alinerabelo2017
alinerabelo2017
O que vi da vida...
48 posts
Uma pisciana absolutamente amadora na arte de escrever, correr e viajar.
Don't wanna be here? Send us removal request.
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
O que vi da vida - Livro Físico
youtube
1 note · View note
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Como tu muda o mundo?
Era 2008 e eu tinha 20 anos. Ia pisar pela primeira vez no Índico. Eu não estava tão pronta assim para as diversas primeiras vezes que seguiriam após o pouso, mas ainda posso me lembrar da sensação de conseguir abraçar o vento quando eu desci do avião. Foi a primeira vez que senti a liberdade. Estava em Dondo, que fica bem ali no coração de Moçambique, eleito na época o 12° país mais pobre do mundo e, que apesar de estar no pós guerra há 16 anos, tinha ainda muitos destroços. Pudera, eles fossem só monumentais. A verdade é que eles eram realidades invisíveis expressadas no olhar de cada órfão que encontrei pelo caminho. Eram centenas, perderam os pais na guerra – a civil ou contra a sida, nome da doença conhecida como aids, do lado de cá do globo.
Eu não sabia, mas dali em diante eu deixaria um pouco de mim e receberia um pouco deles. Senti o gosto do preconceito: eu precisava cruzar o estado, mas se recusaram a me vender uma passagem porque eu sou branca. Senti o gosto da insegurança: eu não podia andar sozinha para não ser violentada. Entendi também o que é o medo, quando ao chegar perto de uma criança, ela chorou como se tivesse visto um monstro. Perguntei o que era: “Aline, ela nunca viu uma pessoa branca antes, está com medo!”. Senti, pela primeira vez, como a impotência me machuca quando me falaram da Julia: “Essa aqui é a Julia. A Julia não tem história. Ela foi achada no lixo”. Eu tive que sair da sala para chorar. Depois me trouxeram o Vicente: “Ele tem 6 anos e não fala. Trauma.”
Mas sabe, por eu ser facilmente reconhecida como uma estrangeira em algumas aldeias, me deram um prato de comida, ainda que isso lhe deixassem sem comer sua única refeição do dia. Como eu quis ter recusado este prato, mas me falaram que era ofensa – e eu nunca mais vou esquecer o sorriso que vi, quando lavei minhas mãos na bacia e comi-lhe aquela massa, um prato típico feito à base de farinha. Tinha cheiro de compaixão e o gosto, era misericórdia. Então entendi o que é amor ao próximo. Foi lá que descobri o valor de andar de mãos dadas, de ninar uma criança, de andar uma hora na chuva para levar alguém ao hospital e evitar mais uma morte pela malária. Entendi que a dança afasta a tristeza, quando não se tem mais nada para fazer e lamentar não é uma opção. Percebi o valor do sorriso ao ser tocada gentilmente por outra alma. E lembra do Vicente, aquele que não falava? Dias depois ele estava no meu colo. Cantarolava alto uma música comigo. Então eu entendi o poder do amor. Quando embarquei, eu fui para mudar o mundo de alguém, mas descobri que estava apenas mudando o meu. Hoje eu recebi uma foto. Obrigada por tudo, África.
1 note · View note
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
A descoberta de uma flor
Seu coração era como uma floresta. E de tanto vasculhar, acabara por encontrar uma flor nascida no ermo. A terra ao redor era árida, mas como era bonita aquela criação divina! Era sabido que suportara dias frios e chuvosos. Passara pelo mais tenebroso inverno, mas resistira, crescera e florira.
Seu caule, apesar de rígido e forte era acompanhado de espinhos que firmemente suportavam o peso de sua beleza, que ia despontando como o fulgor do nascer do sol, trazendo em sua cor o brilho dourado que os recomeços têm e em suas pétalas, a fragilidade de um cristal partido. Ao admirá-la, seus olhos se enchiam de regozijo e sua alma ia devagar se enchendo de um folego novo que baixinho lhe dizia que era possível continuar. Não tinha nome, batizou-lhe Aurora.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Bilhete
Tumblr media
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
A alegria de Edu Rabelo
Ele tinha o sobrenome Rabelo, herdado de seu avô vindo de Portugal. Instalara-se em Ourinhos, divisa de São Paulo com Paraná, onde uma rua qualquer recebera-lhe o nome. Nunca lhe faltara o pão, embora gostasse mesmo de se alimentar do pão da vida. Frentista, quando não estava à postos, estava à mesa, partindo aqueles mesmos pães: o de trigo e o da vida. Se alegrava em nos alimentar com as palavras. Achava que tinha o dom da oratória. Gastava horas nutrindo nossas almas com sua sabedoria, embora muitas vezes, fôssemos tolos demais para entender sua doutrina.
Ainda que muitas vezes sem tato, ele gostava de trabalhos manuais. Possuía um jardim em forma de triângulo. Não sei, talvez o único espaço que coubera em seu quintal. Lembro de vê-lo colocar a linha pregada na madeira e ir passando a tesoura em tudo aquilo que estava em excesso. É, às vezes precisamos reparar as rebarbas. Cortar o que já não cabe, para que o que fica, ganhe mais força.
