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Antonia R S Textos Dispersos
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antoniarstextosdispersos · 3 years ago
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Ele caminhou sozinho
Me comove uma fé silenciosa. Francisco caminhou sozinho naquela praça. Molhou seu coração. Não fez nenhum show. Apenas caminhou, rezou e beijou o pé da cruz. Não mandou encher locais. Não pressionou nenhum político para ter seu templo cheio. Ele foi totalmente sozinho. Atravessou a praça. Disse por imagens, coisas que os olhos entenderam como rios de palavras, sons e símbolos. Não pediu para depositar nenhum valor em conta corrente. Tem um passado. Um histórico. A não imparcialidade. Mas me comoveu o gesto solitário e humano. Ele caminhou sozinho, como cada um tem caminhado todos os dias nestes dias sombrios.
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antoniarstextosdispersos · 3 years ago
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Desertos jovens
Eu não sinto meus pés, meus braços, meu corpo num tenso equilíbrio. Estendido sob a sombra longa do dia. Debaixo de um intenso dia azul, verde e florescente. Corto os dedos que te escrevem. Cerrados. Disforme no disfarce. Corre a cor cinza. Fogo apagado. Chamas miúdas, úmidas, umbigo. A língua que descia na tua barriga até chegar dentro de ti. Mas pés correm, abrem a fortuna das folhas verdes, dos desertos jovens. A língua dentro das tuas palavras. Falávamos de água, rios secos, tardes longas, chuvas intensas, do saco mal lavado, dos banhos juntos. Sinto falta da pele, morena, volumoso corpo. Corpóreo. Gestos. A ação: teu pênis. Toda a ação: de longe atiravam-se os dados, ponto, no extremo amor. Teu saco. Meu saco. O soco do orgasmo. Estavas lá, morto na vida, sobre o cadáver da palavra. As frases se confundem. O sentindo do adjetivo se altera. A função sintática do teu pulmão. Tua linguagem.
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antoniarstextosdispersos · 4 years ago
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Alguém respira meu ar
Alguém respirava minha boca, respira meu ar, as batidas tristes do meu coração. Alguém respirava meu ar, assim próximo, assim tão vivo, animal, valente, outro macho. A mancha na pele, o risco nos sentimentos. Todo o degelo da Antártida nos invade, todo o frio consome uma lembrança de amor, todo a pruma maligna dos teus lábios. Mas alguém hoje tomava meus lábios, engolia até a profundidade meu corpo, deixou descer. Estou vendo-o agora. Veste-se uma tarde quase cinza, folhas, Sol, é sal, suor, calor. E toma de mim meu: ritmo. Turvo batucar, sons perdidos, ouvidos dentro da cachoeira. Engolia até a profundidade, meu declive, meu eu. O sinto signo, Gêmeos com ascendentes em Áries. O sinto Libra com a lua em Peixes. O sinto sol, signo fogo. Ele me olha agora, sinto passos de distância, fecha o zíper, fecha o corpo, o céu, o mal, o seu amor, o medo, o tesão, o tremor. Ele respira meu ar e minha boca. Arranca meu ritmo. Mas tudo é calor e suor. Conheci-o agora mesmo, via-o assim: de repente algo se repete, algo muda no roteiro louco, desse relógio confuso, é hora. Ele me engolia. Mas eu sou mar, distante e gelado, a fotografia do velho amor toma a cena, imagens molhadas por flores miúdas e canções gostosas de se ouvir.
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antoniarstextosdispersos · 4 years ago
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Intenso
O cheiro da rosa nos teus negros lábios. Cheiro longo e denso. Um perfume sem sabor. O que se perdeu? O que se quebrou? São tantas preguntas. Cachorros mortos, gatos ressuscitados, memórias revividas, discos riscados e tua pesada mão. Todo o amor que sinto é seco, sem água e cuidados. Todo o amor que sinto é planta, vegetal morto e queimado pelo sol, pelo resgate morto, pelos as salvaguardas sem esperança. Mas amanhã será mais um mês que estamos juntos, decido amar por dois, amar por toda a verdade que sempre foi necessária e não existiu. Carrego comigo um intenso amor, que chega a valer por vários amores. Sou capaz de sentir o que dez homens juntos não sentiriam. Nessa escravidão. Nesse escuro. Faz sol. Faz crescer nos lábios a flor morta e feliz.
