alexawhoo
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doa-se amor
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moro no país das maravilhas (mainha da Alice)
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alexawhoo · 1 year ago
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o sopro de vida
eu não sabia nada sobre a vida. sobre dar vida, sobre ter uma vida, ou sobre viver de modo geral. não existia uma. a história da humanidade começou com um sopro de vida e eu, um sopro, só ganhei vida através dos meus pulmões.
ela é um verdadeiro fenômeno da natureza, não existe arte ou peripécias, não existe folhas no quintal, ou gotas de chuva, que não tenha sido completamente reinventado por ela. a imensidão de 103 centímetros, os fios reluzentes ao sol queimavam à sombra, o olhar atento, cheio de brilho e uma risada que se espalha a rama pela a casa, dá pra ouvir até quando chora. e quando chora eu colo. conta-se os anos, mas em minha vida, não era feito de aniversários. depois dela, toda a tradição de trezentos e sessenta e cinco dias de vida se beirou o obsoleto, todo dia era crescimento, todo dia era experimento, existia mais riso num dia que em mil festas sobre nascimento. e, meu caro leitor (minha cara leitorinha), eu poderia de fato e muito bem neste dia vos contar sobre a lambança das fotos no balde com morangos do primeiro ano, e do choro em dengo em não querer dali sair, ou quando de tanto se balançar animada, seu corpo se debruçou sob o bolo ao cantar de parabéns do segundo ano, e que sorte a dos convidados d'eu realmente amar fazer bolos, pois um se apossou de todo seu corpo que mais parecia feliz por se mergulhar do que qualquer presente cantarolante que repetidamente recebeu, e ao terceiro se divertiu mais ao apresentar aos seus convidados os moradores do quintal, ao qual à cada verde, amarelo ou rosa, devidamente nomeados sobrenome Who, se transformaram em verdadeiras companhias criativas e construtivas que qualquer brincadeira que os adultos insistiam em tentar te distrair. a verdade é que de como suas bochechas coram em fogo aos apertos do seu Paolo, o riso e alegria era o mesmo, dos três aos oitenta e poucos, ali eu vi, o tempo não passa quando se o coração ainda permanece o mesmo. decidi que comemorar a vida é ato diário, piscar são segundos a mais de olhos abertos só pra contemplar o esplendor que é viver de verdade. festejei quando caçava com a boca as bolhas de sabão soltas no ar, no verão, jurando engolir arco íris, que continua a ser uma aventura pra ti; festejei de alegria e preocupação, com direito a intensas gargalhadas ao episódio primeiro das aulas de cambalhota entre tropeçar na ponta dos pés e debruçar o cocoruto ao chão, o corpinho impulsionado pelos dedos gordinhos se viravam em rolar para o lado, cambalhotar se tornou uma modalidade de medalha de ouro para a pequena Alice pela casa até o dia que segue; o primeiro susto de apenas segundos de vida, a nossa, foi o trovejo lá fora que a fez chorar e chover, de tu e a mim, o primeiro encontro, e nada mais extasiante seria para mim os teus sons ao balbuciar conversas comigo enquanto minha voz te acalmava ao me conhecer, agora de frente, à primeira vez; festejo a cada volta da escola com perguntas as quais me faz questionar se não seria entre a próxima marie currie ou tatá wernek, até perceber com toda certeza que será mesmo a primeira Alice Who e meu prazer é experienciar suas maravilhas; festa é o outono inteiro de folhas saltadas a todo vapor com os pulos cheios de canto; vida é descobrir o passado com o futuro bem a sua frente, enquanto nada mais quero viver senão o presente. no livro sobre maternidade, ao ensinar sobre comportamentos padrões e esperados do crescimento, aos três a importância da rotina é de compreender e controlar o mundo. mal sabiam. a sua identidade parecia já estar formada deste que sua primeira palavra de fato apontava para o guardião do dia, de pétalas como raios de sol "iiol" - de fato porque em meu registro chxxxxxxxua chxxxxxua. não são palavras, mas foi o primeiro som que você conseguiu reproduzir fielmente às minhas repetições. espontaneidade e surpresas sempre foram seu forte, e curiosidade uma especialidade, não havia um dia sequer em que aprender não fosse um teatro e a vida uma verdadeira celebração. as tradições de família, ainda existem, mas a minha vida acontece no espaço de tempo em que some silenciosamente e retorna pisante pelo gramado com mais um nome, mais uma historia, do cabelo despenteado e cantarolando à macarronada de domingo.
