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@jomarchz — jasper & lyra.
no longo caminho entre o ninho da águia e porto real, jasper estava certo de que ninguém possuiria um anseio menor do que o seu pelo noivado a que ia de encontro. praticamente qualquer um no reino daria tudo para uma chance de noivado com um dos irmãos targaryen ainda sem uma aliança prometida, e se recordava de um de seus primos de correrio ter tentado a chance da mão da princesa rhaenyra na época de suas respectivas adolescências. sabia que o senhor de ponta tempestade estava ansiosamente apenas esperando o momento em que o noivado entre uma de suas filhas e aemond targaryen, o filho do meio, seria oficializado. entendia como uma questão de tempo já fazia alguns anos que seu pai faria de tudo, absolutamente tudo, em seu alcance para arrumar um bom casamento para seus filhos, entretanto, não imaginava que alçaria tão alto ao ponto unir jasper com a filha restante dos targaryen. não quando, nos últimos anos, as conversas eram de uma aliança com a garota stark ou uma das irmãs baratheon. mas, eram tempos diferentes agora que o rei viserys estava morto, e todos precisavam escolher um lado. daquela forma, lorde robert arryn fazia a sua. ao contrário de tudo o que lhe fora dito sobre sua possível noiva durante a uma hora e meia em que estava no jantar de apresentação de ambos, uma coisa jasper descobriu sobre aelyra: era a única outra pessoa com uma predisposição tão grande a fugir daquele enlace. pelo menos, ele não havia pego o seu cavalo e sumido por todo aquele tempo sem avisar. ou será que teria, se estivesse em posse de um dragão tão enorme e antigo como vermithor, ao invés de simplesmente seu corcel? a chegada da targaryen, chamou a atenção de todos, e não somente pelo horário - mas pelos rugidos de vermithor, possíveis de serem ouvidos mesmo enquanto dentro do grande salão. era certamente ele um dragão majestoso, embora jasper não estivesse tão afoito assim para conhecê-lo. duvidava que tivesse o temperamento mais agradável de todos. era quase engraçado observar a rainha mãe e otto hightower se espremerem em justificativas para o comportamento da garota, outrora descrita como uma dama tão doce, tímida e serena. não duvidaria de suas qualidades, mas não encontrava tamanho acanhamento na princesa que atravessava o salão em largos passos. os olhares fuzilantes que os parentes trocavam com ela beiravam o irônico, considerando o quão pouco parecia estar se importando com sua aparência ou a demora para chegar naquele banquete. “poderia ter me avisado antes que pretendia me evitar tanto assim, princesa. a descida do vale é ainda mais desagradável quando exige pressa para chegar na capital.” virou-se para encará-la, agora que aelyra ocupava o assento anteriormente vazio ao seu lado. “se soubesse as justificativas que estavam criando, talvez tivesse ficado mais alguns minutos seja lá onde estivesse com o dragão só para começar a ver a fumaça sair das orelhas do lorde mão.” o arryn baixou um pouco o tom de voz, sem saber exatamente até onde poderia ir para falar da família da outra. mas, ela precisava dele tanto quanto ele precisava dela, então teria de aguentar um ou outro comentário. fora uma noite cansativa. “de toda forma, não tive a chance de lhe dizer mais cedo… sinto muito pela perda de seu pai, vossa alteza.”
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sentia que sua cabeça estava girando, e precisou apoiá-la sobre as mãos e fechar os olhos por um único instante - que se prolongou para mais um, e um, e um, conforme a escutava revelar o momento em que descobriu a gravidez. não entrava em sua cabeça como sequer havia sonhado com a ideia de ter uma filha existindo no mundo. como malee poderia ter escondido isso? e como ninguém nunca… por deus, como ninguém nunca havia desconfiado? vivera todos os anos de sua residência há quilômetros de sua filha recém nascida e, após, morando no mesmo estado, ainda assim não fazia a menor ideia de que ela existia. sequer pensou em malee tantas vezes nos últimos anos, imaginava que teria ficado no passado a relação outrora próxima de ambos; agora, compreendia o motivo de nunca terem reatado contato nos últimos anos. ela o estava evitando, de uma forma ou outra. com a sua negação, tornou a olhar para os olhos anteriormente tão familiares da mulher à sua frente. o toque dela, contudo, o fez engolir em seco. era estranhamente confortável, na mesma medida em que o desconhecido o atingia outra vez. “mas de que adiantava eu não desistir dos meus sonhos, malee? vai me dizer que não desistiu dos seus? o quanto você não abriu mão por assumir as rédeas de toda essa situação sozinha?” indagou, com o cenho vincado enquanto não tirava mais os olhos dela. não agora que queria ter essa conversa de uma vez e entender melhor a situação, se é o que iriam fazer. “eu… eu poderia ter mudado o meu sonho. o mayo não era o único hospital do mundo pra se fazer residência, malee. se eu soubesse dela...” passou a destra pela testa e fechou os olhos outra vez, se obrigando a respirar fundo e tentar pensar logicamente. não havia como mudar o passado, e não queria acabar perdendo aquele contato mais uma vez por assustá-la de qualquer forma. “mais alguém sabe?” resolveu tirar a dúvida. “o que você… o que disse pra ela? sobre mim.”
a culpa era sentida de forma diferente agora. por mais que soubesse que estava longe de desfrutar de uma consciência tranquila — e se um dia sequer conseguiria chegar perto disso, já estaria com sorte —, pelo menos havia se livrado da informação que havia a consumido por anos. era fato que eles haviam perdido contato. atualmente, malee não tinha mais o celular dele, não estava em suas redes sociais, e qualquer outro meio direto não os ligava. ainda assim, ela poderia procurá-lo. bastaria algumas pequenas conexões, mensagens para alguns amigos de amigos e, com menos esforço do que ela admitia para si até então, chegaria até ele. foi covarde demais para o fazer, porém. mas ali, agora que haviam se encontrado cara a cara mais uma vez, que haviam dividido boas horas de conversa… nunca mais conseguiria pensar em se desculpar se o deixasse ir embora novamente sem saber da verdade. e ter falado, ter tirado aquilo do peito, saber que ele sabia, já tirava dela um pouco da agonia que havia carregado sozinha por tantos anos.
depois daquele primeiro passo mais difícil, vinham outras dezenas. menores, mas nem um por cento menos ácidos. conseguir olhá-lo já era um triunfo, considerando o peso que havia abaixo daquele encarar. a primeira pergunta a fez pensar um pouco, precisando revirar as lembranças turvas daquela época conturbada. “foi depois de… três meses. é, isso. eu descobri a gravidez com três meses, e… bom, não havia mais ninguém naquela época. só podia ser você.” admitiu. e se continuassem com aquelas perguntas, as perguntas que pediam respostas diretas, palpáveis, com datas ou outras informações que eram objetivas, ela conseguiria respirar mais aliviada. mas não. a segunda indagação que veio, já veio carregada de um subjetivismo que apertou com corrente de ferro o coração da confeiteira. sustentou o olhar dele, o próprio cenho se franzindo num espelhar da expressão que refletia nos olhos dele. sua quietude só durou até ele finalizar sua pergunta assumindo coisas completamente fora de questão, e para elas, a mulher negou veemente com a cabeça. “não, carter. por deus, é claro que não! é o contrário.” moveu-se, ousando invadir o espaço dele ao levar uma das mãos até a do homem, repousando-a por cima da dele. “eu não contei nada justamente porque eu sabia que você nunca me deixaria sozinha, e nunca me deixar sozinha significaria abrir mão de todo o resto. você teria que desistir dos seus estudos, da sua profissão… do seu sonho, carter. o sonho que eu assisti você perseguindo com tanta determinação lá atrás. como eu poderia tirar isso tudo de você?!”
