Tumgik
a-estranha · 1 month
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Crónicas de uma Marandza
Capítulo 1: A Tentação do Luxo
Olhei para o relógio adornando meu pulso delicado, suas agulhas marcavam precisamente 18h e 55 minutos, enquanto a aula ainda se arrastava pela tarde adentro. A brisa morna do final do dia acariciava o rosto, mas minha mente estava mergulhada em preocupações mais urgentes. O Sr. Dinis insistia em me ligar, como se sua insistência pudesse controlar o tempo que resta até o fim das aulas.
Este ano, prometi a mim mesma um foco renovado nos estudos, uma determinação firme que, até agora, tinha se mantido sólida. No entanto, a tentação das moedas que o tio barrigudo costumava me oferecer era difícil de resistir. Aos meus 22 anos, ainda me encontro na juventude exuberante, uma idade em que meus pais ainda têm o luxo de satisfazer todas as minhas necessidades e desejos, mas onde minha própria vaidade muitas vezes supera a razão.
Não consigo ignorar as chamadas insistentes desse senhor repulsivo, cuja figura gorducha e envelhecida contrasta fortemente com a imagem de meu pai. Ele me proporciona todos os luxos necessários para sustentar meu estilo de vida extravagante, uma verdade que, apesar de me repugnar, eu não posso negar. O brilho do meu celular chama minha atenção mais uma vez, indicando uma nova tentativa de contato do velho.
Decido que não posso mais adiar, consciente de que ignorá-lo só resultaria em chamadas mais frequentes e irritadas. Viro-me para minha colega de classe, Suzana, e anuncio sem cerimônias:
"Vou precisar sair da aula para atender meu 'sugar daddy'. Depois, você pode me passar os apontamentos e entregar minha pasta pela janela, porque não pretendo voltar."
Suzana finge não ouvir, mas sei que ela não aprova meu estilo de vida. Apesar disso, sua lealdade como amiga a leva a obedecer aos meus comandos, mesmo que de má vontade.
Continua...
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 2 months
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Parte 15
Os dias que se seguiram após a partida de Yannick foram marcados por uma calma aparente, mas por dentro, meu mundo estava em turbulência. Cada dia era um exercício de introspecção, um mergulho profundo em mim mesma, em busca de respostas, de entendimento, de um propósito para seguir em frente.
A solidão, que antes me assustava, tornou-se minha aliada nesse processo. Foi na quietude dos meus pensamentos que pude finalmente me enxergar com clareza, confrontar meus medos, minhas fraquezas, e também reconhecer minhas forças, meus desejos mais profundos.
Passaram-se 410 dias desde que Yannick se foi, e ainda assim, o vazio que ele deixou em minha vida parece inexplicável. Cada momento, cada lembrança, cada suspiro, é como se ele ainda estivesse aqui, ao meu lado, mas ao mesmo tempo tão distante, tão irremediavelmente ausente.
Durante esse período de luto, uma verdade dolorosa se revelou para mim: apesar de ter desejado Leo, de ter me entregado a ele em momentos de fraqueza e solidão, foi com Yannick que conheci o verdadeiro amor. Foi com ele que vivi os momentos mais intensos, os sorrisos mais sinceros, as lágrimas mais verdadeiras.
Decidi, então, junto com Diego, que era hora de honrar a memória de Yannick de uma forma significativa. Foi assim que surgiu a ideia de abrir uma boate em sua homenagem, um lugar onde pudéssemos celebrar não apenas sua vida, mas também a amizade, o amor, a alegria de viver.
Mas minha jornada não se resume apenas a lembranças e homenagens. Ao longo desses 410 dias, descobri muito sobre mim mesma, sobre o amor, sobre a vida. Descobri que nem sempre podemos ficar com quem desejamos, que as circunstâncias muitas vezes nos obrigam a seguir caminhos diferentes, a tomar decisões difíceis, dolorosas.
A minha história vai deixar muitos de vocês revoltados, insatisfeitos e outros surpreendidos. Mas também vai tocar o coração daqueles que compreendem a complexidade dos sentimentos humanos, que entendem que o amor nem sempre segue um roteiro predefinido, que muitas vezes nos surpreende, nos desafia, nos transforma.
Todos somos vulneráveis, nossos sentimentos podem nos trair, nos levar a buscar conforto onde não há, a procurar amor onde só há vazio..
Aprendi que amar nem sempre significa estar bem, que nem sempre quem amamos nos faz bem, e que, às vezes, é preciso deixar partir, deixar ir, para preservar nossa própria sanidade, nossa própria felicidade.
Mas também, nunca é tarde para recomeçar, para reinventar-se, para buscar a felicidade onde ela estiver. E foi assim que Diego entrou na minha vida, não apenas como meu sócio na boate, mas como meu companheiro, meu amigo, meu confidente. Nos momentos mais difíceis, foi ele quem esteve ao meu lado, segurando minha mão, enxugando minhas lágrimas, me fazendo rir quando tudo o que eu queria era chorar.
Às vezes, o amor surge nos lugares mais improváveis, nas pessoas mais inesperadas. E foi assim que descobri que o amor pode renascer das cinzas, pode florescer onde menos esperamos, pode transformar nossas vidas de uma forma que jamais imaginamos possível.
Esta é a minha história, uma história de amor, de perda, de dor, mas também de esperança, de superação, de recomeços. Uma história que, mesmo com todos os seus altos e baixos, me ensinou que o mais importante é nunca desistir de amar, de sonhar, de ser feliz. E é isso que pretendo fazer, dia após dia, mesmo que o caminho à frente pareça incerto, mesmo que as lágrimas ainda insistam em cair, mesmo que o coração ainda doa. Porque no final das contas, o que importa é o amor, é a vida, é a capacidade de seguir em frente, mesmo quando tudo parece estar desmoronando ao nosso redor.
Fim
Por:Jéssica Dos Santos
Agradecimentos
Sempre tive preferência por textos breves que capturassem sentimentos. Esta novela representa um experimento pessoal para aprimorar minhas habilidades de escrita, visando criar narrativas mais complexas. Quero expressar minha gratidão a todos que leram minha obra, especialmente a Shelsea Paruque, cujo apoio diário me incentivou a explorar a criação de personagens e histórias, e ao Alves António Cumbe Júnior, que desempenhou o papel de editor ao fornecer valiosas opiniões para a história.
Espero por vocês na minha próxima história ❤️
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a-estranha · 3 months
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Parte 14
O tempo arrastava-se, cada segundo como uma eternidade enquanto aguardávamos pela chegada da polícia. No silêncio tenso, as sirenes ecoaram ao longe, seguidas pelo disparo de um tiro vindo do interior do galpão.
Eu e Junior mantivemo-nos em silêncio, respirações suspensas, até que as luzes azuis e vermelhas inundaram o local, anunciando a chegada da autoridade. Com rapidez, explicamos a situação à agente que se aproximou, uma figura familiar em meio ao caos crescente.
Enquanto ela dava instruções aos colegas, o coração batia descontrolado, ciente de que a acção estava prestes a desenrolar-se. Sónia, Yannick e Diego estavam prestes a enfrentar as consequências de seus actos, e o suspense pairava no ar enquanto a polícia se preparava para invadir o espaço.
Eu gritei com fervor, determinada a proclamar a verdade: "- A culpada de tudo é a Sónia! O Yannick e o Diego são inocentes, eles ajudaram-me, e o meu irmão está aqui por causa deles!"
A agente respondeu com firmeza: "- Temos um traficante e um invasor lá dentro do galpão, Júlia, tu precisas acalmar-te."
Sem hesitar, abri a mão e entreguei a pen drive à agente, afirmando: "- Toda a verdade está aqui."
Ela aceitou o dispositivo e declarou: "- Vou analisar isso, mas por enquanto, só posso trabalhar com as provas e evidências que tenho em mãos." O suspense aumentava à medida que aguardávamos o desenrolar dos acontecimentos, com a incerteza pairando no ar.
Olhei para o galpão e vi Diego e Sónia saírem algemados, corri em direcção a eles, gritando desesperadamente: "- Onde está Yannick?"
Diego tinha lágrimas nos olhos, uma expressão de tristeza profunda que nunca vira nele desde que nos conhecemos.
Sónia soltou uma risada maléfica e respondeu: "- Nenhuma de nós poderá ficar com ele."
Corri em direção ao galpão, com Junior seguindo atrás de mim.
Ao abrir a enorme porta enferrujada do galpão, deparei-me com Yannick estendido no chão, sem nenhum sinal de vida, com uma abertura macabra em sua cabeça e outra em seu peito. O horror inundou-me enquanto encarava a terrível cena diante de mim.
Não conseguia acreditar no que via; Yannick estava morto. Em meio à tristeza, confusão e arrependimento, fiquei paralisada, muda e surda por alguns minutos, incapaz de reagir enquanto encarava o corpo de Yannick, incrédula, incapaz até mesmo de chorar.
Meu irmão Junior gritava meu nome e tentava me puxar para longe do corpo de Yannick, enquanto a equipe de perícia retirava seu corpo do local.
A oficial se aproximou de mim e expressou seu pesar: "- Sinto muito pela sua perda. Enviei a pen drive para a direção de investigação de tráfico e eles confirmaram que todos os vídeos, gravações e documentos ali presentes são genuínos e servem como provas da inocência de Yannick e Diego. Diego será responsabilizado pelo crime de posse ilegal de armas; não podemos soltá-lo imediatamente, mas faremos mais investigações e o tribunal decidirá sobre a possibilidade de fiança. Agora, vocês precisam sair do local, pois é uma cena de crime. Meus colegas os acompanharão até em casa para descansar, e amanhã vocês devem comparecer à delegacia para prestar depoimento como testemunhas."