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antoniarstextosdispersos · 4 years ago
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Não só hoje
Tenho visto a vida pela janela. Não só hoje, mas ao longo desse tempo que já até me perdi nele. Hoje o dia estava tão lindo. O céu tão azul. O sol tão gostoso. E pensei, depois de tudo isso passar, quero pegar o sol da manhã na praia. Fiz um chá para acalmar a ansiedade. Acabo por entender que luto é um caminho estranho que a gente tem que atravessar. Passei horas pensando em meu pai. E o dia todo foi a casa. Passei pano, arrumei a sala e os quartos, troquei os lençóis das camas e arrumei os livros. Agora acabo de saber que a professora Sônia morreu, minha professora de história. Lembro na quinta série ela dizer: “Tenho um sobrinho que ler muito, é um dicionário ambulante”. Passei a acreditar que ser inteligente teria que ter algo a ver com ler muito e consultar dicionários e isso passei a fazer quase sem parar. Sou grato pela iluminação dela. Sônia passou a ser minha amiga anos depois e me recebia em sua casa, e hoje ela se foi. O dia caminha para o fim e no céu uns trovões roucos se estouram. Trovões roucos se estouram. Quero ir na para pela manhã depois de tudo isso.
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antoniarstextosdispersos · 4 years ago
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Esse trem
De fato, a aproximação nos faz ver muitas coisas. Mas o distanciamento nos mostra a visão quase esquecida. Como num microscópio quando pode se ver seres invisíveis, mas andamos sem ver tanta coisa visível. Lembro que passei a ver melhor minha casa, minha vivência com a família, minha relação com meu pai (coisa que por muitos anos fora dificílima, por conta de tantas coisas que eu tinha na cabeça). E hoje ele é simplesmente meu herói. Engraçado isso, agora sou um homem tão parecido com aquele pai que eu tanto reclamava. Bom, a distância também fez eu ver melhor meu bairro, minha comunidade (escola, igreja, fé, amizades e outras coisas), minha cidade. E outra vez esse processo de distanciamento me fez olhar para mim mesmo. Estou me dando conta de tantas coisas, sobre minha vida, minha solidão, minha carência… Sou jovem e os jovens apesar das baladas e a universidade, sofrem com a solidão da vida, acho que todos nós, por isso que a vivência familiar em algum momento é sinônimo de tanto afeto, mesmo que em outros momentos seja necessário o afastamento. Mas esse nem é o “trem” que quero falar, é sobre o abismo do amor, do ser amado e viver. Cá estou
e estou vivo. Essas coisas ganham uma dimensão tão grande, águas claras numa atmosfera poluída. Não, não vou escrever de forma direto sobre o amor que sinto morrendo, sobre a solidão que trago no peito, sobre o fim do namoro, sobre mim e minha vaga lembrança de tudo que se passou… que tarda em passar, que se faz passando em mim, como um trem.
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antoniarstextosdispersos · 5 years ago
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Navegava
Os passos faziam som no silêncio. Ele acordou. Os passos faziam um imenso barulho no não silêncio. Acordado, levantou. Limpou os olhos, lavou as memórias ruins na água corrente e parou diante do passarinho que batia no vidro da janela do banheiro. O passarinho é amarelo e cinza, um bico pequeno, asas bonitas e lhe olha com estimulo. Ele imagina que o passarinho não percebeu o vidro. O barulho da batida foi alto, incomodou, ele resolveu espantar o passarinho com sua toalha de cor vermelha, com manchas de água sanitária. Os passos se silenciam. Os olhos de sua surpresa acendem flores ao acaso. Navega Os passos são de pedro. Pedro o ama. Pedro erra todos os dias e pede perdão. Pedro lhe penetra o corpo com gozo e amor, sexualidade e dispersão. Uma música toca em seu mais íntimo pensamento, pensa em pedras, uma rocha lhe risca a turva visão. Um besouro anda no tapete da sala, e na antessala outro inseto passeia distraído. Navegação
Ele escova os dentes. Ele olha seu corpo no espelho. Fantasia. Ouve novamente batidas na janela e os passos mais próximo. Seu coração se sente cheio, pesado, imundo e inundado. Pensa em algo mais profundo, sem vento, pensa em um bom dia na praia. Fora da água. Pedro encontra lucas. Lucas estava vazio. Lucas olha em seus olhos e diz: — Irei ver o mar, e sozinho. Na praia ele olha com felicidade um barco longe da areia.
