love would be black and white : ambrosius goldenloin .
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normalmente após os seus shifts, ambrosius precisava de um bom sono para tirar a energia ruim do corpo. para começar a pensar em ser gentil com os outros. era natural considerando o estresse do que ele fazia. mesmo com toda a sua boa vontade e cavalheirismo inato, ele sentia-se confuso ao perceber o que ele estava sentindo em poder trocar algumas palavras com ballister. ele não precisava dormir, não precisava de um tempo no mais absoluto silêncio para recuperar suas energias. ballister tinha todo esse poder sobre si e nem sabia. talvez nunca soubesse. ambrosius o seguiu em silêncio, imaginando que era difícil para o outro pedir ajuda. para maioria das pessoas era e ele não seria diferente. pior, na verdade. o coreano poderia tentar pedir desculpas, tentar amenizar a ruindade óbvia da situação, mas não adiantaria. ainda seria estranho. ele ainda seria o motivo pelo qual ballister está com problemas, pelo qual ballister sente dor. entrou com passos cautelosos na casa do outro. era uma sensação estranha, como se estivesse bisbilhotando em um lugar que ele não pertencia mais. já pertenceu um dia, e aquilo o matava. ele era naturalmente curioso, então mesmo com todo cuidado, seu olhar caiu sobre os móveis enquanto caminhava até a bancada que ballister havia indicado. tudo ainda parecia perfeitamente normal, nada chamando demais sua atenção. conhecia os móveis, conhecia o dono. seu olhar apenas se tornou óbvio quando parou em direção a uma das poltronas da sala. não conseguia ver tudo de onde ele estava, mas sobre o braço da poltrona estava um cachecol que era dele. soube imediatamente, sem qualquer sombra de dúvida. não via aquele cachecol há muito tempo, assumiu ter simplesmente perdido, mas agora que o viu ali... lembrou-se de ter emprestado para ballister pouco tempo antes do término dos dois. lembrou-se da noite fria em que havia insistido para o namorado colocar algo em volta do pescoço exposto pelo suéter mais decotado já feito e sua fala foi ignorada. lembrou-se de tirar o cachecol de si e colocar nele quando ambos saíram do restaurante em que haviam jantado. não houve discussão, talvez por isso tivesse esquecido. aquela visão fez com que ele se sentisse pior por estar ali. para ballister aquilo poderia não significar nada, mas para ambrosius, era tudo. ah, não! não precisa... correu para negar. estaria mentindo se dissesse que não estava com fome, mas ele já sabia daquilo antes mesmo de sair da estação e seus planos incluíam chegar em casa e cozinhar. ao ver que a oferta se completou com água, ambrosius deixou um sorriso surgir em seus lábios. era uma mistura de descrença e preocupação. ballister ainda era o mesmo. ambrosius seguiu negando, enquanto observava a atenção do outro se mudar para algo atrás de si. seguiu seu olhar e escutou sua pergunta e apenas aí entendeu o que estava acontecendo, seus olhos focando na neve. hã... acredito que não? ele não estava certo. até onde ele se lembra, não estava e não tinha nenhuma previsão de neve, mas o clima de nova york era traiçoeiro. não acho que deveria nevar até semana que vem. ele havia aprendido rapidamente a se manter atento a previsão do tempo naquele trabalho. tanto para saber o que esperar nos dias que tinha que trabalhar para programar suas folgas da melhor maneira. ambrosius se permitiu atravessar a sala do outro, ignorando a possibilidade de ballister não gostar daquilo e se pôs perto da janela da sala dele. olhou a neve caindo do lado de fora com uma expressão de preocupação no rosto. estava muito rápido e o vento começava a uivar. é uma tempestade. liga a TV. quase perguntou se o outro tinha TV, mas pensou que aquilo não seria muito agradável e olhou por cima do ombro vendo que sim, ele tinha. ele não é um monstro, ambrosius!
Ballister bufou com a resposta de Ambrosius. "Eu acho que não entendo, na verdade." No fim, Ballister nada mais era do que ingênuo. Ingênuo de confiar em autoridades a ponto de se tornar uma por imaginar que poderia mudar alguma coisa assim. Não importava o quão bom eram seus ideais ao se juntar à polícia, honrarias era a última coisa que teria se estava naquele meio. Deixou isso de lado, sentindo seu coração apertar ao dar as costas para Ambrosius, ainda sem encará-lo quando as frutas começaram a cair. Desejou por um momento que ele já tivesse ido embora ou que ignorasse seu pedido, mas o ex namorado ainda estava ali, de prontidão para ajudá-lo. Ballister sentia-se envergonhado, segurando as compras em silêncio enquanto permitia que recebesse ajuda. Todos os dias tinha que se esforçar para fingir que não precisava da ajuda de ninguém, e fingir que aquela tremedeira no braço não o prejudicava no trabalho, mas até sua parceira de viatura notava. Entregou uma das sacolas para Ambrosius. "Obrigado." Disse ainda de forma seca quando adentrou o local, mas dessa vez não desejava ser rude com Ambrosius, apenas queria se manter distante. Apontou para a bancada onde o bombeiro poderia colocar suas compras. E enquanto lutava contra suas próprias lamúrias interiores, não conseguiu deixar de lançar um olhar para o homem que parecia disposto a ajudá-lo. Se fosse qualquer outro daquela cidade, Ballister jamais deixaria pisar na sua casa, meio que sempre desconfiado de todos, com exceção talvez de sua colega de trabalho. Parecia que no fundo ainda confiava em Ambrosius também. Em meio àqueles pensamentos, seu olhar subiu até o cabelo de Ambrosius, que parecia sempre perfeito, e uma lembrança passou como flash em sua mente, lembrando-se de afundar os dedos naqueles fios sempre que tinha a chance. Ballister balançou a cabeça ao sentir o coração falhar algumas batidas, voltando para a sacola para tirar algumas frutas intactas de lá. "Você quer algo antes de ir embora? Eu tenho..." Sua voz morreu ao perceber que não tinha nada pronto. Nem suco, nem café, nem biscoitos na jarra em sua mesa. Sua casa pareceria abandonada, se não fosse pelos móveis. Por isso precisava fazer mais compras. "...Água..." Continuou, mas deve ter soado bem distraído quando voltou sua atenção para a janela atrás de Ambrosius. "Estava... nevando quando a gente chegou?" Quer dizer, estava frio, mas Ballister não esperava que a neve começasse a cair tão rápido.
