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rapha,

é mentira esse assunto, não tem nada de promoção nesse e-mail.

acho que devíamos conversar, faz algumas sessões de terapia que ando angustiada, e só hoje consegui colocar um pouco das ideias em ordem, não todas até porque só tenho 19 anos e é normal viver confuso.

pois bem, vou tentar ser o mais franca possível, sobre como eu me sinto, como eu me senti, do que me sinto tão culpada etc. por termos sido (ou ainda ser) melhores amigas, sempre cultivamos o máximo de sinceridade em nossa relação, mas sei que a tempos não temos. aqui falarei por mim e só por mim, com influência do que me conheci e do que aprendi um pouco na terapia. pensei que essa conversa poderia ser melhor pessoalmente, mas para evitar choros meus e momentos desconfortáveis, podemos voltar para um velho amigo nosso.

então, acho que vou tentar começar do começo, de algum lugar, ou tentar chegar, eu peço perdão desde já pelas vírgulas mal colocadas, por erros de gramática e ortografia.  

"trauma", acho que podemos começar por essa pequena palavra, que para mim tem um tamanho tão grande.

O trauma psicológico é um tipo de dano emocional que ocorre como resultado de um algum acontecimento. Pressupõe uma experiência de dor e sofrimento emocional ou físico. - wikipedia

bom, o significado da wikipedia sobre essa pequena palavra. para mim, foi algo grande, foi uma pessoa que eu amo muito e me fez passar por anos horríveis. entretanto, ela ainda foi pior, quando você pronunciou, em uma conversa por essas madrugadas. "acho que eu tenho um trauma contigo", e foi assim que eu me despedacei. como é que pode, eu amar tanto uma pessoa e ter feito tanto mal a ela? será que sou um monstro?  putz, eu sei que sou uma pessoa no mínimo complicada de se conviver, no máximo ligar chorando paranoica com algo, mas eu sou capaz de causar tanto mal?  enfim, pensamentos ruins não faltaram, e nunca faltam.

mas naquela conversa, decidimos mudar essas ideias, tentar construir algo, mas acho que a rotina não funciona como a gente pensa ou quer.

essa grande questão que envolveu a gente, não aconteceu ontem, mês passado, na morte do meu pai... você sabe, assim como eu, que foi o grande mal entendido de muito tempo atrás, eu acredito que seja na época que deixamos de falar tudo uma pra outra, na época que depois de sair eu voltei para a casa do meu pai. eu carrego, talvez, um medo muito grande desde esse momento.

acho que pela primeira vez, eu realmente senti que ia te perder, e de certa forma, você já não era a mesma por inteiro, não podia contar, ou falar com você sobre certos assuntos relacionados ao meu pai, então foi confuso, como que, em um momento uma pessoa sabe TUDO da sua vida e de repente não vai saber mais...

quando eu voltei para a casa do meu pai, eu me sentia extremamente culpada com você, porque você me ajudou a não voltar, a não ter motivos para não voltar, mas eu voltei, extremamente envergonhada, como falaria isso para você, para a sua família que tanto me ajudou? eu sabia - na minha cabeça, que seria julgada por essa escolha, mas o que eu podia fazer naquele momento, talvez eu tenha sido fraca ou talvez corajosa demais, eu nunca vou saber.

mas nessa histórias não tem culpados, só crianças, que não sabiam como agir com aquilo tudo, tu já parou para pensar o quanto a gente é jovem e ao mesmo tempo o tanto que vivemos?

a segunda parte dessa história foi na morte de pai, foi tão confuso para mim, porra, ele foi um cu para mim em boa parte do tempo que me mudei para joão pessoa, ele não devia ter feito aquilo, mas fez. ao mesmo tempo era meu pai, que me fez viver e aprender tanta coisa boa, imagine a confusão que tava na minha cabeça, eu vi meu pai morto na cama (acredito que nunca falei isso dessa forma), gelado, nu, com sangue e merda por todo lado, qual cabeça funcionaria bem? qual cabeça entenderia que o mundo tava funcionando normal para todas as outras vidas? a minha não funcionou, e eu fui uma escrota, eu nem lembro de tudo que fiz, tirando o dia pós-karaoke, não sei se eu pedi uma sincera desculpas para você depois daquele dia.

desculpa.

desculpa, por toda a pressão e peso que passei para você nesses anos de relacionamento (amizade também é um relacionamento haha, não tire onda de que somos casadas). desculpa, por levar tudo a sério e deixar de ignorar muita coisa. infelizmente, eu fui assim, talvez eu ainda seja, mas eu acredito na minha mudança, e sei que às coisas estão mais fáceis para mim agora, de entender principalmente.

