Don't wanna be here? Send us removal request.
Text
ACT005: BABY JIRU É REAL
13.08.24
Era por volta das dez horas da noite quando Jihye resolveu descer para fazer um passeio noturno com os cachorros, berrou com o Haru falando que iria sair, mas estava tão concentrado no joguinho que ela não tinha certeza se escutou algo. Já tinha dado alguns minutinhos de caminhada, aproveitou o trajeto para passar na farmácia, seu noivo era do tipo que vivia doente, bem menino criado à base de leite com pera. Felizmente, Pietro estava bem comportado, não sabe o que acontece com o pet, mas sempre que entrava em um estabelecimento, o cachorro late para tudo, até para o vento.
Pronto! Pegou tudo que precisava, quando o vendedor entrou para pegar mais um de remédio para Jihye, a mulher olhou para trás e se deparou com uma nova embalagem de teste de gravidez, pegou a caixinha e falou baixo, apenas para a própria escutar.
— Hum, dessa cor eu nunca testei.
Parecia um pensamento absurdo, mas ela realmente estava falando sério, quando escutou a voz do atendente chamando, colocou o teste por impulso na cestinha. Estava feliz que ele encontrou o remédio que precisava.
Uma hora depois do seu passeio, Jihye voltou para o apartamento do noivo, soltou os cachorrinhos e colocou a sacolinha da farmácia na mesa, não é o tipo de pessoa que arruma na hora, na verdade, ela não é o tipo de pessoa organizada. Estava entretida em um programa de TV de comédia para pessoas com senso de humor de um idoso, de repente surgiu o pensamento sobre o gasto bobo que teve com aquele teste de gravidez.
— Comprou agora tem que usar, Park Jihye.
Levantou do sofá resmungando, depois abriu a sacolinha, foi ao banheiro e tentou entrar sem nenhum dos cachorrinhos. Depois deixou o teste no banheiro e seguiu assistindo o seu programa de TV favorito. Voltou para o banheiro para fazer o number two, pegou o teste, tinha certeza que daria negativo, só que a certeza foi para o ralo, igual o number two. Seus olhos esbugalharam e quase saiu do rosto. Saiu do banheiro ainda sem acreditar.
— Deve ser uma marca barata, viu? Não pode economizar nessas coisas.
Novamente saiu do apartamento, agora sem avisar o Haru, aproveitou para pegar cinco testes de uma vez. Voltando para casa, notou que precisaria de investimento para usar as paradas, pegou um garrafão de água, escondeu tudo do noivo e foi assistir ele jogando, enquanto bebia o garrafão freneticamente. Seu noivo estranhou, mas tentou mudar de assunto, durante o papo.
— VOLTA PARA O SEU JOGUINHO AÍ!
Sempre fazia isso quando saia de perto do noivo, então repetiu para não gerar suspeitas, agora entrando no banheiro com cachorro e tudo, Jihye conseguiu realizar os testes. Ficou presa no cômodo olhando para os testes, estava ansiosa demais para fazer qualquer coisa, olhou para barriga, mesmo negando mentalmente que estava grávida, uma parte dela juntava evidências de alguns sintomas que estava sentindo nos últimos dias. Quando olhou para os testes, o resultado permanecia. Pegou os testes e foi até o pai da criança, abriu a porta de uma vez.
— HARU DO CÉU, VOCÊ ME ENGRAVIDOU ANTES DO CASAMENTO, SAFADO, CACHORRO, SEM VERGONHA.
0 notes
Text
ACT004: EMAIL P/ O NIKOS
19.11.23
Assunto: QUERO FALAAAAAAR De: [email protected] Para: [email protected] [19/11/2023 - 17:55.]
