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Os antigos invocavam as Musas.      Nós invocamo-nos a nós mesmos.      Não sei se as Musas apareciam —      Seria sem dúvida conforme o invocado e a invocação. —      Mas sei que nós não aparecemos.      Quantas vezes me tenho debruçado      Sobre o poço que me suponho      E balido "Ah!" para ouvir um eco,      E não tenho ouvido mais que o visto —      O vago alvor escuro com que a água resplandece      Lá na inutilidade do fundo...      Nenhum eco para mim...      Só vagamente uma cara,      Que deve ser a minha, por não poder ser de outro.      E uma coisa quase invisível,      Exceto como luminosamente vejo      Lá no fundo...      No silêncio e na luz falsa do fundo...

Alvaro de Campos 

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Estou Cansado

Tio Campo: Ta cansado?

Alvaro: É claro, a essa altura a gente tem que ta cansado.

Tio Campo: Cansado de que?

Alvaro: De nada me serviria sabê-lo,

Pois o cansaço fica na mesma.

A ferida dói como dói

E não em função da causa que a produziu.

Sim, estou cansado,

E um pouco sorridente

De o cansaço ser só isto —

Uma vontade de sono no corpo,

Um desejo de não pensar na alma,

E por cima de tudo uma transparência lúcida

Do entendimento retrospectivo...

E a luxúria única de não ter já esperanças?

Sou inteligente; eis tudo.

Tenho visto muito e entendido muito o que tenho visto,

E há um certo prazer até no cansaço que isto nos dá,

Que afinal a cabeça sempre serve para qualquer coisa.

Tio Campo: Era só dizer que não interessava...

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Ah, Onde Estou

Alvaro: Ah, onde estou onde passo, ou onde não estou nem passo, A banalidade devorante das caras de toda a gente! Ah, a angústia insuportável de gente! O cansaço inconvertível de ver e ouvir!

Outro: Aí que velho chat...

Alvaro: Queria vomitar o que vi, só da náusea de o ter visto, Estômago da alma alvorotado de eu ser...

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Quem é mesmo

Sinto que sou ninguém,  mesmo sabendo que existo, mas não em um tempo igual

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Preciso respirar como se ainda me sentisse viva mas ainda tento achar como desculpa pelo qual ainda faço isso apenas espero que o sol brilho o dia que me for[...]

De uma jovem aprendiz que muito sabe o quão nada somos

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“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo[...]”