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normalmente, eleanor somente comprimiria os lábios e conteria as suas próprias palavras para impedir que uma resposta à altura saísse destes. ou, naquele caso, uma mera confirmação do que o braddock a afirmava. porém, entre eles permanecia intimidade suficiente para agirem de maneiras mais francas um com o outro. era até agradável, estar diante de uma das únicas pessoas com quem poderia se mostrar desagradável. “nunca disse que era, mas talvez tenha sido somente a oportunidade que estava me faltando.” pontuou. “a minha tendência de aprender com os meus erros não foi embora junto com o seu caráter, então é somente o que eu gosto de chamar de ser prudente. e você geralmente está errado.” deu de ombros. “não estou fazendo nada.” ter alec, de todas as pessoas, se dando conta de que, sim, estava, a enchia de constrangimento. porém, aquela sensação não era nada perto do choque que se instaurou em eleanor enquanto o escutava narrar as histórias que compartilhavam e as características que se recordava desde a infância. engoliu em seco e somente o escutou em um primeiro instante, sem conseguir encontrar palavras para descrever a maneira com que se sentia com tudo. com ele. estava tão contente em encará-lo como uma caricatura da pessoa que anteriormente conhecia, que se esquecia que nem tudo era preto no branco. “nunca mais me aproximei o suficiente do lago sem um guarda pronto para me salvar de uma bicada de pato.” murmurou, fazendo uma careta. “nós tivemos que subir em uma árvore para nos livrarmos daquele bando maldito. qual era o problema deles?” as palavras saíam de maneira fácil, embora continuasse a processar tudo o que ouvira. “não fazia ideia… de que você lembrava dessas coisas. achei que teria esquecido de tudo isso quando arrumou mais ou menos dez anos e muitas pessoas mais interessantes atrás.” acrescentou, incerta. sem saber qual a maneira com que alec a fazia se sentir; definitivamente, não com a indiferença que a agradaria. “mas sabe mais sobre mim do que eu imaginava.” encontrou o olhar do rapaz por um instante, antes de desviá-lo próprio para qualquer outro canto no jardim. estava muito mais confortável tentando ignorar a verdadeira maneira com que as palavras dele a faziam se sentir, e voltar a sua atenção para os demais convidados do evento ajudava. “sinto lhe informar que existem chances enormes de acabar em um parágrafo ou dois da whistledown unicamente dedicados a comentar sobre nós.” murmurou, imaginando que perceberia com facilidade os olhares voltados para ambos. imaginava que o pai dele adoraria a ideia, mas teve a prudência de não mencionar o homem justamente com alexander. “francamente, a culpa é exclusivamente sua. qualquer boato de interesse seu em mim vai se fortalecer pela sua visita ridícula.”
a empatia era um dom que, na maioria esmagadora das vezes, passava longe de ser algo tangível para alexander. talvez porque havia passado a maior parte de sua vida sem se conectar com pessoas o suficiente para que chegasse perto de ter conversas verdadeiras e substanciais, conversas como aquela, onde a princesa abria gavetas emocionais que pareciam difíceis de serem reviradas. percebia que a insatisfação superficial era apenas a ponta de um iceberg muito mais profundo, que guardava questões que ele provavelmente nunca entenderia por não ter nascido com um título e com responsabilidades tão pesadas em suas costas. pensamento este que parecera ser decifrado e compartilhado por eleanor, quando ela materializou numa frase completa o que ele já pensava enquanto a ouvia, o que fez com que o braddock risse baixinho. “é para você ver que eu estou certo quando digo que sempre podemos nos surpreender. mesmo que eu ache que seja um grande desafio para você admitir que eu posso estar certo em qualquer coisa que eu diga.” arqueou as sobrancelhas em direção a ela, expressão que fora acompanhada de um sorriso breve para demonstrar que não se tratava de um cutucão sério, apenas algo célere para desfazer a nuvem densa acima da cabeça dos dois. em meio aos passos da dança, que continuava sendo conduzida de maneira quase automática, o semblante de alec mudou quando ouviu aquela última sentença da arundell. “não faça isso.” seu tom era sério de repente, soando até mesmo rígido. “você sabe quem você é, eleanor. antes de ser uma coroa.” completou, mantendo a voz firme. segundos em silêncio separaram aquela tom de um bem mais ameno, que veio para dar continuidade a conversa de uma maneira mais leve. “pode falar de todas as viagens que você já fez, como sempre me contava quando éramos pequenos e você trazia presentes de cada um dos lugares que visitava. ou talvez... sobre todos os livros que já leu. mesmo aqueles que tentava me explicar e não conseguia porque eu não entendia nada, o que só atestava que você sempre foi mais inteligente do que eu.” riu baixo, negando com a cabeça para si mesmo. “pode contar a história sobre aquela vez que estávamos no lago dessa mesma casa, e fomos perseguidos pelos patos! céus, você se lembra disso? terrível. desde então, eu mantenho cinquenta metros de distância dessas aves. cinquenta metros no mínimo.” esboçou uma careta, o sorriso perdurando na expressão por mais alguns momentos antes de dissipar-se aos poucos, culminando num momento em que a fez dar um pequeno rodopio como parte da coreografia. quando voltou a encará-la, a expressão já estava séria de novo. “e eu ainda sei tão pouco sobre você.” concluiu, porque era o que havia tirado de toda aquela situação entre elas: a conhecia, mas sabia pouco sobre ela. anos haviam se passado desde que eles foram melhores amigos, e agora, eram pessoas diferentes, com bagagens diferentes e que precisavam de tempo para se reconhecerem um no outro. “você sabe quem é.” repetiu. “não deixe que toda essa bagunça na qual te enfiaram faça com que você se esqueça.”
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“terrível, e tem uma tendência de espirrar bastante. não sei como decidiu vir para o interior com todas aquelas alergias.” tentou soar preocupado. porém, francamente achava particularmente nojento. “é uma pena, porque eu sinto que mal comecei com os elogios que a senhorita merece. é uma presença e tanto nos bailes, sabe?” é claro que ela sabia, se era tão arrogante e beirando ao narcisismo patológico quanto todos os seus amigos haviam dito. entretanto, não conseguia deixar de estranhar o comportamento dela naquele momento em contraste com tudo o que sabia sobre sarah rose fairchild. não duvidava que tivesse uma espécie de educação seletiva somente com quem lhe convinha. “nem posso imaginar como deve estar sendo.” jacob lhe respondeu, tentando fingir um verdadeiro interesse na importância que era destinada ao título. achava, na realidade, uma enorme besteira e somente um atributo a interessar as mães desesperadas para terem um modo imediato de apresentarem suas adoráveis filhas aos cavalheiros solteiros que estivessem indo atrás, praticamente os caçando por esporte. “mas, se me permite dizer, não é surpresa alguma que a senhorita tenha sido a escolhida. com toda a sua beleza e o seu sorriso de iluminar um ambiente inteiro com facilidade, não consigo imaginar uma concorrência à altura.” praticamente vomitava internamente ao pronunciar tais palavras. e, com as seguintes da garota, usou todo o seu autocontrole para se obrigar a manter um sorriso discreto e uma expressão compreensiva em seu semblante. mas de que diabos ela estava falando? “eu já muito ouvi falar sobre a sensação que os livros descrevem, de todas as vezes em que minha irmã contou sobre os que estava lendo.” comentou, agradecendo em parte, pela primeira vez em sua vida, por margaret ser praticamente imparável quando estava contando de uma obra romântica - que era praticamente tudo o que lia nos últimos anos. “mas, sinceramente… nunca me senti dessa forma. sempre quis saber como é a sensação de se encontrar em alguém, de achar um porto seguro quando nem sabia que enfrentava uma tempestade. às vezes até acho que são só invenções dos livros ou artimanhas das pessoas casadas para obrigarem os outros a subirem no altar também, mas algumas coisas me fazem me ater à possibilidade de ser real.” oficialmente, estava enjoado. raras vezes se recordava de ter dito tantas asneiras em um minuto. “então, senhorita fairchild… me conte algo sobre você.”
ela merecia receber um prêmio apenas pelo esforço que fazia de não acertá-lo com um soco bem no meio do rosto enquanto ouvia suas palavras e presenciava suas expressões, tudo tão bem performado que, se não fosse pelo fato de ter ouvido a conversa entre ele e seu grupinho de amigos, sarah poderia facilmente cair em sua lábia. no lugar de lhe lançar seus olhares de raiva e as acusações afiadas que tinha na ponta da língua, porém, ela sorriu. um sorriso dócil e manso, que nem mesmo seus pais recebiam da garota. e logo após ele, o cenho franzido diante das próximas palavras referentes a beechworth. “oh, ele é tão ruim assim? eu sinto muito pelos pés da sua irmã.” e emendou as palavras a uma risadinha, que veio no lugar do ‘se é pra me salvar de alguém, deveria começar me salvando de si mesmo’ que sentiu vontade de cuspir na cara do mais alto. seguiu os primeiros passos da dança, deixando que ele a guiasse pela pista ao que as orbes claras eram completamente atentas às expressões alheias, tentando identificar cada mínimo sinal que ele poderia dar sobre suas reais intenções. era difícil, porque ele era bom em fingir estar interessado. chegou a trincar os dentes quando ouviu aquela última sucessão de elogios, precisando de uma dose extra de força de vontade para abrir um sorriso falsamente tímido e desviar o olhar. “se continuar me elogiando assim, não vou conseguir parar de corar, milorde.” a voz saiu baixa, até tímida, querendo realmente transparecer que estava caindo em tudo aquilo. “a temporada está sendo... interessante. eu realmente não esperava que esse título viesse pra mim, é uma grande honra, mas uma grande responsabilidade também.” olhou em volta, tendo um vislumbre do grupo com quem ele estava anteriormente prostrado em união em um dos cantos da pista, os olhares voltados sobre os dois. respirou fundo e desviou a atenção antes que eles a pegassem os olhando. “já conheci alguns cavalheiros, mas se eu puder ser sincera com o senhor, até agora nenhum deles se destacou. eu busco, para além de um casamento, por amor. e ainda não senti aquele frio na boca do estômago ou o calor no peito que é causado por tal sentimento, como nos é contado nos livros, sabe, milorde?” o olhar voltou a fixar-se no fitar dele, analisando seu olhar. “o senhor já sentiu algo parecido com isso?” se é que você tem capacidade de sentir qualquer coisa, acrescentou mentalmente.