Eu e Junior concordamos, deixando-nos conduzir até o meu apartamento pelos policiais, enquanto tentávamos processar o choque e a dor da perda de Yannick.
Chegando lá, olhei nos olhos de Junior e desabafei: "- Perdoa-me por esconder tantas coisas e acabar por te causar problemas. Eu sou tua irmã mais velha e deveria proteger-te, mas falhei..."
Junior respondeu com compreensão: "- Não vou te julgar. Já sei do teu envolvimento com Leo. Só quero que sejas feliz."
Suspirei, sentindo o peso das palavras: "- Talvez seja tarde demais. Agora Leo tem a Alicia, e ela está grávida."
Junior retrucou com firmeza: "- Um filho não prende um homem. Leo te ama."
Após nossa conversa, cuidei dos curativos que Junior precisava, ajudei-o com o banho e, em seguida, tomei um banho eu mesma. Finalmente, descansamos, buscando um momento de paz após tantos acontecimentos tumultuados.No dia seguinte, despertei sem rumo, carregando o peso do luto pela morte de Yannick. Sentia a necessidade de ver Leo, de desabafar e tentar compreender os sentimentos que compartilhávamos.
Liguei para Leo, que atendeu prontamente, preocupado: "- Como está o Junior?"
Respondi com calma: "- Junior está bem. Onde estás?"
Ele respondeu com urgência: "- Estou no hospital. Gostaria que viesses, preciso conversar."
Sem hesitar, preparei-me e dirigi-me ao hospital indicado por Leo.
Ao entrar no quarto, a enfermeira pediu que eu fosse breve e não o emocionasse, pois ele ainda estava em recuperação.
Assim que ficamos a sós, Leo me chamou para perto e perguntou: "- Como está Yannick? E como está o amigo dele que me ajudou?"
Respondi com tristeza: "- Yannick perdeu a vida. Diego foi detido por posse de armas, e Sónia foi presa pela morte de Yannick e outros crimes que cometeu." O peso das palavras pesava sobre nós enquanto enfrentávamos as consequências dos eventos recentes.Leo permaneceu em silêncio por alguns segundos, antes de começar a falar com sinceridade:
"- Eu não gostava de Yannick, mas também não lhe desejava mal. Júlia, eu te amo muito, mas percebi que alguns amores simplesmente devem viver dentro de nós. Desde que te conheci, não consigo me controlar, e tenho estado em situações perigosas.
Quero que saibas que não me arrependo de nada que fiz por ti, mas escolhi buscar um amor tranquilo. Sei que não será possível contigo. Vou me mudar para o Japão com a Alicia. Vou aprender a amá-la e farei dela a mulher mais feliz do mundo, pois ela sempre me quis e sempre me escolheu, sem considerar nenhuma outra opção."
As palavras de Leo ecoaram no quarto, pesadas de resignação e decisão. O impacto da sua escolha reverberou em mim, enquanto eu lutava para processar o fim repentino de nossas esperanças compartilhadas.
Eu apenas balancei a cabeça em aprovação, mostrando que respeitava sua escolha acima de tudo. Dei um beijo na testa de Leo e saí do quarto sem dizer uma palavra.
Caminhei pelo mesmo corredor por onde vim e encontrei Alicia e algumas pessoas que estavam visitando Leo. Alicia me abraçou, e eu retribuí o gesto. Foi então que ela disse: "- Sinto muito pelo que aconteceu contigo, com teu irmão e com Yannick. Sinto ainda mais pelo Leo. Quero te perdoar por tudo."
Com a voz trêmula e lágrimas nos olhos, que carregava desde a conversa com Leo, respondi: "- Agradeço pelo teu perdão e espero que continues a dar ao Leo o que ele sempre mereceu e eu nunca pude dar."
A troca emocional entre nós era palpável, carregada de resignação e aceitação do destino que nos separava. Segui meu caminho, deixando para trás o hospital e tudo o que representava, enquanto buscava encontrar meu próprio rumo em meio à dor e ao perdão. (continua)
Penúltimo capítulo
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 3 months
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Parte 13
Decidimos agir rapidamente para resgatar o Leo. Sem hesitar, enfiei a primeira camisola que encontrei, saltei para o banco traseiro do carro enquanto Yannick assumia o volante, e Diego sentava-se ao lado dele.
Embora a casa dos meus pais estivesse longe da casa do Diego, conseguimos lá chegar em cerca de 30 minutos. Assim que entrei, deparei-me com a desordem: móveis despedaçados e manchas de sangue nas paredes da sala.
Sem conter as lágrimas, soltei um grito desesperado: "Leo... Júnior... Há alguém aqui?"
Fiquei imóvel, apavorada, no centro da sala, enquanto Yannick permanecia ao meu lado e Diego vasculhava a casa em busca de Leo.
Até que finalmente, lá do fundo da casa, ouvimos o grito de Diego:
"Yannick, Júlia... Venham ajudar, rápido!"
Corremos até o local onde Diego estava e encontramos Leo inconsciente no chão. Yannick e Diego verificaram seus sinais vitais e cuidadosamente o levaram até o sofá da sala. Enquanto isso, eu só conseguia chorar...
Leo começou a recuperar os sentidos aos poucos, mas ainda estava muito fraco para nos contar o que havia acontecido.
Enquanto Yannick e Diego saíam para continuar a verificar a casa, eu prestava os primeiros socorros a Leo. Nesse momento, ele murmurou:
"Júlia... Desculpa."
Pedindo-lhe que descansasse, esperei alguns minutos até que Yannick e Diego voltassem, visivelmente mais nervosos.
Yannick disse, preocupado: "Sónia ligou, mas parece que ela quer me trocar pelo Junior..."
Diego, igualmente preocupado, respondeu: "Isso pode ser uma emboscada. Diga a ela que não podes ir. Eu irei e levarei comigo a pen drive que ela quer."
Yannick respondeu com gravidade: "Ela foi bem clara, ou eu vou ou nada..."
Embora a vida do meu irmão fosse a prioridade no momento, preocupava-me com Yannick. Aproximei-me e abracei-o.
"Eu vou convosco", disse eu determinada.
Yannick respondeu com preocupação: "Tu precisas de ficar com o Leo, ele ainda precisa de cuidados..."
Decidida, retruquei: "Eu vou chamar alguém para cuidar dele..."
Peguei no celular de Leo e liguei para Alicia:
"Olá, vou ser breve. O Leo está ferido aqui na casa do meu irmão, Junior, que foi raptado."
Alicia respondeu com voz trémula, demonstrando susto e preocupação: "Estou próxima daí e em casa, chegarei em alguns minutos."
Após 15 minutos de espera, Alicia chegou e correu chorando para pegar na mão de Leo, soluçando enquanto ele tentava acalmá-la com uma voz tão baixa que quase era inaudível.
Ao me aproximar para tentar acalmar Alicia, ela se levantou abruptamente e me deu uma bofetada, desabafando:
"Eu pedi tantas vezes para ele ficar longe de ti e dos teus assuntos. Desde que tu apareceste, a vida dele virou uma confusão. Parei de ter uma boa relação com o Junior desde que soube que ele era teu irmão, e não podia explicar o motivo... Tu tiraste-me tudo, Júlia, quase mataste o pai do meu filho..."
Enquanto Diego e Yannick seguravam Alicia, tentando acalmá-la, eu permanecia parada, como se estivesse aceitando que merecia aquela bofetada.
Após acalmar Alicia, Yannick e Diego despediram-na e saímos juntos até o local indicado por Sónia para o encontro com Yannick.
Após uma hora de viagem, chegamos a um local com muita vegetação, onde ao fundo se avistava um galpão aparentemente abandonado, o local escolhido por Sónia para o encontro com Yannick.
Eu e Diego mantivemo-nos afastados do galpão, pois Sónia havia solicitado que Yannick fosse sozinho. Passaram-se 15 minutos e não ouvimos nada. Yannick não regressava e Junior também não.
Diego pediu-me para ficar quieta e dentro do carro. Antes de partir, entregou-me a caneta e tirou uma arma do porta-malas, dirigindo-se rapidamente para o galpão.
Em menos de 5 minutos, avistei Junior correndo em direção à estrada. Silenciosamente, aproximei-me e interceptei-o.
Assustado, Junior abraçou-me e disse: "Não me expliques nada agora. Yannick está em perigo de vida. O teu amigo libertou-me, mas a mulher que me raptou e o seu capanga estão armados. Temos que chamar a polícia."
Em desespero, liguei para a oficial que estava a investigar a invasão à minha casa e pedi que a polícia se deslocasse rapidamente até o nosso local. (continua)
Últimos capítulos
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 3 months
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Parte 12
Depois de me apresentar a Diego, Yannick se afastou para atender uma ligação, deixando-me sozinha com ele. Por alguns momentos, ficamos em silêncio até que Diego decidiu falar:
"Meu amigo pode ser meio atrapalhado e se envolver em confusões, mas a verdade é que ele realmente gosta muito de ti..."
Respondi com um sorriso, sem proferir palavra alguma. Pouco depois, Yannick retornou e despejou a verdade que pairava no ar tenso:
"Trouxe-te aqui porque realmente quero ficar contigo, e para isso devo contar-te a verdade sobre a invasão à tua casa..."