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antoniarstextosdispersos · 5 years ago
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Estranho
O tecido recebia o sabão e a água. Mais tarefas. Os anjos submissos. As louças com sabão. A carne na panela de pressão – a casa é feita. Eu derrubo as paredes. Desfaço o branco, faço o supermercado, ligo os dados móveis, mas nunca recebi o seu e- mail, mensagens no Whatsapp, sinto vontade de chorar – ouço o diálogo da casa da vizinha: “Mamãe venha ver a ópera na TV. Nós que fizemos todas essas roupas. Olhe esse vestido. Olhe essa calça.” Grito da minha janela: “Bravo. Brevíssimo. Lindo, esplêndido tecido.” Morderia o som da ópera. Ela trabalhou tanto, mas não se sentou no Teatro a ver a Glória de suas linhas. A casa cairá, não seja feita a vontade dos que pisam na grama e queimam a seiva, a luz nas ácidas cordas S in na. A vizinha novamente: “Tive que refazer várias vezes esse vestido.” Volto ao meu tempo de mundo, o calor a transmissão eleitoral obrigatória, desligo a TV e durmo.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Brevemente longo
As fábulas. O destino. A vara e a força. Os nervos. A cama. Os gemidos. O gozo. As tranças no cabelo. Os pontos rochosos. A gata violenta. O cão dengoso. A vizinhança. As cercas. Aos 9 anos de idade ele não amava. Aos 18 amou alguém. Aos 26 sofreu por causa do amor. O garoto magro. Queria fazer tábuas de bananeiras. Pintou o cabelo, furou as orelhas. Criou uma conta no Tinder. Frequentou motéis na Cidade Nova 6. Ganhou amigos. Queimou cartas. Dores apareceram. Apagou chamas. Mas pensava na garota o dia todo. Fazia café e tomava sem companhia. Mudou de emprego. Comeu muito churrasco. Engordou. Criou um porco desses que não cresce. Diariamente coloca veneno para ratos na cozinha. Marcou um encontro no app e foi assaltado. Apanhou. Com o pau na mão cuidou de esquecer o passado. Menino forte, tranquilo e cercado de boas energias, morreu na madrugada seguinte, vítima de uma comida mal digerida e uma cólera vazia.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Passageiros
A voz-falha, um homem desconhecido, não lembro quando foi exatamente que me apaixonei, mas houve amor em mim, passamos menos de quinze minutos no 310, penso que ele nunca amou ou se amou: amou sem saber amar. Reprodução. Terá ido pra cama com alguém? Ele desceu na avenida José Bonifácio, queria ter descido atrás dele, mais do que ninguém eu era o desconhecimento, a ausência e a perdição, me encaminhava para a aula e ele voltava da dele. Hoje acordo sem amor
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Vésperas
Essa é nossa primeira distância. Viajei para um lado e ele para o outro. Ele de carro e eu de barco. As músicas tocam todas tristes. As luas dos dias – tão sem alegria. Envio lembranças por vespas. Nas vésperas. Nas tonalidades do céu. Eu acredito. Minha verdade. Lhe vejo nas chamadas de vídeos. No meu coração frágil. Eu chovo. Vou com a água na tempestade. Sem exílio. Aliás, faço ele no peito de minha mãe. Papai doente em casa. Tristeza em cada canto da casa, do que sai de mamãe, do que sai do violão em abandono do quarto. Meu canto sair triste. Escrevo poemas pela metade. Meteoro no telhado. Ontem na hora do eclipse choveu em cima do meu céu, meus olhos se fecharam. Já vi na teve. Aquela lua que mora no meu pulmão aparecia no céu da Grécia. Treze dias, quarenta e dois minutos e sessenta e dois segundos de distância. Pedro, não demore. Já é tarde demais para saber te achar. Nesses relatos. É por hora de paixão.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Sintaxe
A noite troveja. Cássia tinha na perna o metal. O alumínio. O ferro. O aço no pulmão. A lembrança de quando ia pegar laranja na árvore morta. Seca. Ermo. Vinha com os dedos deformados. O polegar apontando para o norte e seus olhos caindo para o sul. O personagem sem nome. Criada sem força. Morrerá na primeira estrofe: era uma vez uma menina. Ela deixou de ser. Desapareceu dos sonhos de sua mãe. Não quis ser dona de casa. Vestiu uma calça. Hoje Robert. Tal homem.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Ana e o amor
Cantava sem força nos joelhos, língua de três golpes. De braços abertos me queria fogo. Sem a sexualidade eu dizia: “não mais ereto. Não mais firme”. Eram meus longos dias de treze anos. Meu pênis fazia parte da tarde quente. Deitado na cozinha de casa, as tábuas eram meu colchão - os movimentos rápidos. Olhava a lembrança dela na minha mente. Teve o dia, o dia que vi sua calcinha amarelada de água sanitária, seus peitos firmes. Dentro de sua boca meu todo. Queimávamos tanto que ela pulou no rio. Eu fiquei no chão. Cantava sem força, a voz de homem ainda não era totalmente minha, algo ainda arranhava minha garganta. Devia ser meu dragão. Era tempo sem celular, nos falamos apenas na catequese - simbolicamente primitivos de cristo, iriamos aprender os bons modos, batismo de águas poucas. Meu amigo protestante se orgulhava do batismo em alto mar. A inveja me molhava também. Lembrava dela. A noite nesse tempo vinha mais cedo, era depois da novela, ia deitar ainda com as acelerações no peito. Meu cachorro deitava debaixo da cama. Já dormindo ouvia mamãe botando-o para fora: “Sai Cleiton, sai”.
