lágrima que caiu sem querer sobre seu rosto. Fechou os olhos e segurou forte o telefone em sua mão, enquanto segurava a mão de Stella na outra. Encarou a janela do avião mais uma vez antes de decolar, e respirou fundo. Seus lábios tremiam por segurar o choro e seu peito parecia ter um buraco, mas, tomou fôlego e conseguiu finalmente responder Stella, que ainda tagarelava:
“Será que você pode simplesmente segurar minha mão e falar menos?”, Marília disse sem emoção para Stella, que apenas obedeceu a amiga.
Agora no absoluto silêncio do avião, Marília apenas repetiu para si mesma, baixinho, com os olhos fechados:
“Até breve”.
1 note
·
View note
Text
O horário do show ia se aproximando. Os portões do grande estádio do Wembley já estava aberto há algum tempo, e o público não parava de chegar. O palco já estava todo preparado, e as vezes era possível ver os técnicos de som testarem os efeitos visuais do palco, como por exemplo um grande telão atrás da bateria com o nome da banda escrito em letras garrafais. Durante qualquer indício de som ou imagem diferentes, o público presente já fazia questão de fazer barulho. A atmosfera era de ansiedade e expectativa.
Já perto do palco, Marília e Stella falavam com o rapaz que haviam conhecido horas antes, que fazia parte do grupo da organização do show.
- Como vocês mesmas pediram, trouxe as credenciais de imprensa - dizia o rapaz, entregando para cada uma uma espécie de crachá que daria acesso à parte reservada para imprensa e demais do ramo bem em frente ao palco, bem próximo ao público.
- Perfeito! Uau, obrigada. Tenha certeza que eu e minha amiga vamos aproveitar bastante - Stella disse ao rapaz, sorridente. Marília também sorriu para o mesmo, que já ia se retirando.
- Realmente espero que aproveitem o show! Aparentemente vai ser um daqueles. E se eu não ver vocês de novo, espero que tenham uma grande noite e aproveitem o show - disse o rapaz, já saindo e acenando.
As duas amigas acenaram de volta e sorriram. Marília olhou em volta e encarou o crachá que tinha em mãos.
- Por algum motivo achei que esse dia nunca iria chegar…
- Ah, docinho, não me diga que já está emotiva antes mesmo do show começar? - Stella brincou, abraçando a amiga de lado, que rolou os olhos e riu de volta para a ruiva.
- Você sabe o quanto tive que trabalhar duro pra conseguir essa entrevista e acho que a oportunidade de estar nesse show é apenas uma das recompensas - Marília dizia, colocando o crachá em volta do seu pescoço. Suspirou fundo e abriu um sorriso, enquanto observava a movimentação em volta. Alguns segundos depois já foi possível ouvir o som de alguns acordes vindo do palco, o que chamou a atenção das duas, que se entreolharam e sorriram.
- Acho que devemos ir, não acha? - Marília dizia, arqueando as sobrancelhas e apontando para o caminho do palco com a cabeça. Stella assentiu.
As duas amigas caminhavam até o espaço que ficariam durante o show, um espaço que ficava bem em frente ao palco e perto da pista “premium”. Lá já estavam diversos jornalistas e fotógrafos, incluindo os contratados pela banda, que estavam responsáveis por gravar todo o show que futuramente seria transformado em uma espécie de DVD e um novo álbum, com as músicas ao vivo.
Stella olhou em volta e começou a dar pulinhos de alegria - Eu adoro essa ansiedade antes de shows - a ruiva dizia, observando toda a movimentação. Marília encarou a amiga de canto de olho e riu, balançando a cabeça.
- Como se fosse a nossa primeira vez num show dessa forma… - Marília respondeu, tentando fingir costume, mas já podia sentir suas mãos suarem e ficarem geladas pela ansiedade que vinha chegando.
- Vai fingir costume bem agora, Marília? - Stella encarava a amiga, cerrando os olhos - Sei que por dentro você deve estar pulando de alegria, não tenta me enganar logo agora - a ruiva dizia, fingindo uma expressão brava.
Marília tentava segurar o riso enquanto sentia o olhar nervoso da amiga a encarar, mas só tinha olhos pro palco. As luzes ainda estavam totalmente apagadas mas era possível ver uma leve movimentação, provavelmente para os últimos preparativos antes do show começar.
- Realmente, nunca vou me acostumar a vê-los assim, tão perto - Marília disse meio baixinho, como se estivesse falando consigo mesma, ainda com os olhos vidrados no palco.
Stella limpou a garganta e cutucou a amiga, que parecia estar em transe - Certo, já vi que você já entrou no modo full attention pro show. Vou ver se arrumo umas bebidas pra gente antes de começar, que tal? - Stella perguntou, cutucando e meio que chacoalhando um dos braços de Marília, que apenas assentia com a cabeça e segurava o riso ansioso - Vê se não sai daqui, hein?
- Tudo bem, Stella, já entendi. E você vê se volta logo - Marília respondeu, enquanto tirava da bolsa uma pequena câmera fotográfica - Enquanto isso vou tentar fazer uns registros a mais… - Marília dizia sem nem olhar para a amiga, que apenas bufou e saiu correndo em busca de álcool.
Marília já tinha sua câmera em mãos e já tentava focar a lente em direção ao palco. Podia sentir suas mãos quererem tremer por conta da ansiedade, mas logo deu um longo suspiro e conseguiu entrar em foco novamente, assim como as lentes de sua câmera. Procurava achar os melhores ângulos para seus registros, mas logo foi surpreendida com o beep de sua câmera avisando que a bateria já estava fraca.
- Ah não, por Deus… Que merda, justo agora? - a garota bufava em voz alta para si mesma, procurando rapidamente em sua bolsa pela bateria reserva, que aparentemente não estava ali.
- Precisa de ajuda? Acho que tenho uma bateria sobrando aqui… - uma voz masculina distinta perguntou a Marília, que tomou um leve susto e virou-se rapidamente para seu lado e deu de cara com um dos fotógrafos que estava ali. O rapaz meio alto, com os cabelos castanhos meio enrolados fitava a garota e tinha um pequeno sorriso nos lábios, enquanto segurava uma bateria em uma mão e na outra, sua câmera. Marília logo reparou o que havia nas mãos do rapaz desconhecido e sorriu genuinamente sem mesmo perceber.
- Não vou negar que você salvaria minha vida nesse momento - Marília finalmente respondeu, assim aceitando a oferta do rapaz, que entregou a bateria nas mãos da garota, que ainda sorria.
- Não se preocupe, eu sei bem como é passar por esses perrengues. Já aconteceu várias vezes comigo - o rapaz dizia, agora também ajeitando a câmera nas suas mãos. Marília assentia com a cabeça, com um sorriso tímido nos lábios.
- É… não é fácil mesmo - a garota ia dizendo, mas foi interrompida por um acorde alto de guitarra, seguido de um efeito vindo dos teclados de Joe, provavelmente. A garota e o rapaz logo se viraram para o palco e era possível notar que o show já iria começar. Marília sentiu seu coração pular em seu peito, e espontaneamente sorriu como uma criança. Olhou rapidamente para o rapaz que ainda estava ao seu lado e notou que o mesmo já tinha a câmera voltada para o palco, com um sorriso por trás da câmera. Marília logo colocou a bateria em sua câmera e procurou logo apontar suas lentes para o palco, enquanto sentia uma espécie de pico de energia subir pelo seu corpo.
Os primeiros acordes de One Step Closer começaram, e as luzes e holofotes finalmente se ligaram. A maioria da banda já estava no palco antes mesmo das luzes se ligarem, mas logo foi possível ver Chester e Mike se juntarem aos demais. Mike trazia sua guitarra e já tocava ao ritmo da música. Corria pelo palco e sorria sem parar para o público, que nesse momento era pura explosão de emoções. Logo atrás dele, vinha Chester, com o microfone na mão e acenando para a plateia, que agora gritava ainda mais alto. O cantor fez um breve raio x da plateia e de quem estava por perto, logo abaixo do palco, e talvez por uma coincidência do destino, mais uma vez, seu olhar encontrou com os de Marília. A garota, ainda com os olhos por trás da câmera, notou que o olhar de Chester havia encontrado suas lentes, e por alguns segundos, congelou por trás da mesma. Quando teve certeza que o rapaz, de cima do palco, a viu de longe e travou seu olhar em sua direção, abaixou a câmera e fez uma breve troca de olhares com o rapaz, que já começava a cantar, mas tinha um pequeno sorriso de canto ao ver a garota ali, tão perto.
I cannot take this anymore
Saying everything I've said before
All these words they make no sense
I found bliss in ignorance
Less I hear the less you'll say
You'll find that out anyway
Chester cantava com toda sua energia e com todo seu pulmão. Percorria por todo o palco e logo se dirigiu ao centro do palco, ficando bem na beirada, onde ficou há apenas alguns metros de Marília, que agora tinha sua total atenção voltada ao cantor e a banda em sua frente. A garota também cantava com toda a sua energia junto da banda e do público que estava logo atrás dela. A garota era apenas mais uma naquele mar de pessoas, mas, por um motivo óbvio, se sentia uma presença especial mesmo no meio de tanta gente. Mesmo cantando com toda a sua alma, Chester procurava o olhar da garota várias vezes enquanto estava em cima do palco.
Marília, que não desgrudava o olhar do palco, as vezes olhava em volta e se perguntava se era pra ela que ele olhava. A única coisa que podia notar era a quantidade de fotógrafos filmando ou tirando fotos da banda, sem contar com a plateia explodindo de animação. Se sentia num mundo totalmente paralelo, onde só existia ela e a banda em sua frente; sensação que foi interrompida pelos berros de sua amiga, Stella, que também cantava a música junto com Chester. Marília soltou um riso alto e sincero assim que sentiu a ruiva quase pulando em suas costas e colocando uma long neck de cerveja em sua mão.
- ONDE VOCÊ ESTEVE ESSE TEMPO TODO???!!! - Marília perguntava aos berros, ainda sem desviar o olhar do palco. Stella riu, enquanto levantava os braços e fazia uma dancinha idiota no meio da música.
- Fui buscar uma pessoa pra você - Stella finalmente respondeu, também aos berros no ouvido de Marília, que logo se afastou e deu o dedo para a ruiva por causa do berro que a mesma deu, mas ainda rindo. Quando se deu conta, olhou para o seu outro lado e viu a figura de Emily surgir, enquanto acenava para a banda. A morena se deu conta da presença da loira e sentiu seu coração acelerar. Emily virou-se rapidamente para Marília e acenou, enquanto dizia algo que era totalmente inaudível. Marília apenas sorriu e acenou de volta, enquanto dava um longo gole na sua cerveja.
O show já estava quase no seu fim, e ao mesmo tempo, o dia também. O pôr do sol já era possível ser visto por cima das arquibancadas do estádio, deixando o show com uma energia totalmente diferente. Chester, mais uma vez na beira do palco, terminava a música Breaking The Habit apenas com a força de sua voz e a plateia cantando com ele ao fundo, como se fosse uma espécie de acapella. O cantor levava as mãos ao alto e fechou os olhos por um momento, se deixando levar totalmente pela atmosfera do show.
- I’m breaking the habit… - O cantor cantava a todos pulmões, ao mesmo tempo ouvindo a plateia completar a frase em uníssono:
- TONIGHT! - a plateia cantou com toda sua energia, assim terminando a música, tirando um sorriso de toda a banda, incluindo Chester, que observava todos os cantos do estádio, e mais uma vez, olhou para sua frente e avistou Marília, que agora estava acompanhada de Stella e Emily. O rapaz tentou segurar um sorriso que insistia em surgir toda vez que avistava a presença da morena por perto.
Todo o estádio era tomado por aplausos e gritos vindo da plateia, inclusive das três garotas perto do palco. Enquanto isso, o palco foi escurecendo as luzes, deixando apenas a luz do pôr do sol tomar conta do lugar, quando Mike, que agora estava no comando dos teclados, resolveu tomar a frente do show:
- Espere um minuto… - Mike dizia, apontando para a plateia - Vamos apagar essas luzes aqui - o pedido do rapaz logo foi obedecido, assim deixando o palco completamente na escuridão, enquanto a plateia seguia aplaudindo e gritando - Quero ver apenas as luzes vindo de vocês aí embaixo - e assim, a plateia também logo seguiu as instruções, quando todos levaram ao alto uma espécie de lanterna que havia sido entregue a cada um antes do show.
- Todos vocês ai atrás, também quero ver vocês - Chester disse, apontando para o fundo do estádio, vendo a plateia iluminar o local quase completamente apenas com as lanternas.
- Isso está incrível - Mike disse, já com a banda começando os primeiros acordes da próxima música. No meio da escuridão do palco, Mike olhou de canto para Chester, que parecia estar hipnotizado pela atmosfera da plateia, mas logo notou que o mesmo agora encarava um certo ponto logo abaixo do palco.
Chester podia avistar Marília logo abaixo dos seus pés, perto do palco. A morena tinha uma das lanternas ligadas, bem acima de sua cabeça, enquanto a mesma balançava pelo ar a luz que segurava. O cantor riu baixo quando notou que Marília tinha um enorme sorriso no rosto e por vezes soltava um leve grito para o palco.
Já do lado oposto, Marília segurava constantemente a lanterna acima de sua cabeça, seguida por Stella e Emily, que estavam lado a lado há alguns passos atrás da morena. Marília logo notou a distância que as duas tinham dela e virou-se para checar onde as mesmas estavam, quando sentiu seu corpo todo arrepiar ao ouvir os primeiros acordes de Shadow Of The Day. Quando reconheceu a música, virou-se tão rápido para o palco que seus cabelos tomaram conta de seu rosto, assim fazendo a mesma tirar algumas mechas da frente de seus olhos. Mesmo com a luz baixa do ambiente e o palco totalmente escuro, Marília podia notar a proximidade de Chester. Estava logo a sua frente, enquanto tinha os olhos fechados e balançava a cabeça conforme o ritmo da música.
I close both locks below the window
I close both blinds and turn away
Sometimes solutions aren't so simple
Sometimes goodbye's the only way
Chester cantava com a voz ainda suave, seguindo o ritmo do início da música. Tinha seus olhos fechados, e quando os abriu, viu a multidão iluminando o local totalmente. Quando se deu conta, mais uma vez, procurou um rosto conhecido na multidão, quando novamente encontrou o rosto de Marília, que parecia estar apenas ouvindo o cantor atentamente, com um olhar de ternura.
In cards and flowers on your window
Your friends all plead for you to stay
Sometimes beginnings aren't so simple
Sometimes goodbye's the only way
Marília cantava junto de Chester baixinho, como se não quisesse atrapalhar a voz do mesmo. Notava atentamente aos trejeitos do rapaz ao cantar em cima do enorme palco. Olhou em volta e notou que Stella e Emily se abraçaram de lado e cantavam a música juntas, enquanto tinham os braços levantados pro alto. Ambas sorriam sem parar e por vezes olhavam de volta para Marília, que apenas sentia um sentimento agridoce e seu peito apertar, por algum motivo.
…And the shadow of the day
Will embrace the world in gray
And the sun will set for you
Marília voltou a olhar para o palco, procurando o olhar de Chester, logo notando que o mesmo agora olhava para o outro lado, como se estivesse evitando o contato visual que tinham anteriormente. A garota arregalou as sobrancelhas em surpresa, como se não estivesse esperando pelo mesmo não estar procurando seu olhar como antes. Ao som do solo final da música, a morena pôde sentir seus olhos marejarem do mais absoluto nada. Olhou em volta e avistou sua amiga, Stella, a olhando de canto. A ruiva tinha um leve sorriso no canto dos lábios, mas ao mesmo tempo, também tinha um olhar emocionado e parecia saber exatamente o que Marília pensava naquele instante.
Marília, assim que encontrou o olhar da amiga, procurou limpar o rosto de uma lágrima que insistia em cair sobre seu rosto. Retomou seu olhar para o palco, e pôde logo notar que Chester havia voltado sua atenção para sua direção. Por um instante, enquanto a plateia aplaudia e gritava pela banda, sentiu uma necessidade quase maluca de subir no palco e abraçar o rapaz que a encarava, mas dividia o olhar com o restante do público, entre aplausos.
O show havia chegado ao fim e Marília seguia com o sentimento de peito apertado. Ficou estática por alguns instantes, ainda olhando o palco e vendo a imagem de Chester sumir enquanto o mesmo se retirava do palco, ainda acenando para a plateia. A garota sorriu fraco ao notar que o show havia chegado ao fim. Levou a mão até sua bolsa, onde procurava por sua câmera novamente mas logo sentiu seu celular vibrar. Tomou um leve susto e foi rapidamente pegar o aparelho, onde pôde ver na tela inicial uma mensagem do seu chefe. Bufou baixinho, levando a mão aos seus cabelos. Olhou em volta e resolveu abrir a mensagem. Era a mensagem com os detalhes do seu voo de “volta pra casa”. Sentiu seu peito pesar, mais uma vez. Olhou rapidamente para o ticket que o mais velho havia enviado, e a data era há apenas um dia e meio dali.
A garota suspirou mais uma vez. Fechou a mensagem e guardou seu telefone, ainda processando a informação. A luz do pôr do sol já não iluminava o ambiente o suficiente, o que fez os técnicos logo ligarem as luzes do palco e do estádio, assim deixando tudo claro novamente. Marília apertou os olhos e olhou em volta, vendo toda a imprensa e os fotógrafos ainda trabalhando. Sorriu fraco, observando a movimentação alheia. Pegou o crachá que estava em seu pescoço e o segurou por alguns segundos, encarando o mesmo, quando foi interrompida por uma mão que a cutucava no ombro.