Diego permaneceu mudo, enquanto eu absorvia as revelações de Yannick. Ele prosseguiu:
"Estive envolvido na invasão à tua casa. Os homens que entraram lá estavam atrás de mim por causa da Sónia, por isso, foram até ti. Eles invadiram um dos meus apartamentos onde a Sónia estava e a agrediram. Ela informou-os de que estávamos juntos e culpou-me pelos seus atos. Na noite em que dormiste na minha casa e ouvimos batidas na porta, era um dos capangas de Diego que eu coloquei lá para te proteger. Eles avisaram que a tua casa foi invadida. Após tudo isso, pedi ao Diego para verificar se o perímetro da tua casa estava seguro para que pudesses voltar em segurança."
Percebi então que Sónia estava a tentar manipular-me para incriminar Yannick. Foi nesse instante que Diego decidiu revelar mais sobre os vínculos obscuros entre eles:
"Yannick criou a sua empresa e colocou Sónia como sócia maioritária logo após o casamento deles. A empresa de Yannick sempre se limitou à importação de carros, sem outros propósitos. Nós éramos amigos de infância, mas ele afastou-se de mim quando comecei um negócio ilícito de venda de carros roubados. Avisei-o sobre Sónia, que conheci em outros meios e que já teve um relacionamento com um traficante conhecido, mas a paixão falou mais alto e Yannick continuou com ela."
A história sombria continuou com Yannick a relatar:
"Pouco tempo após me casar com a Sónia, ela começou a mudar, mentia e fazia dívidas em meu nome. Ela envolveu a nossa empresa num esquema de tráfico de drogas e humano com o seu ex-namorado. Fui intimado várias vezes sem perceber como, até que contratei um detetive que sugeriu que eu permanecesse com ela para conseguir provar minha inocência."
Diego enfatizou a urgência da situação:
"Yannick conseguiu tudo para incriminar a Sónia, mas o advogado dele teve uma urgência familiar e viajou por duas semanas, só voltando na segunda-feira. Neste período, deves permanecer perto de nós, porque a Sónia vai tentar de tudo para que Yannick entregue a pen drive com todas as informações a ela."
Decidi então não entrar em contato com Sónia e permanecer com Yannick até conseguirmos mantê-la presa. Contei a ele tudo o que Sónia me tinha revelado. Ele ficou extremamente nervoso e, num impulso, ligou para Sónia ameaçando-a caso voltasse a tentar algo comigo. Sónia enviou-me uma mensagem no mesmo instante que dizia:
"Fizeste uma péssima escolha."
Com o coração acelerado, seguimos até uma das propriedades de Diego, que parecia uma fortaleza, com seguranças armados, vidros blindados e um sistema de segurança sofisticado. Indicaram-me um quarto para descansar, mas fui interrompida por uma chamada angustiante de Leo. Imediatamente atendi, e ele disse com voz atordoada, intercalando palavras com tosse e falando de forma entrecortada:
"Júlia... ferido... casa... pais... Júnior... teu irmão... Ajuda-me... não consegui... proteger... Júnior..."
O desespero tomou conta de mim enquanto eu corria para compartilhar a terrível notícia com Yannick e Diego. Este último afirmou com urgência:
"Acho que a Sónia tem o irmão da Júlia como refém, precisamos agir rapidamente." Respondi, atônita: "Como assim agir?? Vamos à polícia."
Diego respondeu sombriamente:
"Se formos à polícia, Yannick será preso, e eu também pela invasão à tua casa, e até provamos a nossa inocência, o teu irmão ainda estará nas mãos da Sónia e dos amigos dela traficantes. Sónia tem o teu irmão para nos chantagear e em breve entrará em contacto, agora devemos ir o mais rápido possível para a casa dos teus pais para tentar ajudar o Leo"...
(continua)
Últimos capítulos
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 3 months
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Parte 11
Após alguns minutos de silêncio carregado, tomei a iniciativa de dirigir-me a Leo com cuidado e ponderação. "Leo...", comecei, escolhendo minhas palavras com cautela, "sinto que talvez seja melhor ires encontrar Alicia. Eu consigo lidar com a minha situação aqui."
Leo aceitou minha sugestão sem hesitação, expressando sua preocupação em não me deixar sentir abandonada, prometendo ligar em breve para me manter informada. Levantei-me e acompanhei-o até a porta, sentindo uma mistura de gratidão e desconforto com seu gesto de carinho ao tentar se despedir com um selinho, mas acabei virando o rosto, incapaz de retribuir naquele momento de tensão.
Minutos após a partida de Leo, meu coração ainda palpitava com a tensão do momento quando meu telefone começou a tocar. Ao ver o nome de Yannick no visor, um arrepio percorreu minha espinha, deixando-me totalmente em choque, incapaz de articular uma palavra ao atender a chamada.
Tremendo, peguei no meu telemóvel e com voz trêmula, respondi: "Alô, Yannick???"
A resposta de Yannick ecoou do outro lado da linha com um ar possessivo, como se pudesse sentir meu nervosismo.
"Agora me chamas de Yannick? Desde quando deixaste de pertencer-me? Vamos lá, diga 'amor', adoro quando o dizes", provocou ele, sua voz carregada de domínio.
Minha língua parecia travada, e quase não conseguia continuar a conversa, mas respirei fundo e murmurei: "Sim, amor".
Ele prosseguiu dizendo que eu deveria procurar algo para vestir e que ele iria enviar seu motorista para me buscar. Permaneci em silêncio, sem responder, mas meu silêncio acabou sendo interpretado como consentimento.
Embora eu não confiasse plenamente em Yannick, também tinha minhas dúvidas em relação a Sónia. Para desvendar toda essa confusão, percebi que precisava fingir estar do lado de um deles para conseguir acesso às verdades e mentiras de ambos. Era a única maneira de descobrir a verdade por trás de suas manipulações e jogos de poder.
Decidi então ligar para Sónia e informá-la sobre o convite de Yannick. Ela rapidamente delineou um plano, pedindo que eu embebedasse Yannick e sugerisse irmos à sua casa de praia. Sónia revelou que na casa de praia ele escondia uma pen drive incriminadora, prateada e gravada com as iniciais de Yannick.
Curiosa, perguntei sobre a localização exacta da pen drive, e ela respondeu com cautela: "Não será fácil encontrá-la em um dia. A casa é enorme. Sugiro que verifiques com calma. No total, são 12 cômodos, e cada um deles tem uma senha de acesso."
Assenti, absorvendo cada detalhe do plano, enquanto me preparava mentalmente para enfrentar Yannick e cumprir minha parte no jogo perigoso que estava por vir.
Curiosa, não pude deixar de questionar: "Por que não o fizeste tu? Afinal, és casada com ele..."
Sónia respondeu prontamente, com uma mistura de resignação e frustração em sua voz:
"Desde que Yannick começou a suspeitar que eu o investigava, ele me proibiu de frequentar sua casa de praia e qualquer outra propriedade sem a sua confirmação. Quanto às senhas, irei fornecer 3 que Yannick usa para quase tudo. Uma delas certamente irá funcionar para acessar a casa."
Após minha conversa com Sónia, escolhi meu melhor vestido, caprichei na maquiagem e perfume, garantindo que estivesse impecável para o encontro. Não podia falhar.
Não demorou muito para que Yannick ligasse, informando que seu motorista já estava à espera de mim do lado de fora. Rapidamente, me dirigi até a entrada e encontrei o motorista de Yannick.
Antes de entrar na viatura, decidi perguntar: "Senhor, para onde vamos?" Contudo, sua resposta foi firme e directa : "Não estou autorizado a fornecer informações sobre a rota, Senhora."
Com um nó de nervosismo na garganta, entrei no carro, ciente de que estava prestes a mergulhar em um jogo perigoso, onde cada passo poderia ser crucial para o desfecho da situação.
O motorista levou-me até um restaurante no centro da cidade. Ao entrar, não foi difícil encontrar Yannick; sua presença sempre exuberante destacava-se em meio ao ambiente. Ele era, sem dúvida, um homem que gostava de chamar atenção.
Quase tremendo de medo, fiz o possível para manter a compostura ao me aproximar. Yannick estava impecável, vestido de forma elegante e formal, emanava uma aura de poder e confiança. Por um breve momento, me encontrei admirada com sua aparência, quase esqueci do perigo que ele poderia representar.
Ele me recebeu com um sorriso aberto, seus olhos percorrendo-me com uma intensidade que me fez estremecer. Logo que abriu a boca, suas palavras foram como um choque de realidade. "Estás perfeita nesse vestido", disse ele, com um tom sugestivo, "é uma pena que eu vá preferir ver-te sem..."
Senti minhas pernas tremerem involuntariamente, uma leve sensação de desejo surgindo, o que não era suposto diante da situação. Era como se Yannick exalasse um magnetismo irresistível, mesmo em meio à complexidade da nossa relação.
Após o jantar, Yannick sugeriu que o acompanhasse até um casino que ficava no mesmo edifício. Relutantemente, segui-o, tentando ignorar o pressentimento crescente dentro de mim.
Ao entrarmos no cassino, fomos recebidos por um dos proprietários, que cumprimentou Yannick com um abraço caloroso. Para minha surpresa e consternação, reconheci imediatamente o rosto como sendo um dos indivíduos que a polícia havia relacionado à invasão da minha casa.
