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Conheça o Flauzi

  Era por volta das nove horas da noite, havia saído do trabalho por volta de uns trinta minutos atrás, não tinha planos de voltar para sua casa hoje, aliás, amanhã estaria de folga, não haveria problema de encher a cara durante a noite toda.

  “Preciso falar com Arno”, pensou, mas não tinha celular, havia sido roubado no final do ano passado, um puta azar, estava planejando de encontrá-lo e poderem se livrar um pouco desses pensamentos estressantes do dia-a-dia. Enquanto caminhava na rua dispersa observava os carros irem e virem, havia acabado de chover, ou garoar, toda a extensão da avenida estava molhada e era possível ver as luzes de longe sendo refletidas no asfalto com uma coloração vermelho sangue.

  Flauzi era um pouco calado, então não lhe fazia diferença as conversas em seu trabalho, muito menos se fosse apenas observar por muito tempo os diálogos impostos, afinal, seu foco era outro. Ele estava vestido com uma calça jeans preta surrada, camisa branca amarelada e por cima uma blusa de lã velha preta, seus tênis estavam sujos por conta da calçada molhada. Merda. Odiava encontrar moradores de rua, não queria abrir a boca pra falar uma palavra sequer enquanto absorto em seus pensamentos, por ventura achava insólito demais as imagens e vozes que ocupavam sua cabeça, e, por mais que estivesse buscando um certo significado para aqueles pensamentos, preferia permanecer a discrição e não comentar com ninguém, achava aquilo um pouco perturbador.

  Enquanto retratavam a balbúrdia entre os fast-foods e bares na noite, Flauzi fitava de longe aqueles seres perdidos, “Mas todos somos”, pensou alto.

 Se dirigiu até aquela algazarra para comprar um maço de cigarros e uma dose de cachaça com limão; Arno acendia seu cigarro enquanto caminhava por uma rua estreita, não sabia bem onde chegar e se chegaria.

  - Me vê uma dose de cachaça com limão - Flauzi disse.

  - Velho Barreiro ou 51? - questionou o garçom que parecia estar sem dormir durante dois dias seguidos.

  - Velho Barreiro.

 O atendente do bar se virou para amassar alguns limões. Ainda um pouco cansado, resolveu acender um cigarro durante esse meio tempo até sua bebida ficar pronta. Olhando para cima desejou ter toda aquela prateleira de bebidas para si, mas é bem provável que entraria num coma alcoólico se tivesse tantas opções assim, ou até mesmo faleceria asfixiado no próprio vômito após uma longa noite de bebedeira. Degradante.

 Tomou rapidamente em uma só golada para poder sair mais rápido daquele local, teria uma longa noite pela frente, e sabia disso.

 Flauzi estava no final da avenida, quase chegando em outro local para poder pegar algumas cervejas; Arno se encontrava atordoado pelo efeito causado pelos destilados que havia tomado. 

 Parece que a chuva resolveu se intensificar pela saída de Flauzi dàquele bar, por conta disso resolveu correr, essa merda de cidade, por qualquer momento já muda de tempo, uma porra. Ao menos estava próximo do shopping, lá poderia comprar algumas cervejas e aguardar a chuva passar.

 Ficaram olhando enquanto caminhava e subia as escadas, e que malditas escadas, qualquer resquício da chuva podia fazer qualquer filho da puta escorregar, por desventura permaneceu com a cabeça sem rachaduras.

 Sentia um cheiro aparentemente nostálgico enquanto adentrava o shopping não sabia identificar bem, havia uma livraria logo ali, do seu outro lado uma cafeteria, mas não era nenhum desses aromas que lhe passava a sensação de perda… Lilian. “Mas que se foda”. Pensou. “Nada mais justo que a solidão”. Tentava auto sabotar seus sentimentos, tudo que lhe fazia sentir era doloroso demais, mas se permitia ao prazer da dopamina, às vezes a adrenalina, eram coisas viciantes.

 O mini mercado do qual havia lá dentro não tinha filas, foi fácil de entrar e sair, assim como latas de cerveja; fáceis de abrir, com um líquido fácil de descer e com poucas latas já era possível sentir os efeitos do álcool e mantê-lo por algum tempo.

  A chuva aumentava.

 Lá havia um quiosque que vendia chopp, resolveu ir até lá.

  - Uma pilsen, na taça de 500ml.