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assim que as palavras deixaram o espaço de seus pensamentos e se materializaram no mundo real, ellie se arrependeu de ter permitido que escapassem. se sentia vulnerável e tola, em dúvida somente de se as suas piores ideias vinham de permitir que alexander entrasse em sua mente por alguns minutos ou de o conceder o presente de um material completamente inédito com o qual azucrinar a sua vida. não era de tratar sobre assuntos pessoais com ninguém além de amélia, e até mesmo com ela era complicado para eleanor admitir a extensão de suas preocupações. escutar a voz dele outra vez quase a chocou, mas não tanto quanto o que dizia. se não estivesse ciente de quem ele era, quase poderia acreditar que falava a verdade. o encarou, piscando algumas vezes. “sinceramente, estaria surpresa.” murmurou, optando por ignorar aquelas três palavras. “eu não acredito que esteja sendo tão exigente a esse ponto e, ainda assim, só encontro cavalheiros que ou querem o meu título para comemorar a glória com os outros, ou estão claramente sendo somente empurrados por pais ambiciosos que querem exatamente a mesma coisa que os outros. não posso fugir de quem eu sou por tempo o suficiente para mais alguém poder esquecer disso.” participar do baile de máscaras fora a prova concreta disso para eleanor: estava disfarçada e, ainda assim, sequer conseguia passar por mais que dois minutos de conversa sem que alguém desvendasse a sua identidade com uma eficiência impressionante. “não imaginei que seria justamente você a tentar me motivar com a temporada. está bem longe do seu campo de conhecimento.” acrescentou, não contendo a si mesma. “é fácil para você pensar dessa forma, ninguém te obriga a casar. com certeza tem primos o suficiente para assumirem o título caso não tenha filhos.” era uma maneira indelicada de abordar o assunto, porém, se conheciam fazia tempo o suficiente para abrir mão de certas formalidades. “eu…” pausou, engolindo em seco. sem ter a menor ideia do que responder ao questionamento dele, que lhe era deveras estranho. “eu não faço ideia. o que talvez responda sobre o quão verdadeiramente interessante realmente devo ser.” riu, mas sem um único resquício de humor verdadeiro.
as sobrancelhas do mais velho chegaram a arquear ao ouvir aquelas primeiras palavras da princesa. “você tem razão” estava longe de ser uma frase que esperava que ela direcionasse a si, principalmente depois das últimas conversas que eles tiveram. uma semana atrás, ele até se permitira brincar com aquilo. ali, porém, apenas comprimiu os lábios e fingiu que nenhuma daquelas reflexões ocorreram a ele, seguindo a dança conforme ouvia a explicação da arundell. voltou a atenção para seu rosto para acompanhar suas expressões enquanto ela falava, chegando a abrir a boca para opinar vez ou outra, mas voltou a fechá-la em silêncio. sabia que nenhuma das coisas que pudesse falar iriam ajudá-la de qualquer forma ou livrá-la de suas obrigações com a coroa, e ali, pela primeira vez em muito tempo, o braddock fez ao inédito ao medir suas palavras. seguiu guiando a dança em silêncio, que se estendeu por segundos suficientes para que ela pudesse pensar que ele não responderia nada. ao invés da quietude completa, logo falou: “eu sinto muito.” o murmúrio escapou baixo, e só veio porque ele se forçou a ignorar aquela última sentença da loira que, mais uma vez, atestava o aparente desprezo que ela havia cultivado pela figura dado os últimos acontecimentos. “talvez ainda possamos nos surpreender. a temporada acabou de começar, afinal. até o final dela, existe a chance de surgir alguém que supra as suas expectativas e possa se enquadrar no que você procura.” tomava cuidado com cada uma das coisas que saiam de sua boca, de uma forma tão hesitante que parecia até estranha na ponta de sua língua. nunca havia pisado em ovos antes; então aquela era a sensação. os olhos recaíram sobre ellie mais uma vez, internamente sentindo falta de ver seu rosto quando este não estava banhado por traços inquietos e pouco aprazíveis, que pareciam ser as únicas expressões que ela tinha a lhe oferecer agora. umedeceu os lábios enquanto pensava numa forma de tornar aquela interação minimamente mais leve. era o que ela merecia, apesar dos pesares. “o que gostaria de falar sobre si mesma para um pretendente em potencial?”
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se a situação que se desenrolava entre ambos poderia ser descrita de alguma maneira, era como uma tragédia cômica. certamente não eram todos os homens que eram rejeitados sem a outra pessoa sequer se dignar a anunciar por conta própria e, anos depois, encontravam a dita cuja parada em sua frente ao entrar em uma loja para comprar um simples par de luvas para a mãe. era uma situação tão específica que stephen nunca acreditaria se não a estivesse vivenciando em primeira mão. o que tornava cada vez mais difícil para ele controlar os traços de seu semblante, que se contorciam na mais plena surpresa ao estar diante de coralie depois de todos aqueles anos. stephen não encontrava palavras para respondê-la, tão incrédulo quanto estava com o reencontro e o fato de coralie ainda lembrar de quem era ela; soava quase absurdo, em retrospecto, visto que não conseguiria imaginar uma maneira mais excruciante com a qual poderia tê-lo descartado, sem nem lhe dar a chance de tentar entender a razão de estar tomando uma atitude como aquela, quando antes prometiam um ao outro que construiriam juntos uma vida bem longe da capital. uma em que todas as juras de amor feitas um ao outro haveriam de se materializar ao mundo. bom, não era alguém que se considerava particularmente sentimental, mas ser jogado fora com tamanha frieza havia mexido muito consigo. por mais que desse tudo para esquecer o que viveram - e, o que poderia ser ainda pior, o que quase haviam tido -, simplesmente não conseguiria. e isso o enchia de raiva. “não vejo como isso seria uma novidade.” ainda assim, estranhava o conhecimento dela sobre o que andara fazendo da vida desde o término daquela etapa de sua vida, em que havia deixado londres sem nem mesmo olhar para trás ao se juntar à cavalaria do exército britânico. estava disposto a ignorar o questionamento anterior dela e dar meia volta para agir como se nada estivesse acontecendo - como se não houvesse encontrado a mulher que partiu o seu coração -, todavia, as palavras seguintes que escaparam dos lábios femininos, tão familiares anteriormente, o deixou praticamente imóvel onde estava. “o quê?!” foi tudo o que stephen conseguiu responder em um primeiro momento, beirando entre a indignação e a incredulidade. “por qual motivo eu teria vindo atrás de você? se eu soubesse que era seu esse ateliê, lhe garanto que estaria do outro lado da cidade.” retrucou. “sinceramente, também achei que nunca mais te veria. e já estava perfeitamente bem desse jeito. então, acredite que sequer sabia que ainda estava no país.” durante os primeiros anos, se controlou muito para não ir atrás de saber sobre ela. ao menos, seu esforço resultara em algo: a ignorância tendia a ser mesmo uma benção. “ir atrás de você não estava entre os meus planos para a temporada. pode continuar a sua vida em paz e sem se preocupar de eu ir te procurar.”
o começo de uma nova temporada social era sempre a época de maior movimento no ateliê de coralie. por mais que dispensasse o trabalho de fazer os vestidos das damas da alta sociedade londrina, por não ser realmente o tipo de trabalho que lhe interessava, a crescente dos eventos do teatro e da ópera era sempre certeiro naquelas épocas, o que fazia o trabalho ser redobrado. por vezes, ela virava madrugadas inteiras costurando os figurinos, e por mais cansativo que fosse, não havia nada que a fizesse se sentir mais completa. havia sido uma noite daquelas, mas felizmente, havia conseguido concluir a última peça que havia sido encomendada para uma das peças que seriam apresentadas nos próximos finais de semana, quando todos retornassem da pequena viagem até a casa de campo da realeza. trabalho concluído era sinônimo de uma loja completamente de ponta cabeça, então, naquela tarde, ela havia decidido dedicar-se a organizar tudo, para poder tirar uma folga merecida nos dias subsequentes.