Yannick não pareceu notar minha perturbação quando o apresentou: "Este é Diego, meu amigo de infância e meu protector . Ele também é dono deste casino." Diego permaneceu em silêncio, apenas oferecendo um sorriso amigável em resposta à apresentação.
Uma sensação de desconforto e desconfiança se instalou em meu peito. Se Sónia estava certa ao afirmar que os invasores eram inimigos de Yannick, e a delegada havia relacionado Diego à invasão, então algo não estava certo. Era cada vez mais difícil compreender a verdadeira natureza dos acontecimentos e quem realmente estava envolvido nessa trama obscura.
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 10
A conversa com Sónia não se alongou mais, e eu prometi a ela que iria analisar e pensar em tudo o que ela havia me dito. Havia muitos indícios contra Yannick, e eu simplesmente não podia ignorá-los. Naquele momento, eu não tinha parado de amar Yannick, mas sentia algo que me afastava cada vez mais dele.
Por mais que me doesse, era muito claro que o que Sónia havia falado era verdade. Enquanto me despedia dela com a promessa de pensar no assunto, meu celular toca, e era a oficial que esteve em minha casa após a invasão, pedindo que eu fosse ao posto policial com urgência.
E assim, cumprindo o chamado da oficial, dirigi-me ao posto policial. Ao chegar lá, a atmosfera estava carregada de tensão. A oficial, com um olhar atento, ofereceu-me café, mas optei apenas por um copo de água, sentindo o coração acelerar enquanto me preparava para enfrentar o que quer que estivesse por vir. A oficial observou-me com uma expressão intrigada antes de finalmente romper o silêncio e dizer:
"Não quero tomar muito do seu tempo, mas tem certeza de que não conhece os invasores da sua casa?"
Indignada, respondi:
"Se eu soubesse, teria lidado diretamente com eles. Não acha isso intrigante, senhora oficial?"
A oficial fitou-me com um olhar penetrante, seu semblante carregado de desconfiança, antes de finalmente murmurar:
"Já que o dizes..."
A oficial tirou algumas fotos de homens e as colocou sobre a mesa, perguntando se alguma daquelas faces me parecia familiar.
Eu respondi que não, e era a verdade. Nunca havia visto nenhum daqueles rostos antes na minha vida. A desconfiança da oficial parecia aumentar enquanto ela examinava minuciosamente minha reação.
A oficial disse:
"Esses são os homens que possivelmente invadiram a sua casa. Foram vistos pelos seus vizinhos ao saírem. A questão é que só gente perigosa tem problemas com eles... Eles são traficantes de mulheres e drogas. Gostaria de entender o motivo deles terem invadido a sua casa sem levar nada."
Seu tom era sério, carregado de preocupação e suspeita, enquanto suas palavras ecoavam na sala, deixando-me ainda mais perplexa e alarmada com a gravidade da situação.
Eu respondi impaciente:
"As respostas que a senhora oficial procura são as mesmas que eu quero... Se já não temos nada a conversar além disso, posso me ausentar?"
A oficial acenou com a cabeça em sinal de aprovação e apontou para a porta de saída. Levantei-me ainda mais confusa e saí dali, com a certeza de que me envolvi com um criminoso. Sentia-me suja e revoltada com minha ingenuidade, enquanto as sombras da culpa pairavam sobre mim.
Eu era a vítima, mas estava ser investigada como uma criminosa culpada, rapidamente sendo conotada como mais uma das cúmplices de Yannick. A injustiça da situação pesava sobre mim.
Cheguei em casa e não tinha com quem compartilhar o fardo além de Leo. Liguei para ele aos soluços, mal conseguindo articular as palavras.
Leo perguntou se eu estava em casa e a única coisa audível que consegui dizer foi "Sim". Menos de uma hora depois, Leo estava na minha porta. Assim que abri, desabei em lágrimas em seus braços como uma criança.
Como sempre, ele não perguntou nada, apenas me abraçou e esperou pacientemente até que eu me acalmasse. Seu apoio silencioso era tudo o que eu precisava naquele momento de desespero.
Foi então que ele perguntou, acariciando meu rosto enquanto minha cabeça descansava em seu peito:
"Agora consegues falar? Queres partilhar?"
Eu disse que sim e, calmamente, contei a Leo sobre a invasão, sobre ir para o apartamento de Yannick, sobre o encontro com Sónia e sobre o inquérito na polícia. Com cada palavra que saía, sentia um peso sendo aliviado dos meus ombros, sabendo que podia confiar plenamente em Leo para estar ao meu lado, não importa o que acontecesse.
Leo apenas me abraçou mais forte e disse que eu poderia contar com ele. Ele expressou preocupação, afirmando que achava o plano de Sónia arriscado demais e que eu deveria deixar que a polícia cuidasse de tudo.
Não fiquei satisfeita com a resposta de Leo. Sentia uma extrema necessidade de me alinhar com Sónia e me vingar de Yannick, embora soubesse dos riscos significativos que isso poderia acarretar. A determinação ardia dentro de mim, e eu sabia que não poderia descansar até que a justiça fosse feita.
Eu resolvi ser sincera com Leo e disse:
"Eu não vou ficar de braços cruzados. Preciso resolver isso. Vi o estado deplorável da Sónia e mais cedo ou mais tarde serei eu na mesma situação se permanecer quieta."
Leo respondeu:
"Se realmente quiseres desmascarar o Yannick, não vou permitir que o faças só com a Sónia. Ela também não é de confiança. Eu vou ajudar-te."
Senti um misto de alívio e gratidão ao ouvir suas palavras. Finalmente, sabia que não estava sozinha nessa luta e que podia contar com o apoio de Leo para enfrentar o que quer que viesse pela frente.
No meio da nossa conversa, Leo recebe uma chamada e atende. Não consegui perceber o que a pessoa falou, mas deixou-o extremamente perturbado. Perguntei a Leo o que estava acontecendo, e ele disse que não achava que era o momento certo para me contar.
Insisti para que ele me contasse, pois estava cansada de ser mantida no escuro.
Leo permaneceu alguns minutos em silêncio e depois começou a falar:
"Depois do nosso envolvimento e da tua rejeição, eu conheci Alicia e estava em um momento sensível. Nós nos envolvemos sexualmente, mas foi só uma vez. Resolvi dizer a ela que só poderíamos ser amigos, porque o que ainda sinto por ti não permitiria que tivesse algo a mais com ela... E agora ela ligou para me dizer que devemos conversar, porque está grávida e já fez um teste que confirma."
Permaneci seca e em silêncio, sem saber como agir ou o que dizer para Leo. Os meus dois amores estavam a afastar-me , e o sentimento era indescritível. Sentia-me perdida, sem saber como lidar com Yannick e com o futuro com Leo cada vez mais incerto. O turbilhão de emoções era avassalador. (Continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 9
Eu e o Yannick acordamos assustados com as batidas estrondosas. Yannick saiu do quarto e, por motivos de segurança, achou melhor que eu permanecesse alí. Com medo do que poderia acontecer, tranquei a porta e permaneci quieta. Do quarto era quase impossível ouvir o que se passava na sala.
Após alguns minutos de ausência, Yannick retornou com uma expressão nervosa que mal conseguia esconder. Intrigada, questionei quem ele tinha encontrado e qual era o motivo de sua agitação, mas sua resposta breve e misteriosa foi apenas um enigmático "ninguém"...
Insisti questionando o que se passava e como era possível alguém ter batido a porta com tanta força e ele responder-me que não era nada.
Yannick mudou drasticamente e com um ar ainda mais nervoso disse que eu deveria me ajeitar para sair, pois ele precisava trabalhar. Eram 7h de domingo e eu não conseguia perceber o que se passava com ele, o mistério envolvendo seu comportamento só aumentava minha curiosidade e aflição.
Vesti-me, convencida de que Yannick poderia estar de alguma forma relacionado à invasão da minha casa, pois sua conduta cada vez mais questionável alimentava minhas suspeitas. Quando terminei de me arrumar, ele declarou que não poderia me acompanhar e sugeriu que eu chamasse um Uber para voltar para casa, aumentando ainda mais minha desconfiança.
Permaneci alguns segundos, tentando entender como ele poderia me tratar como se eu fosse uma estranha, especialmente depois de termos dormido juntos na noite anterior. A confusão e o desconforto se misturaram dentro de mim, enquanto eu lutava para compreender o que estava acontecendo.
Subi em um Uber a caminho de casa e meu celular começou a tocar. Atendi e do outro lado da linha falava uma mulher que logo se identificou: "Olá, eu sou a Sónia. Tenho certeza de que já ouviu falar de mim. Não posso falar ao celular. Encontre-me nas bombas de gasolina próximas à empresa de Yannick, aquelas que estão mesmo na esquina." O tom misterioso da ligação só aumentava minha intriga.
Eu não fiquei com medo, mas sim, curiosa do que ela poderia me dizer e concordei em encontrá-la.
Cheguei primeiro às bombas e ela apareceu 30 minutos depois, com algumas marcas roxas pelo corpo e o olho inchado. Ela disse: "Precisas acreditar no que te digo, pois estás a correr risco de vida, assim como eu, por causa do Yannick." As palavras dela lançaram uma sombra sinistra sobre toda a situação.
Eu ainda estava desconfiada, porém decidi ouvir com calma, sem interrompê-la.