bom, parte de mim, acha que nunca teve a compreensão suficiente para aquele período, uma compreensão que vai além de uma resolução de problemas, eu sentia que faltava um abraço, um cuidado, que sempre tivemos uma com a outra, eu não senti naquele momento, mas quem sou para saber o que se passava naquele momento na sua cabeça também, foi um período difícil para nós duas.

tanto que falo aqui, a culpa ou a desculpa, foi criada por nós duas. eu te magoei, você me magoou. é assim que eu vejo.

além do medo de te perder, eu tinha muito medo de errar de certa forma contigo, tu foi a única pessoa que me ajudou e esteve presente em todo esse tempo. então, eu me cobrava e ao me cobrar dessa forma, sempre enxerguei que tudo que você falasse ou apontasse sobre mim, era um julgamento. você também, não é a das mais fáceis de se entender, ok, mocinha.

e "me criei" dessa forma, na nossa relação, e depois do caso lucas-felipe-luana, que eu sei que fui julgada, e sim, eu sei que errei. mas aquilo ficou na minha cabeça, como se tudo que eu fizesse de errado era sempre horrível. pensei: entõa é melhor deixar de contar as coisas para raphaella, assim, ela não me julga, já que erro tanto.

e foi isso que me fez não contar sobre rennan, como eu poderia contar para tu, sobre uma pessoa que foi um escroto comigo, e eu voltei a me relacionar com ele e tava gostando? eu me senti muito culpada, tão culpada que eu arrumava muitos problemas quando comecei a namorar com rennan, problemas entre eu e ele, assim, eu buscaria uma forma de dizer "é, eu errei e rapha me avisou disso", e eu não queria que isso acontecesse, eu queria que desse certo com rennan, que a gente funcionasse, e enfim, passamos a funcionar. mas passei a não te contar sobre ele, achei que toda briga que eu tivesse com ele, podia ser uma forma de tu me falar "eu te avisei", como eu odeio ouvir isso!

isso tudo só funcionava e funcionou na minha cabeça, eu sei, muito de tudo isso.

eu me mudei, vim para um lugar meu, na esperança que finalmente você passasse a conviver mais na minha casa, nesse meu mundo.

sempre vou ter uma memória forte das tardes, noites no caricé. você sempre será minha menina bonita bordada de flor.

desculpas e muito obrigada por transformar minha vida.

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o que eu quero?

Sobre o que escrever? Ter mais um blog com pouco conteúdo e acabar desistindo? Possivelmente. 

As coisas mudaram desde o último, queria fazer algo diferente, queria promover algo. Eu sempre quero coisas demais, como é possível que eu tenha deixado tanta coisa passar ao longo desses anos.

Me sinto inspirada, ao mesmo tempo me sinto na tpm. Preciso voltar a escrever, voltar a ter esse costume, aprender a escrever pelo computador. 

Pode ser um bom começo, antes das aulas, antes de que futuro. O que aprendemos, o que desejamos?

Acho que isso dura um dia, até eu esquecer a senha, ou tiver com um monte de coisa para fazer. Não consigo organizar meu tempo, meu horário. 

Eu pensei em falar sobre livros, eu pensei em gravar um podcast e ir postando, pensei em pegar diários antigos e scannear e postar aqui. 

Mas a imersão da internet na minha vida me deixa muito aflita. 

Poderia falar sobre moda, poderia falar sobre fotos, poderia falar sobre cinema. 

Acho que posso juntar em tudo e transformar algo pessoal, futuramente eu lembre disso, futuramente eu dê gargalhadas disso. 

Sei lá, tenho tanto medo ainda assim. Tanto tempo se passou, eu mantenho um diário, mas só pra mim, só para eu fugir. 

Larissa disse que para tentar fugir da ansiedade deveria tentar fazer umas coisas diferentes, ter um tempo só pra mim, mas será se eu consigo? Faz tanto tempo. 

Hoje tive ciúmes. É... não queria falar sobre isso, nem das coisas ruins, isso eu faço no meu diário, eu não sei o que sou capaz de fazer... 

Talvez eu devesse postar só fotos...

Existe muita gente com blogs secretos, alguns amigos, eu sempre peço para ler. Eu me sinto inxerida, mas ao mesmo tempo eles confiam em mim, e acho que querem que eu saiba algo deles. 

Será que eu quero que saiba algo de mim? Imagine se uso isso como fruto de paquera, para uma possível pessoa solteira que eu possa virar??! DEUS ME LIVRE.

Em algum momento eu tento me desenrolar.