Tumgik
aautoraanonima · 1 year
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O manto verde e gélido tocava meus pés, o frio cortante atravessava meu rosto junto com a chuva fina que tocava meu rosto e fazia com que meus cabelos grudassem. Então, no meio das árvores do bosque, eu os avistei, os olhos eram negros e cheios de tristeza. “Ajude-nos” A voz deles ecoou na minha cabeça de uma forma estridente, fazendo minha cabeça latejar de dor. — O que vocês querem? “Ajuda” — Como posso ajudá-los? Nada. Tudo ficou escuro de repente. Eu não conseguia ver mais nada. Senti um arrepio congelar minha espinha e então eu vi. Uma figura totalmente negra com os olhos brilhantes segurava os dois homens que há um segundo me pediam ajuda. Não sabia se aquilo era humano ou não, só sabia que eu tinha que sair dali. Então eu comecei a correr naquele escuro que se instaurou sob o bosque, eu só conseguia sentir minha respiração acelerada e os galhos batendo no meu rosto. “Ajude-nos” — CADÊ VOCÊS? – Gritei no escuro. Nada. Continuei a correr no meio das árvores, até que finalmente consegui chegar em uma cabana e, no momento que eu coloquei os pés no capacho que estava na porta, senti uma mão pairar sobre meu ombro. Um daqueles homens de olhos negros estava atrás de mim, a mesma expressão de tristeza no rosto. Eu senti mais frio ainda, como se tudo à minha volta fosse congelar instantaneamente. Era insuportável. Eu só queria sair dali. “Ajude-nos, Alice” — COMO? O QUE VOCÊS QUEREM? EU NÃO SEI O QUE FAZER, MINHA CABEÇA DÓI – as lágrimas brotavam nos meus olhos e eu senti o nó na garganta, parecia que eu sufocaria e minha cabeça explodiria. Então eu avistei aquela figura atrás de uma das árvores mais próximas da cabana, a figura carregava consigo o outro homem, que parecia estar desacordado. No momento que meus olhos cruzaram com os seus, ele começou a correr na minha direção. “Corra” Eu comecei a correr tão rápido, que já não sentia mais minhas pernas, não conseguia enxergar quase nada no escuro e minha cabeça latejava e eu chorava. Eu sabia. Eles não precisavam falar, eu sabia. Aquela figura assustadora estava quase me alcançando, sua mão esticava tentando me puxar para si. Então eu vi que a estrada tinha acabado, dando para um precipício. Eu não tinha escolhas, então eu pulei. Sentia o vento cortar meu rosto a cada centímetro que eu caía, o frio na barriga, o medo, a dor latejante na minha cabeça. Então eu senti o baque e meus pulmões se encheram d’água. Acordei ofegante, passando as mãos na garganta, era como se eu ainda pudesse sentir a água entrando pela minha boca e enchendo meus pulmões. Respirei fundo tentando controlar a respiração enquanto esticava o braço para pegar a água que estava no criado-mudo e então eu os vi. Os dois homens de olhos negros e expressão triste estavam bem ali, na frente da minha cama, me encarando. “Ajude-nos” Ouvi a voz deles na minha cabeça como no sonho. Então eles desapareceram tão rápido que não sabia se realmente tinha os visto ou ainda estava sonhando. 
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aautoraanonima · 5 years
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Capitulo 01
 Londres - Abril de 2037
Estava sentada com meu irmão esperando Kate passar pela fila do bar The Red Lion, nosso pub preferido. Kate é sua namorada, a qual o primeiro encontro dos dois, foi nesse mesmo lugar. Ele a cuidava e olhava para ela com um sorriso enorme no rosto. 
- Cuidado!  
- O que foi Alice? - ele perguntou me olhando sério e preocupado. 
- Vai babar desse jeito - cai na gargalhada e ele me deu um soco leve no braço. 
Amava esses momentos com meu irmão e com Kate. Os dois eram meus melhores amigos, a verdade é que Kate era minha amiga antes mesmo deles sonharem em se conhecerem. 
Kate é minha amiga desde os 7 anos de idade, quando me mudei para Londres com minha vó e meu irmão. Nossa diferença de idade é de apenas 3 anos, costumávamos frequentar a mesma escola, nós três. Daniel e Kate se odiavam quando éramos mais novos, mas agora se amam tanto que as vezes é impossível ficar perto desses dois. 
Vejo Kate vindo para nossa direção, sorrindo com seu round nas mãos.  
- Estamos comemorando algo hoje? - perguntei abrindo minha cerveja, os dois se entreolharam e sorriram. 
- Hoje faz 4 anos desde que eu e seu irmão tivemos nosso primeiro encontro - Kate passou os braços em minha volta - Graças a você. 