depois de horas naquilo, havia acabado de guardar todos os tecidos e se preparava para sair da boutique quando ouviu a porta se abrir e alguém entrar. coralie virou, pronta para informar que estavam fechados, mas antes que qualquer palavra pudesse escapar de sua boca, uma lufada densa de ar saiu, tirando dela o seu fôlego enquanto ficava estática ao encarar a figura conhecida. nem se lembrava direito de quantos anos haviam se passado desde a última vez em que vira stephen. a história dos dois havia se construído de forma firme, mesmo que por meio de diversas adversidades. por várias noites ela sentiu falta de coisas mínimas que dividia com ele, como precisar esgueirar-se para fora das cobertas, com passos comedidos pela casa, apenas para conseguir chegar até a porta e sair às escondidas para encontrá-lo. por muito tempo a relação deles tivera de ser assim, junto às sombras, longe dos olhos das pessoas, algo que só existia para ele e para ela. eles planejavam viver uma vida longe da capital quando os planos foram subitamente cortados por georgina, que estava decidida a acabar com aquilo. “stephen?” o nome chegava a soar estranho na língua. havia desacostumado a falá-lo. “o que você está fazendo aqui?!” rebateu a pergunta, estando aparentemente tão estarrecida quanto ele.
por anos, as medidas drásticas da madrasta impediram-na de conseguir continuar o contato com ele. outra noção de tempo que não tinha fora de quantas noites ela ficava trancada no quarto, completamente impossibilitada de vê-lo, e de quantas tentativas de contato foram arruinadas por aquela que estava tão disposta a torná-la infeliz. quando finalmente conseguiu de volta sua liberdade, a primeira coisa que fizera, antes mesmo de tentar pensar no plano de como conseguiria sustentar-se ao ser deixada para trás sem nada além de seu nome e os traumas que permeavam sua história, foi ir atrás de stephen. as notícias não foram animadoras, é claro. ali, frente a frente a ele mais uma vez, uma torrente de emoções a tomavam. o puro choque tornava-a uma analfabeta funcional, completamente impossibilitada de formar frases inteiras, por mais que, por muito tempo, tivesse idealizado o que falaria quando o visse novamente. se o visse novamente. “você foi para o exército.” cedeu a única informação que havia conseguido do boca a boca londrino. e por um momento, naquela época, chegou a decidir que iria esperá-lo voltar do serviço, mas tal esperança jamais concretizou-se. “achei que nunca mais te veria...” e havia lutado para se acostumar com aquela ideia, apenas para que sua conformação com tal afirmativa se desfizesse em pedaços ali, em questão de segundos. “você veio me procurar?” a pergunta lhe escapou antes que o juízo lhe alcançasse a mente, para impedi-la de proferir aquilo em voz alta. a esperança lhe cegou. “ficou sabendo que esse era meu ateliê e veio me procurar. foi isso?”
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considerando tudo o que havia escutado sobre sarah rose fairchild, por um instante jacob até mesmo se perguntou se estava falando com a pessoa errada. será que tinha outra fairchild andando por ali? ele duvidava muito, visto que era conhecido que um dos principais motivos de ser tão mimada era que o marquês não tinha nenhum outro filho. e, caso a garota fosse tão enervante como afirmavam por toda a londres, certamente não iria querer uma prima andando com o seu sobrenome pela cidade. então, ou as pessoas exageravam muito, ou tinha batido a cabeça em algum momento naquele fim de semana. não duvidava de nenhuma das possibilidades. “fico feliz que tenha ouvido falar tão bem de nós.” os lábios se curvaram em um sorriso extremamente falso, para não deixar claro que achava aquele elogio tremendamente exagerado. se dissesse isso para sua irmã, margaret desataria a rir. retribuiu mais uma vez o sorriso dela e segurou a sua mão ao que era estendida em sua direção. antes de partir para a pista de dança, continuou: “então, eu vou ficar duplamente honrado: por conseguir uma dança com a senhorita, e por ter a chance de salvá-la de beechworth.” conhecia praticamente todos os homens que estavam naquele baile, de convivência ou por conta do debut de margaret. “francamente, deveria andar com alguma placa de perigo em sua cabeça. minha irmã sempre reclama que ele tem dois pés esquerdos.” e, aparentemente, tinha mania de falar cuspindo. um nojo. ajeitou a mão no ombro da garota para iniciarem a dança, antes de respondê-la: “vim acompanhar a minha irmã, mas… resolvi dar uma chance real à temporada pela primeira vez. nunca se sabe o que o destino pode trazer.” quase vomitou internamente com aquelas palavras. “e a senhorita, o que está achando? deve ter um monte de convites, sendo o diamante da temporada. um título que não chega aos pés da senhorita, claro.”
finalmente, os homens começaram a sair da sombras que lhe garantiam a privacidade de falar as asneiras que quisessem nas partes mais afastadas do jardim. memorizou os rostos de um por um, os nomes pipocando em sua mente conforme os identificava. assim que o fez, mesmo relutante, desfez a postura que adotava ali. deixou os braços caírem ao lado do corpo e voltou a atenção para a pista de dança, enquanto aguardava. mal se passaram cinco minutos antes de sentir a aproximação de alguém, e ao voltar o rosto para cima, observou as feições aprazíveis de jacob howard. então seria ele o sem vergonha que tentaria a sorte consigo. os primeiros instintos de sarah eram os piores possíveis: queria gritar, xingar, fazer um escândalo digno daqueles que faziam quando tinha oito anos de idade e alguém ousava lhe dizer um “não”. mas aquilo não apenas comprometeria sua reputação, como também — e principalmente — não daria a ele o que ele merecia. por isso, a fairchild reuniu toda a força que tinha para desfazer o ranger dos dentes, substituindo pelo sorriso mais doce que ele podia oferecer a ele. “oh, milorde! quanta gentileza. eu bem ouvi falar mesmo que os howard são famosos pela sua cortesia.” e levou uma das mãos até o peito, como se estivesse realmente tocada pelo grande elogio que era querer tanto a presença dela. decidiu que seria tão boa naquilo que poderia até corar propositalmente, se assim julgasse necessário. “olha, sendo sincera, já não há espaço em meu cartão... mas considerando que a próxima dança já vai começar e eu não vejo nem sinal do conde beechworth, acho que ele não se importaria se você me roubasse por alguns minutos.” sua voz era tão suave e seus trejeitos tão meticulosamente delicados que chegavam a enjoar, enquanto ela estendia a mão na direção dele para que o homem a segurasse. com sorte, a luva conseguiria impedir que ele sentisse o calor da raiva que fervia dentro dela. “eu devo dizer... que honra, lorde howard. eu não sabia que o senhor estava participando de forma ativa da temporada. é uma grata surpresa.”
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semicerrou os olhos ao escutar a resposta do braddock, sem saber exatamente como responder. eleanor não era a pessoa mais acostumada com confrontos no mundo, considerando que a única pessoa a entrar neles consigo geralmente era seu irmão mais velho. e ele não contava de muita coisa. “se te consola, é surpreendente pra mim também.” suspirou. aquela situação toda estava lhe dando dores de cabeça. “eu… acho que você tem razão.” engoliu em seco. sinceramente, ao menos os príncipes estrangeiros que conhecia eram extremamente sinceros quando não gostavam dela ou a enxergavam como um tédio ambulante, e agora enxergava tal sinceridade com certo mérito; ao menos os ignorantes com o mesmo título real eram mais verdadeiros quanto às suas personalidades e intenções. “sinceramente?” ergueu as sobrancelhas. não tinha motivos de não ser sincera com alexander, que provavelmente saberia se estaria mentindo descaradamente. e teriam de aguentar a companhia um do outro ao menos até o final da dança. “minha mãe.” soltou. “ela decidiu que encontraria uma esposa pro meu irmão procurando primeiro entre as damas da sociedade britânica, alguns anos atrás. o henry sabia fazia um bom tempo que teria livre arbítrio, mas, até aí, qual príncipe realmente não tem o direito de opinar no fim do dia? ela nunca obrigaria ele a se casar com uma bruxa só pelas alianças políticas. e ela me obrigaria a me casar com um azedo por conta disso.” deu de ombros e tentou espantar a expressão de incômodo que surgiu em seu rosto. “mas, depois que o meu pai… que o meu pai faleceu, ano passado, ela quis uma distração. algo pra animar as pessoas. decidiu que eu iria também tentar encontrar alguém tal como todo mundo faz, o que pelo jeito deixou quase todos os homens do país dando saltos.” e os que não davam saltos, tinham pais que davam saltos por conseguirem uma chance de se tornarem parentes da rainha. “eu achei que seria uma boa ideia de… tomar as rédeas da minha vida uma vez. o que claramente não está dando certo, porque isso é um inferno e eu estou quase desejando me jogar no mar e ir nadando até o continente encontrar um príncipe que não me trate que nem um animal de circo por ter um título igual ao meu. e que, talvez, com muita sorte, tenha vontade de saber algo sobre a minha pessoa e não sobre a minha coroa.” riu, sem humor nenhum. “vai, pode rir. se diverte com a minha desgraça.”