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alexawhoo · 1 year ago
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vida. o sopro da vida. é você, eu diria. nesse universo paralelo você é o meu sopro da vida. aquela mistura do amor quente, intenso e voraz - vermelho. com a nobreza, serenidade e harmonia - azul. é a libertação do medo e inquietude, a misteriosa leveza do silêncio e alegria da risada frouxa. é o caminhar junto.
nem em um milhão de anos poderia existir alguém como você o teu amor me preenche o riso, o teu riso me preenche a alma, a tua alma se encaixa na minha
.vida.
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alexawhoo · 1 year ago
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hoje eu acordei mais cedo e fiquei te olhando dormir, imaginei algum suposto mesmo para que tão logo pudesse te cobrir
muito se fala sobre as noites de sono perdido da mãe por um bebê que chora, mas não havia nada mais espetacular do que adormecer pelos olhos sonolentos e pesados de meu novo ser. não existe cansaço, sono, embaraço, que faça sentido ou não vá embora quanto acordar mais cedo e ficar ali, na porta do quarto, na beira do berço, vendo o sonho ser realizado através dos olhos fechados do meu mais novo pequeno grande amor, o meu bebê
tenho cuidado de você todo esse tempo, você está sob meu abraço, minha proteção
sempre acreditei na relatividade do tempo. mas não há nada mais certo e pontual do que o tempo quando passa mais rápido e linear quanto se está a observar o crescimento. queria que não existisse e não seguisse uma linha reta, pra poder flutuar entre as fases dos pés pequenos aos primeiros passos, e te ter sempre assim, colada em meu peito. oh, tempo, que passe devagar, que não me atropele o coração quando apreciar cada pequeno detalhe de evolução, do meu pequeno grande amor, o meu bebê
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alexawhoo · 1 year ago
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.no dia em que você chegou. ah. o dia em que você chegou.
sabia que viria. é claro. nove meses carregando toda tua formação em meu ventre, inegável, fato. sabia que viria. as noites mais bem que mal dormidas, em um misto de enjoos como sinais iniciais de sua existência, e tonturas que motivaram a tua descoberta, a verdade é que a mudança para o litoral ajudou e muito em levar embora tudo o que pudesse trazer desconforto e passei a dormir melhor contigo dendimim, não conheço conchinha melhor do que o tempo em que te agarrei sob a minha pele te guardando aqui dentro, sempre foi minha melhor e maior companhia. as leituras incessantes a respeito da maternidade, paternidade, cuidados com o bebê ainda na barriga e seus primeiros dias de vida, não posso negar a ansiedade latente, que por vezes, e muitas vezes, tomava conta de mim, deve de ser comum achar que não se daria conta afinal, não é sobre uma nova planta, um novo animal, ou um relacionamento, se trata de uma vida completamente nova e se encarregar de ser responsável por ela. a verdade é que nunca fui tão boa em ser responsável, nem por mim, ou pelas coisas que preciso, muito menos por outro ser, e isso era o que causava em mim tamanha insegurança, que eu tentava a todo custo espantar da minha mente, por mais incessante que fossem os pensamentos, mas o seu pai bom leitor de mim, sempre me foi o porto que segurava em minhas mãos quando a ansiedade ameaçava vir, e me levava para fora para conseguir respirar. no dia em que você chegou. ah. o dia em que você chegou a minha mente não conseguia conceber