 O empregado do quiosque mal tirou os olhos da taça da qual estava enchendo quando Flauzi havia chegado, o cara era magro, seu uniforme era muito largo, barba falhada que escondia o pequeno queixo que aparentava não ter, olhos caídos assim como suas olheiras; era jovem, mas parecia carregar vinte anos à mais de idade.

  - Uma pilsen, na taça de 500ml, ouviu?

  - Não sou surdo, cara. - respondeu o empregado rispidamente.

  - Escuta aqui então, vai trazer essa maldita cerveja ou não?

  - Lhe custam doze reais.

  - Trás logo duas, bom que não preciso te pedir a mesma coisa duas vezes. - pegou uma nota de vinte reais e outra de cinco e jogou no balcão. - e pode ficar com essa merda de troco.

O garçom se aproximou, parecia ter se rejuvenescido, por mais que estivesse nervoso tinha um rosto engraçado.

  - Escuta aqui, cara, tá afim de arrumar o quê?

  - Duas taças de 500ml, achei que não era surdo.

  - Não sou obrigado à te atender, cara.

  - E quem vai pagar seu maldito salário? Vamos, chapa, só quero uma cerveja. - não estava afim de arrumar nenhuma briga, andava cansado demais pra isso.

 Ficaram se olhando por um tempo, então o garçom finalmente fez algo de útil e começou a encher a taça e logo após outra, nem questionou sobre duas taças, eram apenas duas taças. Flauzi começou a pensar em como devia ser complicado trabalhar servindo pessoas, já encontrara na mesma noite dois atendentes com cara de peixe morto, que trabalho árduo devem ter.

 A chuva parara, tudo estava molhado, os neons refletiam ferozmente no asfalto, iria andar a madrugada toda até sua casa, entre ruas e avenidas.

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Parasita ímpar

E bem de quê? Mal vi teu bem dizer, Soprei um'arenga a um rio cheio de acandes, Não respirava ao te perder, De água me afogava, sem mergulhar, ames, Debandei, pois de mim vi, era parte da rêmora, Atraso de mim só.

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Behind the shadow

“Irá ser um dia glorioso”

 Acordo, é a primeira frase que ouço no rádio. Por quanto tempo dormi? Ainda não me lembro de ontem à noite muito bem, mas estou muito satisfeito com os resultados, finalmente parece que as coisas estão tranquilas, fui viajar para sair um pouco da minha rotina e me desprender dessa cabeça, desses pensamentos. 

 Mas você se afastou, eu errei, eu sei que errei, acho que o problema começou quando cheguei de viagem na cidade e não te avisei que tinha chegado. Achei aquela garota incrível, aliás, tinha algo a mais nela, sei que tinha. Acordo de madrugada, só que não estou na cama com ela, sei que sou eu, novamente estou correndo, acho que estava com saudades desse ar puro do interior, ninguém está nas ruas, só alguns jovens bebendo e se drogando, eles não podem me ver. 

 Estou correndo em direção à floresta o mais rápido que consigo, era pra eu estar sentindo frio se estivesse na minha forma normal, mas meus olhos estão vermelhos...sangue...fúria. Ainda não sei muito bem aonde estou indo, mas acabei me envolvendo em uma briga, atropelei um cachorro, ou era outro lobo? Ele era velho, não foi difícil de degolar seu pescoço com meus dentes, eu me senti mais vivo dessa vez e tudo parecia acontecer mais rápido.

 Eu tenho que respirar, continuar respirando, não posso desaparecer.

 Foi aqui que parei, não conheço esse lugar, mas onde estão todos vocês? Eu estava procurando esses lobos que sonhei dois anos atrás, queria saber porquê eles queriam me atacar. Mas dormi tarde nesse domingo e sabia que logo o sol iria surgir, então voltei antes que aquela garota acordasse e percebesse que eu não estava lá. 

 Magoei alguns amigos próximos, mas eu precisava dormir com ela. Dois dias...

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Black

 Eu estava andando por aí, e logo te encontrei, mas você não me reconhecia. Por que? 

 Quanto mais tentava chegar perto de ti, mais você corria de mim. Só quero conversar, volte aqui! Estou perdendo a paci��ncia... minhas veias parecem estar estourando! Agora você parou? Ora, eu te parei, aliás, mal acredito que agora estou rasgando seu intestino em vários pedaços, acho que acabei te matando, me perdoe. 