- Vai ficar aí parada, olhando pro nada? - a voz de Emily surgiu no meio do barulho alheio. Marília virou-se rapidamente e avistou a figura da loira, que sorria divertida. Marília riu baixo.
- Não é fácil dizer adeus… Ainda mais com um final de show assim, com essa música, depois de um dia tão… Inesquecível - Marília disse, sem pensar muito. Emily arqueou uma das sobrancelhas.
- Quem disse que é hora de dizer adeus? Por acaso você tem um voo pra pegar daqui a pouco e não avisou ninguém?! - Emily questionou a morena, rindo. Marília também riu, mas sem muita emoção.
- Daqui há um dia, na verdade - Marília respondeu de pronto, fazendo com que o sorriso no rosto de Emily desaparecesse quase de repente.
- Wow… Então é verdade - Emily ia dizendo, com a voz um pouco mais baixa - Vocês realmente vão embora.
- Sim. Bom, tudo tem um fim, não é mesmo? - Marília respondeu, mordendo os lábios e forçando um riso sem graça.
Emily encarava Marília, que tinha uma expressão decepcionada no rosto. A loira podia notar o brilho nos olhos da morena, que era um misto de felicidade por ter vivido aquele dia e também uma sensação de quase nostalgia, por saber que logo tudo aquilo iria chegar ao fim. A loira, talvez por um impulso, tocou na mão da morena, que a olhou com olhos preocupados e surpresos pela ação da mesma.
- O adeus não precisa ser tão triste assim. Eu acho que sei o que pode te deixar com uma lembrança ainda melhor disso tudo - Emily disse, com um pequeno sorriso surgindo em seu rosto. Marília a olhava confusa - Você confia em mim? - Emily perguntou, deixando Marília ainda mais confusa e agora, ansiosa.
A morena encarou Emily no fundo dos olhos. - Eu acho que… Confio. Sim, confio - Marília dizia, rindo de nervoso.
- Então vem comigo, eu prometo que não vai se arrepender - Emily respondeu alegre novamente, agora segurando mais firme na mão da morena, enquanto a puxava no meio da multidão. Marília olhava um pouco assustada para a loira, que segurava um riso sapeca, e ao mesmo tempo, procurava pelos cantos por sua amiga, Stella. A morena ia logo se manifestando, mas foi interrompida por Emily.
- Eu já sei o que você vai perguntar e, fica tranquila - a loira dizia, agora andando lado a lado com Marília - É óbvio que eu não ia deixar aquela maluquinha de fora. Logo menos a gente tromba ela pelo caminho, você vai ver - Emily dizia confiante, fazendo com que Marília desse um sorriso mais sincero dessa vez.
0 notes
Text
Chester sentiu seu coração congelar por alguns segundos assim que ouviu a voz de Emily surgir pelas suas costas. Virou-se rapidamente para assim ficar de frente para a garota e um sorriso sem graça desabrochou em seu rosto assim que encarou a figura da loira dos olhos claros em sua frente, que tinha uma expressão curiosa.
- Oi, Em. Você gosta de aparecer do nada assim, não é? - Chester disse, dando um riso sem graça e levando uma das mãos a cabeça.
- Minha presença é sempre um mistério, digamos assim - Emily dizia, fazendo careta ao dizer a palavra “mistério”, o que fez Chester rir junto - Mas acho que não é o único mistério que temos aqui, não é mesmo?
Chester sentiu seu peito apertar mais uma vez.
- Ahn… Não sei. Do que você tá falando?! - o rapaz perguntava tentando fingir não saber do que Emily se tratava, enquanto cerrava os olhos e abria um sorriso em sinal de confusão. Emily mordeu o lábio e olhou em volta.
- Acho que podemos deixar isso pra depois - Emily dizia, enquanto alternava o olhar entre Chester e uma figura que estava distante pro seu raio de visão no meio do corredor, mas que a loira podia reconhecer somente pela silhueta. Era Marília, ainda conversando algo com Stella, que poucos momentos depois sumiram, assim que entraram novamente na sala onde estavam antes. Chester notou que Emily tentava enxergar algo a distância, logo acima de seus ombros, e então virou-se rapidamente para tentar ver do que se tratava. No mesmo instante, foi quando viu Marília sumir da sua vista. Por um impulso, deu um sorriso sem mostrar os dentes, mas logo voltou a encarar Emily, que agora estava bem ao seu lado.
- Acho que podemos. Aliás, tem um show no meu caminho - Chester respondeu finalmente, dando um riso sem emoção. Emily o fitou de canto de olho.
- Que inclusive já tem milhares de pessoas lá fora esperando pra te ver - a loira dizia, entre sorrisos sinceros e uma animação na voz, como se a mesma também estivesse esperando para ver a banda tocar.
Chester riu baixo e abaixou a cabeça, assim encarando os próprios pés. - Você… - algo no peito dele o incomodava e fazia seus batimentos cardíacos pularem um pouco mais rápido do que o normal naquele momento, junto de uma certa sensação estranha na cabeça e nas mãos - Você já sentiu que talvez não seria capaz de fazer algo que tanto ama? - o rapaz finalmente completou a frase, agora olhando para o corredor vazio em sua frente. Tinha o olhar distante e a mente bagunçada.
Emily, que tinha um sorriso no rosto antes, logo passou a ter uma expressão séria e pensativa ao ouvir a pergunta do colega. Respirou fundo e ficou pensativa por alguns segundos.
- Já. Várias vezes - Emily respondeu, ainda num tom sério - Já quis sair correndo e não subir num palco nunca mais…
Chester sorriu de canto, assentindo com a cabeça, como se entendesse a sensação que Emily dizia.
- Inclusive quando abri um show pra vocês há um tempo atrás, quase saí correndo e me mijei inteira! - Emily completou, agora voltando a ter mais ânimo na voz, e rindo de si mesma por ter se lembrado desse momento, o que fez Chester rir junto.
- Não é pra tanto…
- Claro que sim. Pra mim, pelo menos, foi - Emily dizia, enquanto lembrava do momento passado - Mas depois do medo, surgiu uma sensação incrível e tudo o que veio depois foi como um presente por ter superado aquele momento de angústia e insegurança - Emily falava do momento com ternura, enquanto olhava para o teto e às vezes dava risada de si mesma por lembrar do perrengue que havia passado naquele dia.
Chester olhou para Emily e sorriu genuinamente. Ainda tinha o peito um pouco disparado e as mãos suavam frio, mas por algum motivo, as palavras de Emily o confortavam.
Os dois ficaram em total silêncio por alguns minutos, apenas perdidos cada um em seu próprio pensamento. Emily sentia uma sensação estranha no ar, talvez por conseguir ouvir que a respiração do amigo já estava ficando mais pesada, enquanto o mesmo brincava com os próprios dedos enquanto se escorava na parede ao seu lado. A loira logo pensou em se manifestar, mas vozes distintas foram tomando conta do lugar, onde antes era somente silêncio. Era possível ouvir as vozes vindo de dentro do camarim, que logo foi aberto por Joe, que trazia consigo o restante da banda.
- Hey, olha só quem apareceu! - Mike exclamou logo que avistou a amiga ao lado de Chester, que abriu um enorme sorriso ao rever o amigo e parceiro de projeto - Chegou em ótima hora. Estamos indo fazer nosso último ensaio e passagem de som antes do show, quer ir dar uma olhada? - Mike perguntava, animado.
- Que pergunta… - Emily respondeu, virando os olhos e se jogando nos braços de Mike, que agora abraçava de lado a amiga - Sempre vou estar afim de ver vocês. Já estou tão preparada que já vi a geladeira mais perto do backstage e me sinto pronta pra pegar uma gelada pra ver vocês ensaiando.
Todos riram com o entusiasmo e a perspicácia de Emily em encontrar logo o primeiro ponto de cerveja mais próximo dali.
Emily e o restante da banda foram seguindo em direção ao palco, enquanto jogavam conversa fora; a loira ouvia atentamente cada um dos rapazes e suas respectivas expectativas para o show. Seria algo grandioso, tanto que seria gravado e o esperado em número de público era enorme. Todos os ingressos já estavam esgotados há dias.
- Ok, podemos começar com qualquer uma que vocês preferirem, não podemos perder muito tempo - Mike dizia, subindo ao palco ao lado do restante da banda. Emily estava logo de frente ao palco, com um sorriso no rosto e uma cerveja na mão - Que tal tentarmos Somewhere I Belong?
- Por mim, tudo bem - Joe logo respondeu, seguido do restante dos seus companheiros que também concordaram. Exceto Chester, que só aceitou a sugestão do amigo e foi logo se encaminhando para a frente do palco, enquanto segurava o microfone.
As primeiras notas da música já começavam, e Mike já aquecia sua voz. Chester tinha o microfone na mão e olhava diretamente para o horizonte, mais precisamente para o tamanho daquele estádio e do espaço vazio que havia em sua frente. Já conseguia visualizar a multidão que logo tomaria conta daquele lugar, os gritos e os cantos dos fãs. Por um momento, quase não prestava atenção no trecho em que sua banda tocava, e sem querer perdeu seu tempo na música, chamando a atenção de Mike, que agora estava logo ao seu lado.
- Ei, mate… Tá acordado ainda? - Mike brincou, se aproximando de Chester, que voltou a si ao ouvir a voz do amigo - Já comecei a música umas três vezes e você não seguiu com a sua parte…
Chester deu uma risada sem graça. - Agh, desculpa. Eu só posso estar viajando mesmo… - Chester dizia, forçando um riso e agora caminhando de um lado pro outro pelo palco - Estou pronto agora, podemos começar.
Os membros da banda olharam entre si, com uma expressão de confusão e preocupação ao mesmo tempo, mas decidiram seguir o que o cantor disse.
“I wanna heal, I wanna feel like I'm close to something real” - Chester cantava com todo o seu sentimento, mas sem forçar muito a voz, enquanto tinha os olhos fechados, como se estivesse colocando algum sentimento naquela parte em específico. Antes de continuar a música, bufou baixo e passou a balançar a cabeça em negação. - Isso tá horrível, fora do tempo e sinto que minha voz não tá chegando na nota certa… - Chester desabafava, um pouco frustrado.
- Ao contrário, cara… Tá tudo perfeito. É só seguir nessa linha que já temos o que precisamos. Acho que você não tá ouvindo certo… - Brad disse, um pouco confuso enquanto dedilhava seu instrumento e olhava para os outros membros da banda.
Chester arqueou as sobrancelhas e bufou mais uma vez. - Tudo bem, é só um ensaio… Só um ensaio. Vamos, vamos continuar e terminar isso logo - o rapaz dizia agora, com um pouco de impaciência na voz.
“I will break away, I'll find myself today”
Um pouco distante dali, mas dentro do mesmo estádio, Marília e Stella esperavam pacientemente pelo momento do show, ainda dentro da sala que as foram oferecidas para passar o tempo. Enquanto Marília folheava algumas das folhas em que havia feito as anotações de sua entrevista mais cedo, Stella pôde ouvir a voz rasgada de Chester vindo de longe:
- Você tá ouvindo isso? - Stella dizia, com a voz um pouco enrolada e abafada por ter um cookie na boca. Sua animação foi tanta em ouvir a voz do rapaz que esqueceu de terminar de mastigar para falar.
Marília olhou a amiga com olhar de confusão e começou a rir, dando de ombros, como quem não havia entendido absolutamente nada do que a ruiva havia dito. - Eu o quê?
Stella engoliu em seco, dando um gole na sua garrafa de água em seguida. - A passagem de som, anda, presta atenção!
Já não era mais possível ouvir nenhuma música, apenas alguns acordes aleatórios e uma conversa distinta que saía dos microfones.
- Eu ouvi - Marília disse, agora prestando atenção nos barulhos que vinham de longe - Acho que ele tava cantando Somewhere I Belong.
- E reclamando bastante também - Stella disse de repente, quase interrompendo a amiga, que a olhou com certa preocupação - Pelo menos foi o que eu consegui entender no meio desse barulho todo…
- Reclamando? Não, acho que não deve ser o caso - Marília disse, agora se ajeitando na cadeira e sentindo um aperto no peito junto de uma preocupação estranha - Pode ser só ansiedade, sei lá…
Stella encarou a amiga por alguns segundos. - Ansiedade? Mas por que ele teria ansiedade antes de um show como esse, já sendo tão acostumado…
Marília levou a mão a cabeça e foi como se tivesse sentido um estalo na cabeça. Foi logo se lembrando da conversa que havia tido mais cedo com Chester, e tudo o que podia lembrar eram os trejeitos do rapaz. Parecia nervoso, como se quisesse falar sobre algo que ainda não sabia se expressar direito. A garota já podia sentir sua mão ficar fria e suar de novo, enquanto ainda lembrava da troca que havia tido mais cedo com o cantor.
- Marília, você tá pálida. Que diabos você tá pensando, hein? - Stella perguntou, olhando a amiga, confusa.
- Não é nada. Não deve ser nada… só preciso de um pouco d’água, anda, me dá isso aqui - Marília disse, se levantando e tomando a garrafa da mão da amiga, que a estranhou.
- Tudo bem, não é como se isso tivesse sido super… esquisito - Stella resmungava sozinha, enquanto se sentava novamente no sofá ao seu lado.
A ruiva se acomodava no sofá, enquanto abria outra long neck de cerveja, mas tomou um leve susto quando sentiu seu celular vibrar. Logo se perguntou quem deveria ser e ficou surpresa ao ver que era a notificação de uma mensagem de sua colega, Emily. Stella foi logo abrindo a mensagem e se deu de cara com uma foto do palco, onde o Linkin Park parecia estar ensaiando antes do show. A ruiva sorriu ao ver a imagem.
- Olha só, parece que vamos ter companhia pra ver o show daqui a pouco! - Stella dizia, enquanto pensava em algo pra responder Emily.
- Como assim? - Marília perguntou, ainda dando longos goles no restante de água que havia na garrafa.
- Emily acabou de me mandar uma mensagem. Aparentemente ela tá aqui no estádio, também - Stella disse sem muita emoção, mas foi o suficiente para Marília sentir outra pontada no peito.
- A Emily? - Marília perguntou, com os olhos semi arregalados, o que fez Stella rir sozinha.
- Sim. A Emily. Qual o problema, Marília? - Stella perguntou sem muita questão, mas ainda rindo da reação da amiga.
- Bom… Eu achei que… Não sei, ela poderia estar ocupada com alguma outra coisa? Não sei, não esperava ver ela hoje aqui. - Marília dizia, dando um riso meio nervoso. Stella a olhou de canto com a sobrancelha arqueada.
- Era meio óbvio que ela estaria aqui. Vai ser um show gigantesco, super importante… Ela iria aparecer pra dar apoio pros amigos, não acha? - Stella perguntou, enquanto Marília se sentava novamente na cadeira onde estava anteriormente. A morena tinha um olhar pensativo e sentia uma ansiedade um tanto curiosa no peito.
- Tem razão. Eu viajei nessa, é claro que ela estaria aqui - Marília respondeu simplesmente, balançando a cabeça e voltando a se afundar no meio da papelada em que havia feito suas anotações.
“Por que me sinto tão ansiosa com essa informação? E por que senti uma vontade enorme em simplesmente sair correndo daqui e ver como… Como ele estava? Eu devo estar ficando louca, só pode”, Marília pensava, enquanto fingia fazer mais algumas anotações no caderno que estava em seu colo.
0 notes
Text
Marília podia sentir seu corpo inteiro entrando em um tipo de eletricidade, uma mistura de ansiedade e curiosidade ao ouvir mais sobre o que o rapaz em sua frente tinha a dizer. Assim que notou o sorriso ainda tímido e de canto aparecer nos lábios de Chester, Marília não se conteve e logo abriu um sorriso em resposta ao rapaz.
- Você pode me dizer o que houve, afinal? - Marília perguntou finalmente, dando um riso nervoso. Chester riu baixo ao ver a reação da garota, que era pura adrenalina naquele momento. O rapaz podia notar as pupilas da morena um pouco maiores do que o normal, coisa que Marília também podia perceber nos olhos do rapaz, fazendo com que a mesma piscasse várias vezes os próprios olhos, como se tentasse enxergar melhor o que via em sua frente e se era realmente aquilo que estava acontecendo.
- Tudo bem, eu reconheço - começou Chester, finalmente fechando a porta do camarim e logo se encostando na mesma - Eu acabei de te abordar de uma forma um pouco…
- Assustadora?! - Marilia completou, entre risos ainda nervosos, o que tirou uma risada sincera de Chester, que ainda observava o olhar da garota - De todas as pessoas do mundo…
- O quê? Você jamais esperaria que eu aparecesse? - Chester questionou, segurando um riso tímido e ao mesmo tempo convencido, como se estivesse tentando aliviar o clima entre os dois. Mal sabia o rapaz que era exatamente isso que a morena imaginava.
- N-nah, não, não é isso que eu ia dizer… - Marília ia dizendo um pouco acelerada e ajeitando nos seus braços os papéis e a bolsa que segurava onde havia anotado todo o trabalho que havia acabado de fazer com a banda - Eu só… - a garota ria baixinho sem mostrar os dentes, agora tirando uma mecha da frente de seu rosto com uma de suas mãos, ainda procurando o que dizer a Chester, que esperava pacientemente pela resposta da garota.
