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Dias.

Odeio sempre o natal - as discussões, a fantochada toda, irrita-me. Acabo sempre a noite neste estado meio depressivo cheio de arrependimentos, ou novas resoluções. Novas metas inatingíveis. Habituada a estes oscilações de estado de espirito, neste dia elas são insuportáveis e odeio-me por beber as lágrimas com um sorriso, sempre com a mesma merda de frases feitas na cabeça, “isso passa”, “dá-lhe tempo”, “ainda és miúda”. Foda-se. Fascina-me ainda como é que uma noite destrói um ano inteiro de auto-conhecimento e controlo. Em menos de 6 horas, um ano inteiro com o caralho, neblina. Sossego-me com palavras do passado, sabendo que no futuro incerto valem tanto como nada. Shh. Respira. Respira enquanto a vontade de gritar se apazigua. Ainda não é hora de morrer para a vida.

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Despedida

Eu estou bem. Mesmo bem. Gostava que estivesses igual, e gostava que acontecesse o que acontecesse não existisse mau ambiente entre duas pessoas que gostaram uma da outra e que estiveram bem. É simplesmente chato se passar por ti na rua e não falar contigo normalmente. Passado é passado. E gostava que, sabendo eu como é destrutivo guardar as coisas para nós, e sabendo que confias em mim e gostas de mim, que quando nos tempos que se avizinham precisasses de ouvir uma palavra amiga contasses comigo. Não vou responder a acusações e ofensas, estou focada no positivo e nas coisas boas que me rodeiam. Sei que as pessoas se transformam quando lidam umas com as outras, mas que existe sempre uma verdade do que somos. Não tenho raiva, mágoa, tristeza. Tenho trabalho, carta, família e amigos. Sei que todos os dias tento ser uma pessoa melhor. Sei que estabeleci objectivos a mim mesma e sempre os cumpri. Sei que nunca deixei de dar a mão a alguém nem deixei que as coisas pequenas se metessem no caminho das grandes. Tento pedir desculpa e procurar a humildade, a paz, o bom senso, todos os dias, tento ter todos os dias um sorriso para a rapariga da caixa ou o senhor do café. É assim que quero viver a minha vida. Sem confusões, sem maldade, longe das pessoas e coisas negativas. Quero marcar as pessoas, quero que elas se lembrem de mim pelo sorriso, pela maluca que vivia a vida no limite e que fazia muitas asneiras, mas que também sabia ser um abraço apertado e um olhar cheio de palavras no silêncio da noite. A miúda que se apaixonava pela vida todos os dias. É isso que quero ser. É isso que vou ser. Queria muito ajudar as pessoas à minha volta a serem melhores. E às vezes consigo. Contigo, consegui algumas vezes. Essas memórias são as que quero guardar. O bom. O que é capaz de deixar um sorriso. O resto apaguei do meu coração. "Quem vai dizer no amor, o que é bom ou ruim?" Não preciso de ti. Vivi 22 anos sem ti. Viverei muitos mais sem ti. Isso não significa que não vá estar aqui para te ouvir num momento de necessidade, que não pegue no carro porque precisas de algo. As tuas palavras e atitude não me definem. Eu não sou isso. Eu sou a miúda do sorriso e dos abraços apertados, das conversas sobre a vida, da palavra amiga e que puxa para cima todos os que estão há volta. E contigo, não irei ser menos que isso. Porque tu não me defines. Porque de tudo o que já passei, de todas as dores que senti, o que aprendi é que levar isso comigo, na alma, deixa cicatrizes feias. E eu não as quero. Por isso: estou aqui. E esta sou eu.

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D.