Ela continuou:
"Yannick conheceu-me quando já era proprietário da empresa na qual me colocou como sócia maioritária. Mais tarde, descobri que ele estava envolvido no tráfico de mulheres e drogas, cerca de 5 anos após o nosso casamento. Decidi seguir Yannick e investigá-lo devido ao seu comportamento suspeito. Confrontei-o com provas dos seus crimes, mas ele ameaçou-me, dizendo que eu seria presa como cúmplice se eu o denunciasse. Yannick começou a enfrentar problemas com um cartel devido a dívidas, e eles passaram a nos perseguir. Além disso, a polícia já estava investigando Yannick há algum tempo, e fui interrogada várias vezes. Com rumores na empresa sobre o término da nossa relação, ele exigiu que eu fizesse uma surpresa para ele no dia dos namorados para não levantar suspeitas. Preciso da tua ajuda, Júlia."
Eu perguntei, com o coração aos pulos: "Como posso te ajudar se ele é um criminoso? Não tenho como saber se o que dizes é verdade..." A dúvida ecoava em minha mente, misturada com o medo do desconhecido e a angústia de não saber em quem confiar.
Sonia respondeu com um tremor na voz: "Olha para o meu estado... Os inimigos de Yannick estão determinados a prejudicá-lo de qualquer maneira. Ontem, invadiram a nossa casa e espancaram-me brutalmente como um aviso. E depois, destruíram tudo. Eu sei que és amante dele. Yannick nunca escondeu suas infidelidades e sempre me humilhou com seus casos. Mas estou exausta desta vida. Será que podes continuar nesta relação com ele apenas para que a verdade venha à tona? Ele usou-me, e vai usar-te também se continuares nisto." As palavras de Sónia ecoaram no ar, carregadas de desespero e resignação.
Eu via sinceridade nos olhos de Sónia, e suas palavras faziam todo o sentido. A invasão à minha casa apenas confirmava o perigo iminente que enfrentávamos. Eu estava correndo o mesmo risco que Sónia , mas questionava se teria coragem de fingir para Yannick com perfeição. Se ele realmente era um criminoso, não teria como sair da vida dele sem desmascará-lo, mas tentar prejudicá-lo com a verdade também representava um risco. Cada opção parecia ser um beco sem saída, deixando-me num dilema angustiante sobre qual seria o melhor caminho a seguir.
(continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 8
Esperei até que todos os convidados se retirassem antes de me deixar levar pelo cansaço e cair no sono. Ao despertar, o dever de arrumar minhas coisas e retornar para casa me aguardava.Com as malas prontas, dei um breve beijo em meu irmão, que ainda lutava contra a ressaca, e deixei sua casa para trás.
Ao chegar em casa ao meio-dia, deparei-me com a porta entreaberta, um sinal alarmante que me fez hesitar em entrar sozinha. Imediatamente, liguei para a polícia, e em questão de minutos, as sirenes já ecoavam, trazendo-me um certo alívio com a chegada da ajuda. A oficial, entrou cautelosamente, vasculhou cada cômodo, assegurando-se de que estavam vazios. Em seguida, pediu que eu listasse meus pertences de valor, para minha surpresa, todos ainda estavam intactos.
"Dona Júlia," disse a oficial, "quem quer que estivesse aqui pretendia lhe causar um susto ou procurava algo específico que não encontrou. Iremos investigar o ocorrido. Seria melhor que encontrasse outro lugar para passar pelo menos esta noite, enquanto tentamos esclarecer o que aconteceu."
Agradeci pela assistência, porém, a preocupação só aumentava. Quem teria motivo para me ameaçar desta forma? E o que poderia haver em minha casa de tão valioso? Não podia retornar à casa de meu irmão, pois ele ficaria preocupado.
Ao ligar para Yannick e contar o ocorrido, suas primeiras palavras foram inquietantes... Ele não perguntou se eu estava bem, mas sim sobre o que a polícia havia indagado. Sobre ele, sobre Sónia... Sobre nossos relacionamentos...A reação de Yannick me deixou apreensiva. As perguntas estranhas levaram-me a suspeitar de seu possível envolvimento na invasão à minha casa. Combinei de encontrá-lo em um café próximo, determinada a esclarecer minhas dúvidas, priorizando minha segurança acima de tudo.
Em menos de 20 minutos, Yannick chegou. Sem rodeios, expus minha preocupação. "Não vamos falar sobre nós agora. Estou preocupada com minha segurança. O que sabe sobre o que aconteceu em minha casa? Quem fez isso?"
Yannick tentou me tranquilizar, justificando-se: "Calma, amor. Posso explicar tudo."
Mas minhas palavras foram firmes: "Não sou seu 'amor' desde que descobri sua traição. Sónia está envolvida nisso, não está? As chamadas que fazia na casa do meu irmão... Diga que não tem relação com isso, Yannick."
As lágrimas vieram, misturando-se à saudade e ao medo. Yannick segurou minha mão, prometendo resolver a situação, mas a confiança estava abalada.
"Vamos para meu apartamento do outro lado da cidade. Prometo que não vou te tocar, se não quiseres. É apenas pela tua segurança. Podemos ficar em quartos separados," disse ele. Aceitei por falta de opção. No entanto, o congestionamento nos fez demorar quase duas horas e meia para chegar. Conhecendo bem sua casa, pedi apenas uma toalha ao chegar para tomar um banho.
Após um tempo reflexivo na banheira, desci para encontrar a mesa posta por Yannick.
Algumas das memórias mais vívidas surgiram naquele espaço, enquanto compartilhávamos o jantar em silêncio. Pensava em todas as vezes que exploramos cada canto daquela casa, e de repente, uma vontade avassaladora de passar a noite com Yannick tomou conta de mim.
Após o jantar, ele me ofereceu seu quarto, enquanto ele se acomodaria no de hóspedes. Tentei dormir por horas, mas a agitação era insuportável. Finalmente, não resisti e bati à porta de Yannick, implorando para ficar com ele. Ele consentiu sem hesitar.
Enquanto dormíamos juntos, em silêncio, de costas um para o outro, o som de nossas respirações e batimentos cardíacos preenchia o ambiente. Em questão de minutos, ele me abraçou por trás, suspirando em meu ouvido, e pude sentir sua erecção pressionando minhas costas. Não demorou muito para me entregar ao desejo avassalador que nos consumia.
Passamos a noite juntos, entregando-nos ao amor com uma intensidade renovada, misturada com saudade e a inevitabilidade da despedida. E ali, nos braços um do outro, adormecemos, unidos pelo calor de nossos corpos e o eco de nossos suspiros.
Despertei às 5h30 com batidas firmes na porta... (continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 7
Senti que o ambiente poderia estar prestes a explodir nas horas que se seguiam. Decidi dar meia volta para tomar mais dois shots de tequila, preparando-me para o que estava por vir. Encontrei Yannick na mesa de bebidas, fazendo exactamente o mesmo que eu. Optei por fingir demência e brincar de ser uma criança nos jogos da vida.
"Se Leo está aqui acompanhado, Yannick será minha companhia...", pensei, embora detestasse joguinhos, algo me impeliu naquela noite a agir assim.
Aproximei-me de Yannick e segurei-lhe a mão, admitindo que não o perdoei e que nada voltou ao que era, mas que precisava de paz só naquela noite... Parecia que ele não tinha a menor ideia do que estava a acontecer, ficou sem palavras e pálido diante do meu desabafo.
"Então, Yannick, vamos tomar dois shots juntos e depois vamos à sala nos misturar com os outros convidados... O Leo está aqui e eu não me importo com ele, só não quero escândalos. Meu irmão nem pode saber que vi o Leo antes do dia de hoje."
Yannick olhou para mim com um misto de desconfiança e intriga, indagando sobre o porquê de Junior não poder saber, se Leo estava ali por convite meu, entre outras questões.
Respondi-lhe com uma resposta manipuladora, afirmando que ele não estava em posição de questionar nada, enquanto tomava mais um shot de tequila, sentindo-me pronta para desempenhar o papel que me esperava naquela noite.
Juntos, caminhamos de mãos dadas até à sala, onde nos deparamos com Leo, sua acompanhante e meu irmão Junior.
"Oh Leo, que surpresa... fazem tantos anos... 10, né? Ou mais? Vejo que já namora, bem bonita a tua namoradinha, estás mesmo crescido", falei num misto de ironia e descontração, até que meu irmão decidiu interromper a minha tentativa de distração com uma piada de mau gosto.
Leo permaneceu impassível, uma aura de mistério e intensidade emanava dele, tornando-o ainda mais intimidante para mim.
Depois de um silêncio constrangedor, Leo quebrou o gelo: "Passou-se realmente muito tempo, e continuas bonita como antes. Permitam-me apresentar-vos a minha amiga Alicia."
Minha resposta foi carregada de sarcasmo: "Oooh, jurava que são namorados..."
A acompanhante de Leo finalmente falou, confirmando que não eram namorados, mas deixando claro seu território.
Meu irmão, percebendo a tensão, decidiu me levar para a cozinha, onde questionou se minha reação tinha a ver com o convite a Yannick. Respondi-lhe vagamente, tentando disfarçar meu mau humor adolescente.
Permaneci boa parte da noite ao lado de Yannick, tentando ignorar Leo e Alicia, mas algo dentro de mim incomodava cada vez mais.
Enquanto Yannick se afastava para falar ao celular, fiquei sozinha na escada da varanda, até que Leo viu a oportunidade perfeita para se aproximar.