E sabe, ele tinha um quartinho no fundo do quintal, uma espécie de mini-esconderijo, daqueles que toda criança gosta de descobrir. Em uma tarde qualquer, eu invadi seu espaço e encontrei-o deitado, comendo as palavras. Suspirando textos. Chorando versículos. Sai dali de fininho, não queria interromper-lhe de sua devoção. Eu ainda não sabia, mas naquele momento eu acabara de receber uma herança: o de amar as palavras.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Por onde andei, enquanto você me procurava?
Desculpe o atraso. Perdi a hora. Decidi descer do trem e andar um pouco. Eu precisava de alguns tropeços. Descobri que uma vida sem erros é uma vida muito sem graça. Comecei a rir de mim mesma quando me prometia nunca mais. Bobagem! A ressaca do amor acaba tão logo se cura o porre.
Esbarrei em algumas gentes. Todas elas me ensinaram algo sobre mim que eu não sabia. Isso me fez lembrar Mia Couto, quando escreveu: “Que pessoa estava em si e lhe ia chegando com o tempo?”. Mas na verdade, me fez mais pensar na pessoa de mim que também se ia, tentando se perder no vento.
Entre chegadas e partidas fui me desconstruindo. E depois reconstruindo. Estava deixando de ser pedaços e virando um ser inteiro. Intenso.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Aluga-se
Lugar que convida, atrai e seduz. Tu vais chegar de tuas  andanças e tentativas e vais encontrar um aconchego. Embora caiba  somente o necessário, não precisará tirar os sapatos, mas peço-lhe cuidado  com seus passos, há um coração que conseguiram esmagar.
A porta da alma foi testemunha de tudo. Apesar de ainda haver flores por  toda parte, verás lascas em algumas paredes e também  infiltrações que ainda perturbam. Foram deixadas pelo inquilino que  acabou de partir.
De suas janelas é possível avistar o mundo. Vez ou outra  tu te acharás sob efeito de encantamento e não poderás recusar o convite que  diz sussurrando: Fica mais um pouco amor, faz frio lá fora e ainda há  líquido rubi na taça.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Como é o teto do seu quarto que se abre para o céu?
A cama é pra dois, mas ocupo um lado só. De frente pra porta pra ser mais rápida ao atender a campainha quando tu tocar. Você entra, despeja suas coisas enquanto tenta me abraçar. Teu beijo tem gosto de pão de mel. Seu jeito de “o que faço com você agora?” ouve meu jeito de “faz o que tu quiser”. Você me abraça com os dois braços e me envolve em teu peito. Posso morar aqui?
Olho pra cima e vejo que meu teto é de vidro. Amores platônicos são assim. O bom do vidro é que você consegue enxergar além. E eu sempre vejo estrelas. Quando não as tinha, as inventava. Tu sabe, tenho uma mente pensante que cria coisas que quase sempre não existem, mas que podem existir. Pelo menos pra mim.
Neste dia, as estrelas formaram uma plateia que olhava para baixo, cochichando sobre esse amor de cinema. Queria que fosse Hollywood, mas tava mais pra dramaturgia de Shakespeare, com final trágico – apenas não sabíamos. Enquanto distraíamos as estrelas, elas brilhavam mais forte sem perceber. E seu brilho clareava nossa noite enquanto lutávamos contra o amanhecer. Nos amando íamos inundando as estrelas de amor, que iam brilhando e, como retribuição, nos iluminavam de volta. Uma reciprocidade sem fim. Nosso amor alimentava as estrelas, que agora queriam brilhar daquele jeito todas as noites para cintilar nosso quarto, e incendiar essa colcha de retalhos que ficou para trás quando tu te vestiu e, despedindo-se, partiu.
E do meu lado da cama, hoje eu olho pro teto. Constato que o telhado é mesmo de vidro. Eu olho pra elas e peço: alumia meu amor, para que ele nunca se esqueça que meu teto é de vidro, mas daqui ele pode ver estrelas.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Cuidar de alguém é...
Passa a mão no telefone. Liga pra ela. Conta o que está acontecendo. Fala o que você sente. Explica cada detalhe daquele dia que ela não entendeu.
Depois pergunte como ela está. Indague seus sentimentos. Sobre o que a fez rir e o que a fez chorar nos últimos dias. Se importe. Escute atentamente cada detalhe. São os segredos do futuro.
Cuida do coração dela com tuas palavras. Acalme-a com tuas certezas. Estenda um tapete vermelho com suas atitudes e definições.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Me diz como é o mar...