- Eu realmente não pretendia aparecer assim, você tem um ponto - Chester disse finalmente, quebrando o gelo que ia se formando entre ele e Marília - Eu só não podia deixar de dizer que você foi incrível. Realmente, tinham razão sobre você - Chester dizia, com um sorriso genuíno nos lábios, enquanto Marília ouvia cada palavra do rapaz e podia sentir suas bochechas queimarem - Fazia tempo que… Bem…
Marília encarava atentamente Chester, que agora também corava um pouco. A garota mal podia imaginar o que sairia da boca do rapaz daquele momento em diante. Por outro lado, fazia mil perguntas mentais sobre como ele teria “ouvido” falar sobre o seu trabalho antes.
Um breve momento de silêncio pairou entre os dois, onde era quase possível ouvir os pensamentos de ambos, que ainda seguiam calados, apenas se olhando e por vezes desviando os olhares por não saberem como lidar com a situação. Chester ia finalmente se pronunciar mas foi interrompido pelo som da maçaneta da porta se mexer, o que fez o mesmo e Marília darem um pulo de susto. Chester logo se afastou da porta e de dentro do camarim, foi possível ver o rosto de Mike por uma pequena abertura que o mesmo havia feito. Assim que Mike pôde ver que seu amigo estava acompanhado de Marília, o rapaz arregalou os olhos e segurou o riso, enquanto Chester passou a mão pelos cabelos, agora com as bochechas quase totalmente vermelhas.
- Eh… desculpa, cara. Eu não sabia que vocês ainda estavam aqui - Mike tossiu, balançando a cabeça - Digo, eu não sabia que vocês estavam aqui.
- Qual foi, Mike? Rolou algo? - Chester perguntou, com uma voz um pouco frustrada e um tom mais baixo do que o de antes.
- Na verdade, não… - Mike respondeu de pronto, enquanto ainda olhava os dois que estavam em sua frente, ainda imóveis e sem saber muito bem o que fazer - São só alguns arranjos pra fazer antes do show. Mas eu posso terminar isso sozinho… - Mike ia dizendo, enquanto já ia ameaçando fechar a porta, mas Marília logo o interrompeu, colocando a mão entre o vão da porta e da parede, onde era possível ver o rosto de Mike.
- Imagina, vocês precisam se preparar pro show. Eu já devo ter tomado muito tempo seu… - Marília disse, voltando seu olhar para o de Chester, que arqueou uma das sobrancelhas, num impulso - Eu não iria querer arrumar confusão com o produtor de vocês e muito menos com toda a organização desse show - a garota dizia, forçando um riso.
- Ah, mas é claro que não seria problema algum pra nós! - Mike exclamou, dando um largo sorriso e ainda com o rosto apoiado no pequeno vão da porta semi aberta, o que fazia Marília segurar o riso algumas vezes - Inclusive, já vou voltando para os meus arranjos e outras baboseiras de músico pra não atrapalhar o assunto.
- Mike, espera… - Chester ia dizendo, tentando puxar a mão do amigo, mas em vão. Mike foi mais rápido e logo fechou a porta na cara do amigo, que deu um suspiro e um riso abafado, que fez Marília sorrir de canto.
- Bom, de qualquer forma, eu preciso realmente ir. Stella deve estar me esperando e ainda tenho que começar a trabalhar nisso tudo aqui - Marília ia dizendo rindo sem graça, olhando para toda a papelada que equilibrava em seus braços.
Chester já havia se apoiado na porta do camarim novamente, depois de seu amigo ter literalmente fechado a porta no seu nariz. O rapaz tinha um leve sorriso de canto de lábio, e observava os trejeitos de Marília, como se estivesse esperando o melhor momento para dizer o que se passava em sua mente. Marília podia notar o olhar de Chester e fazia de tudo para tentar amenizar o ardor que sentia em suas bochechas, mas só conseguia sentir as mesmas ficarem mais vermelhas e seu estômago revirar.
- Obrigado por hoje - Chester disse finalmente, quando notou que a garota em sua frente estava prestes a partir. Marília voltou a travar seu olhar nos olhos do rapaz.
- Hm… Não precisa me agradecer, Chester - Marília disse, forçando um sorriso e limpando a garganta em seguida - Eu literalmente só estava fazendo meu trabalho - Marília dizia ainda encarando os olhos do rapaz, que agora pareciam brilhar mais do que o normal.
Chester suspirou.
- É… Apenas seu trabalho, eu sei - Chester respondeu, rindo baixo e agora encarando os próprios pés, antes de voltar a olhar para o rosto da morena - Mas foi importante.
Marília sentia seu estômago revirar diversas vezes e sua bochecha em chamas. Segurava com toda a força do mundo a papelada que tinha em seus braços, e podia sentir suas mãos suarem frio. Tinha o olhar grudado nos olhos de Chester, que pareciam dizer mais do que mil palavras. A garota ameaçou dizer algo, mas preferiu apenas seguir a troca de olhares por alguns segundos, antes de ser interrompida por uma voz distinta e distante que vinha do outro lado do corredor.
A voz ia se tornando ainda mais clara com os segundos, como se a pessoa estivesse se aproximando. Quando a morena se deu conta, já podia reconhecer a voz que agora lhe chamava.
- Marília?! Terra chamando?! Não vou te esperar por muito mais tempo - Stella dizia ao fundo, sem ainda perceber a presença de Chester junto de Marília.
Marília fechou os olhos por alguns segundos e bufou baixinho, fazendo com que Chester desse um riso baixo também.
- Ok, agora acho que talvez você precise ir… - Chester disse, quase em tom de derrota. Marília encarou o rapaz em sua frente e riu, enquanto assentia com a cabeça.
Marília ia finalmente se virando e indo em direção oposta de Chester, onde seguiria para o encontro com sua amiga, Stella, mas logo sentiu uma mão gelada tocando a sua, que ainda se esforçava em segurar suas coisas. A morena logo se virou novamente e voltou a encarar Chester, que agora parecia mais decidido a tomar uma atitude.
- Será que nosso destino vai se cruzar mais uma vez essa noite? - Chester perguntou num impulso, com a voz um pouco trêmula mas com um pequeno sorriso nos lábios. Marília pôde sentir seu peito apertar, mas ainda teve tempo de dar uma risada baixa.
- Como você deve lembrar, ou não - Marília ia dizendo, entre risos - Eu sou uma fã da sua banda, então certamente estarei no meio da multidão vendo esse show. Claro, junto daquela maluca ali que não cansa de me chamar - Marília disse finalmente, com firmeza na voz. Chester já não podia mais esconder o sorriso que insistia em surgir nos seus lábios.
- Seria muita bobagem minha convidar você e - Chester apontou com os olhos para Stella, que ainda estava um pouco longe dos dois - e sua amiga maluca pra ver nosso show na área VIP? E não, isso não seria nenhum… - Chester limpou a garganta, enquanto ajustava sua postura - Nenhum incomodo. Antes que você me pergunte isso.
Marília riu. - Você até já prevê minhas perguntas? - Chester também riu com a garota, que estava boquiaberta e rindo com a atitude do rapaz em antecipar uma pergunta sua - Mas devo recusar esse convite por hoje.
Chester sentiu seu peito congelar e logo tinha seus olhos quase arregalados, encarando a garota.
- A-ah, sim, claro, eu posso entender… Trabalho demais e… - Chester ia dizendo, tentando consertar a situação, mas foi logo interrompido por Marília, que tentava segurar um riso sincero.
- Como uma boa fã, eu prefiro ver a banda junto da plateia - Marília disse, abrindo um sorriso que fez Chester sentir seu coração se aquecer novamente em segundos - Eu e minha “amiga maluca” vamos ficar bem na área de imprensa vendo vocês. Aliás, te garanto que é muito mais divertido ali de baixo do que do lado do palco - Marília ia dizendo com uma certa animação na voz, como se já estivesse visualizando o show acontecer bem na sua frente e se sentindo livre para curtir cada pedaço daquele momento como a grande fã que era.
Chester abriu um enorme sorriso. - Bem, mal posso esperar pra ver vocês mais tarde, então.
Marília riu e assentiu com a cabeça, enquanto ia se afastando do rapaz, mesmo querendo passar todo o resto de tarde ali conversando com o mesmo - Sim, claro. Como se você fosse encontrar um momento para olhar para baixo e me achar no meio daquelas pessoas todas - Marília dizia, com um riso irônico - Mas sim, eu te vejo mais tarde. Boa sorte.
Marília disse e foi logo correndo ao encontro da amiga, que a esperava há alguns metros dali, no mesmo corredor, que deu um longo abraço em Marília assim que a morena finalmente chegou ao seu encontro. De longe, Chester avistava toda a cena e sorria de canto.
- A vida sempre vai dar um jeito e sei que vou te encontrar depois. Apenas sinto isso - o rapaz disse baixinho para si mesmo, enquanto ia levando sua mão até a maçaneta da porta do camarim.
- Ei… Eu ouvi certo? - uma voz feminina e conhecida surgiu logo atrás do rapaz, que deu um pulo de susto. Jamais imaginaria que alguém teria ouvido o que havia acabado de dizer.
0 notes
Text
- E… Chegamos - Stella disse de pronto, enquanto apertava o pause no aparelho de som do carro e logo se virava para a amiga, que estava sentada ao seu lado no banco do passageiro. Marília tinha um pequeno sorriso nos lábios, um olhar brilhante e já tinha sua bolsa com seus pertences no seu colo. A morena virou o rosto para Stella, que a encarava com cuidado, e deu um suspiro, seguido de um sorriso genuíno.
- Não esperava me sentir assim, mas, me sinto pronta e confiante - disse Marília, firme. Stella logo abriu um sorriso e batia “palminhas” em sinal de celebração.
As duas saíram do carro e foram caminhando pelo estacionamento do estádio, enquanto tagarelavam algo e andavam juntas abraçadas de lado, sempre rindo de alguma coisa, mantendo o clima alto astral e descontraído, coisa que ambas haviam prometido a si mesmas mentalmente antes de saírem de casa. Aquele dia era importante, mesmo sendo somente mais um dia de trabalho para Marília, no caso. Era uma entrevista importante e tinha uma importância diferente para a morena, pois iria lidar com uma das - ou talvez a primeira das suas bandas favoritas.
- Seria muita indelicadeza minha perguntar o tamanho da sua expectativa pro show de hoje? - Stella perguntou com um tom meio sapeca, enquanto ambas haviam acabado de entrar nas dependências do estádio e se dirigiam para uma sala onde ficariam perto dos camarins da banda e, consequentemente, perto do palco.
Marília sentiu um leve frio na espinha ao ouvir a pergunta da amiga, quando sentiu sua mente ser teletransportada imediatamente para o momento do show, já imaginando como tudo poderia ser e lembrando de quanto tempo havia esperado para ver a banda ao vivo novamente.
- Ahn… Na verdade, não. Não tem nada de indelicado nisso - Marília respondeu, com um riso um pouco nervoso - Você sabe que sempre tenho expectativas altas para os shows das bandas que gosto. Mas meu foco nesse momento é outro…
- AH! Claro, docinho - Stella dizia, balançando a cabeça entre risos - Não me diga que seu corpo já foi tomado pela ansiedade e incerteza sobre a entrevista?
Marília sorriu sem mostrar os dentes e simplesmente continuou seguindo em direção a sala onde deveriam estar.
- Marília, por Deus, você sabe que é uma das melhores no que faz - Stella ia dizendo, seguindo a amiga nos seus passos largos e ansiosos - Ninguém tem dúvida nenhuma sobre o seu trabalho e o resultado dele.
As duas amigas seguiam caminhando rápido em um corredor e logo encontraram uma porta onde havia um cartaz com o nome de imprensa. Ambas se entreolharam rapidamente e olharam em volta, sem encontrar vestígios e decidiram bater na porta, quando logo ouviram uma voz distinta responder lá de dentro “Pode entrar!”.
- Ah… Oi? Olá, eu sou a… - Marília ia dizendo para o rapaz que estava dentro da sala, mas foi logo interrompida pelo mesmo, que recebeu as duas amigas com um sorriso amistoso no rosto.
- Marília e Stella! Claro, eu estava esperando por vocês - disse o rapaz de meia idade, com alguns papéis na mão e um ponto no ouvido, provavelmente para se comunicar com o restante de sua equipe - Bom, agora que chegaram, aqui é a sala onde vocês podem se acomodar e logo vou voltar aqui e chamar você quando for a hora de encontrar os rapazes no camarim - o rapaz explicava os detalhes com entusiasmo - Por favor, fiquem a vontade. Temos alguns snacks aqui na mesa e no frigobar temos desde água até refrigerante e cerveja… não tenham vergonha em aproveitar - ele dizia enquanto ia se dirigindo a porta da sala, já se retirando - Logo já volto para chamar você, Marília.
- Uau… Bem… Ok! Claro, muito obrigada. Ficaremos bem aqui, tenha certeza disso - Marília disse, ainda um pouco confusa com tantas informações que havia recebido em tão pouco tempo mas animada com o entusiasmo e o tratamento do rapaz.
O rapaz se retirou da sala, deixando as duas amigas sozinhas, olhando uma para a outra, enquanto seguravam o riso. Marília olhou em volta e ainda tentava se situar no local, enquanto Stella já soltava alguns risos.
- Acho que uma cerveja antes do trabalho não faz mal a ninguém, faz? - Stella ia dizendo, já abrindo a porta do frigobar que ficava no canto da sala. Marília rolou os olhos e caiu na risada com a audácia da amiga.
Enquanto isso, há apenas alguns metros dali, a banda já se encontrava no camarim, onde faziam os últimos preparativos para o show antes dos compromissos que teriam antes da última passagem de show.
- Não sei se deveríamos manter essa na setlist - Chester dizia, encarando o papel que segurava, que era uma espécie de setlist recém criada, escrita a mão por ele e Mike - Honestamente, você sabe que se dependesse de mim, mudaríamos muita coisa aqui…
- Nós podemos tentar algo um pouco diferente se você tiver afim - Mike respondeu, enquanto se sentava no sofá, de frente para Chester, que agora tirava os óculos e passava a mão pelo rosto, em sinal de ansiedade - Mas você sabe o que pode rolar se tentarmos mudar muito, se é que me entende…
- Ah sim, claro. Uma revolta coletiva. Críticas vindo de todos os lados depois do show, inclusive da própria plateia - Chester dizia, enquanto se sentava ao lado do amigo, que suspirava - Não sei se tenho mais tanta paciência pra isso tudo…
Mike respirou fundo e virou-se para Chester, ficando de frente para o amigo, que tinha um olhar distante e pensativo. - Ei, cara… Vai dar tudo certo. Podemos fazer alguns ajustes ali e aqui, mas, vai dar certo. Esse show vai ser incrível, assim como todos os outros.
Chester ouvia as palavras de Mike e sem perceber, um pequeno sorriso se formava em seu rosto, mesmo ainda com os pensamentos distantes. O rapaz ia logo se pronunciar mas foi interrompido por algumas batidas na porta, que foram logo substituídas por Brad abrindo a porta.
- Passando pra avisar que aparentemente… Bem, aparentemente nós temos uma entrevista pra dar em uns 15-20 minutos e eu realmente não me lembrava disso - anunciou Brad, com metade de seu corpo pra dentro da sala, com a porta meio aberta.
- Nós já sabíamos disso - Joe respondeu sem emoção, enquanto testava alguma coisa em seus teclados - Fomos avisados há pelo menos… Mais de uma semana, talvez?
- Ahn… Eu não lembrava disso - Brad resmungou baixinho, fazendo com que Mike caísse na risada e Joe rolasse os olhos.
Chester coçou a cabeça e suspirou alto. - Espero que pelo menos seja uma boa entrevista e não mais uma daquelas… Enfim.
Passaram-se quinze minutos. Depois mais quinze. Depois mais quinze. Realmente, a pontualidade britânica não estava sendo praticada naquele dia. Tanto Marília quanto a banda esperava o momento acontecer, mas, quando menos esperavam, Marília e Stella foram surpreendidas por batidas na porta. Marília deu um pulo no sofá, enquanto comia um brownie e quase se engasgou. Stella foi correndo ver do que se tratava. Era o mesmo rapaz de antes.
A ruiva abriu a porta e deu de cara com o rapaz, que tinha um sorriso no rosto, como sempre. A ruiva retribuiu o sorriso, se afastando do campo visual do mesmo para que ele pudesse ver Marília, que logo levantou-se do sofá e sorriu para o mesmo.
- Podemos? Os rapazes já estão na espera por você - disse ele, fazendo com que Marília pegasse suas coisas imediatamente e se dirigisse até a porta. Antes de ir, segurou uma das mãos de Stella, que pôde sentir que Marília tinha as mãos geladas como a neve. A ruiva apenas sorriu largo e sussurrou para a amiga: “Vai dar tudo certo”. E nisso, Marília se apegou a esse pensamento e foi seguindo o rapaz até a sala do camarim da banda.
O caminho até o camarim parecia infinito e ao mesmo tempo pareceu chegar num piscar de olhos. Marília podia sentir seus batimentos cardíacos subirem a cada passo que dava, enquanto suas mãos seguiam suando frio. Ouvia o rapaz ao seu lado dizendo alguma coisa durante o caminho, mas não compreendia muito bem pois estava ocupada demais organizando seus pensamentos e sentimentos; apenas assentia com a cabeça e às vezes respondia com um riso sem graça, torcendo para que não fosse uma pergunta. Quando menos se deu conta, já estava de frente à porta do camarim. Podia ler em letras garrafais em um papel colado na porta o nome da banda.