"Impressão minha ou quem me rejeitou agora está com ciúmes?", ele disse, provocando-me.
Permaneci calada enquanto ele tentava justificar sua presença com Alicia, mas eu sabia que não devia satisfações a ele.
Leo agiu rapidamente, puxando-me para o lado de trás da casa, onde não pudesse ser visto.
Ele segurou meu queixo com firmeza, mergulhando seus olhos nos meus, antes de me envolver num beijo ardente e voraz, como se cada segundo fosse precioso.
Por um instante, entreguei-me ao desejo avassalador que ele despertava em mim, sentindo os botões da minha blusa cederem sob suas mãos ansiosas, explorando cada centímetro do meu corpo. O ar escapava dos meus pulmões enquanto me afogava na intensidade do momento.
Até que ouvi passos e, num sobressalto, me afastei de Leo, implorando silenciosamente que ele se retirasse enquanto eu assumia o controle da situação.
Para minha surpresa, era Alicia quem, com olhos desconfiados, questionou o que eu fazia ali sozinha.
Respondi com um sorriso irônico: "Apenas vim acender um cigarro... E você?"
Ela retrucou com um ar desafiador: "Estava à procura de Leo, será que o escondeste?"
Respondi, mantendo a provocação: "Não tenho necessidade de o esconder... Mas se estás curiosa para saber se ele está aqui, acabaste de descobrir."
Um olhar de desdém foi sua única resposta antes de partir em silêncio.
Apesar de sua juventude, Alicia era tão astuta quanto eu para perceber as ameaças, e talvez por isso estivéssemos a competir pelo mesmo homem.
De volta à sala, Yannick continuava imerso em suas preocupações ao telefone. Ele sabia que eu estava dividida entre ele e Leo, mas sua determinação sempre me cativou.
Leo, por sua vez, sabia como lidar com a rejeição e transformá-la em desafio, o que me atraía intensamente.
Eu estava presa entre dois homens, cada um com sua complexidade e mistério, enquanto duas mulheres observavam de longe, prontas para qualquer oportunidade de me derrubar.
Dois amores e duas rivais... e o jogo estava apenas começando.(continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 6
Após uma tarde silenciosa e uma noite pensativa, acordei querendo me distanciar de tudo que me causava dúvidas; não queria pensar nem no Yannick e nem no Leo.
Cheguei bem cedo ao trabalho, pois precisava de um escape para esquecer ou tentar esquecer os meus últimos dias que foram bastante conturbados.
Logo que cheguei à minha sala, me deparei com um buquê enorme e um cartão que dizia: "Para todos os fins, existe um reinício... Assinado: Y". Eu já imaginava que Yannick tentaria me convencer com seus agrados e, por isso, não me senti tão abalada; estava disposta a tirar um tempo para mim.
Depois que meus pais perderam a vida, Junior era a única família que me restava, e por isso achei que me aproximar dele poderia ser terapêutico.
Resolvi ligar para Júnior e pedir a ele que passássemos um tempo juntos, pois me sentia sozinha e precisava de companhia. Meu irmão ficou feliz com a minha ligação e disse que eu poderia passar um tempo com ele, pois o inquilino dele havia acabado de se mudar, deixando espaço de sobra em casa para me receber.
Cheguei à casa e fiz as minhas malas para mudar-me temporariamente para casa do meu irmão Junior. Levei menos de uma hora para arrumar meus pertences. Junior vivia na casa que era dos nossos pais e ficava a uma hora da cidade; era distante do trabalho, mas para mim valia a pena o sacrifício de acordar um pouquinho mais cedo.
Peguei um Uber e fui até a casa do meu irmão. Chegando lá, ele me recebeu com um enorme abraço.
Eu logo disse: "Junior, não sabes o quão eu preciso do teu abraço; me senti tão sozinha e deprimida nestes dias".
Junior respondeu: "Imagino, mana; tu te fechaste demais e te distanciaste de tudo quando perdemos os nossos pais, mas agora estás aqui comigo".
Fiz um jantar especial para mim e para o meu irmão, e ele me perguntou como eu andava no geral. Respondi que estava bem, mas que estava complicado o meu lado amoroso.
Ele não era de perguntar muito, e por isso não perguntou nada e só ouviu o que eu tinha para dizer. No final, ele disse: "Sabes que não fui com a cara do Yannick desde o primeiro dia que me apresentaste, mas mesmo assim ele te fazia feliz; eu até baixei a guarda de irmão protector . Seja qual for o vosso problema, se exististe uma solução, espero que resolvam..."
Fiquei hospedada na casa do meu irmão por um mês e meio. Os dias eram calmos lá, longe de tudo. Ia trabalhar, voltava para casa e tinha alguém para cuidar. Pensava no Yannick e no Leo, mas não de forma constante; estava minimamente estável emocionalmente.
Mas senti que estava na hora de devolver a privacidade e o espaço do meu irmão e decidi despedir-me. Junior ficou triste por perder a minha companhia mais uma vez, mas ele disse que aceitava que eu fosse, mas que deveria aguardar até o final de semana.
Chegou a sexta-feira que antecedia a minha retirada da casa do Junior. Pois eu o informara que iria no sábado. Fui trabalhar e quando cheguei a casa, encontrei a mesa linda e cheirava bem. Ouvia vozes na varanda de trás da casa e quando lá cheguei, ouvi: "SURPRESA!". Fiquei emocionada; estavam pessoas que não via há anos, alguns primos, vizinhos, amigos de infância; tudo parecia perfeito até eu ver Yannick...
Não acreditei que meu irmão convidara o Yannick. Eu não sabia como reagir nem o que falar para Junior, pois ele certamente não sabia a gravidade do que Yannick havia feito. Pedi um minuto para conversar com Junior e disse: "Obrigada pela surpresa, mas o que faz o Yannick aqui? Eu já havia dito que não estávamos bem e não estávamos juntos".
Junior respondeu: "Eu só queria te ver feliz, e desde que vocês se separaram, tu andavas diferente... Vamos conversar logo; deixa-me receber os teus convidados..."
Fui beber um shot de vodka para me acalmar, e quando voltei vi que Leo está na cozinha a conversar com Junior; ele parecia estar muito bem acompanhado por uma moça que aparentava ser bem mais nova que eu, talvez até mais nova que ele.
Eu pensei: Que noite desastrosa está por vir...(continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 5
As palavras de Yannick ecoavam na minha mente, deixando-me atordoada, incapaz de dar uma resposta imediata. Ele simplesmente disse: "Não precisas de me responder agora. Dou-te tempo para pensares. Posso resolver as coisas com a Sónia. Os meus advogados estão a reunir provas suficientes para me livrar dela. Mas, enquanto isso, peço que não me prives de ti, que não me prives de te ter..."
Não havia como negar que aquelas palavras mexiam comigo, embora eu me sentisse dividida. Três meses ao lado de Yannick foram o suficiente para despertar sentimentos profundos em mim. Imaginar a minha vida sem ele era assustador, mas também me recusava ao papel de segunda escolha.
Reuni coragem e respondi: "Yannick, podias ter partilhado toda essa confusão da tua vida comigo antes, antes de nos envolvermos tanto. Estás a pedir-me muito, e honestamente, não sei se consigo lidar com isso agora."
Ele tentou tranquilizar-me: "Prometo que tudo voltará ao normal. Por enquanto, não podemos estar juntos publicamente, mas vou resolver a situação com a Sónia."
Apesar das suas palavras reconfortantes, o turbilhão de emoções dentro de mim persistia. Aceitei em silêncio o beijo de despedida que Yannick me deu, estranhamente trazendo um conforto momentâneo.
Quando ele partiu, senti-me perdida, mas logo me lembrei de Leo, que aguardava pacientemente na recepção. Decidi pedir-lhe para me levar a casa, necessitando desesperadamente de clareza e confiança em meio ao caos das minhas emoções.
Ao encontrá-lo, percebi a preocupação estampada em seu rosto. "Está tudo bem contigo?", perguntou Leo com carinho.
Respondi com sinceridade: "Mais ou menos. A conversa com o Yannick foi intensa, deixando-me confusa quanto aos meus sentimentos e decisões. Leva-me para casa, Leo, desta vez eu pago a viagem. Preciso de falar contigo."
Aceitando o convite, embarcamos em um trajeto marcado pelo silêncio. Chegar em casa foi um alívio, e convidei Leo a entrar, desejando compartilhar com ele as minhas angústias.
Na cozinha, senti-me compelida a abrir o meu coração a Leo. "Senti uma conexão forte contigo, Leo, mas acho que é melhor nos afastarmos..." antes que eu pudesse concluir, fui interrompida por suas palavras cheias de sinceridade.
"Tens a certeza de que queres afastar-me da tua vida, Júlia? Só passámos um dia juntos, mas durante esse tempo, percebi o quanto o Yannick está focado apenas nele mesmo. Tens mesmo a certeza?"
Continuei a minha fala:
"Leo, faço isto porque sinto que devo. Tu és amigo do meu irmão, e a diferença de idade entre nós é evidente. Talvez seja apenas uma atração física que nos une... Não posso permitir que te envolvas mais do que isso. Na verdade, nem eu mesma sei o que quero. Deves afastar-te de mim e procurar alguém da tua idade, alguém que possa verdadeiramente amar-te. Eu não sou adequada para ti, e talvez nem tivesses reparado em mim se eu não estivesse passando por um momento difícil."
As minhas palavras ecoavam como agulhas, à espera de atingir o coração do pobre Leo.