em sua completude a tua chegada, toda a ansiedade havia sido tomada por uma tranquilidade fora do comum, do que visto nas ultimas semanas, ou do esperado padrão. era como se eu me sentisse mar, e a lua e a gravidade se alinharam para tornar todas as ondas brandas e os ventos leves. naquele momento em que a bolsa estourou, eu me extasiei da tua presença, estava já preparando maça de torta, e após, ainda fui capaz de, como conta o seu pai "avistei ela doladi fora, colhendo maçã - não tem maçã mais doce que o nosso - eu dizia - precisa de torta de maçã pra receber as visitas -, e foi o tempo da Nina, uma das parteira locais, que era praticamente nossa vizinha e amiga íntima da mamãe, que nos acompanhou nos mínimos detalhes durante a gravidez - sabia que Nina significa protetora da fertilidade e mares? o que veio bem a calhar, você nasceu em casa mesmo, com cheiro de torta de maçã no forno, levou algumas boas horas, o sol se escondeu a chegada dela, e soube que o mar se tornou revolto la fora com a chuva, enquanto aqui dentro, respirava em espaços de tempo contados, gritara um pouco o quanto colocava força até te ter em meus braços, não posso romantizar e dizer que foi fácil, que não foi cansativo, mas, por Deus, eu ouvia a chuva lá fora, o cheiro doce de maçã misturado com o de terra molhada e morango fresco invadia a sala, onde estava imersa parte de mim na banheira, havia uma quietude incomum dentro do meu coração, não era como se não viesse, mas também não parecia que vinha, não havia angustia, ou um sofrimento além - estado de poesia - eu diria, e pra falar a verdade, tocava em minha mente até seu pai em sintonia colocar pra tocar o vinil - estado de poesia. e chico césar não sabia do que falava quando acertou em cheio:
pra misturar meia-noite, meio-dia e enfim saber que cantaria a cantoria que há tanto tempo queria, a canção do bem querer. e és belo, vês o amor sem anestesia, 𝑑𝑜́𝑖 𝑑𝑒 𝑏𝑜𝑚, 𝑎𝑟𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑑𝑜𝑐𝑒, 𝑞𝑢𝑒𝑖𝑚𝑎, 𝑎𝑐𝑎𝑙𝑚𝑎, 𝑚𝑎𝑡𝑎, 𝑐𝑟𝑖𝑎 chega tem vez que a pessoa que enamora 𝑠𝑒 𝑝𝑒𝑔𝑎 𝑒 𝑐ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑜𝑛𝑡𝑒𝑚 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑟𝑖𝑎 𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎 𝑡𝑒𝑚 ℎ𝑜𝑟𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑖 𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑝𝑟𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑛𝑎̃𝑜 𝑓𝑖𝑐𝑎 𝑛𝑒𝑚 𝑣𝑎𝑖 𝑒𝑚𝑏𝑜𝑟𝑎, 𝘦́ 𝘰 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘥𝘰 𝘥𝘦 𝘱𝘰𝘦𝘴𝘪𝘢
quando tu veio, como num espaço tempo dum trovejo, te peguei em meus braços, enamorada de ti, o ser mais lindo que eu nunca poderia imaginar partir de mim, ontem aqui mesmo ria, agora choro, não sei como te dize qual sentimento me invadia, só sabia que escorria feito chuva em meu rosto, lagrimas que dum segundo ria de dentro pra fora. cortado cordão que nos ligava, nem fica, nem vai embora. tu é, meu moranguinho, meu estado de poesia. ah! a torta de maçã que quase queimou, se tornou meu ponto de torta favorito, a massa um pouco mais endurecida como de uma empada firme, o recheio no centro tão suculento, e o topo em excesso caramelizado. serviu bem a vizinhança que ansiosos pela tua chegada vieram na manhã seguinte te conhecer. a chuva brandava no fim de noite, quando enfim todos os barcos se acalmaram no cais, e tu, nos meus braços já se acalantava, quieta e serena, e ali em teus olhos amendoados me vi reluzir em fortaleza que é então o que os teus olhos me dizem sobre o teu coração, rocha resplandecente, minha pequena Alice.
"𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒄𝒉𝒆𝒈𝒐𝒖 𝒂 𝒏𝒆𝒃𝒍𝒊𝒏𝒂 𝒆 𝒂 𝒄𝒆𝒓𝒓𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒄𝒂𝒍𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒂𝒔 𝒂𝒗𝒆𝒔 𝒏𝒐 𝒉𝒐𝒓𝒕𝒐, 𝒑𝒂𝒓𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒐 𝒄𝒂𝒊𝒔 𝒅𝒐 𝒑𝒐𝒓𝒕𝒐, 𝒇𝒊𝒄𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒐𝒔 𝒕𝒓𝒆𝒏𝒔 𝒏𝒂 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒄̧𝒂̃𝒐 𝒆 𝒐𝒔 𝒄𝒂𝒓𝒓𝒐𝒔 𝒆𝒎 𝒑𝒐𝒏𝒕𝒐 𝒎𝒐𝒓𝒕𝒐. 𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒄𝒉𝒆𝒈𝒐𝒖, 𝒗𝒆𝒏𝒕𝒂𝒏𝒊𝒂 𝒆 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐𝒓𝒂𝒍 𝒅𝒆𝒔𝒈𝒐𝒗𝒆𝒓𝒏𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒔𝒐𝒏𝒂𝒓𝒆𝒔, 𝒇𝒊𝒄𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒄𝒆𝒈𝒐𝒔 𝒐𝒔 𝒓𝒂𝒅𝒂𝒓𝒆𝒔, 𝒐 𝒓𝒂́𝒅𝒊𝒐 𝒇𝒊𝒄𝒐𝒖 𝒔𝒆𝒎 𝒔𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒆 𝒐𝒔 𝒂𝒗𝒊𝒐̃𝒆𝒔 𝒏𝒐𝒔 𝒉𝒂𝒏𝒈𝒂𝒓𝒆𝒔.𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒄𝒉𝒆𝒈𝒐𝒖, 𝒐𝒔 𝒔𝒂𝒕𝒆́𝒍𝒊𝒕𝒆𝒔 𝒔𝒖𝒎𝒊𝒓𝒂𝒎, 𝒔𝒖𝒎𝒊𝒓𝒂𝒎 𝒐𝒔 𝒂𝒏𝒕𝒊𝒗𝒊́𝒓��𝒔, 𝒂 𝒊𝒏𝒕𝒆𝒓𝒏𝒆𝒕 𝒕𝒐𝒅𝒂 𝒕𝒓𝒂𝒗𝒐𝒖, 𝒒𝒖𝒆𝒃𝒓𝒂𝒓𝒂𝒎 𝒐𝒔 𝒄𝒐𝒏𝒆𝒄𝒕𝒐𝒓𝒆𝒔, 𝒄𝒉𝒊𝒑𝒔, 𝒂𝒏𝒕𝒆𝒏𝒂𝒔, 𝒔𝒆𝒏𝒔𝒐𝒓𝒆𝒔, 𝒕𝒖𝒅𝒐 𝒔𝒆 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒐𝒏𝒆𝒄𝒕𝒐𝒖 -𝒕𝒆𝒍𝒆𝒇𝒐𝒏𝒆𝒔 𝒄𝒍𝒐𝒏𝒂𝒅𝒐𝒔 𝒅𝒆𝒓𝒂𝒎 𝒔𝒊𝒏𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝒐𝒄𝒖𝒑𝒂𝒅𝒐, 𝒕𝒐𝒅𝒐 𝒐 𝒄𝒐𝒔𝒎𝒐𝒔 𝒔𝒆 𝒄𝒂𝒍𝒐𝒖, 𝒔𝒐́ 𝒐𝒔 𝒓𝒆𝒍𝒐́𝒈𝒊𝒐𝒔 𝒔𝒆𝒈𝒖𝒊𝒓𝒂𝒎: 𝒑𝒐𝒏𝒕𝒆𝒊𝒓𝒐𝒔 𝒇𝒐𝒓𝒂 𝒅𝒆 𝒈𝒊𝒓𝒐 𝒎𝒂𝒓𝒄𝒂𝒏𝒅𝒐 𝒐 𝒕𝒆𝒎𝒑𝒐 𝒑𝒂𝒓𝒂𝒅𝒐 𝒏𝒐 𝒅𝒊𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒄𝒉𝒆𝒈𝒐𝒖 𝒑𝒂𝒔𝒔𝒆𝒊 𝒂 𝒒𝒖𝒆𝒓𝒆𝒓 𝒗𝒊𝒗𝒆𝒓 𝒎𝒐𝒓𝒓𝒆𝒏𝒅𝒐, 𝒖𝒎 𝒑𝒐𝒖𝒄𝒐, 𝒂̀𝒔 𝒂𝒗𝒆𝒔𝒔𝒂𝒔 𝒂𝒕𝒆́ 𝒒𝒖𝒆 𝒏𝒂𝒅𝒂 𝒂𝒄𝒐𝒏𝒕𝒆𝒄̧𝒂 𝒔𝒐𝒎𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒆𝒖 𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂"
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alexawhoo · 1 year ago
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Prólogo
Alexa Who, nascida e criada no nordeste brasileiro, o qual chamo meu país, a Bahia, formada em direito e economia pela USP, pós graduada em Harvard, professora de direito e economia política em Coimbra. quando percebi tonturas e enjoo, diante de uma vida corrida, logo me preocupei, o burnout é logo ali. mas diferente de todas as minhas preocupações, um avalanche de alegria e amor tomou conta do meu coração quando ouvi da médica as três palavras mágicas: você está grávida! existem muitos marcos na vida de uma pessoa, e as coisas mudam ao proceder de cada marco. este então, foi um rebuliço completo em meus pulmões. eu precisava respirar com tamanha urgência, deixar tudo o que um dia conheci, para viver do meu sonho. nos mudamos para Camogli, uma vila no litoral da Ligúria, na Itália. uma casa ampla e simples, com vista de frente para o mar, e um campo verde extenso como quintal. sempre gostei