- Eu já sabia, acha que eu esqueceria do dia que fui um cupido fenomenal? - dei um gole na minha cerveja e olhei pro meu irmão - Pode parar de sorrir igual besta? 
- Eu tenho duas mulheres incríveis do meu lado e amo vocês, só isso. - ele desviou o olhar. 
Sabia como tudo era difícil pra ele, então passei meus braços ao seu redor e fiquei ali alguns segundos. 
- Também amo você Danny. Mas por mais que eu goste de bancar a vela e tudo mais - sorri - preciso dar uma volta. 
- Lá vai ela - Kate abriu um sorriso malicioso na minha direção - boa caçada garota. 
Revirei os olhos e ignorei o comentário, eles adoravam me irritar com isso. Sentei no banco do bar e pedi minha bebida preferida, Whisky. Estava bebendo quando senti um par de olhos castanhos me olhando descaradamente. Sorri. Ele se aproximou e sentou do meu lado. 
- Prazer, Thomas. 
- Prazer, Alice - respondi analisando cada centímetro cuidadosamente. 
- Posso te pagar mais um desse? - aceitei.
Então começamos a conversar e passamos a noite inteira assim. Descobri que ele toca piano e guitarra, ama pizza e é super fã de algum filme espacial. E eu só conseguia reparar em uma coisa, suas covinhas nas bochechas. Amava covinhas.
- O que acha de sairmos daqui? - ele perguntou baixinho no meu ouvido.
Sorri maliciosamente e acenei com a cabeça. *** Fomos até o apartamento dele, que ficava só à alguns quarteirões do Red Lion e tomamos algumas taças de vinho enquanto conversamos. Quando minha segunda taça esvaziou, ele se aproximou colocando a mão dele na minha nuca e me puxando pra perto dele, enquanto a outra mão envolvia minha cintura. Mordi o lábio inferior. Ele me beijou, no começo parecia que nossas línguas estavam em total desarmonia, mas então, elas se encaixaram como uma peça em tetris. Senti o arrepio percorrer toda a extensão da minha espinha.  Ele me pegou no colo e levou até o quarto, me colocou delicadamente na cama e fechou a porta. Veio em minha direção e parou na beira da cama, tirou meus sapatos de salto e então começou a beija-los. Primeiro os pés, depois as pernas, as coxas, a parte inferior das coxas, enquanto tirava minha saia e minha calcinha. Minha pulsação se acelera, e acho que estava arfando.. Ele se atirou em cima de mim, empurrando-me contra o colchão, sua mão agarrou meu cabelo e seus lábios colaram nos meus. Nunca fui beijada assim. Então ele interrompeu o beijo e desceu até o meio de minhas pernas, vê-lo ajoelhado na minha frente, sentir sua boca em mim é algo muito provocante. Mantenho as mãos em seu cabelo, puxando-o delicadamente ao tentar aquietar minha respiração.  Ele sobe pra me beijar e sussurra em meu ouvido:  - O que você quer? - Você - respondo com a voz trêmula.  Então ele passa seus braços por baixo do meu corpo, me puxando para junto dele e sinto todo meu corpo amolecer com o toque de nossas peles em sintonia. Essa foi a noite do melhor sexo da minha vida, parecia que nossos corpos se encaixavam e dançavam em sintonia, senti uma conexão que nunca havia sentido antes. Quando terminamos, virei para o lado e me cobri, ele me abraçou por trás e fez um pedido baixo em meu ouvido: - Dorme aqui comigo?  - Não posso, preciso ir.  Pulei da cama e comecei a procurar por todas as peças de roupas que usava a  algumas horas atrás, me vesti conforme fui achando-as, ele me olhava sentado na beirada da cama, me aproximei e o beijei, ele sorriu.  - Tem certeza?  - Sim, por mais que eu queira ficar....- e eu queria muito - eu não posso.  - Tudo bem - ele soltou um suspiro - Mas eu vou te levar pra casa.  Em todo o trajeto para casa, fui observando aquela madrugada pela janela e pensando em todas as coisas do passado, em como tudo havia acontecido e o porque eu não conseguia me abrir dessa forma com mais ninguém, porque tinha que ser dessa forma? Por que tinha que ser assim?  - País das maravilhas chamando Alice - ele balançou as mãos em minha frente - Chegamos.  - Essa é boa heim? Inédita - sorri sarcástica - Obrigada pela carona.  Nos beijamos pela última vez e então eu entrei em casa, Kate e Daniel me esperavam enrolados com uma coberta no sofá, eles sorriam.  - Então....? - os dois perguntaram ao mesmo tempo.  - Amanhã! Preciso dormir, o que aliás, vocês já deveriam estar fazendo há horas né? Vocês não tem nada mais interessante pra fazer não? Eu heim! Sai da sala e subi as escadas direto em direção ao meu quarto. Esperava muito que aquela fosse uma das noites de sono tranquilas.  Mas não foi. 