- Boa sorte, Marília! Eles tem mais ou menos uns vinte, vinte e cinco minutos contigo e depois eles precisam estar liberados pois precisam fazer uma última passagem de som. Mas acredito que seja o suficiente, certo? - o rapaz ao lado de Marília dizia, enquanto a garota assentia com a cabeça.
- Sim, claro. Está ótimo, vai ficar tudo bem - Marília respondeu, dando um sorriso sincero.
O rapaz deu três batidas na porta e logo outro homem abriu, que provavelmente era o manager da banda. Marília sentiu seu peito congelar mas sua única reação foi sorrir para o homem em sua frente e se apresentar cordialmente para o mesmo, enquanto já podia ver atrás do mesmo o restante da banda, todos sentados um do lado do outro pela sala.
- Por favor, fique a vontade - o homem dentro da sala disse à Marília, que foi entrando e mantendo a postura, mesmo que aquilo parecesse um pouco impossível. Acenou com os olhos para todos os rapazes que encontrou em sua frente, mas sem perceber, seu olhar travou quando encontrou o de Chester, que tinha os olhos um pouco surpresos e até arregalados ao ver a garota que estava em sua frente.
- Bom, vou deixar vocês mais confortáveis e depois volto, quando provavelmente tiverem terminado - o manager da banda disse, enquanto deixava a sala, assim deixando Marília sozinha com os integrantes da banda.
Marília acenou com a cabeça para o homem e, em seguida, sentou-se numa cadeira em que haviam deixado para ela e sentou-se de frente para os rapazes. Tentava segurar um sorriso que insistia em surgir nos seus lábios e passava grande parte do tempo arrumando as mechas do seu cabelo que caiam sob seu rosto.
- Primeiramente eu gostaria de agradecer vocês pelo tempo que vocês tiraram pra essa entrevista. Sei que esse show é muito importante pra vocês e que vocês vem se preparando há algum tempo pra isso - começou Marília, com uma voz mais séria mas ao mesmo tempo cordial.
- Está tudo bem. Nós já estamos nessa estrada há muito tempo, estamos acostumados em encontrar tempo para entrevistas assim - Phoenix respondeu.
- Vamos fingir que o Brad não esqueceu dessa parte há algumas horas atrás, mas agora está tudo certo - Joe disse, arrancando algumas risadas, inclusive de Marília. Brad balançava a cabeça em negação.
- Bem, eu queria começar falando sobre o último disco de vocês, que inclusive já é um dos meus favoritos… - Marília ia dizendo, quando foi interrompida por Brad.
- Ah! Então você é uma fã também?! - o rapaz perguntou, entusiasmado. Marília corou levemente mas sorriu para Brad, assentindo com a cabeça. Enquanto ia continuando sua pergunta, cravou contato visual com Chester, que parecia observar os trejeitos de Marília enquanto liderava a entrevista. O vocalista tinha um pequeno sorriso nos lábios e observava atentamente a pergunta da garota.
- Sim, não posso negar. Mas, voltando o nosso foco… Acho que é de conhecimento geral que esse disco tem uma sonoridade diferente dos álbuns anteriores. Vocês já tinham a ideia de mudar um pouco a sonoridade da banda ou isso foi algo que aconteceu naturalmente?
- Bem… Na verdade mesmo, nós sentimos que precisávamos mudar, se desafiar. Queríamos sair um pouco da bolha, experimentar. E trabalhar com o Rick Rubin também foi essencial. Ele nos encorajou a buscar algo mais cru, mais honesto. Acho que estar inserido em uma só bolha de gênero nunca foi nossa intenção… - Mike dizia, sempre gesticulando e focado em sua resposta - Quando escutamos a mídia nos chamar de “nu metal” ou “metal”, é sempre meio… - Mike torceu o nariz - Não soa correto. Esperamos que com esse novo álbum as pessoas tenham um pouco mais de trabalho em tentar definir o Linkin Park.
- Tentamos fazer o oposto do que as pessoas estavam esperando. Onde achavam que teria rock, colocamos rap e onde achavam que teria rap, nós colocamos rock e outras influências - concluiu Joe.
Marília ouvia atentamente às respostas e anotava todas no seu bloco de notas, enquanto também observava os rapazes.
- E acho que essa é uma pergunta que deve ser um pouco repetida pela mídia, mas, acho importante… - Marília dizia, com um sorriso de canto - Como foi lidar ou como é lidar com as opiniões externas nesse processo de mudança?
- Você tenta não se apegar demais ao que os outros pensam. Mas claro… - Phoenix completava, pensativo - No fundo, a gente se importa. O importante é que esse álbum é verdadeiro pra gente - o rapaz concluiu, dando um sorriso genuíno.
- A gente confia um no outro. Sabíamos que se nós estivéssemos alinhados como banda, o resto viria com o tempo - Rob completou, olhando para os demais e também sorrindo.
O sentimento de nervosismo e ansiedade já havia deixado o peito de Marília. Enquanto observava os rapazes em sua frente, conversando diretamente com ela, era como se os conhecessem há muitos anos. Quase de vidas passadas. Era natural fazer as perguntas e ouvir as opiniões e sentimentos de cada um — mal parecia estar trabalhando. Era genuinamente prazeroso estar ali naquele momento. Com o peito bem mais leve, Marília já podia se sentir mais confortável em fazer outras perguntas.
- Agora uma dúvida genuína… - a garota começava, segurando um pouco o riso, enquanto tentava desviar o olhar principalmente de Mike e Chester, que estavam sentados lado a lado - Vocês convivem muito juntos? Como é a dinâmica fora dos palcos?
Chester pôde perceber o olhar da garota em si e fez questão de responder a pergunta - É como uma família, mesmo. Tem dia que a gente quer se matar, e no outro, todo mundo jantando junto e conversando sobre a vida, sabe? - Chester dizia, enquanto todos caiam na risada e concordavam com o rapaz. Marília também caiu no riso e observava com ternura a conexão que todos ali tinham entre si.
- É muito interessante isso - Marília comentou, ainda numa troca de olhares com o vocalista, que nesse momento já corava levemente - Mas agora voltando um pouco a falar sobre o disco… Vocês tem algum momento marcante sobre a gravação?
Rob levantou a mão rapidamente, como se quisesse se manifestar - Sim, temos! Lembro muito bem disso. Na verdade tivemos vários momentos marcantes na gravação deste álbum, mas eu me lembro de uma sessão onde estávamos todos exaustos… Era madrugada, e o Chester entrou no estúdio para cantar “Leave Out All the Rest”. Foi com tanta emoção que a gente ficou em silêncio depois. Ninguém quis falar nada.
Marília sentiu um aperto no peito, por algum motivo. A letra daquela música veio imediatamente em sua mente e era possível visualizar a cena quase perfeitamente, como se estivesse acontecendo ali em sua frente, naquele momento. Engoliu em seco e piscou algumas vezes, tentando se desfazer dos seus pensamentos.
- Uau - Marília ia dizendo, entre risos nervosos - É realmente marcante. Eu também não iria esquecer de um momento como esse.
- É, espero não ter traumatizado meus amigos com isso… - Chester disse, num tom irônico, fazendo com que os demais rissem, quase como se o mesmo estivesse tentando dar um alívio cômico ao momento. Marília sorriu para o rapaz, que retribuiu.
- E… Se vocês pudessem deixar uma mensagem para os seus fãs agora, qual seria? - Marília perguntou, olhando quase que fixamente para Chester, que respondeu:
- Eu diria “obrigado por continuarem acompanhando nosso trabalho. A gente promete seguir inovando, e não vamos parar tão cedo.
Logo em seguida, Mike também respondeu: “obrigado por crescerem com a gente. Esse álbum é um reflexo de quem somos hoje, mas vocês fazem parte dessa jornada.”
Marília sorriu genuinamente em ouvir aquelas respostas.
- Bem, eu acho que meu tempo está quase acabando, então prometo ser rápida agora…
- Poxa! Mas passou tão rápido e você foi definitivamente uma das pessoas mais agradáveis que já demos entrevistas nos últimos anos - Brad respondeu, seguido de risos dos demais. Marília sentiu sua bochecha corar rapidamente e sorriu largo para o rapaz.
- Eu fico muito feliz em saber disso! E até pra manter essa boa lembrança entre nós, eu tenho algumas perguntas “aleatórias” que alguns fãs mandaram há algum tempo para nós e eu mesma escolhi algumas pro dia de hoje. O que acham? Topam responder? - Marília perguntou num tom sapeca, enquanto os rapazes se olhavam entre si e davam risada.
- Isso vai ficar mais interessante agora - Joe comentou.
- O que você teria pra nós? - Phoenix questionou, curioso.
Marília sorria como criança. - Tudo bem, vamos lá. Começando com essa daqui: “Quem mais demora pra se arrumar?”
Todos caem na risada.
- Não olhem pra mim - Brad diz, torcendo nariz.
- Mas é impossível não olhar pra você com uma pergunta dessas - Mike rebateu.
- Não acredite em nada do que eles forem te dizer - Brad dizia enquanto olhava para Marília, quase implorando.
- Eu vi o Brad se olhar no espelho 14 vezes antes de uma entrevista no rádio - Chester dizia, já caindo na risada - Onde ninguém ia ver ele - Todos riram alto enquanto Brad balançava a cabeça tentando segurar o riso, incluindo Marília.
- Tudo bem, tudo bem, se acalmem… Vamos lá, e quem conta as melhores piadas? - Marília perguntou, já esperando mais uma sessão de alfinetadas.
- Hmm… Se for piada ruim, eu voto no Joe - respondeu logo Brad.
- Ei, qual é! - Joe rebateu.
- As vezes são tão ruins que rimos de nervoso - Phoenix complementa, segurando o riso.
- Chester costuma ser bem aleatório com as piadas também. Acho que é quase um dom, do nada ele solta alguma coisa engraçada e todo mundo começa a rir - Mike diz, olhando para o amigo sentado ao seu lado, que balança a cabeça em negação.
- É, eu sou o mais engraçado mesmo - O cantor brinca, fazendo cara de convencido, fazendo com que Marília corasse mais uma vez ao observar os trejeitos do rapaz.
Marília tenta segurar o riso e tenta manter a postura de mais séria. - Tudo bem, antes que vocês comecem uma guerra fria por minha causa, vou fazer a última pergunta e prometo que não vai comprometer ninguém - a morena diz e todos ali caem na risada - Qual é a música preferida de Minutes to Midnight pra cada um de vocês?
- Eu gosto muito de “No more sorrow”, mas se eu puder roubar e citar mais uma, “In Between" também me pega muito. É uma das faixas mais pessoais pra mim - Mike diz.
- "Leave Out All the Rest". É uma das músicas que eu mais me conecto emocionalmente - Chester responde, um pouco pensativo.
- "The Little Things Give You Away". Eu gosto da complexidade dela e os solos são ótimos também - responde Brad.
- "Given Up" porque é sempre divertido de tocar ao vivo - diz Rob.
- "Bleed It Out". Acredito que essa música vai permanecer por muito tempo ainda na nossa setlist, tem tudo pra se tornar um dos clássicos! - Phoenix responde, animado.
- "Shadow of the Day". É visual. Toda vez que ouço, imagino um clipe novo na minha cabeça - Joe responde, finalmente.
Marília ouve atentamente as respostas de cada um e sorri, assim que termina de escrever a última palavra em seu bloco de notas. Agora, já olhando para os rapazes em sua frente novamente, deixa escapar um enorme sorriso, sentindo como se tivesse finalmente tirado um peso das costas e ao mesmo tempo, furado um bloqueio enorme que tinha em sua mente.
Enquanto a morena já ia se levantando da cadeira e se despedindo dos membros da banda, foi possível ouvir batidas na porta. Era o manager, já pronto pra dizer que o tempo de Marília com o Linkin Park havia acabado.
- Ora ora, vejo que cheguei bem na hora certa - disse o homem que havia acabado de chegar. Marília sorriu para o mesmo e assentiu com a cabeça.
- Sempre pontual. Foi ótimo, quero agradecer pelo tempo de vocês pra bater esse papo comigo - Marília dizia, ainda sorrindo, enquanto se dirigia até a porta.
- Foi um prazer! Vemos você no show daqui a pouco? - Mike perguntou, acenando de longe. Marília acenou de volta e fez um sinal de “joinha” para o rapaz, indicando que estaria presente no show da banda.
Enquanto Marília já estava do lado de fora, no corredor, sentiu uma mão tocar seus ombros, e quase pulou de susto. Levou as mãos até a boca e virou-se imediatamente para ver quem a procurava, e se surpreendeu mais uma vez em encontrar mais uma vez aquele olhar em sua frente.
- Você teria… Uns 2 minutos? - o rapaz perguntou, com os olhos fixos no rosto da garota, que agora tinha uma expressão surpresa misturada com um sorriso um pouco confuso.
- Chester… - Marília disse surpresa - Aconteceu algo? É sobre a entrevista? Eu disse algo… Eles disseram algo… - Marília ia quase começando a entrar em pânico, mas logo foi interrompida pelo rapaz em sua frente.
- Ei! Não, não aconteceu nada. Digo.. não aconteceu nada de errado. Ao contrário… - Chester dizia, enquanto um sorriso ia crescendo nos seus lábios.
0 notes
Text
Alguns dias depois.
O som do despertador ecoava pelo apartamento gelado de Marília. A mesma ignorava o som que insistia em tocar a cada dez minutos, enquanto escondia o rosto no meio dos travesseiros espalhados em sua cama.
- Ugh, será que não mereço dormir pelo menos mais uns dez minutos? - A garota resmungava, esfregando os olhos, enquanto se levantava e se sentava na beirada de sua cama. Bufou baixinho ao olhar em volta e observar a pequena bagunça que havia deixado pelo seu quarto. De repente, sentiu um frio na espinha tomar conta de seu corpo. Seus olhos, que antes se sentiam pesados pelo sono, agora estavam arregalados e despertos. A garota foi logo em busca de seu telefone, já desligando o despertador que em breve tocaria novamente e pôde ver na tela inicial do mesmo algumas mensagens que haviam pipocado um pouco mais cedo. Leu rapidamente algumas delas e um grande sorriso no rosto surgiu, junto de uma ansiedade que mal sabia explicar.
Depois de tanta espera e de tanta ansiedade, o dia finalmente havia chego. Marília pulou da cama e foi logo entrando no chuveiro, tomando um banho quente e longo, onde ficou ali por um tempo, de olhos fechados e pensando sobre como o seu diria iria se desenrolar. Um pouco perdida em pensamentos, finalmente se deu conta do tempo em que havia passado embaixo do chuveiro e resolveu sair. Enrolou uma toalha nos cabelos molhados e enrolou outra em seu corpo enquanto se encaminhava até seu guarda roupas, onde passou um bom tempo encarando suas roupas. Mesmo depois de olhar por tempo suficiente, acabou escolhendo um look um tanto tradicional de sua personalidade. Calças jeans pretas e uma blusa de manga longa da mesma cor com gola alta, e nos pés, seus fiéis coturnos pretos. Para completar o look, tratou de fazer uma maquiagem leve, já que o dia seria um pouco longo, mas não deixando de realçar sua beleza. Optou por estilizar seus cabelos longos e castanhos com leves ondas, deixando um efeito levemente ondulado. Usava joias prateadas, tanto no pescoço com um colar que era um dos seus xodós, que tinha um pingente em forma de estrela e uma pulseira mais discreta no seu braço direito, assim como anéis nos dedos da mesma mão.
Marília ia terminando de se arrumar e cantarolava alguma música aleatória que estava em sua mente, enquanto girava nos seus próprios calcanhares e dançava no meio de sua sala, terminando de tomar seu café e fazendo os últimos preparativos para finalmente deixar sua casa e ter certeza que estaria levando tudo o que iria precisar para o restante do dia de trabalho, quando foi interrompida pelo som da campainha de seu apartamento tocar. A morena levou um leve susto ao ouvir o toque, mas já imaginava quem poderia ser e logo foi até a porta.
- Bom dia, docinho! - A garota ruiva disse com um enorme sorriso no rosto, assim que Marília abriu a porta de seu apartamento. Marília riu e sorriu de volta para a amiga, acenando com a cabeça para que Stella pudesse entrar em seu apartamento - Espero que não tenha se assustado mas aparentemente seu porteiro já me conhece e mal quis saber onde eu estava indo quando cheguei aqui.
- Vamos dizer que não é como se você passasse a maior parte do seu tempo aqui, não é mesmo? - Marília respondeu, rindo irônica. Stella rolou os olhos.
- Não tenho culpa se a vista do seu apartamento é mais legal do que a minha e se minha mente funciona melhor aqui do que na minha própria casa… - Stella ia dizendo, enquanto se servia uma xícara de café.
- Ah, claro. Vamos fingir também que eu já não te disse pra arrumar outro apartamento pra você ficar aqui em Londres do que aquela caixinha de fósforo que você chama de “casa” onde você mora…
Stella abriu os braços em protesto, enquanto mastigava um muffin, fazendo Marília rir, enquanto a mesma terminava de arrumar sua bolsa.
- Mas tudo bem, esse é um problema pra outro dia. Quero que hoje seja ótimo. Sem estresse, sem ansiedade - Marília disse sorridente, enquanto dava um longo suspiro - Esperei semanas por esse dia e quero fazer com que seja um bom dia e fazer um bom trabalho, acima de tudo.
- Ah, sim. Sem ansiedade… Vamos lembrar que tudo isso vai acontecer antes de um show da banda e hoje você vai finalmente encontrar com todos eles. Quero dizer… Todos eles. - Stella dava ênfase no “todos”, entre risos, enquanto Marília a olhava com a sobrancelha arqueada e os braços cruzados - Não que eu esteja desejando sua ansiedade, mas… Faz parte, eu acho.