Leo, com os nervos à flor da pele, respondeu:
"Não podes continuar a refugiar-te em desculpas para evitares encarar os teus sentimentos, Júlia. É evidente que estás presa emocionalmente ao Yannick, o que te impede de enxergar a realidade. Estás a ser injusta contigo mesma e comigo."
Reflecti sobre as suas palavras enquanto ele me envolvia num abraço reconfortante. Apesar do momento de ternura, afastei-me gentilmente quando ele se preparava para partir. Não houve despedidas, apenas o som da porta a fechar-se quando Leo se afastou.
Fiquei sozinha naquela dia, perdida nos meus pensamentos e nas ondas turbulentas das minhas emoções, ciente de que o caminho à minha frente seria marcado por escolhas difíceis e corajosas. (continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 4
Atendi o telemóvel do Leo sem saber quem era; afinal, podia ser ele próprio a precisar de encontrar o seu telemóvel.
Oiço uma voz familiar do outro lado da linha que disse: "Mano, tenho tentado falar contigo e nada. Vou passar aí da tua casa para levar as peças que pedi para comprares. Alô??? Leo???"
Fiquei assustada; era a voz do meu irmão Junior. Respondi rapidamente, tentando disfarçar a minha identidade:
"Bom dia, o Leo esqueceu o telemóvel comigo. Vou deixar um recado."
Ele não percebeu, mas eu sabia que estava a meter-me em sarilhos. O Junior era meu irmão mais novo, e nem podia suspeitar do envolvimento que tive com o amigo dele, do qual pensei que já tínhamos perdido contacto. Deixo o telemóvel do Leo e pego no meu, umas 10 mensagens do Yannick a querer saber onde eu estava e se podia encontrar-me. Recebi todas essas mensagens por volta das 3h30 da madrugada.
Não sabia como responder, mas senti que deveria parar de fugir à realidade e contar ao Yannick tudo o que eu havia descoberto. Eram 9h56, e eu liguei para o Yannick, disse-lhe o nome do hotel e o número do quarto de forma breve e fria. Yannick não questionou nada, apenas disse que estaria lá em alguns minutos. Enquanto ele vinha, aproveitei para tomar um banho e limpar-me do suor e do cheiro de álcool.
Enquanto saía do banho, ouvi uma batida na porta. Supus que fosse o serviço de quartos e fui até lá apenas com uma toalha, pensando que seria rápido. Para minha surpresa, era o Leo, trajado com roupas desportivas, como se tivesse acabado de fazer uma caminhada. A roupa realçava o seu corpo, e eu fiquei a imaginar a noite anterior.
Ele cumprimentou-me e disse: "Vejo mesmo que estás a descansar, Júlia. Ontem percebi que tinha deixado o meu telemóvel aqui quando estava a descer no elevador, mas preferi não te acordar. Sabia que te encontraria hoje."
Sorri e afastei-me da porta para que ele pudesse entrar e levar pessoalmente o seu telemóvel. Ele disse que precisava de água, e eu fui buscar uma garrafa para ele e entreguei-o. Eu disse: "Leo, tu não sabes quem sou, né?"
Ele deu uma gargalhada alta e engasgou com a água e disse: "Eu soube quem tu eras desde o primeiro momento e pensei que tu não soubesses quem eu era..." Eu respondi, envergonhada e assustada: "Não podes dizer nada disto ao Junior. Ele é meu irmão mais novo, e ele sempre foi contra o meu envolvimento com o Yannick. Não faço ideia do que ele poderá fazer. Eu não tinha ideia que vocês mantiveram contacto após a nossa mudança."
O Leo disse que começaram a falar faz um ano, porque o meu irmão queria importar algumas peças para a sua oficina. Ouço uma batida forte na porta e fico atrapalhada, digo ao Leo que pode ser o Yannick e que havia marcado uma conversa. Leo muda totalmente o semblante e diz que não tem problema algum e que iria se retirar.
Abro a porta, e Yannick olha para mim e para o Leo como se tivesse sido traído e responde que não percebe o que está a acontecer. Leo responde de forma sarcástica que ele não tinha que tirar nenhuma satisfação depois do que tinha feito comigo, e quase agarraram-se. Eu comecei a chorar e pedi que o Leo saísse para que eu pudesse falar com o Yannick. Leo disse que iria ficar na recepção e que esperava que a conversa fosse rápida. Yannick permaneceu calado, mas de punho fechado, como se quisesse partir para cima de Leo a qualquer momento. Leo saiu, eu sentei e disse: "Yannick, como estás? Como passaste o dia ontem?"
Yannick tentou justificar: "Eu passei o dia a trabalhar, a Sónia, aliás a Dra. Sónia, estava em cima de mim o dia todo." Eu dei um riso irónico e respondi: "Ela estava literalmente em cima de ti, eu vi tudo desde o início, e parabéns pelo carro." Yannick percebeu que eu havia descoberto que ele andava com a Sónia e resolveu jogar baixo.
Yannick disse nervoso: "Olha, eu ia contar-te. Eu e a Sónia somos casados há 5 anos e separamo-nos por causa de problemas relacionados à empresa. Toda a gente sabia que eu andava contigo, mas ela achou que nós pudéssemos reatar, e eu também, porque ela é a sócia maioritária, e com a nossa separação, eu perderia muito, ela está a chantagear-me e Sónia sabe muito de mim e obrigou-me a fazer coisas ilegais no passado e ela tem provas... Mas eu ainda quero ficar contigo e posso perdoar-te por teres dormido com esse teu taxista. Eu entendo que estavas com raiva."
Nesse momento, eu sentia nojo do Yannick, mas  senti que poderia haver um pingo de verdade nisso tudo, ele realmente havia mudado muito e parecia que realmente estava a ser vítima de ameaça, o Yannick que vi coma Sónia não era o meu Yannick, nos 3 meses que estive com ele fui muito feliz e resolvi responder-lhe educadamente e sem fazer escândalos, como sempre: "Yannick, eu não dormi com o Leo. Ele apenas cuidou de mim e deixou cá o telemóvel. Esta manhã, ele veio buscar. Acho que te lembras bem das respostas que ontem deste quando ele informou que eu não estava bem."
Yannick tinha um olhar de tristeza profunda e tirou o telemóvel do bolso para mostrar-me as mensagens intimidantes que a Sónia havia lhe mandado; numa delas vinha escrito: "Acho melhor hoje terminares com aquela vadia e voltarmos a deixar as coisas entre nós como antes, se não... Já sabes, os 3 meses que pediste tempo eu respeitei, tens um brinde lá no estacionamento, haja naturalmente."
Eu respondi: "Obrigada por me esclareceres. Acho que podes sair daqui." Yannick recusou e disse que não sairia dali sem que tivéssemos resolvido a situação, porque ainda queria ficar comigo, apesar de tudo.
Eu respondi incrédula: "Eu era tua namorada até descobrir que és casado com a tua chefe. E agora propões que eu seja tua amante?"
Yannick respondeu descaradamente que sim...
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 3
Sentia-me extremamente tonta e com a cabeça pesada, mal conseguindo manter-me de pé.
Leo, percebendo minha dificuldade, prontamente ofereceu sua ajuda. Dada a minha pequena estatura, não foi difícil para ele me carregar até à cama, cuja altura se revelava inalcançável no meu estado embriagado. Com cuidado, tirou-me as jóias e tentou arrumar meu cabelo desalinhado. Quando a náusea começou a tornar-se insuportável e pedi um copo de água, ele prontamente foi até à pequena geleira no quarto, trouxe-me uma garrafa de 500ml e eu bebi tudo.
Percebia o desconforto de Leo ao notar minha gradual recuperação da embriaguez e eu fiquei com o olhar envergonhado por me sentir tão vulnerável. Respirei fundo e agradeci-lhe pela companhia, pedindo desculpa pelo constrangimento causado. Ofereci-me para pagar a viagem e compensar todas as esperas...
Leo ficou em silêncio por alguns segundos que pareceram uma eternidade e respondeu:
"Não precisas de me pagar. Vi que precisavas de ajuda e ofereci-me para ajudar. Tive uma noite interessante, é uma pena que não tenha sido o mesmo para ti. Imagino a tua mágoa... Sabes, Júlia, ou melhor, Senhora Júlia, também não sei o que faço aqui... Desculpa por falar tanto. Vou retirar-me, amanhã ligo para saber se estás bem ou não. E quanto ao Yannick, não é verdade? Espero que o coloques no devido lugar, pois és incrível para passar por tudo isto."
Já me sentia melhor após beber a água. Levantei-me da cama, agradeci novamente ao Leo e disse que o ia acompanhar até à porta. Quando estávamos prestes a sair, puxei-o pelo braço para dentro do quarto e fechei a porta.
Leo não pareceu surpreendido com a minha reação; pelo contrário, parecia antecipar-se a ela.
Entrelaçando os dedos no meu cabelo, puxou-me suavemente em direção ao seu ouvido.
Ouvi-o dizer: "Eu sei o que queres, mas isso não pode acontecer hoje. Estás magoada, bêbada e confusa. Talvez eu também queira. O dia de hoje foi intenso, mas hoje não."
Permaneci em silêncio, enquanto sentia as minhas pernas trémulas.
Ele continuou: "Vou embora, não podemos fazer nada disso." Soltou a minha nuca rapidamente, tirou-me o cartão de acesso, abriu a porta, devolveu-me o cartão e saiu rapidamente, como se estivesse a fugir de um fantasma.