comprimiu os lábios ao ouvir a represália soando logo precedente ao seu nome. agora sim parecia a eleanor que ele conhecia e que o desprezava. desde o final desastroso da conversa dos dois no início dos dias naquele lugar, alec havia decidido que a arundell era um capítulo fechado de sua vida. a retomada do contato havia sido um grande erro, e considerando tudo o que ouviu acerca das opiniões que ela tinha sobre si agora, concluiu que não tinha motivos para insistir na amizade com ela. ainda que tivesse que ter passado em cima disso, milagrosamente, decidiu que não iria contribuir para testar os nervos da monarca naquela noite; por si só ela já parecia transtornada o suficiente. o que se confirmou quando ela desatinou a falar. em silêncio, observou-a conforme a música começava, guiando os primeiros passos da dança que ela parecia seguir de forma automática, já que sua real concentração estava toda voltada para o pequeno monólogo que perfazia ao falar de como estava indo a temporada para ela até então. os lábios do herdeiro de somerset se apertaram mais na linha reta em que eram mantidos quando ela complementou que não estava o contando na lista dos intragáveis. anteriormente, até riria daquilo. depois dos últimos acontecimentos entre eles, porém, saber que aquela era a real opinião dela sobre si, ainda o magoava um pouco. “bem, é uma surpresa não ter meu nome na lista.” fora sua única resposta, desviando o fitar dela para dar uma olhada em volta conforme eles rodopiavam pela pista, confirmando suas teorias de que todos ali, mesmo os que já dançavam com outras damas, tinham os olhos fixos na princesa em seus braços. “tenho a impressão de que eles sempre foram bem ruins. você só está tendo a chance de descobrir o quanto agora, porque foi lançada aos leões.” conteve um suspiro, voltando a atenção para o rosto dela. “se me permite perguntar... por que, exatamente, você está participando da temporada? quero dizer, eu não questiono a necessidade de você se casar. sei que é sua obrigação e tudo mais. mas não seria mais fácil utilizar os contatos de sua família para arranjar um pretendente à sua altura, sem precisar se torturar dessa forma?”
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a leveza que dominava a vallance naquele momento era o suficiente para ocasionar um sorriso largo no rapaz. não era sempre que a encontrava assim, muito menos nos eventos da temporada social. e aquilo caía em mia como uma luva. “eu dancei, não pedi ela em casamento!” se justificou, rindo. “ela é… legal, eu acho, mas não acho que seja pra mim. ou eu que não sou pra ela. de qualquer jeito, tem uma parcela de culpa nessa história o medo que a mãe dela me deu.” fingiu uma expressão repleta de medo em sequência. uma conversa com a condessa fora o suficiente para querer sair correndo e não dar moral para que achasse que estava querendo firmar um casamento com sua filha. sem ofensas para a pobre coitada. “mas, eu não tenho culpa que sou o favorito das mães.” deu de ombros e abriu um sorrisinho convencido. isso provavelmente se devia ao fato de ser um ser humano normal. “o que seria a lady whistleup sem a gente? deveria até nos pagar pelo uso da nossa imagem.” brincou, a guiando para que seguissem o caminho até o espaço onde os demais casais se reuniam para a valsa. “e eu achava que nunca conseguiríamos mostrar nossos passos também. caramba, o mundo tá nos perdendo.” riu. fez uma rápida reverência antes de apoiar uma mão na cintura feminina e, em seguida, segurar a mão direita dela com a outra. “então…” a encarou por um instante, enquanto iniciavam a sua dança. “não sei se eu já te disse, mas você tá muito linda hoje.” as palavras saíram sem que theo pesasse o significado delas.
a resposta do mais velho arrancou uma risada de amélia com facilidade, que chegou a sentir-se corar pelo conteúdo das palavras do amigo, apesar de ser uma clara brincadeira. era tão fácil quando era só os dois. uma troca de palavras e já pareciam ter entrado na pequena bolha que compartilhavam quando lhes era permitido, e logo o mundo ao redor já não parecia importante o suficiente para se fazer presente. "você diz isso brincando, mas sabe que é verdade, não é?" as sobrancelhas da vallance se arquearam. "charlotte caldwell não tira os olhos de você desde o primeiro baile dessa temporada. e eu já vi vocês dançando juntos!" soou quase como uma acusação, se não fosse pelo tom bem-humorado que ela usava, que garantia o clima amistoso da brincadeira. uma brincadeira que, para o bem ou para o mal, disfarçava parte de um ciúmes mais papável. "bem, se tiver mesmo um infiltrado, precisamos dar material para ele falar. então, é claro, milorde." colocou a mão sobre a dele, sentindo faíscas brotando por debaixo das luvas que utilizava. ao lado do ruddick, adentrou o espaço reservado para as danças, não se permitindo olhar em volta para não acabar esbarrando olhares com mais ninguém que não fosse os dele. "vamos finalmente colocar em prática as danças que tanto praticamos juntos no jardim, então. achei que esse dia nunca chegaria."
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respirou fundo mais uma vez. mais uma. e então mais uma outra. sinceramente, aquela temporada mal estava em seu quinto evento grandioso e estava fazendo um mal danado aos seus nervos. será que era o momento ideal para começar a investir em chás calmantes? uma degustação na casa de chás do centro a beneficiaria absurdamente. “você é um anjo dos céus.” murmurou, pegando o copo das mãos dele e o levando aos lábios. enquanto tomava um longo gole de limonada, concordou com vários acenos de cabeça para os nomes que eram repetidos por ele. caramba, tinha ido tão mal assim em sua tentativa de engajar em conversas com os cavalheiros presentes? “ah, certo. não são todos um monte de ogros de casaquinho, só eu que tenho o maior dedo podre do mundo.” debochar de si mesma sempre era seu mecanismo de defesa. e nem mesma estava errada em se acusar de um azar desses. “o meu tio falou… sobre o beaufort, ao menos. acho que é michael ruddick o nome, certo? eu vi o irmão, ele parecia uma pessoa normal e… não tem como alguém ser tão estranho assim e ser parente de gente com a cabeça no lugar. né?” franziu o cenho, abrindo um sorriso amarelo. imaginava que o tal herdeiro do duque de beaufort estaria na cidade ou enfiado em algum outro lugar daquele castelo. não fazia ideia, a única indicação de seu guarda fora justamente o irmão mais novo - que não era o foco de seu tio para a granville, e o vira dançando feliz o suficiente com uma loira para nem considerá-lo. “tão ruins assim? mas ruins quanto?” indagou, tomando mais um pouco da limonada. estava quase como um náufrago encontrando água potável. “tem problemáticas no plural?!”
embora estivesse aparentemente prostrado de forma despreocupada ao lado da mesa de bebidas, a verdade era que os olhos de miles estavam muito bem posicionados em alguns metros a frente, onde observava com cuidado enquanto barton ellington dançava com sua irmã. os dois pareciam trocar algumas palavras entre um giro e outro, e considerando o sorriso afável que sua caçula mantinha no rosto, por enquanto ele estava tranquilo. tranquilo o suficiente para ter se surpreendido um pouco quando ouviu o nome sendo chamado de maneira quase desesperada. voltou a atenção para aquela que se aproximava, contendo um sorriso ao observar a figura familiar de rosalyn se aproximar. sua intenção era cumprimentá-la, mas não teve a chance de o fazer antes que ela começasse a despejar em cima de si um monólogo todo dedicado a demonstrar o quanto os cavalheiros da temporada eram belos pés no saco. "ei, ei, ei... você precisa respirar, senhorita granville." sendo sincero, eles já tinham intimidade para mais do que aquele tratamento formal, mas quando estava em público, o primogênito dos calderbrook sempre mantinha a devida etiqueta. "aqui, tome. beba um pouco de limonada para recuperar o fôlego, sim?" ofereceu, apanhando um dos copos disponíveis ali para esticá-lo em direção a ela. "agora... westbrook? davenport?! beaufort?! qual é o seu critério para as conversas? gabaritar a lista dos mais intragáveis e inapropriados da temporada?!" as sobrancelhas dele se arquearam, enquanto ele soltava uma risadinha baixa. "brincadeiras à parte... eu falo sério quando te digo que eles são facilmente os piores daqui hoje!" e iria continuar, mas antes de o fazer, achou melhor interceptar a própria língua e certificar-se de que não acabaria ofendendo-a com as suas colocações. "você quer um resumo sobre todas as problemáticas envolvendo esses sobrenomes ou prefere que eu te poupe de saber os detalhes sórdidos sobre seus pretendentes?"
