"Qual uma pluma insustentavelmente elevada nos ares". Não. Qual um anjo a desfiar o que é sutilmente humano.
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Atenção: “Olecram” é uma noção estética, ou precisamente um antigo nome “de guerra” adotado pelo meu pai.
O que há de Olecram em mim se sobressalta na hora das estrelas, bem quando a noite deita sobre a vastidão do meu colo todas as suas quimeras e todas as largas realidades adotadas pelo próprio universo notívago. E se, de madrugada, atravessando o Marista dentro de um carro alheio a luzir a cidade escura chego ao alto do Bouganville, consigo então no lusco fusco da memória ver o meu pai acendendo um cigarro sob a velha janela lateral da Pizzeria, ao lado do grande shopping; ele jovem, loiro, bonito, esguio, a queimar na ponta do Malboro o transviar da própria juventude, esfumaçando no tempo entorno sonhos que no outrora à frente eu mesmo aspirarei. Em verdade, há muito já aspiro não só o que havia de lúdico nos seus atos, nos atos de meu pai, mas igualmente o que existia e ainda existe de matéria nos sonhos lhe atribuídos, visto que o seu Olecram, é certo, se desvenda constantemente face ao meu próprio Olecram, sobretudo quando a noite deita sobre a vastidão do meu colo todas as suas quimeras e as suas realidades possíveis, ou bem quando eu mesmo deito num colo alheio o que há de mais poético e vivo na minha alma.
“O que há de estrela no meu dentro haverá sempre de brilhar neste meu céu e num céu outro”, verseja o poeta que sou.
Raffaele
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Eu descobri que a Rafa sofre de transtorno afetivo bipolar. Aquele anjo lindo, de fronte infantil, mulher da fronte pueril, munida de gestos aleatórios. E os seus olhos?, olhos inertes como se quisessem resgatar no vão do mundo certo espaço pra sua alma já horizontal, imensa, vasta que só!... Rafa: mulher da face infantil, dos gestos simples e da falta de pudores face à vida. O meu medo é que os caras com quem ela se relaciona lhe danem, lhe prejudiquem o que por ora está sendo remediado; destemida, os contata sem imposição de limites. Cuidado, Rafa, cuidado. Pelo seu espírito guardo este zelo, este sentir: a de que um deus proteja o seu corpo e a sua cabeça, como quem vela sob o relento de uma noite escura uma vela de chama acesa.
Rafa: logo você, ante um mundo que julga-se claro, lúcido, a lumiar o que é breu em nós.
Raffaele
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Transamos novamente logo pela manhã. Acordamos munidos com o cheiro da madrugada “matizado” na pele da gente e transamos novamente logo pela manhã, benquistos um pelo outro na comunhão das vontades. O cheiro da madrugada que havia ficado em nós me era, além do seu corpo branco e magro — o corpo Dela —, enaltecimento para meus sentidos, para os meus desejos da carne que também são os meus desejos da alma pois ao avaliar os fatos descubro que tamanhos desejos tratam-se mesmo de um único desejo visto que corpo e alma igualmente tratam-se da mesma Coisa — ao avaliar os fatos! Estávamos, ambos, enaltecidos, e repito: transamos, pois; até que o despertador do seu celular nos alertou para as obrigações daquele dia recém iluminado. Fomos rápidos para a ducha (molhei o corpo…); voltei para casa; a Bonita foi direto ao trabalho e horas depois me reclamou via mensagem: que sonoooo! Risos. Os instantes correram e quando efetivamente resolvi entrar debaixo do meu chuveiro, após o almoço, uma delícia: contatei de novo o cheiro referido que havia se impregnado e que se mantinha em mim e, por fim, atestei, num espasmo de alegria estranha: era o cheiro da Sua intimidade, da intimidade da Bonita, não da madrugada... Sorri sutil. Querença farta me arrastando de volta para a cama, para o leito de um colo branco, seios, pernas, alvura inteira, boca grande e olhos miúdos. E sob a água quente, sob o quente da água que da mesma forma me transpõe para mais perto do que é essencialmente tórrido, me toquei, tocando, portanto, os idos recentes com a expectativa (expectativa mútua) de um outra vez a se cumprir num próximo final de semana…
Das delícias todas. Da Vida.
Raffaele
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Face ao que se encontra face ao mundo, concluo: vivo sob o desapego, o desapego em relação às pessoas, em relação às matérias — sou o sol que esclarece, reconhecendo, claro, a luz da noite que virá; clareará tal sol novamente no amanhã, e novamente no amanhã a lua com amor o tomará de assalto, pois assim propõe a ordem do tempo… Trato do desapego emocional em relação a tudo o que afeta, face a nós: regência dos sentidos, propulsão para a paz.
Raffaele
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O Léo, através do seu antigo tumblr, cravou na virtualidade dos espaços os sonhos juvenis de uma época alicerçada num hedonismo promovido imageticamente pelo próprio Tumblr, pela Internet, de forma geral, pelo que se via no digital dos mundos…
Debrucem-se sobre o lúdico de outrora, logo, e percebam: o que é bonito nas coisas está sempre a nos conduzir.
Adendo: a Beleza é passível de interpretação.