Sentei-me na cama e senti-me ainda mais angustiada. Não bastava a raiva e a mágoa de Yannick, agora estava também excitada por Leo.
Decidi dormir e, quando acordei no dia seguinte, ouvi um telemóvel a tocar, não o meu. Olhei para cima da mesa e vi que Leo tinha esquecido o telemóvel, o mesmo que eu tinha planeado ligar assim que acordasse...(continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Olá, espero que estejas ansiosa/o para ler a segunda parte das crónicas de uma ansiosa
Leia com paciência e dedicação pois eu escrevi com muito amor, envolvimento e carinho.
Parte 2
Após esperar cerca de 10 minutos pelo início do espetáculo, avistei o meu Yannick a chegar ao estacionamento, vendado. Confesso que fiquei perplexa e sem reação perante a cena. Mantive-me estática, segurando o buquê com tanta força que já ia murchando, enquanto percebia os olhares curiosos dos colegas dele, aqueles mesmos que ele havia me apresentado como sua namorada. A ficha começou a cair quando percebi que ele caminhava de mãos dadas com a Dra. Sónia, aquela que sempre presumi ser apenas a sua chefe. Testemunhei-a entregar-lhe as chaves do carro, acompanhadas de um selinho apaixonado. Nesse instante, os bombons e o buquê caíram ao chão, e senti o meu mundo desabar ao meu redor, como se estivesse presa num pesadelo.
Detesto escândalos, e naquele momento já tinha compreendido tudo, mas decidi que não faria escândalo nenhum, pois acabaria por ficar como a parva da história. Aliás, eu já estava a ser a parva, só não queria piorar a situação. Decidi então evitar que ele notasse a minha presença e saí de fininho, deixando os meus modestos presentes abandonados no asfalto do estacionamento. Caminhei sozinha, envolta em pensamentos, questionando tudo o que havia vivido ao lado de Yannick. Quando as minhas pernas já não suportavam mais e senti as lágrimas prestes a cair, parei e chamei um Uber para me levar de volta ao hotel onde tinha feito a reserva, afinal, já tinha pago pela estadia e não pretendia deixar que o meu esforço fosse em vão.
Ainda confusa e atordoada, decidi jantar no hotel, beber, sair para dançar e, no fim, recolher-me no quarto que tinha reservado, mesmo que estivesse sozinha naquela noite. Eu já não estava mais no meu juízo... Chamei outro Uber e pedi que me levasse a uma discoteca qualquer. Estava tão confusa e perturbada que mal conseguia articular as palavras, e o motorista, percebendo a minha agitação, sugeriu que eu fizesse uma pausa para recuperar o fôlego antes de seguir para o destino. Eu ainda não tinha olhado para o rosto da pessoa que veio me buscar, mas, ao fazê-lo, reconheci imediatamente o Leo, um antigo vizinho de infância que, por incrível que pareça, parecia não me reconhecer. Ele era amigo do meu irmão mais novo, e eu era como uma "mana" para ele. Leo devia ter por volta dos 25 anos, enquanto eu já contava com 30. Fingi não tê-lo reconhecido e respondi que precisava de um momento para respirar.
O motorista arrancou com o carro e dirigimo-nos para uma área tranquila, à beira-mar. Ele ofereceu-me todo o tempo que precisasse para me recompor e decidir para onde queria ir a seguir. Fiquei em silêncio por alguns minutos, consultei o relógio e constatei que já passavam das 19h30. Foi então que recebi uma mensagem de Yannick que me deixou furiosa e indignada: "Essa Dra. Sónia nem parece ter um relacionamento; ela marcou um jantar com investidores e vou ter que me atrasar muito para te ver. Desculpa, amor." Não consegui conter a minha raiva e indignação e soltei um grito abafado, enquanto as lágrimas inundavam os meus olhos...
Leo estava completamente fora da sua zona de conforto. Nunca antes tinha enfrentado uma situação tão delicada, onde precisava consolar e acudir uma mulher que chorava como uma criança perdida. Depois de me ver tão abalada, ofereceu-se para ligar para alguém, e, ingenuamente, eu concordei, entregando-lhe o número de Yannick. Foram duas tentativas sem sucesso até que, na terceira, o maldito Yannick finalmente atendeu.
Com uma expressão séria, Leo relatou: "Estou aqui com a senhora que pediu que eu ligasse para si, ela não parece nada bem, é a senhora Júlia." Não consegui captar as palavras de Yannick, mas o seu tom deve ter sido gélido e indiferente ao meu estado, pois Leo ficou visivelmente indignado, desligando o telemóvel sem proferir mais uma palavra sequer.
Curiosa, perguntei a Leo o teor da conversa com Yannick. Ele respondeu com um semblante entristecido: "Minha senhora, não sei quem é essa pessoa para si, mas ele não demonstrou a menor preocupação. Aconselhou que, se estiveres doente, deverias procurar uma clínica, e se estiveres embriagada, algum hotel, pois está ocupado demais agora." As palavras pareciam ferir não apenas a mim, mas também a Leo, que as repetiu com pesar na sua voz.
Decidi pedir a Leo que me deixasse no hotel onde estava hospedada, mas antes sugeri que tomássemos dois shots de tequila juntos. Eu não queria beber sozinha e precisava de coragem para enfrentar a noite que se aproximava.
Paramos num bar de esquina, não muito higiénico, mas o único disponível nas redondezas. Inicialmente, era apenas para dois shots, que rapidamente se transformaram em quatro e depois em seis. Finalmente, Leo encontrou coragem para me perguntar o que havia acontecido. Desabafei cada detalhe, enquanto ele ouvia atentamente, em silêncio. Naquele momento, o importante era sentir que alguém me ouvia.
A conversa prolongou-se até altas horas da noite, e eu já estava exausta. Ao tentar levantar-me, quase tropecei. Foi então que Leo se levantou, ofereceu-me o ombro para apoiar-me e ajudou-me a caminhar sem cair. Com passos desajeitados, ele acompanhou-me até ao carro e dirigiu até ao hotel onde eu estava hospedada.
Sentindo-me confusa e quase embriagada demais para raciocinar, entreguei-lhe o cartão de acesso ao quarto. Ele aceitou sem dizer uma palavra, subindo comigo até à porta do meu quarto. Ao chegar lá, ele abriu a porta e anunciou: "Eu vou entrar para te ajudar a deitar e garantir que descanses de verdade, depois disso, vou embora. Não quero que as coisas se compliquem por estares embriagada." Sem entender completamente suas palavras, apenas assenti com a cabeça, permitindo que ele me ajudasse a deitar antes de se retirar... (continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 4 months
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Parte 1
Olá, eu sou a Júlia e hoje vou contar como foi o meu Dia dos Namorados. Eu já estava com o Yannick há uns 3 meses e nossa relação sempre pareceu estável e promissora, apesar de saber que talvez fosse cedo para avaliar, eu sempre confiei nele completamente.
No tão esperado dia 14, após tantos anos passando esse dia sozinha, neste ano eu estava empolgada porque teria o meu 14 de fevereiro acompanhada. Saí cedo do trabalho naquele dia, liguei para o Yannick logo às 16h50 e ele não atendeu, e sequer retornou, mas eu sabia que ele era só meu e nem entrei em pânico, com certeza Yannick estava ocupado com o trabalho e correndo para sair mais cedo e estar comigo.
Peguei um Uber do meu trabalho até o local de trabalho do Yannick, que ficava exatamente a 15 minutos de distância, e fui lá para buscá-lo, pois eu havia conseguido um dinheiro extra que permitiu planear um jantar surpresa para o meu novo amor e uma estadia em um dos hotéis mais bem cotados da minha cidade.
Cheguei ao estacionamento do trabalho do Yannick com um buquê de flores e uma caixa de chocolates, dispensando o Uber e indo a pé até o local onde ele costumava estacionar. Para minha surpresa, o carro dele não estava lá, mas havia um Nissan Rogue 2022 vermelho, enfeitado com uma grande fita branca. Como os vidros eram translúcidos, pude notar que havia balões prateados enchendo todo o carro. Só a fita já deveria valer mais do que todos os presentes que eu havia preparado para aquela noite.
Vi alguns colegas dele que me conheciam parados no estacionamento e também estavam surpresos com o carro que estava ali, assim como eu...
Todos queríamos saber quem seria a sortuda ou o sortudo que receberia aquele presente, por um momento esqueci que estava lá para buscar o Yannick...(continua)
Por: Jéssica Dos Santos
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a-estranha · 5 months
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Para minha Querida Solidão
Às vezes, tenho muita gente ao meu redor e, mesmo assim, permaneço isolada. Procuro constantemente as melhores palavras para ser compreendida, mas não as encontro. Guardo comigo segredos que me mantêm ferida.
Mesmo estando livre, existem quatro paredes imaginárias que me prendem em um lugar minúsculo, onde não posso ter nenhuma companhia. Os dias passam, uns iguais aos outros, e sou apenas eu comigo mesma.
Gostaria de sentir saudades dos momentos em que tive uma companhia, mas logo lembro que nunca os tive. Desejaria recordar do meu último sorriso, mas já se passou tanto tempo que meus lábios permanecem cerrados.
Ansiava poder amar, mas minha única parceira é quase um reflexo do amor que tive: minha querida solidão. A ela, escrevo esta triste carta.
Por: Jéssica Dos Santos
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