aparededacaverna
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A Parede da Caverna
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aparededacaverna · 1 year ago
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Porque é tão difícil? Só colocar para fora. Sem forma, forma-se. Estou com sono. Minha mente está pegando fogo. Estou dormindo em um incêndio. A fumaça entra pelas narinas e fico zonzo. Quando percebo, caio no chão. Rastejo. Como eu caralhos vou sair de um prédio em chamas? E o pior: sem querer sair. Minha mente está em chamas. Consumindo-se, irradiando a temperatura das explosões solares. Meu coração já virou cinzas. Meu médico diz que 37 não é febre. Guardo para mim.
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aparededacaverna · 4 years ago
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Falar para uma pessoa é muito mais fácil do que falar para várias. Porque na verdade quem fala a várias pessoas, não fala com ninguém. De fato, na hora da escrita, ela não visualiza diante de sua folha marcada por palavras uma multidão de 200.000 pessoas que ela nunca viu na vida se debatendo para conseguirem ler o pedaço de papel. Ele fala, na verdade, a um ser invisível. Uma forma não formada, translúcida com cabeça gasosa que, de uma certa feita, empresta a personalidade do próprio escrevedor. De fato, o leitor acaba puxando mais as características espirito-genéticas do seu algoz interior.
Há a vontade de se parecer mais inteligente do que se é. Há a pretensão de se desencadear pensamentos, reflexões e emoções em desconhecidos, conquistando assim território no relicário alheio. Há dilemas e sei lá mais o quê.
Por que uma pessoa escreve? Vejo que é a pergunta principal deste dilema.
Aprendi com algumas pessoas que é uma ótima maneira de lidar com a solidão. Ironia é que, no caso, a solidão é quebrada a princípio por uma ilusão de companhia – já que a concepção e parto desse ofício é solitário. Uma pessoa que fica grávida de si mesma e, com as próprias mãos, faz o próprio parto. Na esperança – mesmo que secreta – de que o bebê será alimentado por estranhos de alma sugestionável e até certo ponto sedenta, sendo nutrida ao mesmo tempo em que alimenta.
A dureza em escrever também é justamente o fato de o ato ser confissão. Confissão de que se é sozinho. De que não há pessoas ao redor com ouvido de penico – ou que não se quer fazer isso com as pessoas ao seu redor também, porque, coitadas.
Não tenho intimidade com muitos escritores. Talvez, nem poucos. Mas uma de que gosto é Clarice. Ela não escreve, pedala. Salta do alto do precipício de si mesma, abandonando o mundo das formas ao qual fomos apresentados ao nascer e que invariavelmente abandonaremos ao morrer. Ela morre, com a esperança de ressuscitar. Aí está uma luz no ofício, o qual não sei se terei perseverança para perseguir. Que seja.
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aparededacaverna · 5 years ago
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Bolsa laranja
Querido diário, Hoje eu chorei. Dei uma chorada boa e no fim a sensação foi muito boa. Alguns nós parecem ter se desfeito. Chorei falando sobre o que estou descobrindo sobre mim e os meus medos. Medos costumam fazer pessoas chorarem, o que não é sempre uma realidade para mim. Então foi muito bom. Eu não costumo entrar muito em contato comigo mesmo em tempo real. Isso acontece, mas rola um delay. O meu eu sempre está um pouco aquém ou além da comunicação em si. Mas eu vi o quanto é bom, apesar de demandar uma energia danada. Expressei as minhas incertezas sobre a minha vida, diante do meu possível diagnóstico. Não sei o que vou fazer. Com quem vou fazer. Se vou trabalhar ou não. Onde vou morar. Não sei e não sei se quero saber. Minha cabeça deu uma aliviada por dizer isso. A paranoia se esvaiu. Deu até um pouco de sono. Me fiz vulnerável consciente, ao passo que a outra possibilidade é ser vulnerável inconsciente. Espero que isso ajude no meu caminho. E o meu inconsciente encontre paz, em vez de ficar me perturbando.  Eu preciso de ajuda. Pode ser cliché dizer, mas estou cansado. Desanimado. Desmotivado. Queria voltar a ser criança por 1 ano. Que eu consiga me manter fora desse rio de pensamentos tentando me afogar. E consiga descansar, ter uma boa noite de sono e um sorriso desvencilhado de 5 correntes de pensamentos de diversas naturezas. Estou cansado. Obrigado pela página em branco para que eu possa ter um espacinho para me desembaraçar um pouco. Aos poucos, vou conseguindo fazer isso mais e melhor, eu espero. Minha cabeça afinal agradece. Meu coração também.