Ela nunca ouviu a música que fiz para ela. morreu cedo… queimava numa noite de incêndio.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Ou outro início
Deitamos no quarto dele. Eu na cama e ele na rede. Uma sede me acorda. Já era o horário combinado. Lhe acordava no tempo certo. Quase limiar. Certo. Hora certa. O rádio trazia uma notícia: um metalúrgico que chegou à presidência, hoje entra para a história, é liberto. Entro para o banho. No galho da embaubeira um bicho preguiça subiu rumando os céus. Ele me chamou para olhar. Do quintal, meus pés descalços. Sem sandálias. Nossos pés primitivos e punidos. Sua mãe nos olha. Eu quero olhar para ela também. Ele entra para o banho depois de mim. Um beijo dele veio até minha boca. Amor. – És primeira vez em tudo. Calamos a cortina azul. Abrimos os portões e pensamos em Deus. Caminhamos com bastante noite, chegamos já madrugada. Observamos com coragem. Ele me toma pelas mãos. Na hora certa erramos. Esquecemos a carteira e voltamos. Rumos mudados. Seguimos a pé. Os pés calçados. Minha sandália o deixou com vergonha. Sou sem estilo, brilho e beleza. Sou o homem mais feio.
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Sua presença
Ele estava do outro lado da mesa. Suas mãos escreviam num papel a pequena divisão entre nós. A Biblioteca Central tem uma fisionomia morta. Os livros são mortos. Um cheiro escroto. Pouca luz. Sem a fantasia. A Universidade tortura a mente dos alunos, que torturados procuram a biblioteca. Não fazia frio, não fazia calor, ninguém prestava atenção na cor pálida da parede. Opaca. Tácita. Morta. Os livros vivos. A palavra ainda viva. O tempo é uma experiência. Formulas. A química: nossas peles se tocando, pau-com-pau, não dentro, não fora, aqui, não, aqui não, aliás, aqui, aqui dentro de mim, totalmente dentro de mim, sem qualquer casualidade. Com violência dos afetos. Passos mortos. Nem tudo são caminhos – eu sei, eu sei que não são, desvios, tu pecas e erras – que vá à merda o erro, bola fora, fora de orbita, de meu universo bobo e pequeno – mas não é bem, assim, é como então, sem aviso? Com aviso? – com voo e queda, fantasia e enganos, pois os lábios do maligno – que vá à merda tu e ele, todo o mal que a vocês pertence. — Amor, senta aqui do meu lado.
Levanto. Faço meu habitat sua presença. Nossa savana. A Africana. Presente-passado. O perfume que repousou no meu quarto ontem, exala dele. O faço. Lhe beijo no pescoço. Ele volta ao seu trabalho. Escreve sem parar. Ler apostila. Marca trechos. Eu o olho já sem os olhos. A mediação de tudo é meu amor. É amor, sim é amor, eu sei que é amor e mar. — Vamos almoçar?
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antoniarstextosdispersos · 6 years ago
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Carambolas, parábolas e o cheiro
Hoje acordei outra vez do lado dele. Levantei primeiro, a luz do dia é violenta ao meu sono. Fui arrumar a cozinha, limpar a mesa, lavar as louças. A bicicleta fora de casa. O lixo na calçada. Os jornais velhos desfeitos. O cheiro do café. O banho. O sabão. A água percorrendo nossos corpos. Ele já de pé. Seu rosto de sono. Sem pesadelos. Eu sonho. Feito de harmonia. Na mesa o pão. Elementos. Foco os olhos. Transparentes afetos. Nu. Sem roupas de orgulhos. Amor. Floresta. A narrativa se faz no silêncio de sua pele. Negra. Pele-noite. Deitamos outra vez. Carambolas. Parábolas. Sonho com o dia. Violência nos olhos. Ao ver, volto aos tempos. As flores. Nós. O amor entre dois homens. A fábula. Narrativa cansada. Ligamos a TV. Jornal. Mentiras. Comércio. Sinto vontade de comprar coisas novas. Estouro o cartão. O dia passa… Experimento a solidão. Um pranto cheio. Dois pratos cheios.
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antoniarstextosdispersos · 7 years ago
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Exílio sem viagem
Ele caiu em si. Vi uma caixa preta: dentro um gato transparente. Engolia a água enquanto crescia a evolução dentro da garganta. Colmeias de bacilos encherichia coli. Moro decretava a prisão de lula. Ligo para ele, proponho-me ao exílio. Não por carinho, quero fugir de um amor que degrada meu fígado! Tomo vodca para começar o meu dia. Triste perfume azedo, bromidrose. Sou também um micro-organismo que busca buracos profundos para si. Existências famintas. Sem pés e mãos. Andarei – no andar das cabras, teu canto sem voz. Um vento. Sem pai e mãe.
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