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aautoraanonima · 5 years
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Prólogo
Abril de 2023 Segurei Sara firme nos meus braços, podia sentir o cheiro do seu cabelo misturado com terra enquanto tentava acalmá-la e ao mesmo tempo me forçava a pensar que tudo ficaria bem, mesmo sabendo que não iria. Mesmo sabendo que a culpa de tudo isso era minha, que fui eu que coloquei ela no meio dessa confusão. Eu afundei ela junto comigo. Estávamos sujos de lama, escondidos no bosque de Epping onde a mata era muito densa. Eu só conseguia suplicar em meus pensamentos para que eles não conseguissem chegar até nós dois, que pudéssemos sair dessa e voltar para casa, recomeçar.  Ela me olhou assustada, seus olhos azuis se arregalaram e seu corpo estremeceu em meus braços e então eu ouvi.  Os passos ecoavam como se estivessem em todos os lugares dentro do bosque e cada vez chegavam mais perto, eu olhei para Sara e ela balançou a cabeça em negação, sabendo o que se passava em meus pensamentos, eu diria. - Corra! - sussurrei em seu ouvido.  Então corremos de mãos dadas, como se nossa vida dependesse disso - e dependia - senti cada nervo protestar e a explosão de adrenalina preencher cada centímetro do meu corpo. E então eu senti uma forte dor na minha cabeça, Sara gritava desesperada e minha vista escureceu.  Por volta de sete horas da noite, meus olhos por fim tomaram forma novamente, junto veio a dor latejante na minha cabeça, fragmentos daquele dia dispararam por minha mente e provocaram um enorme desespero. Alguns instantes se passaram até meus olhos se adaptarem à claridade, me sentia impotente. O ambiente em que estávamos era todo branco, desde o chão de linóleo até o teto, onde as malditas luzes faziam com que a minha cabeça latejasse. O cheiro de mofo naquele lugar impregnava minhas narinas fazendo meu estômago embrulhar, tentei levar a mão na boca inutilmente notando que estavam amarradas nas costas. Espere! Que gosto é esse? Sangue. Tentei vasculhar a sala com os olhos que ainda se adaptavam a quantia de luz, quando notei uma pessoa minúscula  encolhida no outro canto do cômodo, a dor tomou conta do meu peito, tentei pronunciar o nome dela inutilmente. Lá estava ela, do outro lado da sala, com seus cabelos loiros, esses se encontravam parcialmente encharcados de sangue e colados em sua testa. Uma pequena linha vermelha ia do machucado na lateral de sua cabeça até seu lábio, e então me apavorei, a culpa se instalando em cada partícula de meu corpo, eu sabia desde o início que não deveria tê-la envolvido nisso. Ela começou a se mover cautelosamente, provavelmente por conta da dor, então ela ergueu os olhos na minha direção. - Querido? - ela sorriu - Você está bem? Onde nós estamos? - Sara - suspirei – Não faço ideia querida. - Estou com medo – ela abaixou a cabeça – O que acha que vão fazer? - Eu não sei querida – minha voz tremeu, tentei controlar as lágrimas – Mas prometo que vamos sair daqui, tá? Ela apenas fez um gesto de cabeça bem levemente, levou a mão ao machucado, seu olhar era de pavor quando viu o sangue em suas mãos, então ela olhou para o seu vestido que um dia havia sido branco, mas agora estava sujo de lama e sangue. Não sabia se era dela ou meu. De repente ela ficou distraída, como se uma lembrança a invadisse com uma força tão grande e tão dolorosa que ela quase gritou, ela procurou meus olhos  desesperada e tentou se aproximar, mas suas pernas estavam presas. - Como eles estão? Aonde... – senti sua voz sumir devido ao nó em sua garganta, repreendendo o choro. - Não se preocupe querida, eles estão... E naquele instante vimos as portas se abrirem com um baque alto, avistei três homens altos entrando na sala, dois deles me pegaram pelos braços e ela tentou se livrar das amarras que a prendiam ali, inutilmente. O medo ia tomando conta dela, eu podia sentir, pois tomava conta de mim também. Cada passo que davam comigo, aquele sentimento ia crescendo dentro dela, podia ver nos seus olhos. Quando finalmente o terceiro homem parou na minha frente, seu rosto esboçava um sorriso cruel. E então ela nunca pôde saber o que aconteceu, nunca pode saber qual era o final da minha frase. 
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