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fuzilou alexander com os olhos ao perceber que estava não somente querendo rir de sua situação, mas a enrolando em um primeiro momento. poderia estar merecendo um pouco de descaso dele? talvez por tê-lo chamado de mentiroso e várias outras coisas durante a sua discussão. no entanto, não acreditava estar errada sobre aquilo tudo. e estava desesperada o suficiente para estar quase disposta a humilhar a si mesma e pedir a ele se precisasse. mas apenas quase. infelizmente, qualquer implicância que tivesse dentro de si quanto ao rapaz parecia se tornar ínfima quando estava diante de um dos vários animais de calça que frequentavam aquela temporada social. “como esquecer?” abriu um sorriso forçado mais uma vez, que acabou se expandido em um verdadeiro conforme o enxergava desprezar davenport de tal forma. precisou usar de todo os seus anos de treinamento de etiqueta para não cair na risada diante daquilo. sem reclamar, aceitou a mão de alec. “foi um prazer conversar com o senhor, lorde davenport.” e lá ia o sorriso falso novamente. assim que se afastaram, no entanto, o desmanchou, balançando os ombros para afastar um arrepio de nojo - a presença de davenport a deixava seriamente transtornada. “não começa, alexander.” resmungou num tom de voz mais baixo. “tem noção de como eu estava desesperada? aquele homem é a criatura mais insuportável que eu tive que aguentar nos últimos tempos. e a concorrência é enorme, pra sua informação. consigo listar ao menos cinco que conseguem chegar perto disso. e, não, eu não estou nem contando você.” suspirou, ajeitando a outra mão no ombro de alec para iniciarem a dança. “desde quando as coisas ficaram tão ruins entre os da sua espécie?” franziu o cenho. “parece que tem uma placa de herança enorme, venha ser parte da família reali na minha cabeça. odeio como eles nem disfarçam como são abutres da minha coroa."
enquanto todo mundo parecia estar aproveitando mais o baile ali do que acontecia nos tradicionais, para alec era o contrário. mas a culpa era dele mesmo — como de costume. desde que havia brigado com eleanor, seu humor não estava dos melhores. recusava educadamente — ou o mais educado que era possível para ele — qualquer diálogo que tentavam iniciar com ele, e assim se manteve até ouvir o nome sendo chamado por uma voz conhecida. o cenho rapidamente se vincou quando notou a princesa lhe chamando, já que jurou de pé junto que nunca mais ouviria o nome sair na voz dela. mas assim que ela continuou falando, em conjunto com aquele olhar muito conhecido em sua expressão, fora fácil para o herdeiro de somerset juntar os pontos, e consequentemente, segurar-se para não rir. "já é agora? eu não me lembrava de ser tão cedo..." não resistiu a provocá-la um pouco, deixando a incerteza pairar no ar por alguns segundos antes de acabar com aquela breve tortura e ceder. "mas que bom que você lembrou, alteza." e virando-se para davenport, esticou sua taça de vinho pela metade, para que ele segurasse e deixasse assim as mãos de alexander livres. "sinto muito interromper sua conversa, davenport. já aproveito para avisar que eu não tenho hora para devolver a princesa." esperava que assim o homem pudesse mirar seu foco para outra pessoa. deixando-o para trás, alec apanhou uma das mãos da arundell nas suas, enquanto caminhava com ela rumo a pista de dança. "ora, ora." foi tudo o que se limitou a dizer, baixo, para que apenas ela ouvisse. sabia que seria o suficiente para ela já decifrar tudo o que lhe passava pela mente.
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“qual é, einsworth. se você não se garante com ninguém, vou ter eu que pegar essa bucha? sério? e eu achando que o charmosão entre nós era você…” negou com um manear de cabeça, deixando uma risada escapar de seus lábios. a conversa entre o grupo retornava a um tópico tratado fazia alguns dias em brincadeira por eles, e que se concretizava cada vez mais conforme o álcool entrava e todo seu bom senso saía: uma aposta de quem conseguiria conquistar o diamante da temporada. roubou mais um gole da garrafa de um dos amigos, imaginando que ninguém os ouviria dali. “tudo bem, eu também não achava que escolheriam de diamante da temporada justo a sarah rose fairchild, mas também não é impossível de cortejar ela. ela não é um bicho de sete cabeças, provavelmente só tem umas seis. dá pra aguentar um cortejo inteiro sem querer se jogar da janela, vai.” riu, totalmente alheio da presença que os escutava. “se o prêmio continuar a mesma coisa, eu assumo o tranco.”
conversa vai, conversa vem, e acabaram se dispersando. tinha prometido para si mesmo que daria uma olhada na irmã mais nova para garantir que estava bem - não que tivesse muitas preocupações, visto que da última vez que a vira estava piruetando por aí enquanto conversava com clarissa astley - e seus amigos estavam determinados a continuarem a conversa em um jogo de cartas clandestino, portanto, a despedida não demorou muito além do término da conversa sobre a aposta. retornou para onde estava o baile, conversou um pouco com margaret - que o mandou ir cuidar da própria vida, mostrou a língua para ele e saiu com o braço enganchado no da melhor amiga - e parou próximo de uma das estátuas gregas que estavam nos arredores. dali, acabou com a visão justamente em uma pessoa em específico: sarah rose. a dita cuja de sua aposta. então, estalou o pescoço discretamente para aliviar dores futuras que aquela interação geraria nele e foi na direção dela. “senhorita fairchild.” jacob abriu um de seus melhores sorrisos, realizando uma reverência em seguida. “por acaso ainda tem algum lugar vago no seu cartão de dança? não posso acreditar que estou tão atrasado assim pra conseguir um momento com a senhorita.”
@amyzmarch – jacob.
se afastar da festa foi uma questão de extrema necessidade àquele ponto. apesar de ser eleita o diamante da temporada ter afagado o seu já grande ego de uma forma agradável, sarah subestimou o quanto aquilo lhe daria dor de cabeça. se soubesse que seria tão sufocada por tantos homens inapropriados, não teria implorado para seu pai para deixá-la comparecer ao evento no castelo de veraneio da rainha. caminhava pelos jardins numa tentativa de espairecer um pouco a mente, mas interceptou os passos quando notou que, acidentalmente, havia se aproximado da conversa de um grupo de alguns cavalheiros que fumavam charutos e bebiam mais a frente. estava pronta para dar meia volta e se afastar antes que alguém a visse, até que ouviu... sarah rose. o próprio nome saindo na voz de um daqueles bossais. aquilo a fez ficar, mas antes tivesse ido embora, porque o que ficou para ouvir fez o sangue da fairchild ferver como poucas vezes na vida havia fervido. foi numa marcha de dar inveja à militares de patentes altas que a herdeira voltou para o local da festa, bufando tanto que chegava a criar nuvemzinhas brancas para fora da boca quando o hálito se encontrava com a noite fresca. uma aposta. haviam a transformado em uma aposta, se ela havia escutado direito. de volta ao local arrumado para sediar o baile, sarah estava de costas para a pista de danças e de frente para a área dos jardins, da onde ela havia saído há pouco. os braços cruzados fortemente contra o peito, enquanto encarava naquela direção com o olhar enfurecido. esperava para ver de quem seriam os rostos que sairiam dali, pois queria marcar cada um deles. gravaria na memória com cuidado e com primor, porque não deixaria aquilo barato para os envolvidos.
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@jomarchz — rosalyn & miles.
“miles! graças a deus você está aí.” exclamou ao se aproximar do mais velho, respirando fundo. os últimos passos haviam sido dados em uma velocidade que certamente a colocaria como candidata nas olimpíadas da grécia, se o mundo fosse justo de alguma maneira. porém, não era. muito menos para as mulheres. menos ainda para as mulheres sem um pai ou mãe para cuidar dos seus interesses e um título para assegurar um teto sobre as suas cabeças. poderia ser uma vida mais simples se tivesse um tio que não a enxergasse como um pequeno estorvo em sua vida, e tivesse decidido que arrumaria um marido para a sobrinha mesmo se fosse a sua última ação como um ser humano no planeta terra. o irônico era que ele sequer mexia um dedo decentemente! estaria muito mais feliz recebendo um marido de mão beijada que tendo de se humilhar pateticamente em conversas com os seres mais ignorantes que já tinha visto em sua vida. desde quando todos aqueles homens se comportavam como animais? foco, rosalyn, foco! “eu não aguento mais escutar sobre as dores nas costas do duque westbrook. é tão normal assim homens com idade pra serem pais das debutantes aparecerem nessas coisas? pelo amor de deus.” não que rosalyn fosse uma completa alienada, mas estava debutando com vinte e dois anos, uma idade que era acima de metade das garotas de seu ano. e não tivera contato na sociedade desde o falecimento de seu pai - na verdade, não tivera tanto antes. estava acostumada a lidar com a vida em sussex. “e outra coisa… sem ofensas, mas qual é a do conde davenport? ele é insistente assim mesmo ou só está… interessado? e quem é esse tal futuro duque de beaufort? meu tio queria que eu falasse com ele, mas só encontrei o irmão. e ele estava rodopiando por aí com alguém, então passei reto.” despejou, enfim parando para respirar novamente.