- Stella, por Deus - Marília começou, já levando sua bolsa e colocando em volta de seu braço - Sua psicologia reversa não vai funcionar em mim, então, cut the crap, agora.
As duas se entreolharam e caíram em risos, enquanto se abraçaram por alguns segundos antes de se dirigirem a porta. - Pronta pro dia? - Marília perguntou, encarando Stella, que tinha um sorriso sapeca no rosto e assentia com a cabeça.
Enquanto isso, há alguns quilômetros dali, nas dependências do icônico e grandioso estádio de Wembley, os membros do Linkin Park já haviam acabado de chegar para fazer os primeiros preparativos e passagem de som para o show que aconteceria mais tarde naquele dia.
- Tenho um bom feeling pro show de hoje - Mike dizia, enquanto olhava em volta e observava alguns funcionários trabalhando na montagem do palco.
- Se você diz… Vamos tentar confiar em você, como sempre. Seu instinto aparentemente é bom - respondeu de pronto Joe, que se aproximava de Mike também observando a movimentação em volta.
- E quando o Mike não diz isso? - Chester disse, fazendo com que Joe e os demais ali próximos segurassem o riso - Se ele não dissesse algo do tipo, eu iria me preocupar.
Mike rolou os olhos e colocou as mãos nos bolsos da calça, virando-se de costas e ficando assim de frente para seus colegas de banda. - Eu tenho meus motivos pra dizer isso, tudo bem? Mais especificamente hoje.
- Ahn… Wow. Isso foi meio específico. Na verdade, específico até demais - respondeu Brad, passando a mão pelos cabelos e entortando o nariz.
- Olha, tudo bem, se vocês não querem se sentir positivos sobre hoje, fiquem a vontade. Mas eu só aviso que vai ser um grande dia - Mike disse finalmente, abrindo os braços e se afastando, deixando uma aura de curiosidade no ar.
Chester observou o amigo se afastar e riu baixo, levando as mãos até seu rosto. “Eu realmente tenho amigos muito esquisitos”, pensava ele enquanto balançava a cabeça em negação, ainda observando Mike caminhando pelo espaço em frente ao palco.
- IT JUST TAKES SOME TIME, LITTLE GIRL YOU’RE IN THE MIDDLE OF THE RIDE, EVERYTHING WILL BE ALRIGHT! ALRIGHT! - Stella cantarolava a música de Jimmy Eat World aos berros enquanto dirigia o carro em que havia pegado emprestado de um amigo para aquele dia em específico, enquanto Marília tinha as mãos no rosto de tanto rir - IT JUST TAKES-
- STELLA, você não precisa berrar no meu ouvido desse jeito, entende?! - Marília berrava de volta, tentando fazer com que Stella a ouvisse no meio da música e da cantoria - Eu preciso dos meus ouvidos inteiros até mais tarde, não se esqueça disso.
- Vai ficar tudo bem, docinho, seus ouvidos e seus tímpanos estarão inteiros até mais tarde para que assim eles possam se estraçalhar enquanto você ouve o Linkin Park ao vivo. Te prometo - Stella respondeu, enquanto batucava no volante no ritmo da música. A ruiva piscou para Marília que não conseguiu emitir nenhuma resposta, a não ser um sorriso sincero que brotou em seu rosto só de pensar de que em algumas horas realmente estaria com seus ouvidos sendo tomados pelas músicas que sempre adorou ouvir, e que teria a oportunidade de ouvi-los ao vivo e tão de perto mais uma vez. Mas daquela vez seria um pouco diferente e um pouco mais especial.
1 note
·
View note
Text
A morena avistou o rapaz ainda um pouco afastado, aparentemente imerso em seu celular. Era possível ver que mantinha uma troca de mensagens tensa, enquanto Chester digitava algumas mensagens com uma certa pressa nos dedos e mesmo com o rosto não totalmente visível por estar com a cabeça baixa, era possível notar que tinha uma expressão um pouco irritadiça e ansiosa.
A garota fitava o rapaz de canto de olho vez ou outra enquanto ainda estava parada em frente à porta do estúdio, enquanto sentia a brisa gelada do final de tarde tocar seu corpo, assim a fazendo se encolher em sua jaqueta. Sentiu sua mandíbula endurecer por conta do frio. Ainda tentava observar o rapaz ainda ao seu lado, mesmo há alguns metros de distância quando sua atenção foi tomada pelo seu próprio celular, que vibrava dentro de sua bolsa; logo a garota levou as mãos até sua bolsa rapidamente e assim que teve o aparelho em mãos, pode ver que era uma ligação do seu chefe, mais uma vez. Bufou enquanto leu o nome do chefe brilhando na tela de seu celular, como se esperasse a ligação de qualquer outra pessoa, menos dele. Antes de atender a ligação, pôde ouvir um riso baixo e desconcertado vindo de seu lado esquerdo; a garota olhou rapidamente em volta e logo pôde notar que o riso vinha do rapaz ao seu lado, que por alguns segundos, notou a presença de Marília ao seu lado, e percebeu a frustração da mesma ao receber aquela ligação. A morena deu um sorriso torto ao perceber que o riso vinha de Chester e perguntou-se mentalmente porquê aquilo teria feito o rapaz rir, mesmo sem graça. Mesmo curiosa e frustrada, resolveu atender a ligação, que insistia em tocar:
- Boa tarde, Greg - respondeu a garota, quase entre dentes, mas tentando soar solícita e simpática ao mesmo tempo.
- Boa tarde, Marília - respondeu o mais velho do outro lado da linha, que parecia ter um sorriso no rosto, mesmo num tom mais formal - Ou deveria eu dizer “uma ótima tarde”?!
Marília entrou em confusão por alguns segundos. - Ahn… Bom, talvez? Realmente, hoje foi um dia bom, não vou negar - Marília respondeu, ainda num tom um pouco confuso e desconfiado, enquanto olhava em sua volta e por alguns segundos travou seu olhar em Chester, que agora também parecia estar no meio de uma ligação.
- Eu posso imaginar que sim - Greg ia dizendo, dando um riso meio irônico - Afinal, também posso imaginar que os preparativos para sua matéria da próxima semana estão a todo vapor - o homem no telefone dizia, como se soubesse de algo. Marília deu um riso, tentando quebrar o gelo que sentia naquele momento.
- Exatamente, disso você pode ter certeza. Você sabe que estou 110% focada nisso - Marília respondeu direta e reta. Era quase possível ouvir um sorriso se formando no rosto do homem do outro lado da linha ao ouvir as palavras de confiança da garota.
- Certo. Confio em você, afinal, já esteve até presente em um evento com a banda hoje - Greg comentou, fazendo Marília arregalar os olhos enquanto ouvia as palavras do chefe - Devo dizer que isso é um ótimo início. De qualquer forma, nos falamos depois - o homem ia dizendo com certa pressa, sem deixar tempo para mais explicações - Que continue assim, Marília. Nos falamos em breve.
A ligação logo foi encerrada pelo homem. Marília ainda manteve o celular grudado em seu ouvido por alguns segundos depois, com uma expressão confusa no rosto, se perguntando qual havia sido a real intenção daquela ligação e como Greg havia obtido a informação de que ela havia comparecido ao ensaio aberto do projeto de Emily e Mike. Levou seu telefone até a sua bolsa, guardando o mesmo e balançando a cabeça em negação. Deu um riso baixo meio sem graça e depois apenas levantou a cabeça e já ia à procura de um táxi ali mesmo, quando foi interrompida por uma voz conhecida:
- Ligações inesperadas? - O rapaz perguntava, com um meio frouxo no rosto, enquanto tinha as mãos no bolso de seu casaco. Chester que antes estava há alguns metros de distância, agora se encontrava apenas há alguns passos de Marília, que assim que avistou o rapaz se aproximando, não conseguiu conter o leve sorriso que desabrochou em seu rosto.
- Bom… Digamos que sim - Marília começou, ainda com o leve sorriso nos lábios e passando a mão pelos seus cabelos, que insistiam em cair sob seu rosto por conta da brisa que agora era mais forte - Ligações inesperadas e informações inesperadas. Mas acho que já estou acostumada com esse tipo de coisa - A garota deu um riso meio irônico entre dentes, fazendo Chester sorrir junto.
- Acho que ambos deveríamos estar acostumados com essa vida meio inesperada, não acha? - Chester dizia, com um olhar um pouco perdido enquanto encarava o outro lado da rua ao mesmo tempo, como se estivesse perdido em algum pensamento. Marília virou o rosto para que pudesse o olhar melhor e ficou observando as expressões do rapaz, que tinha uma feição pensativa, como a de antes quando a mesma havia o encontrado mais cedo naquela mesma calçada.
- Talvez. Depende do que você se refere - a garota respondeu, ainda observando o rapaz, que tombou a cabeça pro lado - A vida pode realmente ser cheia de surpresas, e nós realmente não temos muito controle disso, acredito.
Chester sorriu de canto.
- E você gostaria de ter controle sobre as surpresas da sua vida? - o rapaz perguntou, agora olhando a garota de canto de olho, aguardando uma resposta. Marília franziu a testa como se estivesse procurando por uma resposta que descrevesse melhor o que estivesse pensando, mas nem a mesma sabia o que iria responder de fato. Queria ela ter controle sobre as coisas em sua vida? Sobre tudo?
- Provavelmente, sim - A ansiedade no peito de Marília falou mais alto e a garota respondeu, pensando nas possibilidades que poderia ter e em tudo que poderia evitar se pudesse ter controle sobre sua vida - Minha ansiedade adoraria ter controle sobre as coisas - Marília finalizou e riu sem graça, fazendo com que Chester caísse num riso sincero, enquanto assentia com a cabeça.
- É… Eu compreendo - o rapaz respondeu de pronto, ainda rindo um pouco - Consigo entender a ansiedade. Talvez seria mais fácil e mais leve viver, dessa forma - Chester dizia, deixando assim formar uma expressão pensativa em seu rosto novamente e deixando um sorriso frouxo surgir em seus lábios no lugar do riso que estava ali há poucos minutos. O rapaz logo já parecia pensativo novamente, agora observando seus próprios pés, voltando a colocar suas mãos no bolso de sua jaqueta.
Marília também fitava os próprios pés e algumas vezes tentava observar e decifrar o rosto do rapaz ao seu lado. Sentia que algo incomodava o mesmo, mas não sabia dizer ou imaginar o que poderia ser. Tentava procurar alguma palavra ou ação que pudesse quebrar o “gelo” entre os dois, que claramente dividiam a mesma ansiedade, mas algo maior existia entre os dois — talvez a própria ansiedade.
- As vezes nós só precisamos esquecer nossas ansiedades e deixar as coisas serem como elas devem ser - a garota disse num impulso, como se estivesse falando em voz alta um pensamento que acabava de passar pela sua cabeça, sem nem olhar diretamente para o rapaz que estava ao seu lado.
Chester finalmente levantou a cabeça e sorriu, enquanto agora olhava para a garota, que corava levemente. Um silêncio um pouco desconfortável mas um pouco familiar surgiu entre os dois, que assim ficaram por alguns minutos, enquanto apenas olhavam em volta, como se estivessem perdidos em seus próprios pensamentos novamente.
Chester olhava em volta e como se tivesse acabado de voltar de um transe por conta de seus pensamentos, chacoalhou os ombros e tirou o celular do bolso, encarando a tela do mesmo, que brilhava por conta de uma mensagem que havia pipocado naquele momento. O rapaz bufou baixinho. Marília tinha um olhar de canto e pôde ver que Chester já ia se movimentando para se retirar dali finalmente, assim fazendo a mesma ter a mesma reação.
Marilia ia se dirigindo para o seu lado esquerdo e, por algum motivo, Chester ia se dirigindo para seu lado direito, assim fazendo com que ambos se trombassem durante essa movimentação. Os dois se entreolharam e, o que deveria se tornar uma tensão, virou motivo de riso.
- Talvez… Se a gente fosse pro mesmo lado ou se a gente simplesmente falasse mais e pensasse de menos, esse tipo de coisa não aconteceria - Marília disse sem pensar muito, ainda entre risos e com as bochechas totalmente coradas. Chester também ria e assentiu com a cabeça.
- Menos ansiedade e mais comunicação, eu diria - o rapaz respondeu, com um sorriso de lado.
Os dois se encararam mais uma vez e trocaram sorrisos, antes de se olharem fundo nos olhos. Chester ia abrindo a boca para se manifestar sobre algo mas logo foi interrompido por uma buzina de um carro que ia se aproximando ao lado da calçada, que tinha um de seus colegas de banda dirigindo. Marília sentiu um leve frio na espinha mas só conseguiu sorrir fraco, em sinal de despedida, enquanto Chester levantou os braços em sinal de “derrota”, como se quisesse ter dito algo.
O rapaz entrou no carro rapidamente, enquanto era apressado pelo amigo, sendo observado por Marília, que agora estava um pouco a frente aguardando por um táxi. Assim que o carro de Chester passou próximo a Marília, o mesmo acenou, com um sorriso no rosto. Marília acenou de volta e observou o carro desaparecer no horizonte. Logo depois um táxi se aproximou e a garota entrou no mesmo, enquanto afundava no banco do carro, tentando se esquentar e se livrar do frio que sentia. Deixou o local olhando a porta do estúdio pela janela do carro, pensando em tudo o que havia acontecido naquela tarde. Sentiu um frio na barriga e sorriu. Respirou fundo e a única coisa que passava em sua mente eram os próximos dias que iriam chegar — além de sua conversa com Chester e toda sua interação com Emily anteriormente. Mas uma frase que havia dito mais cedo também ecoava em sua cabeça,
“As vezes nós só precisamos esquecer nossas ansiedades e deixar as coisas serem como elas devem ser”, Marília repetia baixinho enquanto observava o caminho até sua casa pela janela do carro.
0 notes
Text
- Marília… Você ouviu o que eu disse? - Stella aumentou o tom de voz, tentando chamar a atenção da amiga, que ainda se encontrava perdida no olhar do rapaz ao seu lado. Assim que ouviu o chamado da amiga, piscou várias vezes, como se estivesse saindo de um transe e agora já olhava para a amiga, que a encarava com um olhar curioso e divertido.
- Eu… Ahn… Claro! Sim, ouvi. - Marília disse sem pensar muito, com um sorriso sem graça nos lábios, tirando alguns risos de Stella, que claramente percebeu a confusão de Marília.
- Certamente. Até porque é assim que se responde a uma pergunta - a ruiva disse, balançando a cabeça em negação e deixando Marília boquiaberta e totalmente sem graça, mas ainda assim arrancando risos dos dois rapazes que estavam ao lado das duas amigas - De qualquer maneira, - Stella ia dizendo, tropeçando Marília, que ia tentar dizer algo ao mesmo tempo, mas foi logo interrompida pela amiga - Achei que seria de bom tom apresentar vocês dois - a ruiva apontava Marília para Chester e vice versa e ambos se olharam novamente - Mas acredito que não é mais necessário, acredito eu?!
A ruiva tinha um sorriso sapeca e malicioso nos lábios, enquanto fazia Marília corar e Chester crescer um sorriso um pouco tímido nos lábios, enquanto olhava de canto para Marília, que apenas desejava dar um grande beliscão na amiga por fazer se sentir tão envergonhada naquele momento. Ao mesmo tempo, Stella se sentia um tanto “orgulhosa” por ver a amiga interagir com o “ídolo” por tanto tempo e de uma forma tão “natural”. A ruiva mal conseguia se conter e havia de se conter em não dar pulinhos de alegria.
Marília ia dando um riso sem graça e assentindo com a cabeça, tentando se desfazer da pergunta da amiga, enquanto Chester limpou a garganta e levantou uma das mãos em sinal de protesto. - Na verdade… - começou ele, tentando manter uma expressão séria, assim fazendo com que Marília congelasse por alguns segundos e também congelasse seu olhar no rapaz, enquanto o mesmo se pronunciava - Passamos o dia inteiro juntos mas não sei o seu nome até agora - Chester riu quando concluiu a frase, fazendo Marília corar novamente e arrancando uma gargalhada alta e sincera de Stella, que teve até de se apoiar em Mike, que estava logo ao seu lado, que apenas observava a cena com um olhar de confusão mas também achava graça. Marília levou uma das mãos até seu rosto, balançando a cabeça.
- Não me surpreendo nenhum pouco - disse Stella, denunciando a amiga, que só sentia mais vontade de abrir um buraco embaixo de seus próprios pés e desaparecer naquele momento. A situação era tão tragicômica que a morena acabou caindo na risada junto dos demais.
- Realmente, eu ando com a cabeça em Marte ou algo do tipo… - Marília ia tentando se explicar, enquanto ainda ria e gesticulava com as mãos - Mas tudo bem, podemos resolver isso agora. Muito prazer, meu nome é Marília - a morena disse finalmente, com um enorme sorriso no rosto, enquanto esticava sua mão para cumprimentar Chester, que sorriu de volta para a garota e a cumprimentou, a olhando nos olhos.
- É um prazer finalmente saber seu nome - Chester disse, sorrindo - Aliás, é um belo nome. Difícil de esquecer. - Marília corou levemente ao ouvir aquilo. Os dois se olharam diretamente nos olhos por alguns segundos mas logo foram interrompidos.
- Será que eu também mereço a honra de ser apresentado… Ou… - Mike resmungava, enquanto fazia careta, olhando para os lados e esticava a mão para cumprimentar Marília, que caiu no riso novamente.