Raffaele
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Narciso figurado por um anjo contemporâneo, a sobrevoar sempre gentes e coisas não vivas sobrepostas às gentes e às coisas não vivas… Anjo, contraditoriamente humano embora um tanto quanto ascético, a sobrevoar os prazeres da pele, as ideias, a Poesia; anjo, embora perfeitamente humano, redescobrindo os cumes e os abismos do próprio Eu — angélico. Anjo, entre almas e corpos, entre pessoas benquistas por um coração predestinado a amar o que é rasura no Homem… Anjo, qual a mim, feito Narciso, vivendo e sobrevoando e, como não?, ultrapassando! o limiar do Eu refletido sobre as águas da Vida!… No fundo, é Nela onde mergulhamos, na Vida.
“Pois, sois Vida também!”
Raffaele
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Faz-se a noite, de novo, e a gente se reconstrói sob as sensibilidades da pele, sob o sensível que de uma forma misteriosa o claro do dia parece velar, ocultar entre as convencionalidades das coisas… De noite, sobretudo, corremos juntos, eu e ela, ali no Bueno, corrida noturna de rua, trotinho pra acalorar o que se mostra em luz e afeto. Depois fazemos uma pequena refeição aos arredores... E chegamos aqui, logo. Tecemos aleatoriedades, comentamos um fato avulso, dividimos detalhes. Silêncio, carinhos... De súbito, fala que tomará banho sozinha; está excessivamente suada e sente-se desconfortável na partilha da ducha, em tal caso. Retorna de toalha, olha as horas na tela principal do celular, não pode demorar muito, caminha os olhinhos para o além da vista da janela de meu quarto, vista bonita dada igualmente para o além daquilo que eventualmente não é apreendido — falo do céu de uma madrugada a se romper daqui a pouco —, sorri leve, talvez tímida, e eu a vislumbro, moroso, manhoso e com tesão: 40 anos, com esse corpo? Puta que pariu!… Em seguida, tomo eu minha ducha e, em seguida, refutamos qualquer moral idiota e, em seguida, abrimos caminhos pras delícias todas… O sexo é bom, o cheiro é bom, o toque é bom, a comunhão se faz passível de repeteco, a resumir (risos). Volta pra casa de Uber, me manda mensagem dizendo que chegou bem, mimos maranhados via WhatsApp, palavras alegres, sugestões recíprocas para um terceiro encontro, uma próxima corrida... Relembramos aquela piada de outrora, emogis, emogis, emogis, primícia de um tchau, o sono aperta, a lua emana, amanhã a academia fecha às 11h da manhã, pré-feriado, preciso dormir, dois beijos.
Raffaele
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Baixa a noite sobre o meu corpo… Eu, cavalo das estrelas; noite santa a me penetrar os poros da carne, tocando-me a alma. E baixa a noite sobre o meu corpo quando igualmente baixam em mim reminiscências de outrora. São 9 anos corridos, apreendidos sob a perspectiva de quem DESEJA apreender o que os anos têm a ensinar. E de fato apreendi muito!, adentrei as verdades de tamanho ido ao longo desse passado recente, desvirginei saberes novos, desvendei velhos enigmas!... Entretanto... tratando-se do agora específico, semelhante à própria noite baixam em mim, conforme já dito, reminiscências do distante: 19 anos recém completados; tudo a se desnudar diante de minha visão clara; Mt. Eden redecorando as minhas sensibilidades notívagas; e a predominância do seguinte retrato nos próprios quadros imaginativos e factuais da minha juventude: antiga Sedna lotada, sms via BlackBerry, telas renascentistas fakes adornando a pista de dança e também as alcovas da boate… as alcovas! As alcovas nas quais eu transo com a Carol e, é certo, com aquela menina dos cabelos dourados!, aquela que caminha suavemente entre as ramagens do meu sonho… Com efeito, no entanto, estou vinculado apenas à Carol, amicíssima da A. com a qual eu namoraria posteriormente durante tranquilos 3 anos. Carol transa comigo. A gente desalinha os sentidos e os reciprocamos face ao caos de uma foda rápida pois não tardará e precisaremos sair do quarto abafado, da alcova quente, “Tá quente pra caralho, mas assim é mais gostoso”… O tempo parecia ser meticulosamente calculado naquele benquisto reduto penumbroso (e na vida), e parecia não contarmos o tempo, como se de nós ele se perdesse com o avançar das horas medidas por sabe-se lá quem. O avançar que inclusive nos alcança, contradizendo o nosso pequeno infinito, no instante em que reviramos, eu e Carol, os olhinhos ante a ode à nossa então juventude, gozo que arrefece e promete. Promete… E promete, sim. Promete, sobretudo, um futuro aferrado à continuidade das delícias em questão. Porque corridos 9 anos, em ambientes distintos mas ainda submerso na mesma noite, sob o alumbrar da mesma lua matizada com as mesmas estrelas, continuo a atingir os cimos de todo o gozo referido e também continuo a reciprocar com outras Carolinas e com outros anjos prazeres iguais. Mais maduro, claro, mais ciente das consequências das Coisas, criterioso, mais Dionísio em face das imprevisibilidades — mais nietzschiano, em certo grau —, contudo, integralmente alimentado pelos mesmos sonhos e vivente de uma existência cuja uma das principais pautas segue sendo o Apreendimento daquilo que é passível de afeto e comunhão.
Adendo: os pensamentos expostos me vieram à tona enquanto eu corria no Vaca Brava, às 20h. Tocou aleatoriamente nos meus fones Vanishing Into, Mt. Eden.
Raffaele
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