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Tatuagem é joia que não se tira pra tomar banho

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O ser humano é uma raça especial de carente. Somos vergonhosamente carentes. Carentes uns dos outros. Desprezivelmente. Não queremos atenção. Queremos aplauso. E gratidão. O ser humano não se contenta com o amor. Ele quer posse. E mais: por livre e espontânea verdade. Não somos cães de rua abanando o rabo pra qualquer passante Nem ficamos contentes com o afago de um estranho. Nós somos periquitos em gaiolas grandes Que quando estão sozinhos se desesperam e morrem.

Léo Ottesen

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No meio do concreto nasceu uma flor Buzinas e sirenes e gritos e gente-pouco-gente. Pouco gentil. Pouco céu. Muita nuvem. Cinza e preto e branco. Muito marrom. Pouco bom. No concreto brota uma flor. Muitos rostos. Muito nada... Todos! Todos rostos virados pra ela. Indignados. Ofendidos e amargurados e violentados rostos pálidos. Muito branco. Pouco vermelho e verde. Azul nenhum. Correm e gritam e pisam. Arrancam e riem-se. Nunca, nada, não. Largam-na no chão. Silêncio. Buzinas e sirenes e solidão. Rotina. Rosto raro e riso e chapéu. Sonhos de carrossel. Pirulito. Tarde demais. Já foi visto. Rosto de criança. Esperança. No meio do mundo, um menino. No meio do concreto, o correto. Arrancada a flor do cinza, mas não do olhar. Sonhar.

Léo Ottesen

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Dos encontros Sobre as linhas tortas que se fazem retas e as pessoas soltas que se fazem certas só sei que tudo é o que é, apenas e não vale a pena explicar coisas pequenas Qualquer coincidência é mera semelhança.

Léo Ottesen 

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O mundo fica bem mais lindo quando ele é colo lido

Léo Ottesen

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Encontre-me na ponta do abismo, senhora ou abaixo Depende da hora

Léo Ottesen

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Hoje eu tô meio meu Nem tomei o susto que você me deu

Léo Ottesen

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Quando criança tudo é bom e tudo é bola A gente sai da escola e vai chutando a realidade até nossa casa

Léo Ottesen

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O poeta é um homem o mais importante do mundo É tão importante que cresce e até deixa de ser um homem e cresce num segundo Cresce até virar mundo E todo mundo é poeta

Léo Ottesen

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Rotina A rotina é uma torneira aberta onde o poeta põe suas mãos em concha e bebe e cospe sem tirar gota alguma dela

Léo Ottesen

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Subjetividade O poema não diz senão o que você ouve

Léo Ottesen

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Eu professor poeta brasileiro logo a mim me perguntam se eu prefiro amor ou dinheiro

Léo Ottesen

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