jornalista e pesquisadora de cidade, cotidiano e cultura
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Memória Queixada

Quantas histórias podem caber em uma antiga fábrica que marca a paisagem percorrendo a linha Rubi da CPTM? Em abril eu visitei o @cm_queixadas, uma iniciativa que busca manter viva a história da luta que se deu nos anos 60 na Fábrica de Cimento Portland, instalada em Perus na década de 1920. Ali ocorreu a mais longa greve operária do país, cujo lema era Firmeza Permanente.
Além de reunir objetos e o que já foi documentado sobre o assunto (livros, filmes, trabalhos acadêmicos), o centro tem produzido material a partir do bairro, ouvindo pessoas, promovendo conversas, costurando relações com o que vivemos hoje e com aquele chão. Quem o compõe são moradoras de lá, incluindo Sheila Moreira, jornalista neta do operário Queixada Sebastião Silva de Souza.

Conversei com elas, e com mais duas filhas de operários que viveram a greve na infância, sobre essas memórias e a importância de preservá-las, pro TAB (aqui: https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2022/04/04/memoria-da-mais-longa-greve-operaria-resiste-ao-abandono-em-perus-sp.htm).
O centro, erguido com apoio de edital da Prefeitura, fica na biblioteca municipal local, e não na fábrica que, apesar de tombada desde 1992 em um estudo rico pra reflexão sobre patrimônio e seus usos, segue abandonada nas mãos da mesma família contra quem se deu a greve. Visitando o local, encontramos dona Alda no portão de casa, a última moradora da última vila mantida em pé por ali. Aprendi e me emocionei muito ouvindo todas elas.


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Quem chega e quem parte

Lucas viajou do sul da Bahia para Suzano, na região metropolitana de São Paulo, para construir uma casa. Magno foi do Maranhão ao interior do RS colher frutas. Ambos estavam sem trabalho onde moram. Joice e Bruno foram de MG ao RJ ver a família depois de um ano sem visitar ninguém – ela usa duas máscaras. Joana D'Arc conseguiu comprar uma casa e realizar o sonho de voltar pra Paraíba. Raquel e Daniel vieram receber o neto no interior de SP, pra onde voltam depois de uma década. O venezuelano Fernando acha que a pandemia não é tão grave assim – ele tenta voltar pra casa por terra com uma cachorra, e está há anos rodando a América Latina. Entre chegadas e partidas, contei histórias breves de conversas que tive na rodoviária do Tietê numa terça em que o Brasil batia 4 mil mortes diárias por covid. Para o UOL TAB, aqui.
Foto: Ricardo Matsukawa
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Um dia após o outro
"A cidade está triste, ela reflete"
[Moacyr Luz, compositor]
Entrevistei alguns artistas e produtores da área cultural para falar sobre as alterações, adaptações e dificuldades da rotina em uma pandemia que se prolonga no país. Sem o Samba do Trabalhador e vendo a cidade do Rio refletir o momento que vivemos, Moacyr tem composto muito e crê que fez mais de 100 músicas nesse período, Derlon busca ter calma e organização para prosseguir com suas pinturas, Makoy perdeu muito trabalho sem as festas em Parintins, Karen transformou a sala de casa em palco e deu aulas para profissionais da saúde, Guego idealizou um espetáculo em meio a fase mais crítica da pandemia e com muitas adaptações de rota, auxiliado pela Lei Aldir Blanc. Conto essas histórias aqui, reportagem pra Cnn Brasil.
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Lendo Muniz Sodré - "enganar o olho"

Trecho de "O Terreiro e a Cidade", 2002.


Fotos: Sobrado no bairro do Bexiga, em São Paulo (1); Baianas de diversas escolas de samba paulistanas em cortejo para Ogum na rua São Vicente, no mesmo bairro, em junho de 2017 (2).
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