Tumgik
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 19 - Vícios
Tumblr media
O time reserva e titular de futebol americano da Florida Tech University treinava pesado naquela manhã. Em duplas, os rapazes empurravam pneus de trator uns para os outros, rolavam no chão, faziam flexões e ouviam todo tipo de ofensa do corpo técnico. Estavam treinando desde 7h da manhã e agora passava das 9h. O treinador Gale apitou e fez um sinal para que dessem uma parada. Um menino veio com um balde grande cheio de garrafinhas d’água e gelo, os atletas avançaram.
Treinador Gale – Tô gostando de ver, tô gostando de ver. E aí, como é que foram de fim de semana? (Houve um burburinho positivo) Muitas gatas? Muitas festas? (Os atletas rindo entre si) Ótimo… (O treinador começou a gritar gradativamente) Então vocês podem me explicar COMO CARALHOS o meu quarterback titular me aparece com a cara quebrada e o meu linebacker está com a perna enfaixada?
Os demais deram um passo para trás, evidenciando John e um outro rapaz que estava logo atrás dele. O treinador tirou o boné, irritado.
Treinador Gale – O que aconteceu com o seu nariz, Trevor?
John – Eu, huh… Eu estive numa briga, senhor.
Treinador Gale – O que aconteceu com a sua perna, Samuels?
Garoto 1 - Eu bebi demais e escorreguei numa festa, senhor. Minha perna rasgou no vidro quebrado, senhor.
Treinador Gale para o time todo – Eu encorajo esse tipo de comportamento irresponsável e violento?
Todos – NÃO, SENHOR!
Treinador Gale – Não, palermas, eu não encorajo, eu nunca digo pra vocês darem uma de valentões. Sabem por quê? (Ficou a centímetros do rosto de John) EU PRECISO DE VOCÊS INTEIROOOOS!!! Eu preciso de vocês inteiros sendo valentões AQUI, NO CAMPO!!! Eu não posso permitir que vocês se distraiam com mais dor do que a que vocês já vão sentir nos treinos e nos jogos. Seu nariz está doendo, Trevor?
John – Sim, senhor, está ardendo.
Treinador Gale – Sua perna está doendo, Samuels?
Garoto 1 – Sim, senhor. Tá escorrendo uma coisa do curativo.
Todos cochicharam e riram entre si.
Treinador Gale – Estão vendo? Se vocês se machucam, eu preciso parar o meu treino pra mandar dois idiotas que não se cuidam pra enfermaria, eu preciso mandar o meu time inteiro dar três voltas no campo para que fixem a ideia de que EU NÃO QUERO SABER DE BRIGAS NESSE TIME, EU NÃO QUERO SABER DE ACIDENTES ALCOOLIZADOS NESSE TIME!!! EU ESTOU SENDO CLARO??? 
O time – Senhor, sim, senhor!
Treinador Gale para John e o outro rapaz – EU QUERO VOCÊS DOIS IDIOTAS NA ENFERMARIA AGORA!!! Saiam daqui!
John e Samuels chegaram na enfermaria e explicaram seus problemas. Ele tomou remédio na veia, pomada analgésica tópica e o nariz realocado. Gritou e bufou de dor, mas aquela não era a primeira vez. O outro garoto teve seu corte higienizado e o curativo trocado. Voltaram ao vestiário, John aguardou o treino acabar para falar com o treinador.
John bateu à porta do gabinete do treinador e aguardou o convite para entrar.
John – Treinador, peço desculpas pelo meu comportamento que me custou o treino de hoje e os dois seguintes. Vou tomar mais cuidado para que isso não se repita. Como eu disse pro senhor antes, eu quero sair daqui pra um time de verdade.
Treinador Gale – John, é sobre isso mesmo que quero falar com você, rapaz. (Indicou a cadeira para que ele sentasse) Como sabe, teremos recrutadores observando alguns jogos dessa temporada. Gente da segunda divisão, gente do draft da NFL. E essa é a sua última chance, é de extrema importância que você faça a melhor temporada de sua vida. Vocês se forma e aí é tchauzinho futebol.