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aparededacaverna · 5 years ago
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Azulejo
Querido diário, Hoje estou me sentindo pra baaaaixo, pra baixo. O dia foi arrastado, com uma corrente presa nos calcanhares. Quanto mais tempo passava, menos o tempo passava. Mais se distendiam as coisas que eu precisava fazer no trabalho. Eu sinto que ninguém me entende. Por mais adolescente que isso possa parecer. Não por menos; às vezes a cabeça está tão bagunçada, que nem eu mesmo me entendo. Ou entendo, mas dali a 5 minutos, já mudei de ideia. E fico essa bela de uma gelatina, sem ter muita travessa onde se agarrar. Resolvi escrever em você porque você me entende. Ou melhor, não entende, e justamente por não entender -- olha aí eu falando bosta de novo. Entendeu o que acontece? O quanto eu me escondo por trás dessas patifariazinhas de todos os dias? Já perdi o fio da meada, né? Bem, então eu não estava tão bem. Não sei se foi por alguma coisa que eu comi, alguma intolerância alimentar, falta de sono ou excesso de remédio. Mas que é um saco, é um saco. E poder contar pra você, milagrosamente - ou não - já ajuda um tanto bem grande. Que bom né? Porque era isso mesmo que eu queria contar. Espero que eu consiga que os psicólogos, psiquiatras e a coisa toda me indiquem logo o que eu tenho ou não tenho. A dúvida que mata, não é? E faz a pena se tornar penosa. Aí está parte da minha angústia, eu acho. Lá estão as minhas pernas pulando-se de novo. Não sei pra onde elas querem correr hahahaha Minha cabeça já está pulando pra outros assuntos, mas acho melhor me reprimir para me canalizar. Estar aqui, agora. Enxergar, tentar não fugir ou resistir pelo menos um pouquinho. Eu não sei onde quero chegar com esse texto, mas acho que só queria falar mesmo. Alguém que tivesse interesse em me ouvir. Em me ler. Em saber. Mesmo que seja um desconhecido, ou eu mesmo depois de uns anos quando for ver essa patifariazinha de novo. Espero que hoje eu durma melhor e acorde descansado para um novo dia talvez um pouco mais leve. E com menos pernas se mexendo debaixo da mesa. Obrigado, diário.  P.S.: O título é a primeira coisa que bati o olho quando fui escrever.
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aparededacaverna · 5 years ago
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Minhas pernas estão mexendo de um lado para o outro. Meus dedos estão inquietos, coitados. De saco cheio de mim mesmo. Meu cérebro está cansado, não quer ter que ficar avaliando o que vai ser postado, o que não vai ser postado, se o texto está bom, está péssimo, está um lixo, se vai tocar, se vai quebrar. Que saco. Só há uma inflamação que precisa sair. Ela está aqui, sob a minha pele, longe do alcance dos raios-X. Preciso tirar, para então poder olhar, contemplar, organizar, jogar fora algumas coisas e buscar outras. Quanta abstração, não é mesmo? Queria saber desde quando a gente começou a digladiar com coisas tão abstratas assim. Sabe, antigamente as batalhas eram contra os deuses, depois contra o governo, então as vicissitudes e acontecimentos da vida. Contra os malfeitores, até contra a família. Estamos no fim da linha batalhando contra nós mesmos. Quem vence, quem perde? O sangue dos dois lados é o mesmo. Será? Estou muito inquieto. Inquietinho, inquietão. Eu acho, pelo menos. Mas vou tentar voltar a mim, se é que saí. Estou aqui, sentado. Com fome. Incomodado com não sei o que. Esperando dar o horário para ir embora. Para fazer também não sei o quê. O que a gente faz com isso? Também não sei. Mas falar é legal. É bom. Faz bem. Melhor que não falar, não é mesmo? Não é a melhor das leituras que você já teve na vida, mas é uma leitura verdadeira, não é mesmo? Crua, desinteressada. E não sei por que estou me importando. Então, vou contar sobre como um belo despertar pode chegar a esse ponto. Acordei 9h00 (isso o acordar de verdade, depois das sonecas. Tomei um banho meio que rápido, já calculando os minutos que levaria até sair de casa. Saí de casa e vim para o “emprego”. Peguei uns trabalhos antigos e dei uma acelerada boa durante a manhã. Almocei com o pessoa, porque esqueci minha marmita. A comida estava boa, mas coloquei um pé no freio para o prato não dar caro.Esperei as pessoas escovarem os dentes para poder escovar os meus próprios. Corri com mais trabalhos novos, terminei e estou aqui - falando bem por cima. Esperando não sei o que, vendo alguém ir embora mais cedo. Não tenho pretensão de achar resposta pra esse enigma que nem existe. Mas falar já é legal. Outro dia eu falo de coisas mais legais, pra vermos a diferença; prometo!