do contato com a natureza, e a contemplação do Criador, quando criança no interior adorava ver o rio nascer no córrego e desembocar no mei do mar, ou despencar pela cachoeira, onde as lavadeiras cantavam beira d'água. correr para pular em poça de terra molhada pós chuva ou cavalgar porta'fora da fazenda, onde a relva cresce e ganha vida entre as árvores. agora dendi mim, podia sentir aos poucos uma semente brotar, germinar, crescer, se desenvolver. que loucura. me via a mim. não sei se de dentro ou de fora. e meus pulmões não mais eram meus, eu podia sentir enquanto gerava, meus pulmões sorrirem, experimentar do cheiro da mar, da torta de maçã, o morangueiro no quintal, a chuva quando vinha, sabia dentro de mim antes de chegar, o arco íris, o céu rosa azulado antes do anoitecer, as borboletas marrom amareladas que pousavam pelas flores, que nem só do que tinha cheiro, meus pulmões sentiam. com sorriso e de tudo achava graça. nunca imaginei, e não digo nunca ter imaginado ser mãe. nunca imaginei conseguir experimentar um terço do céu quando criou do barro, o sopro da vida se formar devagarinho bem aqui, como massa de pão se aquecendo no forno e inchando sem pressa.
e eu, igualmente sem pressa, sem pressa de viver, sem pressa da tua existência, escolhi te respirar com calma. para ser mãe abdiquei de tudo, abdiquei do mundo para criar um mundo só seu
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alexawhoo · 1 year ago
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Prólogo
quando nasce o amor, as coisas se confundem um pouco
a ideia central em ser mãe é a analogia em ser o ninho, o porto, o lar. e de fato o é. aonde quer que vá, minha passarinha, serei sempre casa pra você morar. de fato te fui literalmente um ambiente de casa quando podia te sentir embalada em meu ventre, e que delicia foi te carregar e ouvir teu gargalhar de cambalhotas dentro de mim (sempre foi curiosa de pés andantes). mas quando nasce o amor, as coisas se confundem um pouco nunca fui abrigo apenas, pequena borboleta, as folhas do outono caíram no quintal lentamente e você corria num salto para se misturar ao amontoado de amarelo queimado, o qual se habituou a sorte de ser sua cor favorita, e quando ouvi o grito do riso, o chacoalhar dos passos e os olhos convidativos quando o amor nasce, antes mesmo de existir, eu descobri eu vim primeiro só pra ti, que quando veio eu te amei, como se o amor tivesse limite e me deparei com o te amar constante do único lugar do mundo o qual me faz sentido chamar de lar
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