Caro Nikos, Desde o dia que você publicou nas redes sobre essa abertura para desabafos, estive pensando em enviar essa mensagem. Sempre fui uma pessoa supersticiosa, nunca neguei esse meu lado, faço tudo que você imaginar e não foi diferente no dia 13 de outubro. Acordei toda feliz e pimposa, estava animada com a busca dos bonecos pelo condomínio, quando uma senhora um tanto estranha me abordou no meio da rua, ela falou que iria ler a minha mão, que o meu destino estava todo desenhado ali, você acredita? Eu acredito. Depois de uma leitura muito atenciosa, ela previu que eu iria conhecer o AMOR DA MINHA VIDA e que eu seria feliz em outros setores da vida como: saúde, trabalho e outros. Fiquei toda feliz com a previsão dela, fora o valor de W55.000,00, também paguei com uma singela gorjeta. MAS, naquele dia, quando fui pegar um mascote, senti uma dor muito muito forte, fui obrigada passar DIAS em casa, por isso acabei desistindo da competição. Tenho certeza que essa dor foi por eu ter esquecido de sair de casa com o pé direito, não é nada relacionado com o dia que bebi bastante, tentei subir na mesa e dei uma joelhada no chão. Então eu lembrei daquela senhora, saber que um futuro bom me aguarda me motivou a seguir em frente. Isso me ajudou com a decoração do nectar, inclusive, a nossa equipe ganhou a competição, alguns dias depois venci aquela corrida, porém, até o momento SIGO PERDENDO NA MINHA VIDA AFETIVA. CADÊ O AMOR DA MINHA VIDA QUE AQUELA SENHORINHA ME FALOU? Atenciosamente, Park Jihye do Nectar Cafe
0 notes
Text
ACT003: MINHA CARTINHA
31.10.23
O grupo do seu bloco recebeu uma mensagem do Sr. Park avisando sobre essa atividade. Jihye olhou ao seu redor, tinha algumas pessoas fazendo o mesmo, ainda segurava a sua cartinha com certo nervosismo, as mãos suavam de ansiedade e isso transpassou para o papel. Estava mais segura em guardar o seu bilhete em um envelope, não por achar que alguém poderia ler, fez isso de maneira inconsciente, sempre escondeu o seu passado dos amigos/vizinhos e isso acabou refletindo até no formato da sua carta.
Não tinha como fugir das suas experiências do passado, como ocorreu no Nectar, sempre iria aparecer alguém comentando sobre. Por anos, pensou que ignorar e não comentar sobre iria curar seus machucados internos, mas quando precisava encarar, de alguma forma, retrocedia para Jihye do passado. Ignorar suas dores era algo que funcionava instantaneamente, porém, não era duradouro. Ela não podia negar que conseguiu vencer muitas barreiras, era um sentimento agridoce de: você está melhor, mas ainda tem muito o que melhorar. Foi doloroso escrever aquela carta, contudo, via aquele rito como algo precioso e necessário. Optou por escrever sobre a situação que fez a sua vida mudar do dia para noite, algo que fez parte da sua história (TW: transtorno alimentar) e que ainda guarda ressentimento e medo. Colocou a carta dentro da sua caixa, quando levantou, voltou a lembrar, daquela Jihye animada, a Marta da escola, aquela adolescente que nunca morreu dentro de si.
0 notes
Text
ACT002: BUGIGANGAS DA DONA GYUNHEE
13.07.23
Jihye não entendia o motivo que tinha sido chamada para depor naquela tarde, era sempre tão simpática com a mais velha, pensava que tinha um bom relacionamento com a própria, já que tinha boas conversas com ela e sempre se manteve disposta para ouvir sobre os seus objetos tão valiosos. Precisou sair do café mais cedo para participar daquele interrogatório. Apertava a alça da sua bolsa do tamanho nervosismo que sentia e tentava dar o sorriso mais simpático possível.
1. Nome completo: - Eu me chamo Park Jihye. 2. Unidade residencial (bloco e número do apartamento): - O meu bloco é Asphodel Meadows, o meu apartamento é… - ela para e fica encarando o policial, pelo nervosismo acabou esquecendo o número do apartamento. - É..? - o policial continua indagando. - 431, senhor policial, é 431. - ela ri de nervosismo, mas também de alegria por ter recordado. 3. Onde estava e o que fazia dentro do período aproximado das 12h e 15h do dia 11 de julho, terça-feira? Ela parou um pouco para pensar, Jihye vivia nas nuvens e tinha uma memória de peixe, isso era claro nas expressões que fazia. Até que deu um leve tapa no seu joelho, em um sinal que havia recordado. - Estava no dentista, você já fez canal? É péssimo, por isso que devemos escovar os dentes. 4. Percebeu alguma atividade ou comportamento suspeito no condomínio nas últimas semanas? Se sim, por favor, descreva: Moveu a cabeça de maneira negativa e lenta, pois ainda estava pensando em como poderia contribuir para aquela investigação. 5. Você possui algum conhecimento sobre os objetos roubados ou alguma informação relevante sobre o caso? - Acredito que não. - Ela fala em um tom sério, tinha desistido de manter um sorriso, estava um pouco triste por não estar sendo útil e gastando o tempo dos policiais. 6. Já presenciou alguma discussão ou conflito entre os moradores do Acropolis Complex que possa estar relacionado ao roubo? Novamente ela nega aquela pergunta, nem ao menos entendia o motivo que tinha sido chamada para depor. 7. Conhece algum indivíduo com habilidades excepcionais de camuflagem ou que tenha demonstrado interesse incomum nos objetos roubados? Ela parou para pensar no que iria falar, não queria colocar alguém como suspeito sem ter certeza sobre, então novamente negou mais uma pergunta. 8. Você tem algum motivo ou suspeita específica sobre quem poderia ser o responsável pelo roubo? - Senhor policial, não tenho suspeita sobre ninguém. 9. Possui informações adicionais que possam auxiliar na investigação? - Nenhuma informação adicional…
Passava um turbilhão de pensamentos pela sua mente, nem ao menos chegou a prestar atenção nas falas do policial, apenas assentiu com a cabeça e quando teve a oportunidade saiu do local o mais depressa possível. Nunca pensou que iria passar por uma situação dessas.