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o olhar de theodore encontrava o de amélia de uma forma quase automática. era uma conexão natural que existia entre ambos, e o azul de seus olhos sempre o atraía como a um ímã. a troca de sorrisos dos dois entre lugares repletos de outras pessoas era outra característica de sua dinâmica, criando instantes em que ninguém parecia existir no ambiente além de ambos. e adorava aquilo. notando o trajeto que a garota realizava, se despediu da conversa com o amigo, philip granville, e andou de forma a diminuir a distância entre ambos ainda mais e encontrá-la no meio do caminho. “é verdade.” franziu o cenho de leve com a percepção de que a situação entre ambos estava sendo diferente do usual. e de uma maneira estranhamente boa, para variar a maré de azar que ambos andavam vivenciando nos últimos anos. não respondeu mais nada em um primeiro momento, a observando pegar o cartão de dança em seu pulso, o ruddick se perdeu momentaneamente em um devaneio que o atingira novamente em cheio após toda a proximidade de ambos na noite passada. era impressionante o quão ainda mais linda ela estava quando ficava leve daquela forma, e… foco, por deus. maneou a cabeça de leve para retornar à realidade, bem a tempo de ver o cartão ser mostrado novamente. “me deixando bem etiquetado como propriedade sua? ousada, você.” abriu um sorrisinho, passando o pulso pela fita que prendia o cartão. “parece que estão mesmo. uma pena decepcionar toda a minha fila de pretendentes que já estava com o lápis na mão.” apontou para o espaço vazio atrás de si. “nunca achei que conseguiria estar a menos de três metros de você em um baile sem ser extremamente escandaloso. se alguém sair nos acusando de mil e uma coisas na whistleup da semana que vem, vou ter certeza de que tem algum infiltrado aqui.” riu, estendendo a mão para mia. “me daria a honra da primeira dança, milady?”
@amyzmarch – theodore.
normalmente, os bailes eram os eventos que amelia mais odiava. isso porque era neles onde o peso de suas consequências mais castigava seus ombros e ela sentia-se realmente à margem da sociedade… mas não naquele. o baile ao ar livre na casa de campo, longe dos olhares mais indagadores que eram sempre o das pessoas mais velhas das famílias londrinas, parecia ser o primeiro respiro de ar fresco que ela dava desde o início da temporada. e por mais que houvesse muito para se aproveitar, o olhar cuidadoso de mia pairava pelo ambiente atrás de uma pessoa muito específica. não demorou para encontrá-lo, já que sua presença facilmente se destacava na multidão. os olhos se cruzaram a distância e já ali a vallance sorriu. ainda carregava na barriga as borboletas do dia anterior, que surgiram no momento que dividiram no silêncio da sala de pintura. decidiu se aproximar, dando a volta na pista de dança para chegar até onde theodore estava. “acho que essa vai ser a única oportunidade que eu tenho de chegar perto de você em um evento como esse sem instalar o completo caos entre nossas famílias.” o comentário era verdadeiramente bem-humorado, sem conter o peso que normalmente continha. “e eu pretendo aproveitá-la.” completou, afastando os olhos dele por um momento para voltar a atenção até o próprio cartão de danças, que pendia vazio em seu pulso — como era costume. rapidamente, preencheu todos os espaços disponíveis com um único nome: o próprio. depois de ter escrito “mia v.” em todas as linhas, tirou-o de sua mão e estendeu-o frente a theo, em um convite silencioso para que ele passasse o pulso por ali e fosse na mão dele que o papelzinho começasse a pender. no rosto, um sorriso maior adornava sua expressão enquanto o encarava. “parece que todas as suas danças da noite estão reservadas para mim, milorde.”
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mais do que tudo, margaret queria esquecer as duas últimas semanas. toda e expectativa fomentada em relação a um pretendente diferente de qualquer outro cavalheiro que conheceu naquela temporada, que marcou o seu coração de tal maneira que sonhava acordada com ele sempre que estava distraída… não a levaria a lugar algum. havia imaginado toda um romance com alguém que não existia nos conformes de sua mente, mas era alguém extremamente real e completamente incompatível com quem era. e teria de enfrentar a realidade de que tudo aquilo fora por nada. como pudera não ter percebido que eram os olhos dele por atrás daquela máscara? que eram a postura e os maneirismos de archie? como pode ser tão tola? não era de ontem que o conhecia, a amizade dele com jacob não era recente dessa maneira. e a ironia naquilo tudo era que seu único consolo se encontrava no quão inconformado ele parecia estar com a situação também. normalmente, estaria ofendida que o dankworth achasse tão ruim tê-la como sua correspondente misteriosa ao invés de outra dama. entretanto, naquele momento, estava satisfeita em saber que não fora a única a deixar de ver o que estava bem diante dela. “e você também deveria saber que eu não estaria fazendo isso como uma pegadinha maldosa pra você.” vincou o cenho, incomodada. “francamente, dankworth. acha que eu me importava tanto assim com você a ponto de perder tanto tempo só pra zombar da sua cara?” então, lhe veio o realização: se importava, sim. se importava absurdamente com o homem que acreditava detestar com todo o seu ser, ao conhecê-lo sem o peso de sua identidade. aquilo seria o suficiente para assombrá-la pelo restante de sua vida. “eu também não estaria diante de você se tivesse o poder de escolha. acredite em mim.” murmurou, a noção do que estava acontecendo vindo como um soco em seu estômago. não fazia a menor ideia qual era a percepção que outra pessoa passeando pelos jardins teria da cena que se desenrolava entre eles, e sinceramente não se importava. era óbvio que ninguém conseguiria adivinhar o desastre que acontecia entre ambos, ou a razão de margaret estar praticamente andando em círculos enquanto o escutava. “eu não entendo como não percebi que era você. simplesmente não entendo.” ignorou inicialmente o que ele estava dizendo, praticamente falando sozinha. até a menção do nome do melhor amigo dele, e do fato de estarem conversando sobre ela sem que soubesse. “você falou de mim pra ele?” indagou, parando em frente ao dankworth. claro que não era dela dela, sim de quem ele achava que era, mas… ah, francamente! ele teria que entender. eram a mesma pessoa e ponto. “os planos que você tinha feito?” aparentemente, agora era uma analfabeta funcional. só conseguia repetir as palavras de archie. “você estava mesmo levando a sério?” se meg duvidava das intenções do cavalheiro misterioso de seus sonhos? não. de archie? completamente.
depois da revelação, sentia-se patético por não ter percebido antes. ali, olhando nos olhos de margaret, conseguia enxergar a cor exata que havia enxergado no fitar envolto pela máscara naquela noite. havia repassado todos os detalhes dela tantas vezes, por tantas madrugadas, que era ridículo não ter juntado as peças daquele quebra-cabeça antes. logo ele, que se julgava tão atento aos detalhes, deixara passar detalhes tão importantes que demonstrariam que, talvez e apenas talvez, parte do motivo da dama do baile ser tão envolvente era porque ela era familiar. havia um zumbido quase que constante agora em seu ouvido, que ficava por baixo da voz cortante da howard, permanente em meio a conversa. ele veio junto com um formigar igualmente crescente nas pontas de seus dedos, tanto das mãos quanto dos pés. e para alguém que estava tão acostumado a apatia da falta de sentimentos, a quantidade daqueles que lhe atormentavam o interior agora eram o suficiente para ser insuportável estar dentro de sua mente. embora uma grande parte de si quisesse engatar uma briga ali mesmo e tentar empurrar aquela culpa para os ombros de margaret, embarcando em mais uma discussão que era tão habitual para os dois, archie simplesmente não conseguia. não conseguia porque estava triste. estava verdadeiramente triste de todas as expectativas das últimas semanas terem acabado assim, escapado por seus dedos com a mesma fluidez e intangibilidade de águas correntes. observá-la tentando fazer o mesmo que ele de repente parecia um certo tipo de chacota, e ele soltou uma risadinha amarga, sem qualquer resquício de um humor real. “eu não fiz isso para te enganar, senhorita howard. e no fundo, você sabe disso.” porque, da mesma forma, no fundo ele também sabia daquilo referente a ela. encará-la agora era estranhamente doloroso. “mas queria eu ter feito, se me permite ser inapropriadamente sincero. queria ter armado tudo isso, porque assim, pelo menos, eu teria o controle dessa situação. seria muito mais fácil.” admitiu, por fim, finalmente conseguindo se desamarrar do encarar dela e dando as costas para a mulher por apenas um segundo. foi o tempo dele caminhar até um banco próximo, sentando-se ali — desabando, de forma mais precisa. as flores foram deixadas a seu lado, enquanto os cotovelos se apoiaram nos joelhos e ele arqueou o tronco para frente, baixando a cabeça com um suspiro. “não parecia a gente naquela noite…” o murmúrio foi seguido de outra risadinha infeliz, que transitava entre a incredulidade e a conformação. “eu falei tanto de você para o seymour. ou… da pessoa que você era no baile. céus, enchi os ouvidos daquele infeliz com todos os planos que eu já havia feito.” e ergueu novamente o olhar, fitando-a daquela perspectiva agora. “o destino parece uma piada de mal gosto agora, não é?”