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mereceu as palavras ríspidas de ballister, assim como merecia muitas outras. demorou muito tempo para ver que estava errado, para entender o que tinha de errado na sua vida além do fato de que havia dado um tiro na pessoa que mais amava nesse mundo. queria contestar e dizer que não se achava o centro do mundo, que havia mudado, que sua vida o havia arrancado de qualquer julgamento que ballister pudesse ter contra o ambrosius do passado, mas as palavras morreram antes que as pudesse dizer. de que adiantaria brigar? não poderia conseguir o perdão do outro discutindo, talvez não conseguisse nem se passasse anos implorando pelo seu perdão. a distância entre os dois era o caminho mais seguro. de honrarias você entende, não é? imitou o tom sarcástico do outro e estava pronto para ir embora, quando algo lhe chamou a atenção. não era fácil olhar o braço do outro e ver que qualquer dano ali havia sido causado por ele. ambrosius era muito perceptivo e claro que havia visto o tremor na mão do outro, mas tentou justificar que estava sendo causado pelo estresse do encontro. o outro estaria tão estressado quanto ele? porém, quando viu as frutas caindo, já era tarde demais. mesmo com toda a sua experiência lidando com as teimosias das pessoas no seu dia a dia ("é só um osso quebrado!" ou "eu já tive essa cegueira antes, mas sempre passava em alguns minutos") ele não imaginou que teria que lidar com algo assim ao encontrar ballister. achava que ele estava bem, mas agora estava evidente que estava errado. se apressou para pegar as frutas, mas elas já haviam corrido os degraus e já estavam aos seus pés. eu sugiro que não as coma. seu tom era óbvio e tentava não parecer tão sério. quase impossível, pois tinha certeza que a preocupação em sua voz estava clara como dia. subiu os degraus até o encontro de ballister e não disse nada ao pegar as chaves e abrir a porta. o que poderia dizer? "desculpa por dar um tiro em você e estragar a sua vida"? aquilo era impossível. era impossível viver e saber haver feito o que fez. tentava encontrar nas vidas que salvava o consolo impossível pela vida que arruinou. deixe eu lhe acompanhar até sua casa. levou a mão a sacola de papel que balli carregava enquanto tentava não sentir seu coração quebrando mais uma vez.
quarenta e oito horas foi o período de ambrosius na estação. seu shift de vinte quatro horas on e quarenta e oito off havia sido substituída pela primeira vez no mês e ele sentia que havia sido sorteado para ter que atender todos os absurdos possíveis. ele amava seu emprego, é claro. pela primeira vez na vida ele sentia que estava fazendo algo que realmente fazia diferença na vida das pessoas. ele não queria mudar o mundo inteiro, mas se mudasse a vida de dez pessoas por shift, ele sentiria que havia cumprido o seu papel. apesar de tudo isso, ele não podia não reclamar internamente das dores que tomavam conta do seu corpo. seus músculos latejavam e sua cabeça suportava uma dor constante desde que o sol havia se posto, como se seu cérebro soubesse que estava perto dele ir embora e pudesse finalmente o atacar com todas as dores possíveis. ambrosius se mantinha sempre atento, é claro, e quando viu uma pessoa precisando de ajuda, ele logo se prontificou a ajudar. estaria mentindo se dissesse que não soubesse quem era ali. é claro que ele sabia, ele conhecia ballister como nenhuma outra pessoa. ele esperou, do fundo do seu coração, que pudesse ajudá-lo e seguir sua vida. seu coração ainda batia pelo outro, mas ele não queria entrar naquele assunto no momento. ele ainda nutria uma mágoa do outro e ao mesmo tempo a culpa de ter agido de maneira irresponsável. eu não lhe disse nada. não insinuei nada, não precisa se defender. apenas vi bolsas caindo no chão e as levantei. ele não conseguia conceber a ideia de alguém tão teimoso ao ponto de ficar na defensiva por uma atitude tão simples quanto aquela. acredite ou não, você não é centro do universo. ambrosius soltou as bolsas com certa rapidez, deixando-as para os braços de balli, apenas. botou ambas as mãos nos bolsos, mantando seu olhar firme e sua postura de sempre, a camiseta dos bombeiros com o brasão que lhe orgulhava bem grande em seu peito. tecnicamente, é meio que parte do meu trabalho estar sempre pronto para ajudar, então não irei entreter sua ideia de indignação. apenas fiz o que gostaria que fizessem comigo. isso não era algo que ele sempre pode dizer, ainda mais com o que ele havia feito com o homem a sua frente, com o homem que amava.
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