1 note
·
View note
Text
ACT001: O passado sempre vem à tona (em meio ao caos)
16.06.23
Jihye estava trabalhando no Nectar Cafe, tudo estava funcionando normalmente, era apenas mais um dia, quando resolveu verificar as novidades em seu celular. Foi a partir desse momento que percebeu que os prédios residenciais estavam sem água e sem energia. Fazia alguns minutos que a publicação foi feita pelo Sr. Park, e ela só pensou nos seus cachorrinhos, já que o apartamento estava fechado e ficava apenas o ar-condicionado ligado. Foi quando decidiu deixar um funcionário de confiança cuidando da cafeteria.
Felizmente o seu estabelecimento ficava no mesmo bloco em que morava, o único problema era as escadas, mesmo que morasse no terceiro andar, a diferença de um andar para o outro era muito grande. Suspirou, ficou parada na frente da escada, até que sussurrou para si mesma “não pense na dificuldade, seus filhos precisam de você”. Subiu metade da escada correndo, depois passou a ficar mais lenta.
— Isso que dá faltar a academia. — resmungou ao mesmo tempo em que finalmente chegou no terceiro andar.
Assim que abriu a porta, Ringo foi o primeiro a aparecer, sempre animado e pulando na dona, em seguida Jihye precisou procurar o introvertido do Pietro, a casa estava começando a ficar abafada. Não demorou para sair com os dois, quando estava no meio do corredor, recebeu uma mensagem da sua vizinha de porta, era uma senhora pedindo ajuda para levar o cachorro dela para o térreo, já que seria muito cansativo para ela subir e descer as escadas de uma vez. “Logo eu que sou uma sedentária”, pensou indo em direção a porta dela, pelas instruções que recebeu na mensagem, a mulher escondia a chave reserva em um jarro que ficava de enfeite no corredor. Por sorte o cachorro da mulher era sociável e dócil demais, foi fácil para Jihye pegar no colo. Descer as escadas seria mais tranquilo do que subir, mas a Jihye estava com um cachorro no braço e levando os outros na coleira.
Nunca odiou o seu trabalho, se sentia uma mulher realizada, entretanto, era óbvio que o melhor momento era quando podia ficar em casa, mas agora tudo era diferente, assim que pisou lá foi recebida por um ar frio, como era bom voltar para o Nectar. Estava preocupada em como os seus cachorros iriam se comportar naquele ambiente, principalmente o Ringo, que era uma criatura cheia de energia. Por isso, optou por deixá-los dentro do seu escritório.
Até o momento tudo parecia resolvido, quando começou a receber várias mensagens no grupo dos funcionários e os presentes estavam reclamando da demanda. Não demorou para que as pessoas descobrissem que tinha energia nos estabelecimentos, e foi isso que aconteceu, alguns vinham para estudar, para trabalhar ou simplesmente aproveitar o ar-condicionado. Realmente foi bom para a venda, mas Jihye precisou chamar outros funcionários e pagar hora extra para quem estava presente.
No final da tarde tudo estava caminhando bem, apesar da grande demanda, parecia que todo mundo tinha pegado no ritmo. Jihye estava passando nas mesas para verificar se tudo estava certo, quando escutou uma pessoa a chamando, ela se aproximou sorrindo e após cumprimentar, escutou um questionamento.
— Você não é menina que passava na TV, a da propagando do Go!Lunch¹?
Seu sorriso se desmanchou, passou tantos anos, como alguém ainda se recordava daquela propaganda? Era o preço que se pagava por voltar para Coreia.
¹Go!Lunch (fictício) é uma rede de fast food popular na Coreia, a família da Jihye é dona.
0 notes