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um lugar pra eu escrever umas coisas como se fosse um blog
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ahbela · 2 years ago
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ahbela · 2 years ago
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The office ep. 01
Mais um dia indo pro estágio, comecei exatamente 2 meses e 20 dias antes do dia dessa história. A rotina e os acontecimentos corporativos me fascinam, minha personalidade é capricorniana de mais pra negar que não sou uma mulher que se alegra em ser rígidamente programada e trabalhar todos os dias atrás de um computador.
Era a primeira sexta-feira do mês de julho e pelas manhãs de sexta uma conhecida minha da faculdade, que também é estagiaria da mesma empresa, me acompanhava no caminho entre o ponto de ônibus e o galpão em que trabalhamos. Tudo normal, exceto que nada estava normal quando chegamos. Ao atravessar as portas de entrada, todos os funcionários estavam dispostos no pátio, cuidadosamente posicionados em direção a uma única pessoa, nós como boas estagiárias seguimos o comportamento da manada trabalhadora, enquanto esse tal homem falava sobre segurança no trabalho com a eloquência e imponência que somente um bom coach de carreiras é capaz de emanar.
Ao fim do discurso o dia seguiu normal. Passaram-se 3 horas, sentada em frente ao computador, com a satisfação que apenas a confiança de um trabalho repetitivo é capaz de trazer, eu permaneci. Faltando uma hora pro fim do meu expediente, recebemos uma visita em nossa sala, quando eu digo nossa sala, imagine outras 20 pessoas trabalhando sentadas com a cara no computador assim como eu. O visitante em questão era o tal coach motivador que na verdade era gerente de segurança da concessionária de energia pra qual a empresa que eu trabalho presta serviço, ele estava ali pra se despedir e não se satisfez em dizer apenas tchau, ele queria algo mais, queria dizer algo mais, mas infelizmente não sou capaz de reproduzir, já que não me lembro de metade do que foi dito, visto que os acontecimentos seguintes foram de certa forma traumatizantes para mim.
Enquanto ele se despedia eu prestava atenção, mas quando ele começou a falar de assuntos que não me interessavam mais, voltei minha atenção para o computador em minha frente, acredito que minha falta de interesse em sua fala foi o gatilho pra ele se interessar em ter minha atenção, tudo aconteceu muito rápido e logo ele estava do meu lado, apertando minha mão e pedindo pra que eu me levantasse. Obedeci, como uma boa estagiaria que sou. A partir daí, tudo foi um caos em minha mente, logo ele me abraçou de lado e fez um comentário que dizia algo no conteúdo de "olha o tamanho dessa mulher", o que gerou risos na sala, automaticamente me vi defensiva, cruzei meus braços, não queria estar em pé na frente de todos, na posição de cargo mais baixo daquele lugar, falando com um homem que provavelmente era o homem com cargo mais importante daquele lugar.
Observando meus braços cruzados, o espírito de coach ressurgiu dentro si, disse para que eu descruzasse os braços, obedeci. Olhei nos seus olhos, que estavam um pouco abaixo da linha dos meus, considerando "o tamanho da mulher" e disse que nessa situação iria ficar de frente pra ele, mal sabe que também tenho meu conhecimento sobre body language, nesse momento ele levantou os braços numa posição de defesa, exatamente como fazem os lutadores de boxe, houveram risinhos na sala novamente. A partir daí a conversa caminhou por lugares que eu nunca poderia imaginar. Nesse ponto ele já sabia meu nome, uma colega de trabalho havia dito antes mesmo dele pedir pra que eu ficasse em pé, fui apresentada a família dele através de uma foto, disse que minha mãe era abençoada, que eu teria sucesso no futuro, disse que seria patroa dele, me pediu pra ler a data em seu crachá em voz alta, apertou minha mão novamente, disse que eu era inteligente, que eu era capaz, que estava ali pra provocar. Ele se despediu e eu me sentei.
Nunca irei entender o que fez ele me escolher, no meio de 20 pessoas. A ausência de crachá no meu pescoço? Parecer mais jovem que todos os outros naquela sala? O fato de ser mulher e jovem em uma empresa majoritariamente masculina? Não dar atenção plena ao seu discurso? Minha aparência? Minhas roupas? Estar mais no campo seu campo de visão do que qualquer outra pessoa? O acaso?
Nunca irei saber a resposta, mas definitivamente sei que só poderia ter passado por uma situação dessa pelo tato de um homem.
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ahbela · 2 years ago
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Todo dia minha vida é um episódio de the office diferente. Na sexta da semana passada aconteceu a coisa mais insanamente maluca ever no estágio. Cheguei 8h como sempre, mas nada estava como sempre pq todos os funcionários estavam no salão participando de uma palestra ou algo do tipo, que na verdade tava mais pra um evento coach auto ajuda, mas enfim. Durou mais uns 10min a baboseira e fui pra minha sala trabalhar. Quando deu umas 11h, o tal do coach autoajuda palestrante foi na minha sala se despedir. Tenho que ressaltar que a sala que eu trabalho tem mais umas 20 pessoas. O homem tava dando tchau e até aí blz, eu tava olhando pra ele prestando atenção no que ele tava dizendo normal, tudo normal! até ele olhar pra mim e perguntar se aquilo que eu tava mexendo era o GSE (sistema da concessionária de energia) daí eu afirmei e continuei mexendo no computador. Por algum motivo ele não se deu por satisfeito e continuou falando sobre/para/de mim, mas eu não estava percebendo pq eu não estava olhando pra ele mais. Até que eu ouvi "o nome dela é Isabela", aí eu voltei a olhar pra ele. Assim, o pesadelo começou. Ele caminhou até a minha mesa, pediu pra eu levantar, olhou pra mim de pé e disse "olha o tamanho dessa mulher", todo mundo da sala riu, ele me abraçou, apertou minha mão, pediu pra eu descruzar os braços, falei "então vou ficar na sua frente" com os braços descruzados, ele levantou as mãos como um lutador de boxe, eu ouvi meu supervisor rir, disse que eu seria patroa dele no futuro, que eu era inteligente, se eu estava ali é pq eu sou capaz, que meu futuro era próspero, que ele tinha um filho da minha idade, mostrou foto da família, disse que era linda, eu disse "linda foto", ele disse "a foto é bonita, mas a família que é linda", concordei, ele pediu pra eu ler a data do crachá dele, 2001, ele apertou minha mão, perguntou o nome da minha mãe, "Luciana", "sua mãe é abençoada", ele me abraçou, disse que provoca mesmo, que é pro nosso bem. Me deu tchau, deu tchau pra todo mundo. Eu. Estagiaria. Com a minha personalidade. Na frente de todos os meus 20 colegas de trabalho.
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ahbela · 2 years ago
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Pra quem não me conhece me chamo Isabela e sou estudante de engenharia. Por muito tempo tive pavor de me definir como pessoa a partir do que eu estudo, mas aparentemente o meu curso fez isso por mim mesmo contra a minha vontade. Pra quem não conhece o curso de engenharia, ele é chato e não te estimula a escrever nada. Por isso resolvi criar um blog. Talvez assim eu desenvolva uma habilidade que não fui estimulada a ter durante cinco anos da minha vida. Talvez assim eu consiga falar sobre coisas que eu gosto e que me definam mais do que apenas ser estudante de engenharia.
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