Madrugadas a pé, com a presença das tuas palavras. Evidenciou-se a descontração de quem não procura companhia diurna, apenas uma vontade carnal que não precisa de rosto e nome. A inteligência do argumento cativou-me, juntamente com traços físicos característicos de me fazer olhar duas vezes. O interesse passou despercebido, subtil como que de propósito a fazer-nos uma rasteira, a testar-nos, provocando-nos. Mais uma vez a tua ausência fez-se sentir, quando anuncias-te a chegada a casa, e uma brisa de desejo tornou-se repentinamente um ardor na pele, um suspiro de desespero que se faz sentir como uma tempestade nas madrugadas em que não nos encontramos. Começou agora. A descoberta pela pessoa que ainda não conheci, mas que vou conhecendo. O jogo de sedução, de desejo, de fome. Descobrir os opostos, o que dizes que me repulsa e me fascina. Os pequenos segredos surpreendentes que me contas, ou as grandes provocações. Gemidos que não ouves, a respiração ofegante. Começou agora. Em breve, acaba. Até já

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v)

Tudo se resume a esse momento, não é? Tudo se resume ao momento em que os espasmos do meu corpo te disserem que naquele momento fui tua, que me entreguei, que não deixei qualquer pedaço de mim fora do teu alcance. Tudo se resume ao momento que culmina de um jogo de corpos, um tetris humano com uma discussão política silenciosa de quem tem mais poder. Tudo o que levar a esse momento, é livre. Os sorrisos, os risos, os teus olhos parados nas minhas costas, nas minhas pernas, as minhas mãos que percorrem o teu corpo sem se deter. As bocas sem fôlego, que embaciam a alma um do outro, enquanto se procuram e gemem para que dure mais um pouco. Só mais um pouco. as pernas que se perdem, os braços que se abraçam, se puxam, agarram  e também empurram. Línguas que não conhecem mais nada que as curvas daquela cama, um pensamento que já foi. Enquanto caiu na cama penso nesta música com o nosso ritmo. Em como cada vez que olho o mar, este vai e vem é tão nosso como do mundo. Depois, peço-te para voar outra vez. Só mais uma vez.

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h)

Aconteceu tudo como previsto. Acordei com o peso do meu próprio corpo, suores frios na nuca como se a própria morte gemesse ao meu ouvido, e eu tremo tremo tremo. Sinto os pulmões a fecharem-se, o meu tronco a dobrar-se sobre si próprio em agonia, procuro rapidamente o chão e a segurança do corpo que conheço, esta aflição aperta-me a garganta como duas mãos quentes e cheias de vontade. Vomito a alma aos teus pés e peço-te perdão. És tu que mandas, deixas-te isso tão claro como o arquejo que saí da minha boca, como esta expressão de horror ajoelhada aos teus pés. Salva-me de mim própria e não me deixes dormir nesta casa outra vez, deixa-me estranhar o teu corpo e sarar dores mais antigas que tu, eu e nós.

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f) 2012

Esta pessoa… esta pessoa. Ciclo vicioso, tóxico, dor e prazer, tudo se mistura e culmina em nós. Não, nunca em nós. Em ti, e em mim. Imagino, sonho. Sonho. E acordo. Aqui, ali e acolá. Quem sou? Sou o nunca. Sou o que não fui, o que serei. Quem sabe? Tentei em vão definir o que gostava daqui para a frente, para ti. Já te desejei a morte. Peço desculpa, mil e uma vezes, perdão. Já desejei que fosses a pessoa mais feliz do mundo, desejei que essa tristeza que vive em ti se fosse embora, desejei que esse olhar tantas vezes vazio desaparecesse. Desejei o melhor e o pior. Mas, de que servem desejos? Estrelas cadentes, dentes de leão, o trevo que nunca te dei. Que importa? Ainda resta tanto e tão pouco para te dizer. Sei que um dia tudo isto não passara de passado. Mas vai-me assombrar para sempre um mas, um se, um não peças desculpa, faz valer a pena. 

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Malditas.

Ele achava que as palavras eram tudo, por isso arrancava da pele todas elas, às vezes gritos, outras sufocos, saiam-lhe das mãos, das veias, da carne, Escrevia a todas as horas, esquecia-se de comer, de dormir, para escrever de onde era para onde ia com ia, quem amava quem não suportava quem temia quem lamentava, quem não conhecia quem iria conhecer. Esqueceu-se de quem era e viveu sem ter vivido, através das tais palavras que ninguém lera. Malditas.

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O telefone chama.

O que vais fazer hoje?

Tenho um jantar, mas porquê?

Por nada.

Irrita-te sempre quando te procuram manipular para ouvirem o que querem, como se fosses um pequeno fantoche de papel.

Amanhã falamos melhor.

E desligas.

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Minha rinite não aguenta mais meus sonhos virarem pó.