 Olhei em volta e minha sombra é diferente, estou negro como a escuridão, meus pêlos estão cheios de sangue, estou tentando esconder seu corpo, mas ele é muito pesado, vou deixá-lo aqui mesmo. Por mais que eu não admita, foi ótimo te matar, lembro apenas de flashes, mas você nunca foi uma boa pessoa, era um lixo para esse mundo, não fazia nada certo. Alguém como você nem merecia uma morte tão rápida assim, mas pelo menos foi bem sangrenta. 

 Me transformei assim, sou um lobo negro com olhos avermelhados.

 Parei um pouco pra refletir, fiquei um bom tempo sentado na ponta da minha cama, e percebi que foi a melhor notícia que já recebi, saber que foi atacada por um animal selvagem na noite passada.

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16:45

 Hoje eu não me afoguei, descobri que não havia mar algum, ou então eu estou confuso demais pra pensar que poderia ter algo naquele baú. 

 Por um tempo eu acabei regojizando, pensando que seria o melhor, mas é difícil pensar que o apego causa tanta dor assim, pois acabamos tendo o medo, tudo deixa de existir, quando amamos, mas parece tão difícil de amar as vezes. Em um mundo paralelo qualquer talvez ainda esteja tudo bem, talvez nesse mundo ninguém desistiu, mas são coisas relativas, pensar em outra realidade não me faz acreditar que essa vai ser diferente.

 Só fico com alguns acordes menores e um ritmo bem lento e melancólico procurando algumas palavras que se encaixem com esse preenchimento que perdemos. Quando nos preenchemos de nós mesmo nada pode nos ferir, só nós mesmos, mas nossa mente as vezes é má e as vezes não controlamos o que pensamos, mas com o tempo tudo não passa de uma memória.

 Não teve nenhum chá, nenhuma infusão, só a chuva que caiu forte enquanto o dia acabava.

[amoramarte]

Eu ando por toda essa avenida, tão cheia mas tão vazia, me pergunto se sentem o mesmo que estou sentindo agora. Vocês que passam com tanta pressa já se acharam ou estão tão perdidos quanto eu? 

 O cheiro da nicotina continua em meu cabelo, quantas vidas e quantos cigarros já se foram e passaram se nem mesmo perceber que estou sentado aqui, observando todos vocês sorrindo, chorando, indiferentes, arrogantes, estúpidos, todos cheios de defeitos como eu. As vezes nada preenche aquele vazio que ficou ali depois de uns anos, sempre é em um vai e vem, igual um trem, sempre cheio de passageiros, tudo de passagem, igual a vida. 

 Talvez quando eu for nos achados e perdidos, possa encontrar o que perdi, ou então desistir de vez do que parece certo. 

 Se nossos sonhos são ilusões, como podemos fazer ele ser real? Pensando no que pode acontecer.

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 Nós mudamos de casa mas quase sempre mantemos a mesma rotina quando se é possível, cá estou eu, do mesmo jeito de que estava 4 anos atrás, quando meu pai ainda respirava, só que dessa vez me sinto mais sozinho, e sem ninguém pra conversar. Muitas vezes eu me preocupava com isso de ser reconhecido por algo que eu fazia, tipo escrever, mas é muito mais difícil do que se imagina, pois sem um ninguém é bem simples.

 Hoje em dia acho que valorizo mais quando aparece alguém que parece que vai marcar minha vida pra sempre, mas é triste quando você quer tanto ajudar esse alguém e não pode.

 Perco o sentido vendo as horas passarem, mais um dia que me consumiu nessa existência não minúscula, se comparar com o tamanho da imensidão de todo o universo, acho que querer ela perto de mim não seria algo tão grande assim, ou seria? 

 Posso caminhar tanto assim, planejar tantas coisas, mas nada parece fazer sentido quando não consigo ajudar quem eu amo. Mas acho que um dia vou achar a razão de tudo isso, é o que eu mais espero.

[amoramarte]

Ontem eu estava andando e pensando no tanto que já errei, no final nem ligamos e acabamos tomando isso como mais uma lição.

De tantos anos que posso viver, gostaria de aproveitar poucos deles, só que acabamos mudando nossa perspectiva depois de encontrarmos alguém que sabemos que pode nos fazer aproveitar mais, mas mesmo assim ainda temos uma insegurança enorme, por medo. Por que não enfrentar esses medos?

As vezes as ondas acabam nos trazendo coisas que nunca poderíamos imaginar,

vou continuar navegando e quando esse barco furado encher, saberei que é a hora de se afogar.

[amoramarte]

“...Mas se é dor não é amor, é só abraçar um outro alguém...”