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“óbvio que sabe.” deu de ombros, sem preocupação. “ele me deixou a entender que ela estava com raiva dele… então, vou agradecer pela sua amiga ter acordado benevolente o suficiente pra que eu não precise contar com o meu time b de amigos.” riu, gesticulando negativamente com a cabeça. tinha várias amizades, sim, mas alec era o seu melhor amigo. e o conhecia bem o suficiente depois de uma vida inteira de amizade para saber exatamente de onde vinha o comportamento que eleanor, pelo jeito, estava incomodada de observar. “ou nomes de planetas, quem sabe. estaríamos criando um pequeno exército de futuros astrônomos.” moveu os olhos do deslizar o pincel na tela para o rosto da garota por um instante. era complicado afastar de sua mente que amélia ficava ainda mais linda em momentos como aquele, dominada pela leveza. “os poetas estariam orgulhosos de iniciarmos essas conversas.” sorriu de canto. maneou a cabeça em concordância para mostrar que a escutava. e, em um certo ponto, entendia de onde exatamente estava saindo tudo aquilo. “não acho que querem. o que os nossos pais, e afins, esperam é que a gente encontre alguém com quem consiga aturar ter alguma conversa sem sair querendo arrancar as próprias orelhas. o que é meio difícil, considerando que conversar com quem só quer falar de amenidades e ir direto ao ponto me dá vontade de sair por aí correndo e bater de cara na primeira parede que eu encontrar.” franziu o nariz em uma careta. estava certo de que mia entenderia o desgosto naquele sentido, considerando o que relatava. “é bem desagradável tentar conhecer alguém e a pessoa estar repetindo só tudo o que acha que eu quero ouvir. é exatamente como você disse: uma reunião de negócios.”
o retorno do sorriso nos lábios alheios ocasionou um semelhante em theodore. era impressionante quão facilmente a sua maneira de estar e sentir espelhava a dela em vários momentos, como se entendesse e interpretasse exatamente de onde vinha tudo aquilo na vallance. quase como se funcionassem em uma mesma sintonia delicada. “é deprimente ter sonhos em um mundo que exige tanto o realismo. não quero ter de viver só esperando o mínimo.” encolheu os ombros levemente. notou que o pincel fora deixado sobre o apoio do cavalete e, ao escutar o início da sentença alheia, vincou o cenho de leve. não fazia a ideia do que estava vindo por aí, no entanto, a conhecia o suficiente para saber que estava com algum pensamento cruzando a sua mente que desejava compartilhar. e que provavelmente ela não sabia como. mas, nada o teria preparado para escutar naquele momento o que saía dos lábios dela. theo a encarou com uma visível surpresa por breves segundos, antes de sua expressão se transformar em um algo mais: compreensão. entendia de onde vinha aquilo. “nunca entendi porque não foi assim desde o início.” admitiu, engolindo em seco. movendo, por um instante, o olhar para os lábios familiares de mia. não assumiria em voz alta, mas havia pensado neles muito mais do que somente uma vez naquele tempo em que se conheciam. de maneiras que não diria à ela, porque sequer era uma questão de ser tarde demais ou não: a chance deles nunca havia acontecido. fez menção de dizer algo mais, contudo, o som de passos no corredor próximo à sala de pintura praticamente levou embora a capacidade de theodore de falar. só percebeu que estava prendendo a respiração quando eles sumiram, tranquilizando o ruddick sobre estarem sozinhos novamente. mas, aquilo era um lembrete: colocavam muito em risco ao estarem sozinhos. “acho que eu deveria voltar. não quero dar problemas pra você.” comprimiu os lábios, um pouco incerto. “te vejo amanhã?”
“eu sei?” as sobrancelhas da loira se arquearam brevemente. em seguida, mia revirou os olhos com a menção de alexander, custando a entender como alguém tão legal quanto theo poderia ser amigo de alguém tão… alec. “e o braddock ainda está vivo, é? da última vez que conversei com a eleanor, ela parecia disposta a mandá-lo para a guilhotina. me surpreende que a cabeça do seu amigo ainda não esteja separada do pescoço.” espiou-o rapidamente pelo canto dos olhos, apenas para garantir que não havia ofendido tanto assim o amigo de theodore. a sugestão de categorizar os nomes provocou uma risadinha dela, enquanto sua mente divagava entre possibilidades. “é uma boa ideia. ou talvez pudéssemos pensar em outra categoria… talvez nomes de flores, igual as hillburn.” ao mover o pincel com destreza pela tela, a ideia se formava gradualmente em sua imaginação, um escape temporário da rigidez da alta sociedade. “acho que é a segunda opção. a coisa toda de abrir os corações e revelar os segredos mais profundos.” os lábios de mia se curvaram em um sorriso sutil, embora junto a expressão ela tivesse contido um suspiro. “eu sinto falta de ter conversas profundas.” admitiu, a contragosto. “desde que começou a temporada, é como se fosse uma maré infinita de conversa mole. é como se todo mundo falasse sem nunca conversar, de fato, porque as pessoas querem se impressionar e só mostrar os lados de si que são interessantes o suficiente para arranjar algum pretendente, mas não verdadeiro o bastante para se tornar um obstáculo para o casório. e é só isso. parece uma reunião de negócios… como esperam que a gente se apaixone assim?!” o desabafo escapou de seus lábios antes que pudesse contê-lo, e ela percebeu que, involuntariamente, buscava um aliado naquele momento de sinceridade. só percebeu que havia falado demais quando finalizou seu pequeno monólogo, e assim que o fez, ficou em silêncio absoluto para escutar o que theo tinha a lhe dizer.
a expressão, que anteriormente era tensa por causa de suas próprias insatisfações, logo se abrandou ao escutá-lo abrir um pouco seu coração, e antes que percebesse, já estava sorrindo novamente. havia um calor reconfortante nos dizeres dele. encarou-o por alguns segundos prolongados ao que a quietude entre eles parecia se transfigurar numa redoma própria dos dois, um pequeno conforto em meio a eventos que eram sempre tão desconfortáveis para a mais nova dos vallance, e ali poderia ficar para sempre se lhe fosse cedido tão privilégio. “sonhando alto, eu quero o mesmo que você…” admitiu, num fiapinho de voz que esvaiu-se junto a um suspiro. “mas num otimismo mais realista, só quero encontrar alguém que não me deteste e agrade minha família.” concluiu, abandonando o pincel sobre o apoio do cavalete ao que sua atenção voltava-se para a pintura. a tela, em seu desenvolvimento em conjunto pelos dois, parecia tornar-se um espelho de suas aspirações não ditas. “sabe que…” interrompeu-se. ela hesitou por um instante, ao que seus pensamentos tornavam-se um pouco conflituosos. algo em seu interior a alertava que ela não devia continuar. apertando os lábios em uma linha reta e engolindo em seco, ela ignorou solenemente a vozinha no fundo de sua mente e concluiu seu pensamento. “às vezes, eu não consigo deixar de pensar em como teria sido mais fácil se tivessem me prometido para você ao invés do seu irmão.” as palavras lhe escorregaram como um segredo frágil, e pela primeira vez, odiou os silêncios confortáveis que eles conseguiam compartilhar um com o outro; por causa dele, ficava mais fácil se tornar ciente da forma alarmante que seu coração acelerava no peito.
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@jomarchz — eleanor & alec.
naquele momento, eleanor nada mais desejava que aprender a desaparecer com um estalar de dedos. se apresentar na temporada social como uma participante ativa era uma coisa para a qual acreditava estar preparada, imaginando que seria muito mais agradável ter certo livre arbítrio que somente aparecer no casamento com um nobre aleatório e de outro país que sua mãe escolhesse como seu futuro marido. e estava até desejando voltar atrás e deixar que a rainha assumisse as rédeas novamente. não aguentava mais a sensação de estar constantemente cercada por abutres que só queriam entrar na família real, que insistiam a todo custo de manter contato com ela e a importunava de todas as maneiras possíveis. ouvir lorde davenport discursar a fazia querer sair correndo a toda velocidade, e não conseguia simplesmente ir embora: toda vez que tentava se despedir e se afastar para ir a qualquer outro canto do jardim em que o baile acontecia, liam davenport parecia fazer questão de segui-la e ignorar tudo o que estava falando. poderia ter chamado os guardas e dar um jeito naquela situação, mas não queria parecer que não conseguia lidar com os seus próprios problemas sozinha. muito menos criar uma cena para todos os convidados. estava completamente desconfortável e era extremamente custoso para eleanor esconder como queria se enfiar no chão. “ah, olha lá o braddock.” o escutou mencionar alexander e desviou a atenção para o rosto conhecido, ignorando o que o duque estava falando ao seu lado. não queria lidar com ele ainda. mas, ao mesmo tempo, era a única esperança que tinha de se livrar daquela situação detestável na velocidade da luz - e esperava que ele percebesse que estava desesperada ao chamá-lo: “lorde braddock! estava mesmo para avisar o lorde davenport que rpecisava encontrá-lo. pronto para a nossa dança?.” abriu um sorriso falso, praticamente gritando: me ajuda.
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