Tati Bernardi.  (via velejo)

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Foda-se.

Quero tudo agora. Quero sentir tudo, todos os dias. Quero chegar à cama exausta de tanto ter feito, e sentido. Quero viver cada segundo, quero aproveitar todos os momentos. Quero beber das pessoas e das suas histórias, das suas formas e feitios. Não quero ter medo de me cansar de ninguém. Se me cansar, mudo. Mas não me quero cansar devagar, que raio! Deixem-me ser.

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Quando a criatividade esgota.

Acabo de me aperceber que existe um antes e um depois. Algures na minha vida, existiu um momento de viragem e eu não dei por ele: no antes a criatividade borbulhava, as ideias fluíam, os eventos sucediam-se, os amigos tinham tempo, os sonhos eram alcançáveis. Tinha vontade de correr o mundo e o conquistar, e eram exactamente esses os meus planos, ser tudo o que queria ser e fazer tudo o que conseguisse para que isso fosse real, palpável. A facilidade latente em criar, em exprimir, em imaginar, desvaneceu-se, e eu nem notei. Hoje tudo são dúvidas, se sou capaz, se chego lá, se ainda consigo. Criar tornou-se um desafio monstruoso, para o qual não tenho mãos nem cabeça. No antes escrever não seria uma página em branco por dias, mas sim cadernos cheios, os projetos não seriam invisíveis mas sim sem mãos a medir. Perdi-me, e não sei bem onde nem quando, nem se é possível voltar a encontrar-me, ou se tenho de ir buscar forças, também não sei bem onde, para ser algo novo, que me faça respirar melhor. Andar melhor. Sorrir melhor.

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My therapist and I decided that from now on, when I’m thinking something negative about myself, I’m going to imagine that Donald Trump is saying it, because it’s really easy for me to just tell him to fuck off.

Example:

Trump: “Your thighs are fat.” Me: “Fuck you and your fucking wall.”

I think we’re onto something here.

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Da vida não quero muito. Quero apenas saber que tentei tudo o que quis, tive tudo o que pude, amei o que valia a pena e perdi apenas o que, no fundo, nunca foi meu…

Pablo Neruda.  (via re-amou)

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hoje

estou triste o suficiente.

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lost

Do you know the feeling of falling, breaking down? That moment when everything that you do and have done just seems hopeless and nothing but dust. you wake just to go back to sleep, right away. And if you could, you would just give up on everything. But even that isn't that simple, so you just suck it and hope tomorrow will bring you a better day,

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Manhãs

E é assim, que me encontro inerte e sem vontade, no mesmo lugar onde antes de te deixar entrar no meu mundo de sonhos pensava em ti. Sinto o teu cheiro, sinto na ponta dos dedos a tua pele mas não estás aqui. aninho-me mais um pouco, procuro pensar em todas as tarefas quotidianas que tenho que realizar, mas nada acontece. Apercebo-me: não estou aqui, estou num eu-aqui-e-acolá onde sem ouvir a tua voz não decido para que lado ir. Na verdade, o meu dia não poderá começar sem esse rasgo de realidade, a tua voz que me prende ao chão e me leva a sonhar a cada instante.

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olhos

não foi nos olhos dele que ela encontrou a infinidade daquilo que sentia. foi no jeito só dele de sorrir, foram nas mãos de mil e uma formas, nos cabelos sempre desarrumados. Não nos olhos, porque os olhos escondiam tristeza e descontentamento, ao mesmo tempo que revelavam uma vontade gigante de compreender o mundo, ao mesmo tempo que preferia não entender nada, e isto não reflectia um sentimento tão puro, genuíno, forte. Ela ora o beijava, ora o afastava, mas nunca da sua mente, lembrava cada pormenor, ao longo do dia, sem remorso. a vivência dela mudou, passou a ser mais que o que já era. Nada tinha explicação, mas tudo se explicava a si próprio, bastava o brilho no olhar. tanta confusão fez dela, outrora mulher, outra vez criança. Insegura e cheia de medos, porque se quando ele lhe dava a mão, sorria com o cabelo desarrumado, eram certezas no olhar que ela procurava (...) hoje eles estão juntos. hoje ela deixou de procurar certezas, porque o olhar dele mudou.