- É claro que sim - Marília disse, já o cumprimentando - É um prazer finalmente te conhecer, Mike.
- Eu devo dizer que é um prazer finalmente te conhecer também, Marília - Mike respondeu, sorrindo largo - Stella não consegue passar um dia sequer sem comentar sobre você. É como se eu já te conhecesse há algum tempo - O rapaz ria enquanto comentava sobre como a ruiva não fechava o bico sobre a melhor amiga, fazendo com que Marília sentisse borboletas no estômago em imaginar que Mike e Emily já sabiam de sua existência há algum tempo.
- Eu não tenho culpa se ela é incrível no que faz e se nós somos como irmãs e dividimos tudo o que fazemos, entende? - Stella rebateu Mike, fazendo careta.
- Qual é, Stella, eu disse isso no bom sentido! - Mike respondeu a ruiva, dando um cutucão na cintura da mesma, fazendo a ruiva dar um pulo de susto e logo depois tentar reagir e dar outro cutucão no rapaz, que se protegia com as próprias mãos - Você não precisa levar tudo pro pessoal - o rapaz dizia entre dentes mas ainda rindo enquanto tentava se esquivar das tentativas de ataques de cócegas de Stella.
Marília observava os dois quase em guerra por causa de um comentário feito sobre ela e tentava segurar o riso e apenas deixava com que os dois se resolvessem sozinhos. Ambos pareciam próximos suficientes para resolver aquilo em uma briga de cutucões, pensava ela. Já ia pensando em como iria se retirar daquela rodinha sem ninguém notar sua ausência mas logo pôde ouvir uma voz conhecida chegando perto, chamando a atenção de Stella e Mike.
- Vocês dois realmente não tem nenhuma educação se eu não estiver por perto, hein? - a voz de Emily já vinha ecoando logo que a mesma vinha se aproximando, num tom irônico e enquanto a mesma abria os braços em sinal de falsa indignação. Os dois que antes tentavam se “cutucar” a todo custo agora apenas seguravam o riso e se escoravam na parede, ficando de frente para Emily, que parou logo ao lado de Marília, que seguia ao lado de Chester, que agora estava apenas observando toda a situação, de braços cruzados.
Quando Marília se deu conta da presença de Emily, sentiu um leve frio na barriga. Fitou a loira da cabeça aos pés de canto de olho e olhava com um leve sorriso nos lábios os trejeitos que Emily tinha quando estava com Mike e Stella. Muitas vezes se perguntava como os três criaram uma intimidade tão grande, principalmente com Stella, mas logo lembrava que sua amiga ruiva não era uma pessoa tão difícil de se fazer novos amigos.
Os três davam risada e falavam alto sobre alguma coisa que haviam feito anteriormente no ensaio. Estavam animados e tinham planos para os preparativos finais para a matéria da revista que Stella iria publicar na próxima edição da revista. Aquilo era um grande acontecimento para Mike e Emily, pois finalmente o projeto do duo iria sair do papel e o público iria conhecer mais sobre. Os dois amigos falavam sobre com muita animação e ansiedade ao mesmo tempo, coisa que fazia com que Chester os observasse com certa ternura e animação nos olhos — coisa que Marília notava quando observava o olhar do rapaz, que de vez em quando também era incluído na conversa. Marília deu um leve passo pra trás para que assim pudesse observar toda a cena com um ponto de vista melhor e, por um instante, gostaria de poder fotografar com os olhos aquele momento pela eternidade. Como se os olhos tirassem fotos.
Ficou tão admirada por aquele momento com aquelas pessoas ali presentes que por alguns segundos esqueceu que também fazia parte daquele momento, mas logo voltou a realidade.
- Na verdade eu não sei se deveria dizer o que eu ia dizer… - Stella ia dizendo, fazendo bico e passando a mão pelos cabelos. Emily cruzou os braços e passou a encarar a ruiva, que arregalou os olhos e começou a rir.
- É sobre o que eu tô pensando? - A loira perguntou, ainda de braços cruzados, mas agora alternando olhares entre todos ali presentes na roda, incluindo Marília.
- O que foi? - Mike disse confuso, como quem não quisesse nada - Tudo isso é sobre nós falarmos em voz alta que sua amiga é a tal garota que vai nos entrevistar no próximo show?
Marília sentiu seu peito congelar e deixou um “OPS” escapar de seus lábios assim que ouviu o rapaz finalizar aquela frase. Olhou imediatamente para Stella, que olhava para a amiga com um sorriso amarelo mas abria os braços em sinal de “alívio” e logo depois sentiu uma mão tocar seu ombro.
- Nada melhor quebrar esse mistério todo e mostrar sua verdadeira face do que deixar esses pobres meninos sem saber quem vai enche-los de perguntas, não acha? - Emily dizia enquanto repousava a mão no ombro de Marília, que estava tenso, praticamente duro como uma pedra. Assim que sentiu o toque da garota em seus ombros, sentiu uma leve sensação de relaxamento quase instantânea, o que levou Marília a dar um sorriso amarelo de nervoso enquanto Emily tentava mostrar o lado bom de ser “exposta” naquele momento. Marília virou o rosto de lado para que pudesse olhar melhor Emily e pôde ver que a loira tinha um sorriso sincero nos lábios, e um olhar reconfortante.
- Bom, é. Realmente, talvez seja melhor mesmo, eu acho - Marília ia dizendo, rindo meio sem graça e agora encarando os próprios pés.
Um silêncio ensurdecedor pairou pelo ar por alguns segundos enquanto todos olhavam pro nada e pensavam em alguma coisa que ninguém sabia dizer ao certo o que era. Mas logo o silêncio foi interrompido por um riso baixo, vindo de Chester. Todos os demais o olharam com curiosidade.
- A vida realmente é cheia de surpresas mesmo - disse o rapaz, vestindo sua jaqueta jeans preta e colocando uma touca preta na cabeça - Preciso ir nessa, pessoal. Vejo vocês!
E nisso, Chester deixou os três e acenou antes de desaparecer ao sair pela porta do estúdio. Marília ficou observando o rapaz ir embora e não tirou os olhos do mesmo até que não pudesse mais o ver. Sentiu uma leve sensação estranha e ficou com a última frase que o rapaz disse antes de sair em sua mente. “A vida é cheia de surpresas”, o que diabos ele estaria dizendo com isso? E por que ele tinha que ir embora tão de repente daquele jeito?
- Acho que eu preciso ir também, na verdade - Marília disse num impulso, limpando a garganta - Ainda preciso chegar em casa e voltar a focar no meu trabalho da… - Marília ia procurando uma desculpa mas logo se lembrou que já não era mais um segredo nenhum entre ninguém e riu baixo - Da entrevista. Preciso preparar tudo.
- Não aceita nem um after party depois do nosso primeiro ensaio aberto?! - Emily disse, com um sorriso sem mostrar os dentes e um olhar brilhante. Marília riu.
- Eu… Eu adoraria - Marília disse, sentindo suas mãos suarem e seu peito apertar, enquanto encarava diretamente os olhos azuis da garota na sua frente - Mas eu realmente preciso ir. Emily abaixou a cabeça e abriu os braços em sinal de derrota mas logo em seguida abriu um sorriso.
- Eu juro que só deixo você ir porque é por um ótimo motivo, mas nas próximas vezes, não deixo você escapar - a loira disse, um pouco mais próxima de Marília e num tom mais baixo de voz, fazendo Marília corar e com que o coração da morena disparasse. A garota respirou fundo e deu um riso sem graça e se despediu dos demais ali presentes e procurou a saída do estúdio o mais rápido possível, enquanto sentia suas mãos suarem e sua cabeça entrar em total confusão. Nem podia acreditar que tudo aquilo estava acontecendo ao mesmo tempo.
Marília ia chegando até a calçada em frente ao estúdio e se dirigindo ao ponto de táxi quando avistou logo a frente um rosto conhecido, mesmo de lado. Era Chester.
0 notes
Text
A morena deu um leve pulo assim que sentiu uma mão encostar seus ombros, enquanto ia se dirigindo até a saída do estúdio. Assim que virou de costas, deu de cara com Emily, que a olhava com certa surpresa e um sorriso nos lábios.
- Ah! É você! - Marília disse, retribuindo o sorriso mas com um tom um pouco desanimado, enquanto tentava desviar o olhar dos olhos azuis da loira, que mantinha contato visual com Marília constantemente. - Eu ia te procurar… - A morena ia dizendo, mas foi interrompida por Emily.
- Você ia me procurar? - Emily perguntou, entre risos e balançando a cabeça em negação - Eu te vi desde o momento em que você chegou aqui mais cedo - A loira dizia, enquanto agora cruzava os braços e observava os trejeitos de Marília, que agora já também trocava olhares diretos com Emily, com uma expressão mais séria - E não me lembro de ver você me procurando.
Marília riu baixo e deu um sorriso sem mostrar os dentes. - Só não quis incomodar seu momento. Achei que precisava de tempo pra atender seus fãs e seus amigos - dizia a morena, ainda com uma expressão séria, encarando Emily diretamente nos olhos, criando assim um clima um pouco tenso entre as duas - E tá tudo bem.
Emily arqueou as sobrancelhas e deu um riso irônico. Não entendia muito bem porque Marília agia daquela forma naquele momento. Parecia estar dando tantos passos pra trás e se “protegendo” dela, quando a única coisa que a loira queria era uma conversa amistosa.
- Uau, bem… Ok. Deixa eu ver se entendi - Emily ia dizendo, levantando as mãos e depois as levando até os cabelos - Você simplesmente escolheu se isolar de todos nós hoje por uma ideia que… Estava dentro da sua mente? - Emily questionava, entortando o nariz e fazendo uma careta de confusão para Marília, que bufou baixinho.
“Já estava demorando pro ego de artista aparecer”, Marília pensava sozinha dentro de seus próprios pensamentos, enquanto se encostava na parede e tirava uma mecha de seus cabelos da frente de seu rosto. Respirou fundo e tentou manter o mesmo tom de voz, mesmo se sentindo um pouco nervosa. Olhou em volta e pôde ver que sua amiga, Stella, estava a observando de longe enquanto conversava com Mike, coisa que a incomodou um pouco mais. Se lembrou do momento quando Stella quase jurou que não tinha o tal “contato” de Shinoda e, poucos dias depois, apareceu com Emily ao seu lado e com conversas um tanto íntimas demais com Mike e então Marília tomou conhecimento do trabalho em que estava fazendo com Emily e Mike já há algum tempo.
Marília não conseguia entender porque Stella esconderia tal coisa da própria amiga. Stella já sabia que Marília teria que realizar a tal entrevista com a banda de seu então “quase amigo” Mike em algumas semanas, e nem se deu conta de abrir a boca sobre o contato com o mesmo. Muitas perguntas e algumas possibilidades passavam pela mente da garota, que agora passava uma das mãos pelo rosto, enquanto ainda tinha Emily ao seu lado, a observando como se estivesse esperando por uma resposta. Marília simplesmente olhou a loira pelo seu canto de olho e suspirou.
- Me desculpe não ter ido atrás de você antes, e aliás, parabéns pelo show hoje - Marília disse finalmente, agora quase de frente para Emily, que a olhava com certa confusão - E obrigada pelo convite.
- Marília, você estaria aqui com o meu convite ou não. Stella iria te chamar de qualquer forma, já pensou sobre isso? - Emily respondeu rapidamente, dando um riso irônico, fazendo com que Marília bufasse mais uma vez. A morena rolou os olhos enquanto ouvia a resposta da loira. A mesma olhou em direção de sua amiga ruiva, que ainda estava no outro canto do estúdio, que por vezes trocava olhares com ela, e engoliu seco.
- Não sei. Não tenho tanta certeza assim - Marília respondeu, em um tom um pouco chateado.
As duas ficaram lado a lado por alguns minutos, cada uma olhando pra um canto. Emily fitava Marília de vez em quando, que evitava contato visual com a loira. Por alguns segundos, se perdeu em seus pensamentos e se perdeu nos próprios pensamentos enquanto observava Marília tentar se distrair e de desfazer do desconforto que sentia. A loira ia tentando fazer algum movimento ou dizer algo para tentar minimizar a situação, mas logo foi interrompida por Marília, que virou de repente para a loira.
- Eu preciso ir - começou Marília, ajeitando seus cabelos castanhos e colocando sua bolsa em volta de seu braço. A morena ainda tinha o olhar fixo em Stella, que agora parecia estar de fato esperando o encontro com a amiga - Preciso ir falar com Stella e depois tenho que resolver algumas coisas de trabalho. Longos dias pela frente - A morena deu um sorriso de lado, tentando parecer mais calma e solicita, fazendo com que Emily também desse um leve sorriso. A loira assentiu com a cabeça.
- Longos e bons dias pela frente, eu diria - Emily completou, assim fazendo as duas caírem em um riso sem graça, mas fazendo Marília corar levemente pois a mesma sabia exatamente do que Emily queria dizer.
Marília foi deixando a companhia de Emily e acenando para a mesma enquanto ia se dirigindo em direção de Stella, que aguardava a amiga escorada em uma mesa alta e meio sentada em um banquinho alto, logo no canto do estúdio. Perto dela, haviam alguns amigos da banda e quando Marília se deu conta, Mike e Chester estavam por perto também. A morena sentiu seu peito congelar por alguns segundos mas respirou fundo, apertando um pouco o passo e levantando seu queixo, tentando manter postura e confiança, mesmo estando perto deles.
- O que são esses olhos cheios de ódio, Marília? - Stella disse logo, assim que a amiga chegou ao seu lado. Marília riu baixo em um tom irônico. Stella tinha uma long neck de cerveja que apoiava na mesa ao seu lado, que logo foi tomada por Marília, que pegou a mesma e deu um longo gole.
- Eu achava que nós dividíamos todos os nossos segredos e projetos. Sem segredinhos bobos, nem nada - Marília disse, seca. Stella fechou os olhos e engoliu em seco, passando a mão pelos cabelos ruivos em sinal de leve preocupação.
- Marília, eu ia te contar…
- Iria me contar quando? - Marília disse quase cuspindo as palavras e perdendo a paciência que lhe restava, agora ficando de frente para a amiga, que arregalou os olhos e deu um sorriso sem graça sem mostrar os dentes. Marília olhou em volta rapidamente e viu que nem Chester nem Mike haviam notado a movimentação entre as duas amigas, então decidiu manter o rumo da conversa.
- Iria me contar depois que a entrevista acontecesse e que tudo desse errado ou quando eu tivesse uma crise de nervos sobre isso e você decidisse aparecer com a sua amiguinha maluca pra tentar me acalmar e me levar em um karaokê mais maluco ainda pra tentar me fazer relaxar em pleno meio de semana?! - Marília exclamava, com os pulsos firmes e o olhar fixo em Stella, que olhava a amiga e podia sentir a frustração de Marília - Acho que não custava nada você me contar que tinha esse contato estupido e muito menos que esse era o seu tal projeto, não acha?
Stella encarou a amiga por alguns segundos e abaixou a cabeça, encarando os próprios pés. Logo já estava olhando para os lados, mais especificamente para a direção de Mike e Chester, que seguiam conversando próximos das duas amigas, mas não haviam tomado nenhum conhecimento sobre a presença das duas ali. A ruiva respirou fundo e levou uma das mãos ao rosto.
- Eu ia te contar, antes - começou Stella, com uma voz calma e enquanto dividia o olhar entre Marília e os dois rapazes ao seu lado - Mas tudo aconteceu de repente. Meus superiores me colocaram nesse projeto de última hora, eu nem escolhi isso. Outra pessoa estava cobrindo o projeto deles e essa outra pessoa fez besteira e acabou sendo retirada do comando e eu… Eles me colocaram pra levar em frente tudo isso - Stella contava a história, palavra por palavra, com a maior calma que poderia ter e na esperança de que a amiga pudesse compreender - Eu realmente ia te contar. Mas você teve que ir pra Paris. Depois voltou e já estava literalmente uma pilha de nervos por causa da entrevista com… eles - Stella deu ênfase quando se referiu a banda dos seus “colegas” e apontou com a cabeça quando citou a banda - E eu sei mais do que ninguém como isso é importante pra você.
- E mesmo sabendo como é importante pra mim você escolheu me contar na última hora - Marília rebateu mesmo assim, balançando a cabeça em negação - Você tem noção de como tudo tá acontecendo ao mesmo tempo e em tão pouco tempo, Stella?! Tem noção?
Marília disse as últimas palavras em um tom um pouco mais alto e num nível mais alterado, talvez pela perda de paciência e pelo nível de álcool que ja havia ingerido naquela tarde. Até aquele exato momento, Chester e Mike não haviam prestado muita atenção no que as duas amigas estavam conversando ou lidando, mas por algum motivo, aquele instante foi um pouco diferente.
Stella olhou de repente para o seu lado direito, onde estavam os dois rapazes, que antes estavam distraídos conversando sobre qualquer coisa, mas agora a ruiva pôde perceber que ambos pararam tudo o que estavam fazendo e olharam de repente para Marília, que estava explosiva e gesticulava com as mãos enquanto falava com a ruiva. Stella olhou rapidamente para Marília, tentando avisar através de um olhar de que havia chamado a atenção dos dois rapazes, mas a mesma não entendeu muito bem de início.
- Stella, eu falei com você - dizia Marília, já ficando um pouco vermelha de nervoso, enquanto encarava a amiga, que ainda estava imóvel e segurava as palavras para tentar não chamar mais a atenção - Stella…
- Stella, você tá ignorando sua amiga? - Mike perguntou de repente, com um olhar de reprovação, enquanto se aproximava da ruiva, que agora levava uma das mãos até o rosto, tentando se esconder - Não acredito que nem a sua melhor amiga você poupa… Inacreditável! - o rapaz exclamou, ironicamente enquanto ria e fazia o seu amigo, Chester, rir ao mesmo tempo.