Somos parasitas e nos alimentamos de sentimentos, eu me grudo em você até não haver mais nada. De mim, que não sei oque é amor, até me surpreendi, sei que se é dor não faz parte do amor.

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Mar de amar

Ela veio de um jeito tão normal e se tornou tão especial, mas todos tem seus problemas e simplesmente, as vezes, eles parecem se tornar maiores do que nós mesmos.

De algo “tão certo e errado” ao mesmo tempo, resolvi querer me afundar nas suas loucuras sem nem mesmo ter uma roupa de mergulho. Odeio mares, imagine então se eles forem de sentimentos?

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Azul, azul, azul, mas teus olhos eu nunca vi. A falta de amor que eu senti já pôde encher barris...

Igor Cruz

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25 de Janeiro, 02:48h

Eu realmente queria aquela noite morrer em você, somente em ti, para eu me tornar um outro alguém. Você voou em minha direção, mas você parece mais um anjo do que um demônio que tu realmente é, carrega suas falhas, cheia de pecados para ti.

[amoramarte]

Ultimo dia do ano começa em alguns minutos, e eu acabei acordando sem querer um pouquinho antes disso, pode ter sido os pensamentos apontando pra mim, ou alguma força maior para eu entrar aqui e começar a digitar, mas, é isso, está no fim. Aproveitou bem? Fez algo novo? descobriu o que gosta? Acho que tudo isso não importa mais, todo mundo se concentra na virada mesmo, não pensa sobre o ano que se passou em si, como sempre a realidade sobre o fato é distorcida, como se o “espírito do natal” existisse, a celebração é por certa razão enquanto todos festejam por coisas completamente adjacentes, por isso não ligo mais para nada, é só mais um dia, não existe motivo especial pra que eles aconteçam. Cansei de ter expectativas furadas, todas desse ano que está no finzinho foram consumidas por uma combustão espontânea, e deixou um gosto amargo sabe? E eu sei que no ano seguinte irá ser a mesma coisa, e por isso não estou apressado pra ele. Sei que vou seguir em frente de cabeça erguida, a ponto de desistir de tudo, mas, não tendo a coragem, continuar em frente até que um dia o penhasco se forme e eu caia absolutamente sem nenhum som, apenas o sonoro baque ao chegar no fundo.

cara estranho  (via velhosonhador)

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...

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Engarrafamento de divisões

E você começa a escrever um texto, sabe que ninguém, ninguém mesmo, vai ler. Quando mal se imagina quais erros se pode cometer, já se errou mais de mil vezes. E, somos tão sensíveis que qualquer acontecimento futuro pode nos fazer mudar de opinião, seja para o bem ou mau, mas sabemos que tudo tem consequências, então começamos denovo, mesmo que algo nos incomode, fazemos denovo, sem se preocupar se isso nos causa dor, pois procuramos algo melhor. Através dos dias que passamos ficamos mais velhos e deixamos de nos importar com o que parecemos para os outros e o que irão pensar com nossas atitudes, somos o que somos, talvez, metodicamente falando, a essência do que queríamos ser. O nosso grito de desgosto permanece em nossas mentes, cada vez mais alto, e quando percebemos já estamos loucos, pois não é o que queremos, queremos ser a essência.

[amoramarte]

Mano sei que tu está à o que ? 1 bilhão de quilômetros distantes? Mas as vezes nem parece, a gente se comunica quase todo dia que é meio que impossível não sentir que tu é de uma casa vizinha a minha, tu é parceiro velho não escondo nada de ti e bem sei que a gente só se fala a uns 3 anos mais ou menos (sou horrível com data) mas tu se tornou o irmão que eu nunca tive e eu até sonhei com isso, a gente ia parar em nova york dividindo um flat, e é uma das coisas que a gente tem em comum a gente quer dar o fora dessa porra de Brasil (e dessa porra de mundo), mas nem é só isso, a gente tem o mesmo gosto musical, pensamentos muito iguais, compartilhamos a mesma babaquice e estranheza, tu devia ter sido meu irmão sério, ia ser muito legal, imagino. O incrível é que depois desse tempo todo a gente nunca brigou, e sempre ajudou um ao outro em tempos difíceis mesmo com a distância tu sempre me fez rir que só o caralho quando eu tava precisando, e por isso eu agradeço e por isso e por outros tu é meu bro, feliz aniversário mano tudo de bom pra ti porque you’re the man who sold the world and so naive e acima de tudo merece ser feliz porque gente boa merece este direito.

(via bluuedragons)

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