“Chegamos. Tire seus sapatos”. Algumas sensações precisam ser vivenciadas por inteiro. Tu escutas essa calmaria? Dizem que esse barulho aquieta os gritos dados em silêncio. Percebe que às vezes ele se intensifica? Isto acontece quando uma onda se quebra na areia da praia. Engraçado como o mar não se cansa. Ele está sempre aí, a molhar corpos e encharcar corações. Sabe, isso me fez lembrar quando eu era criança e tive um sonho estranho. Sonhei que corria pela areia com muita força e saltava para dar um mergulho. Quando eu saltei eu pulei em alto mar, lá depois da rebentação onde as águas tem profundidade e tu não enxerga mais nada. Acordei como quem toma susto, pois eu sou do tipo que não sabe boiar. To sempre fazendo força, muitas vezes nadando contra a maré, muitas vezes lutando contra a correnteza, muitas vezes me debatendo para não afogar em mares de desespero. Então vem a memória o conselho de um amigo: “Você sabe boiar?” Tenta. Interrompa os movimentos sem delicadeza, deixe as águas que fluem te levar para onde quer que seja. Fica assim olhando o céu e deixando o sol arder teu peito. Tu saberás quando chegar a hora de voltar a nadar. Dizem que água com sal cura tudo. Se não forem por lágrimas caindo, que seja pelo mar te lavando. E se o mar te levar, boia porque o mar sempre devolve.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Esperança
Ela está no blackout da vida.
Dentro dela somente trevas.
Ela aprendeu a mergulhar na escuridão do abismo.
 Menina, ouça
Alguém vai acender estrelas dentro do teu peito. Aprendi isso com a Cris. E nunca mais esqueci.
Um dia alguém pedirá para você fechar os olhos. Você não hesitará.
Quando abrir, encontrará tua cidade interior iluminada
Inundada por brilhos que cintilam
E finalmente acharás conforto.
 Um dia, alguém pegará na tua mão
E não te deixarás mais suar durante a noite
E responder-te-á todas as tuas inquietações. É, elas são iguais os grãos de areia.
Se empenhará para te fazer entender
O real valor do recomeço
E te fará compreender, ainda que sem palavras
Que não precisa mais lutar.
 Alguém por inteiro
Alguém que tenha coragem
E que pegue a toalha que de vez em quando tu queira tacar
Alguém que não consiga ir embora
Alguém que fique
 Porque os anos tem te mostrado somente o contrário, menina
Mas tão logo tu acorde
Isso irá mudar
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Se tu fosse uma árvore e pudesse dar 8 conselhos para a humanidade, quais seriam?
Crie raízes onde tu possas repousar teu coração. Se possível seja sombra. Às vezes, o sol arde demais. Frutifique. Deixe que provem teu sabor. Primeiro a chuva, depois o arco-íris. Acostume-se, a ordem é essa. Folhas caem. O tempo todo. Não há nada que impeça. O solo fica árido de vez em quando. Permaneça. Nada como um dia após o outro. Cedo ou tarde, tudo acabará. Viva.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Me ensina a fazer um céu.
Pega teu jeito tímido e a confusão que você faz com as palavras. Soma um pouco da coragem de pedir-lhe o telefone. Adiciona um pouco dessa coisa sem sentido que fez você escrever-lhe uma carta. Carta é coisa de amante. Os que amam errado? Não, os que amam demais. Coloca agora a coragem de entrar na casa de uma semiestranha e tirar sua roupa. E depois a roupa dela.  Tempera com tua mania de fazer amor, quando era para ter sido só sexo.  Prova e vê que é bom. Vicia. Tem gosto de chocolate. Com flor de sal, para tu não te esquecer que nem tudo é perfeito.
Sinta-lhe o cheiro dos cabelos, é como flor de laranjeira. Perceba como te abraça, é pra tu nunca ir embora. Beije-a com seus beijos de veludo e nela se encaixe. Fica assim enquanto puder. Depois sinta uma mini explosão invadir seu corpo. Será o teu céu. Daqueles bem estrelados.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Me leva para um passeio pela tua sala
As paredes aqui falam. Elas cochicham segredos que descobriram após garrafas abertas e taças tombadas. As plantas? São muitas. E são testemunhas das tentativas de fazer dar certo quando o abraço no sofá ainda esquentava. Ah! O sofá... Já acomodou dois corpos que se entreolhavam fixamente enquanto terminavam de balbuciar algumas palavras. Ele não se incomodava com o perfume da nudez, desde que houvesse libido pela vida. Entre as dez almofadas e livros espalhados pela mesa há uma bagunça com ascendente em virgem mas com o romantismo e utopia de quem nasceu em peixes. Tem um mandamento logo na entrada: PERMITA-SE. Adentrando, o céu é o limite. Há quem diga que nunca mais volta. Há quem diga que quer aqui ficar.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Text
Me ensina a ser livre?
Pega tuas lágrimas, forma rio com elas. Depois entra no barco, solte todas as amarras e saia a navegar. Sinta o vento gelar seu peito, o vazio percorrer o caminho de dentro, o sol já vai brilhar. Alargue teus horizontes, pegue gosto pelos confins dos montes, este é o teu merecido lar. Quando chegar no meio do nada e perceber que não pode atracar, queime teus navios, é hora de pular.
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Link
youtube
0 notes
alinerabelo2017 · 5 years ago
Link
youtube
0 notes