Marília viu ambos os rapazes se aproximarem “do nada” e congelou. Arregalou os olhos e quando viu Mike provocando Stella na cara dura, sentiu uma sensação engraçada na barriga e quando menos se deu conta, tinha uma das mãos tapando sua boca, em forma de total surpresa.
- Será que você nunca vai me dar um tempo? - Stella respondeu finalmente, olhando Mike de lado, com os braços cruzados, fazendo o rapaz rir mais ainda - Desse jeito você vai assustar a garota. Olha a cara dela.
Marília realmente parecia que havia visto um fantasma ou algo do tipo. Seu rosto parecia uma folha de papel em branco. Não sabia se caía no choro ou numa gargalhada de nervoso. Quando foi se acalmando, lentamente, olhou para o lado e encontrou-se com o olhar de Chester, mais uma vez. “Mais uma vez ele, de novo”, pensou a garota, sentindo seu estômago quase revirar. A garota que antes tinha uma das mãos em sua boca, agora tirava uma mecha da frente de seu rosto, e encarava o rapaz, que a observava e tinha um sorriso divertido nos lábios. Ambos ignoravam totalmente a discussão que agora surgiu entre Stella e Mike e ficaram se olhando por alguns segundos, como se não houvesse mais ninguém ali ao lado.
A garota tentou encarar o rapaz por mais alguns segundos mas acabou caindo na risada, assim levando o rapaz a fazer o mesmo. O rosto que antes era puro nervosismo agora se sentia bobo, quase infantil.
- Se você quiser eu tenho uma técnica muito boa pra você se desfazer desse estresse todo que você tem aí dentro - Chester disse finalmente, ainda rindo.
- Ah sim. Já imagino - Marília respondeu de pronto, deixando o rapaz boquiaberto e com uma expressão curiosa - Deixa eu ver se adivinho…
- Se você disser “berrar” como nas minhas músicas eu vou ser obrigado a te deixar mais nervosa do que antes - Chester disse, arrancando uma gargalhada de Marília, que provavelmente pôde ser ouvia dentro do estúdio inteiro. O rapaz sorriu genuinamente vendo a morena rir tanto daquele jeito.
- Mais uma vez você conseguiu ler meus pensamentos, eu acho - Marília disse entre risos, olhando Chester diretamente nos olhos. Os dois riram juntos e mais uma vez se encontraram trocando olhares fixos e intensos, como nas outras vezes naquela mesma tarde. Os olhares eram intensos, quase como se ambos se conhecessem há anos e estivessem se esperando para se reencontrarem novamente durante muito tempo. Nenhuma palavra precisava ser dita, os próprios olhos já diziam muita coisa.
“Será que ele tem alguma noção mesmo do que eu penso quando eu olho nos olhos dele assim”, pensava a garota enquanto olhava dentro dos olhos dele.
“De onde será que essa garota surgiu e porque diabos eu fico preso assim?”, o rapaz pensava enquanto se encontrava praticamente enfeitiçado pelos olhos castanhos de Marília.
0 notes
Text
Emily se afastou do microfone e limpava a garganta, enquanto pegava sua guitarra e começava a afinar e testar alguns acordes. Olhou em volta e podia ver os fãs todos sentados no chão do estúdio — os que estavam mais próximos escolheram se aconchegar no chão com almofadas que o próprio estúdio ofereceu, enquanto os demais fãs e os poucos jornalistas que estavam presentes estavam de pé no fundo da sala. A loira fazia um raio-x de toda a sala e fazia questão de olhar rosto por rosto de quem estava ali presente, quando de repente, lá no fundo da sala, seu olhar encontrou com o de Marília, que encarava a loira com um olhar pensativo e uma expressão meio vazia, como se estivesse com a mente em qualquer outro lugar, menos naquela sala. A loira sentiu seu corpo ferver por alguns segundos assim que seu olhar encontrou com o da morena e ficou estática encarando Marília, que depois de alguns segundos, notou o olhar de Emily parado em seu rosto. A morena resolveu devolver o olhar com um sorriso de canto e um olhar amistoso, atitude que fez com que Emily sentisse seu corpo relaxar e um sorriso brotar no seu rosto. A loira ia finalmente desviando o olhar de Marília, quando notou um rosto conhecido logo ao lado da morena. Quando viu Chester ao lado da amiga, seu coração palpitou. Sentiu vontade de dar “pulinhos” de animação e vibrar por aquele momento, mas ao mesmo tempo, sentiu uma certa sensação estranha, como se fosse uma vontade de estar ali perto dos dois. Era como se fosse um incômodo — não saberia explicar ao certo se alguém a perguntasse naquele momento. Quando se deu conta do que estava sentindo e pensando, chacoalhou a cabeça, assim deixando seus cabelos loiros bagunçados e voltou a encarar o microfone que estava logo a sua frente. Olhou de canto para seu colega Mike, que já estava terminando de afinar seus instrumentos e tinha um sorriso de canto em seu rosto, como se estivesse notando toda a movimentação da amiga durante aquele tempo todo. A loira fechou os olhos e balançou a cabeça em negação e riu baixo, abaixando a cabeça e levantando logo em seguida:
- Primeiramente eu gostaria de agradecer a presença de todos vocês aqui hoje - começou Emily finalmente, com um sorriso no rosto, fazendo com que a plateia aplaudisse e fizesse barulho para a cantora - Hoje é um dia muito importante pra mim e pro Mike - Emily apontou para o colega, que sorriu e acenou para a plateia, que retribuiu o carinho com o rapaz - E… Espero que gostem.
Emily deu um sorriso de canto e olhou para Mike novamente, que acenou com um “joinha” para a amiga, que retribuiu o gesto e começou os primeiros acordes da música.
Mike começava a música com uns toques de bateria eletrônica e começava as primeiras estrofes da música, que até aquele instante era inédita.
Your blades are sharpened with precision
Flashing your favorite point of view
I know you're waiting in the distance
Just like you always do
As batidas da música eram bem similares a uma música do Linkin Park, pensava Marília, enquanto balançava a cabeça ao ritmo da música e prestava atenção atentamente à letra. Observou os demais fãs em volta e todos pareciam estar curtindo o som do mais novo duo, o que fez a morena sorrir involuntariamente. Olhava em volta e notava a expressão de cada um, mas a reação de uma pessoa em específico chamou a atenção da garota. Chester parecia animado e tinha uma expressão de “orgulhoso” e o mesmo até mesmo cantava junto, como quem já havia decorado a letra. O rapaz chacoalhava o corpo e balançava a cabeça no ritmo da música e não deixava de cantar uma frase sequer, sem tirar os olhos de Mike e Emily. Marília notou aquele momento e sorriu ainda mais largo. Conseguia sentir o sentimento bom vindo de Chester, que era praticamente contagiante. O rapaz, que estava quase em transe assistindo os dois amigos tocarem e cantarem, desviou o foco por alguns segundos e encontrou o olhar com o de Marília, que o observava sem nem perceber. O mesmo riu ao perceber que estava sendo observado pela garota e encostou o ombro no de Marília, em uma tentativa de fazer a mesma “dançar” no mesmo ritmo que ele. A garota riu, sem graça, mas cedeu ao convite do rapaz. Quando se deram conta, ambos estavam “dançando” juntos, lado a lado, ao ritmo da música.
A voz de Mike saiu e deu lugar à voz de Emily, que mesmo sendo num acústico, soava marcante e rasgada. Mike sorria enquanto tocava e olhava para a amiga cantando e dando tudo de si enquanto cantava:
I let you cut me open just to watch me bleed
Gave up who I am for who you wanted me to be
Don't know why I'm hoping for what I won't receive
Falling for the promise of the emptiness machine
A loira realmente dava tudo de si, e já era da imaginação dos fãs como seria aquele duo ao vivo, sem ser em um estúdio acústico. Pelo menos era isso que Marília pensava.
- Me pergunto como esses dois vão ser em um show! - disse Marília, quase tendo que gritar, se aproximando de Chester, que sorriu quando ouviu o que a garota disse.
- Você não vai se arrepender - Chester respondeu, também quase aos berros - E provavelmente vai ver isso antes do que imagina - Chester respondeu e Marília arqueou as sobrancelhas e olhou para o rapaz com um olhar curioso e divertido, como quem queria entender melhor o que diabos ele queria dizer com aquilo, mas tudo o que o rapaz podia fazer naquele momento era dar uma piscadela e sorrir para a morena, que ficou incrédula e morrendo de curiosidade. Pensou por alguns minutos em perguntar o que Chester queria dizer com aquilo, mas, logo pensou que a curiosidade seria mais interessante e talvez Chester queria que a garota vivesse aquela dúvida, por algum motivo. E a garota gostava de fazer parte daquele mistério.
Enquanto isso, Emily e Mike iam se divertindo no palco improvisado no estúdio, com os fãs todos de pé e praticamente curtindo aquele ensaio aberto como se fosse um grande show. Ambos não tiravam o sorriso do rosto; já esperavam que os fãs fiéis de suas respectivas bandas iriam marcar presença, mas a presença foi maior do que esperavam e a reação foi melhor ainda.
I only wanted to be part of something
I only wanted to be part of, part of
I only wanted to be part of something
I only wanted to be part of, part of
I only wanted to be part of something
Emily e Mike cantavam juntos a capella a última parte da música, enquanto os fãs já iam decorando essa parte da música e cantavam junto com o duo. Emily cantava com os olhos fechados e sentia a música, mas por um momento abriu os olhos e seu olhar mais uma vez se encontrou com o de Marília, ainda no fundo da sala, que tinha os braços pra cima e cantava a letra da música com os demais fãs e junto com Chester. Emily não conseguiu evitar mas deu um sorriso de orelha a orelha. As duas se olharam e cantaram o verso “I only wanted to be part of something” e trocaram sorrisos.
- Uau, isso foi incrível! - Mike disse assim que terminaram a primeira música, enquanto eram aplaudidos por todos ali presentes. O duo agradecia e eram cheios de sorrisos o tempo todo.
Logo depois, tocaram mais duas músicas inéditas e no final, Mike insistiu para que Emily desse um gostinho de uma das músicas de sua banda autoral, o Dead Sara. Mesmo apreensiva, Emily deu uma “palinha” e todos adoraram, principalmente os que ainda não conheciam a banda da mesma. A loira ficou honrada e até sem graça com tanto barulho que fizeram por conta de sua música. Depois disso, o ensaio finalmente chegou ao fim. Alguns fãs ainda ficaram por perto para apreciar a presença dos ídolos e tirarem fotos, pedir autógrafos ou simplesmente curtir o ambiente do estúdio que era muito agradável e ainda tocava algumas músicas ambiente e ainda contava com algumas bebidas.
Emily terminava de conversar com alguns fãs e logo avistou Mike, que conversava com alguns amigos. A loira não pensou duas vezes e foi correndo dar um abraço no amigo, que retribuiu o abraço calorosamente, enquanto ambos riam em felicidade e alívio.
- Eu te disse que daria tudo certo! Doeu alguma coisa?! - Mike dizia, se desfazendo do abraço e segurando Emily pelos braços, assim olhando a loira nos olhos. A loira riu alto e negou com a cabeça.
- Não doeu nada. Eu quase fiz xixi nas calças mas não doeu absolutamente nada - Emily disse, fazendo com que Mike e seus amigos caíssem na risada. A loira logo foi se entrosando na conversa de Mike e os amigos do rapaz, quando sentiu alguém cutucando seu ombro. Virou-se rapidamente e deu de cara com Stella, que tinha um sorriso enorme no rosto e os braços abertos para a loira, que a abraçou imediatamente.
- A revista vai adorar isso que aconteceu hoje. Vocês vão longe ainda, doida! - Stella dizia, apertando Emily num abraço.
- Não exagera. Eu fui bem, sim, não entrei em pânico como eu imaginava, mas, devo tudo isso ao Mike - Emily respondeu, já de frente para Stella e apontando para o amigo com a cabeça, que ouviu a loira dizer seu nome e rolou os olhos quando ouviu a frase.
Enquanto isso, no lado oposto da sala, Marília respondia a alguma mensagem insistente de trabalho em seu celular, enquanto bufava baixinho. Procurou se desfazer de seu celular o mais rápido possível e o guardou em sua bolsa, assim ficando com as mãos abanando. Olhou em volta e percebeu que havia ficado sozinha mais uma vez. Nem se deu conta do momento em que Chester saiu do seu lado. “É claro que ele não iria ficar aqui por muito tempo, óbvio”, pensava ela, meio frustrada. Respirou fundo e levou a mão a cabeça, pensando no que poderia fazer. Um pouco mais à frente avistou sua amiga, Stella, conversando com Emily e Mike. Os três pareciam bem agitados e sempre dando risada. “Eu não deveria incomodar com esse meu humor”, pensou ela, indo em direção ao pequeno frigobar que ficava em um dos cantos da sala mais uma vez. Pegou mais uma cerveja e se escorou na parede, enquanto observava a movimentação de toda aquela gente presente.
Aos poucos, os fãs e os menos chegados iam deixando o local e a música ambiente ia ficando mais alta. Naquele momento era possível ouvir With Me do Sum 41 tocando. Marília começou a prestar atenção na música e rolou os olhos e riu baixinho, pois era a última música que gostaria de ouvir naquele momento. Ainda olhava em volta e estava perdida em pensamentos, com o olhar também perdido mas logo seu olhar se encontrou com o de Chester, que estava também escorado na parede, mas do lado oposto da sala, que acenou e sorriu para a garota assim que a viu. Marília sorriu e acenou de volta. A garota notou que algumas pessoas estavam em volta do rapaz e conversavam — ou pelo menos tentavam conversar algo com o mesmo, mas Chester não dava muita atenção naquele momento. Os dois trocavam olhares vez ou outra, junto de sorrisos e risos sempre que viam alguma situação um pouco constrangedora ou desconfortável. Era quase como Chester pedisse ajuda para que a garota o tirasse daquela situação. A letra da música ainda ecoava na mente de Marília e a mesma ficou pensativa por alguns minutos, ainda observando os trejeitos de Chester, que agora conversava com seu parceiro de banda e amigo, Mike. Logo viu que Emily entrou na conversa. A morena observava os três conversando e um pequeno sorriso ia se formando em seu rosto, sem querer. Se sentia boba por estar ali, parada, estática, com uma cerveja na mão e olhando toda aquela movimentação alheia acontecer.
Fechou os olhos e balançou a cabeça, tentando voltar a si. Respirou fundo e olhou em volta mais uma vez, não encontrando nenhum outro rosto desconhecido. Deu um sorriso torto e foi logo se encaminhando para a saída do estúdio, quando ouviu uma voz conhecida chamar pelo seu nome:
- Ei, onde você pensa que vai desse jeito?!
1 note
·
View note
Text
⭐️ presenting ⭐️ in appearance order:


Marília, 30y. Brasileira, vive entre LA-Londres desde os 18 anos. Jornalista musical para a Rolling Stone e fotógrafa nas horas vagas. É completamente apaixonada por seu trabalho e por descobrir mais sobre o que faz e pela busca pela perfeição. Alguns a chamam de perfeccionista, mas ela prefere usar o termo “em busca de aprendizado, sempre”. É capaz de tudo para poder fazer seu trabalho bem feito. Às vezes acaba deixando sua vida pessoal de lado e esquece que alguns momentos são únicos, mas, seu coração é enorme assim como sua ânsia de aprendizado.


Stella, 30y. Brasileira, vive entre LA-Londres desde os 18 anos quando mudou-se para os EUA com sua melhor amiga, Marília. Jornalista musical para a revista NME. O alívio cômico de sua melhor amiga, Marília, em quase todos os momentos da vida, desde sempre. Tenta levar a vida da forma mais leve e brincalhona possível, mesmo quando as coisas não estão muito favoráveis. Tem um humor um pouco ácido e irônico demais em alguns momentos, mas acaba passando despercebida por sua facilidade em levar as situações não tão a sério.


Emily Armstrong, 35yo. Vocalista da banda Dead Sara e no duo com Mike Shinoda. É amiga muito próxima dos membros da banda Linkin Park. Vive nos EUA. Expansiva, barulhenta e com personalidade forte, deixa uma marca onde passa e em quem ela passa. Passar despercebida não é uma opção para Emily. Seja como uma amizade ou como um amor platônico, é uma pessoa que vai te deixar marcas. Com um humor diferenciado e o seu jeito mais leve de levar a vida, acaba balanceando sua personalidade forte e se tornando uma pessoa carinhosa e amorosa ao mesmo tempo que pode ser durona quando necessário. Pode ser capaz de fazer o que for preciso para alavancar sua carreira, o que mais ama na sua vida.


Mike Shinoda, 35yo. Vocalista no Linkin Park e no duo com Emily Armstrong. Vive nos EUA. Profissional demais às vezes, mas por outro lado, um grande amigo que se pode contar a qualquer momento. Completamente envolvido e apaixonado pela sua carreira e pelo seu trabalho, vive quase 100% de música e dos frutos que sua carreira dá, às vezes não dando muita atenção ao que acontece ao redor quando se diz sobre sua vida pessoal. De início pode parecer um pouco envolvido demais em trabalho, mas tem o coração gigante e uma amizade valiosa que provavelmente vai durar uma eternidade.