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aparededacaverna · 9 years ago
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E no meio de tanto barulho,
os mais agudos são os do passado.
Abrem caminho através do peito,
colocando abaixo você, eu, nós.
Trazendo os ecos de um futuro que nunca existiu.
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aparededacaverna · 9 years ago
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Sou ferida aberta sem esperanças. Aberta por faca quente e sedenta, própria para abrir terráqueos e esculpir lunáticos.
Sou ferida aberta sem contentamento, empoçada de mel e rodeada de beija-flores com bicos de agulha sem linha alguma.
Sou ferida aberta de pedra furada por tanta água insistente em matar a própria sede.
Sou ferida aberta sem ar, que respira amor de olhar em olhar e a tudo afunda em paixão movediça.
Sou ferida aberta que não consegue mais se abrir.
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aparededacaverna · 10 years ago
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Se não estou preparado para ver sonho se tornar realidade,
muitíssimo menos para ver realidade se tornar sonho.
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aparededacaverna · 10 years ago
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Não quero escrever nada.
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aparededacaverna · 11 years ago
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Depressão
Depreda o homem que está são
De pedra acerta o seu portão
Depressa há morte por colchão
Deprava amarga a sua canção
De praxe enxerga escuridão
Despreza o apreço até do irmão
De peste se ergue sempre em vão
De prosa infesta o coração
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aparededacaverna · 11 years ago
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Pessoas não são degraus.
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aparededacaverna · 11 years ago
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Toda vez que meus olhos se fecham, os seus se abrem.
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aparededacaverna · 11 years ago
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É isso.
Em um piscar dos olhos celestes
Os braços que te abraçam
Se tornam os braços que te afastam.
Os lábios que beijam
Em os lábios que se calam.
O olhar com fome
Em um olhar que some.
O coração outrora escarlate
Em o frio cinza que arde
O brilho dos olhos
Em os olhos sem brilho.
Te quero
Em te quero longe.
Me ame
Em não me difame.
Nem penso
Em propenso
Vem
Em vai.
Eis-me aqui agora.
Com tudo o que eu escolhi pro fim dos meus dias.
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aparededacaverna · 11 years ago
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Sua mãe deve me achar esquisito.
É que outro dia acho que ela me pegou olhando por longos segundos para ela, mas disfarçou.
Me desculpe. É que às vezes, movido pela coragem que gostaria de ter para contemplar você por mais de dois segundos,
Busco nos olhos dela qualquer coisa dos seus;
Procuro no sorriso dela qualquer sombra do seu;
Admiro nas mãos delas quaisquer curvas das suas;
Sorvo da voz dela um pouco do seu timbre;
Capto na gentileza dela um pouco do seu caráter,
E gravo em minha retina um pouco dos seus trejeitos , passados de mãe para filha.
E assim, revivo no carinho que só uma mãe tem, um pouco da ternura que um dia você teve por mim.
E resignado, banho minha alma com qualquer coisa de você, que a vida ainda tenha a graça de me dar.
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aparededacaverna · 11 years ago
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- Alô, Pierre? Aonde você tá?
- (...)
- Ainda tá aí?! Eu já tô na Luz. Vem me encontrar aqui.
- (...)
- Ah, meu velho. Daqui eu não saio. Se quiser me encontrar, vai ter que vir pra Luz.
- (...)
- Sim, aqui é melhor mesmo. E você já tá pertinho. Então vem que eu te espero. Abraço.
(Conversa ao celular pescada na Linha Azul do Metrô de São Paulo, em 10/2013)
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aparededacaverna · 11 years ago
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E no desespero de querer chegar ao roseiral, acabou pisando as rosas.
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aparededacaverna · 11 years ago
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É tão estranho um homem se escandalizar com o erro de outro homem, quanto um pássaro se escandalizar com o voo de outro pássaro.
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