abertamenteeu

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+ ... Hoje também já sei que tipo de amor não serve pra mim, mas ainda não sou firme o suficiente pra lidar certas coisa, bom, pelo menos agora sei que preciso ser firme para lidar com certas coisas, com o tempo eu aprendo como, espero. Acho que a parte ruim de envelhecer é deixar pra trás tudo o que dizem ser bom para a aparência de alguém. A pele fica ressecada, com manchas e linhas de expressão, emagrecer é mais difícil, e bom… isso é algo meu é claro, mas como dói, tudo, tipo, o corpo inteiro, músculos, articulações e principalmente os nervos. A minha aparência sempre foi uma questão pra mim, nunca me senti bonita o suficiente e me protegia disso tendo uma personalidade forte e ríspida, apesar de sempre tentar ser o mais educada possível, com quem era nitidamente gentil e amigável comigo. Por mais forte que a Lívia de 12 anos fosse por fora, por dentro tinha medo de tudo, sofria com a desaprovação e a forma como todos conseguiam ser só eles mesmos, enquanto sentia a necessidade de criar uma personalidade-escudo. Queria tão desesperadamente ser vista como alguém bonita, inteligente e forte, que me enterrava em mim mesma. É triste e sinceramente um pouco vergonhoso de admitir. Mesmo assim, antes não me sentia feia, achava que eram as outras pessoas que não eram capazes de ver e era isso mesmo na época, eu era uma menina muito bonita. Hoje talvez seja o contrário, as pessoas veem beleza em mim, mas eu não acredito nelas. Não consigo manter minha pele saudável, apesar de todos a elogiaram, sinto que está seca e com linhas finas, que eu já lamento pelas rugas que estão aos poucos dizendo olá. Meu cabelo, saudável e sem forma, mas pelo menos saudável, apesar de fios brancos secos e insistentes. Me sinto ótima por dentro e por fora.

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24/06/2023

Há alguns dias completei 27 anos e é tão estranho, hoje parece que a idade não é nada demais, que não importa pra absolutamente nada, mesmo que seja óbvio que não sou mais tão jovem e que apesar de me sentir assim, não sou velha também. Eu namoro o (........) e isso me faz muito bem, mas também joga na minha cara que não tenho mais 22 anos. Hoje eu vejo as pessoas de 20 e menos que eu e fico me perguntando quem foi que olhou para uma pessoa que nem tem o cérebro definitivamente formado e pensou ‘’já dá conta de descobrir sozinho como o mundo realmente funciona’’. Fico me perguntando, o que eu poderia fazer hoje com tanta oportunidade, sabendo das coisas que sei agora. Riem de mim quando falo essas coisas, como se fosse uma senhora de 147 anos que sabe de tudo o que a vida é capaz de fazer. A única coisa que eu sei hoje é que ninguém sabe o que está fazendo. Claro que tem tantas coisas que já deram certo antes e que podem dar certo de novo, tem muitas pessoas que ouvem e seguem conselhos e talvez suas vidas sejam menos difíceis, mas o ser humano é desafiador, curioso e felizmente acredita que é capaz de fazer as coisas de um jeito diferente, que talvez seja melhor, que talvez seja mais honesto e revolucionário, afinal, assim chegamos até aqui. A vida é desafiadora, alguns são apaixonados por isso, outros se amedrontam. Sou os dois tipos de pessoa, embora já tenha sido muito mais como a primeira. Talvez todos sejam um pouco dos dois, em menor ou maior escala. Na minha infância e pré adolescência sentia que podia ser quem eu quisesse. Ficava imaginando como a minha casa seria quando fosse morar sozinha aos 18 anos e como seria a melhor aluna da minha sala do curso de moda na Universidade Estadual de Santa Catarina. Jurava que estaria casada aos 24, com um lindo homem de cabelos pretos e cacheados, com grandes olhos verdes e muito dinheiro no bolso, com uma inteligência superior à maioria, assim como seu bom humor. Com 26 anos eu provavelmente teria uma gravidez tranquila, com um parto simples e cheio de sedativos. Tinha a vida toda programada como uma verdade indiscutível. A realidade foi bem mais dura que isso. Na época não sabia que na verdade os pais não sabem de nada da vida, mesmo que tenham um plano pré determinado pela sociedade, estão, na verdade, tão desamparados emocional, física e financeiramente, que erram muito, tentando acertar. Também não tinha e ainda não tenho como saber com quem fazer amizade, apesar de hoje ser bem mais fácil discernir quem é amigo e quem está de passagem.