Chester Bennington, 35yo. Vocalista no Linkin Park. Vive nos EUA. Pode parecer um pouco distante, introspectivo de início, talvez por ser um dos maiores artistas de sua década. Mas tem uma das personalidades mais apaixonantes que alguém pode conhecer. Um humor curioso e diferenciado algumas vezes, mas que vai te fazer querer saber mais e mais sobre ele. Um amigo incrível e uma alma genuína, mesmo não dando a oportunidade de sua amizade a qualquer pessoa. Apenas alguns são os sortudos de terem sua amizade e confiança. Uma vez que o tem em sua vida, nem sonhe em perdê-lo.
playlist da fic:
1 note
·
View note
Text
Marília sentiu suas mãos suarem frio e seu ouvido começar a ter um leve zumbido. A sensação era como se o chão abaixo de seus pés havia acabado de desaparecer e ela estava simplesmente flutuando e estava sendo sustentada no ar somente por sua respiração, que naquele momento já era acelerada e fazia com que seu coração também batesse mais rápido e errasse as batidas.
Tentava de todos os jeitos se desfazer de um sorriso bobo que insistia em aparecer em seu rosto naquele momento; podia sentir suas bochechas queimarem e corarem e o sorriso surgindo em seus lábios, que queriam dizer algo mas sua mente ainda não sabia ao certo o que era. O rapaz em sua frente, com um casaco preto e a calça da mesma cor e tênis estilo All Star também pretos, passou a mão pelos cabelos recém raspados e deu uma risada sem graça ao ver a reação um pouco nervosa da garota em sua frente. Em uma tentativa de “quebrar o gelo”, limpou a garganta e colocou as mãos no bolso de seu casaco jeans preto: - Não queria atrapalhar sua espera na fila, acho que acabei tirando seu foco - disse ele, dando um sorriso sem graça, assim deixando Marília ainda mais com o peito apertado, que agora retribuiu o sorriso num piscar de olhos.
A garota deu um riso sincero - Você não atrapalhou de forma alguma - disse Marília finalmente, colocando uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, agora encarando os pés do rapaz em sua frente, que ainda a observava com um sorriso simpático no rosto - Eu só não esperava que alguém fosse ouvir o que eu tinha a dizer.
Os dois riram. Marília tinha um sorriso torto no rosto e vez ou outra tentava encarar o rapaz nos olhos e manter contato visual direto, mas era quase impossível o olhar nos olhos e não sentir que suas pernas iriam começar a tremer de repente, sem controle. O rapaz, por outro lado, observava a garota em sua frente com uma certa curiosidade, todos os seus trejeitos, desde o bom gosto para se vestir até como ela se tremia toda dentro daquele casaco de couro sintético.
- Você vai trabalhar aqui hoje? - o rapaz perguntou, tentando “quebrar o gelo”, enquanto Marília apenas se sentia mais nervosa ainda cada vez em que o rapaz se referia à ela.
A morena olhou em volta em confusão e arqueou as sobrancelhas. Tentou ver se algo nela mesma denunciava sua profissão mas não encontrou nada que pudesse dizer de fato que ela era uma jornalista — o que só fez sua confusão ficar ainda maior. - Ahn… Não… - a garota tentava se explicar, enquanto voltava a corar novamente - Eu só vim ver uma amiga hoje. Isso. Vim assistir uma amiga tocar e minha outra amiga está trabalhando também - Marília disse tudo de repente, como se estivesse num interrogatório e aquelas informações fossem essenciais para que o rapaz não tivesse dúvidas de que ela fosse uma jornalista. “Mas qual é o problema dele saber?”, pensou ela por um segundo, e de fato, não teria problema nenhum. Mas provavelmente durante sua semi crise de pânico, fazia mais sentido esconder sua real identidade de inicio do que dizer toda a verdade. Não que aquilo fosse durar por muito tempo.
O rapaz riu baixo - Você também é amiga da Emily? - Marília assentiu com a cabeça, com um sorriso torto, enquanto cruzava os braços novamente na tentativa de se esquentar enquanto a ventania batia nos dois - Bom, temos uma amiga em comum então, aparentemente.
- É, aparentemente… Sim… Se ela me considera amiga dela, sim - Marília disse sem pensar muito, enquanto encarava os próprios pés e evitava contato visual com o rapaz a todo custo.
- Como você não sabe se tem uma amiga ou não?! - o rapaz perguntou entre risos, agora também cruzando os braços, como se quisesse ficar na mesma posição de Marília, tentando entender o que se passava na cabeça da garota, que parecia perdida em milhões de pensamentos. Mal sabia ele que ela estaria perdida pela presença dele.
Marília desfocou seu olhar de seus próprios pés e finalmente voltou seu olhar ao rapaz, que a encarava com um olhar de curiosidade e tinha um sorriso reconfortante no rosto. Um olhar calmo e sereno, como se ela conhecesse aquele olhar de muitos anos e muitas vidas atrás. Sentiu seu peito bater mais forte mas, ao mesmo tempo, era como se seu coração estava sendo abraçado só pelo olhar do rapaz. Era possível perceber que o mesmo havia sentido algo no olhar da garota, que tinha um brilho no olhar e um sorriso quase infantil no rosto.
Os dois se encararam por alguns breve minutos e assim que notaram que nenhuma palavra havia sido dita, ambos caíram na risada. Marília ia se pronunciando mas logo foi interrompida pela vibração de seu celular que estava na sua bolsa. Era uma ligação.
Naquela altura da conversa, a fila já estava quase na porta do estúdio e, quando ambos menos perceberam, já estavam prestes a entrar no ambiente.
- Ahn, bom, eu… Será que… Será que te vejo lá dentro? - Marília perguntou, quase gaguejando sem parar, e sentindo suas bochechas queimarem enquanto formulava a pergunta. O rapaz olhou para a mesma e sorriu largo.
- Se isso for uma boa notícia pra você… Eu tenho quase certeza que sim - ele respondeu, enquanto fazia sinal para a garota passar na sua frente pela fila e seguir adiante para entrar no estúdio. Marília sorriu genuinamente e seguiu em frente como o mesmo a orientou, mas sem antes olhar para atrás e o observar por uma última vez enquanto estava sozinha com ele. O rapaz notou que Marília estava o observando e acenou para a mesma, que retribuiu. Quando Marília menos esperava, trombou e deu de cara com um rosto já bastante conhecido, mas ainda era o suficiente para levar um susto. “AAAH!” as duas berraram ao mesmo tempo enquanto deram de cara uma com a outra no corredor em frente à porta que dava para a sala onde seria o ensaio.
- Como é que você apareceu aqui do nada e não me avisou?! - Stella exclamava, pegando a amiga pelo braço e a levando para um espaço bem ao lado da sala onde seria o ensaio, no mesmo lugar onde estavam as câmeras e alguns outros produtores e apenas uma pequena parte da equipe que trabalhava com Stella - Eu jurava que você ia passar o dia inteiro afundada nas coisas que você tem que fazer pra semana que vem ou ficar se culpando por ter ido se divertir comigo ontem à noite.
Marília ouvia a amiga e rolava os olhos e apertava os pulsos mas sabia que por alguma perspectiva, ela tinha razão. Naquela mesma manhã ela havia sido meio ríspida e tinha dito algumas coisas em um tom não muito amigável mas, ainda assim, as coisas não estavam resolvidas e Stella precisava entender seu ponto de vista.
- Em nenhum momento eu te culpei por ter saído ontem e, em nenhum momento eu neguei sua ajuda ou da Emily ou… de ninguém. Eu jamais poderia fazer tudo isso sozinha e eu tenho a consciência disso. Você sabe que eu tenho consciência disso e você sabe que eu te agradeço por tudo - Marília disse finalmente, já com os olhos brilhando e as mãos um pouco trêmulas. A morena olhava para os lados como se procurasse alguém e passava as mãos pelos cabelos e balançava uma das suas pernas, como sempre fazia quando estava ansiosa. Stella logo notou a movimentação da amiga.
- Tem alguma coisa que você quer me contar e não sabe como? - Stella perguntou, pegando em uma das mãos da amiga, que estava totalmente gelada e suando frio. Marília respirou fundo e deu um sorriso misturado de alívio, felicidade e nervosismo ao mesmo tempo. Fechou os olhos e lembrou-se quando ouviu a voz de Chester pelas suas costas e quando virou-se e pôde vê-lo em sua frente, com um sorriso sereno e os olhos apertados, como sempre fica quando sorri.
Marília estava pronta para contar o acontecido para a amiga, mas foi interrompida por alguns toques na porta da sala onde estavam. “Precisamos de você aqui fora, será que pode dar um tempinho aqui?”, uma voz distinta lá de fora pedia por Stella, e a mesma naquele momento não tinha muito pra onde correr. Marília apenas sorriu para a amiga e assentiu com a cabeça, assim permitindo que a ruiva pudesse voltar à loucura de seu trabalho.
O estúdio já havia tomado “forma” e já havia quase toda sua capacidade total para aquele dia. Os fãs iam se aconchegando e o clima de expectativa ia se criando, por mais que não fosse um grande público. Marília ia vagando pelo estúdio e observando a movimentação alheia, desde os fãs até os próprios empregados do estúdio. Adorava aquele clima de música, gravação, produção e relação entre artista e fãs. A conexão que todo aquele espaço podia trazer entre esses mundos era essencial para seu trabalho. Enquanto ia adentrando um espaço mais “reservado” e próximo de onde os artistas iriam ficar, Marília encontrou a famosa caderneta vermelha de sua amiga Stella, onde a mesma anotava suas observações para depois passar para suas matérias na revista. Deu uma breve olhada e deu um sorriso genuíno. Gostava de ver o quanto a amiga havia evoluído no ramo assim como ela e sabia como um projeto daquele era importante para a carreira da amiga.
Enquanto Marília ainda folheava o caderno de Stella, a mesma passou a ouvir uma conversa logo atrás dela e de uma voz não muito desconhecida. Passou a prestar um pouco mais de atenção e quando se deu conta, já havia parado de folhear o caderno da amiga e estava dando mais atenção a conversa alheia, que na verdade era apenas Emily e sua voz alta e expansiva conversando com algumas pessoas em volta dela. Marília observou a loira e riu baixo, notando como a personalidade de Emily realmente era marcante. A loira vestida uma camiseta larga meio bege-marrom lisa e uma bermuda preta com tênis também pretos e os cabelos soltos e bagunçados como sempre. A morena fitava a loira da cabeça aos pés e por alguns segundos pensou em se aproximar e puxar assunto com a mesma e principalmente agradecer pelo convite que a mesma havia feito mais cedo, mas logo desistiu quando viu que a loira mal tinha tomado conhecimento da presença de Marília, que estava há poucos passos da mesma. “Só mais uma artistas e seus fãs, sempre ocupados e adorando uma atenção. Nada novo sob o sol”, Marília pensou alto e virou as costas e saiu andando na direção oposta em busca de algo para beber, de preferência alcoólico. Por algum motivo, aquela situação havia deixado a morena um pouco irritada e precisava relaxar de alguma forma.
“Mas que droga, será que é tão difícil eu encontrar uma cerveja nesse lugar?!”, Marília ia dizendo enquanto procurando por todo canto o lugar onde as pessoas encontravam garrafas de bebida. A morena olhava de um lado pro outro enquanto tentava encontrar qualquer sinal de geladeira ou algo do tipo, mas logo foi surpreendida por uma mão segurando uma cerveja long neck por cima de seu ombro, fazendo a mesma quase pular de susto. Quando se deu conta de quem era, não resistiu e caiu na risada de nervoso.
- Até parece que eu vim aqui pra ler seus pensamentos, não acha? - Chester disse, dando um leve sorriso e abrindo os braços como se estivesse esperando um agradecimento da garota, que ainda dava risada da situação.
- Eu jamais imaginaria que você pudesse ouvir tantos pensamentos meus desse jeito. Eu diria que é quase um dom - Marília disse, enquanto brindava com o rapaz em sua frente. A garota deu um longo gole em sua cerveja e deu um suspiro, como se estivesse se recuperando de uma montanha russa de emoções. E talvez ela estivesse, mesmo.
- Me pergunto como devem ser seus pensamentos quando você está num dia bom - Chester dizia, enquanto olhava em volta, mas ainda com um sorriso de canto. Marília riu ironicamente. A morena ficou um tanto indignada em como justamente ele sabia dizer que ela não estava no seu melhor dia.
- Eu diria que… Eu não reclamo tanto como hoje - a garota disse, entre dentes. Ambos ficaram em silêncio por alguns segundos mas acabaram caindo na risada logo em seguida - O que foi?! É a verdade. Eu não reclamo de nada.
Chester olhava adiante, bem para onde Emily e Mike ficariam, e balançava o corpo enquanto ouvia a música que tocava de fundo — When I Come Around do Green Day — e batia uma das mãos na perna fazendo o som da bateria. Tinha um pequeno sorriso no rosto e um olhar não tão sereno como algumas horas atrás, mas um olhar como se sua mente estivesse em algum outro lugar naquele momento. Marília também olhava para a mesma direção que Chester e vez ou outra olhava de canto para observar a expressão que Chester tinha.
Dizem que com poucas pessoas você se sente confortável sem dizer uma única palavra. E naquele momento, era exatamente o que Marília pensava. Não precisava dizer nada ou pensar em nada, era como se o silêncio fosse o suficiente. Não era necessário nem pensar em entrevistas ou no que iria ter que dizer para o rapaz ao seu lado quando o mesmo fosse perguntar sobre o assunto, aquele momento já era natural e não precisava de muito mais para ser bom. A garota podia perceber que alguns fãs haviam notado a presença do rapaz ali, mas nenhum fez o movimento ou se mostrou querer “perturbar” o momento em que o mesmo se encontrava. Quando a mesma se deu conta, algumas pessoas os olhavam e davam sorrisos. Mil coisas passavam pela mente da morena naquele momento mas preferia não pensar demais e apenas viver aquele momento e preferir acreditar que o rapaz não estaria ali se não quisesse.
- Fico feliz de saber que uma pessoa como você vai nos entrevistar em breve. Acho que posso confiar em você - Chester disse finalmente, depois de um bom tempo em silêncio e apenas apreciando a paisagem e sua cerveja. Marília arregalou os olhos e deu um longo gole em sua bebida em seguida.
- Uau… Como…
Chester sorriu. - Sim, eu sei. Você deve estar se perguntando como eu sei… Bom, talvez você se lembre do karaokê de ontem com a sua nova amiga Emily Armstrong, certo? - Bennington ia dizendo, enquanto Marília prestava atenção atentamente e apenas acenava com a cabeça e ainda ligava os pontos - Bom, como nós falamos mais cedo, a Emily também é minha amiga e infelizmente ou felizmente eu tenho um amigo um pouco fofoqueiro, o Mike. E você também tem uma amiga fofoqueira, a ruiva, da NME.
- O nome dela é Stella - Marília corrigiu rapidamente Chester, que levou a mão a cabeça ao perceber que esqueceu o nome da garota.
- Exatamente, Stella. Me desculpa. Bom, Stella e Mike. E Emily. Trabalhando juntos. Enfim, agora você junte os pontos e é meio óbvio que isso iria se espalhar - Chester completou, rindo enquanto pensava em todo o raciocínio que é necessário fazer para se chegar na conclusão da história.
Marília ouviu atentamente ao rapaz e chegou na mesma conclusão. Era óbvio que Chester iria saber em algum momento, cedo ou tarde, mesmo que sem querer. A garota corou em pensar em todo o cenário. Se sentia boba novamente, como se estivesse se sentindo exposta. Olhou rapidamente para Chester enquanto mexia em seus próprios cabelos e deu uma risada sem graça. O rapaz em sua frente logo percebeu a reação da garota.
- Você não precisa se sentir mal por isso - Chester ia dizendo, com uma voz calma e colocando uma de suas mãos no ombro de Marília, tentando a reconfortar - Você deveria se orgulhar de ter amigos que querem te ajudar - o rapaz concluiu, com um sorriso no rosto.
Marília sentiu seu peito apertar mas ao mesmo tempo sentia que as palavras do rapaz eram totalmente genuínas. Por alguns segundos se sentiu exposta e boba por todo o medo e insegurança que sentia diante toda aquela situação, e imaginar que Chester e provavelmente todo o restante da banda também sabia da sua mera existência só a deixava mais ansiosa e insegura ainda. Mas por outro lado, era como se tivessem tirado um peso das costas dela. A garota deu um longo suspiro e sentiu como se todo o aperto no seu peito tivesse ido embora naquele momento. Fechou os olhos por alguns segundos e quando se deu conta, ainda tinha o rapaz em sua frente, observando, como se estivesse ali pra ter certeza de que tudo estava bem. A garota deu um leve sorriso.
- Acho que te devo uma depois dessa - Marília disse finalmente, arrancando uma risada de Chester, que abriu os braços em forma de “vitória”.
- Tudo bem. Eu prometo ser legal no dia da sua entrevista e então estamos quites - o rapaz respondeu e Marília riu, assentindo com a cabeça. - Não que seja difícil ser legal com você.
Marília corou rapidamente e deu uma risada um pouco afetada ao ouvir aquilo. Levou as mãos ao rosto, tentando se esconder. Ambos começaram a rir e logo estavam se olhando nos olhos novamente. Antes que virasse mais uma competição de quem olhasse um ao outro por mais tempo, foram interrompidos por sons vindos do palco improvisado.
- ALRIGHT! Acho que estamos prontos, pessoal! - A voz meio rasgada de Emily ecoou pela sala, indicando que o ensaio finalmente iria começar.
0 notes