John – Quero uma oportunidade só, treinador. Ser profissional é meu grande sonho. Não vou desapontá-lo. Nada mais importa pra mim do que conseguir um contrato.
Treinador Gale – Vai pra casa cuidar desse nariz, garoto. A gente se vê aqui na quinta.
No vestiário, depois de uma ducha fria, John amarrava os cadarços dos tênis, quando um dos colegas bateu de leve no seu ombro.
Pete, o examinando – Cara, mas que porrada certeira. Parece que fez uma rinoplastia.
John, rindo, abrindo a porta do armário para pegar uma camiseta – Não enche, Pete. É só o volume do curativo. Já coloquei no lugar.
Gary – Esse mano que te bateu é grande? Eu não lembro bem da cara do sujeito.
John, se vestindo – Se vocês não tivessem me dado bolo e ido comigo, nada disso teria acontecido. Seríamos nós três contra ele, o outro tava inútil de bêbado, não conta.
Pete – Ih, cara, posso nem sonhar em aprontar, meu pai não dá mais um centavo pra me tirar da cadeia.
John – Pô, caras (sentou no banco, entre os dois), eu não posso deixar isso barato.
Gary – Trevor, não mexe com isso não, cara.
John – Vai amarelar, Gary? Grande amigo você é. Vou falar com mais uns dois caras do time, vamos surpreender os manés, combinar um dia, sei lá. Só pra dar um susto. Mandar uma mensagem.
Gary – Se é pra dar um susto, de boa, só combinar e me chamar que eu tô dentro. Não quero saber de nada extremo e nada de polícia, Trevor.
Pouco depois da hora do almoço, a maioria das pessoas tira uma soneca ou come um pudim de sobremesa. Mas não Isaac Hanson. A sobremesa dele era muita coisa, menos um pudim.
Cera quente pingava de uma vela vermelha nas coxas grossas de Isaac, amordaçado com um lenço. Ele fungava de prazer e seus olhos miúdos estavam bem abertos, atentos à figura feminina de traços asiáticos e piercings nas sobrancelhas e no nariz. De pé, Isaac tinha os braços abertos e os pulsos algemados em cada extremo do gradeado da janela de um belo quarto de hotel. As cortinas tapavam qualquer visão do que acontecia dentro do quarto. Vestindo apenas uma cueca preta e já com algumas marcas de mordida pelo tórax, Isaac não escondia o contentamento. Foxy era sua acompanhante preferida, com quem não tinha vergonha ou qualquer receio de realizar suas fantasias e suas vontades mais bizarras. Ele gostava da dor física, do castigo.
Foxy pingou cera nos seus pés. Isaac gemeu abafado, sentindo os joelhos vacilarem, cerrou os punhos, forçando-os contra o gradeado. As correntinhas das algemas tilintaram. 
Foxy, ajoelhando à frente dele – Quem é um menino mau?
[Música de fundo, Power (feat.Dwele) – Kanye West – 03:20 – …]
Foxy jogou a enorme trança para trás do ombro e fincou as pontas das unhas de fibra no cós da cueca preta de Isaac, percebendo o volume que apontava direto para ela. As unhas arranharam a barriga firme de Isaac, deixando marcas avermelhadas. Gotículas de suor brotavam da testa dele, à medida que Foxy o colocava inteiro dentro da boca. “Controle.” Foxy passava a língua na ponta do seu pênis duro e engolia de uma vez. “Prazer.” Abriu os olhos urgentemente, encarando a parede oposta. “Não.” As veias sobressaltadas acompanhavam a rigidez do membro. “Mais. MAIS.” Seus testículos eram cautelosamente engolidos pela boca quente de Foxy. “Eu não consigo parar, eu não consigo parar… Mas eu preciso. Eu preciso.” Seus dedos dos pés esticaram. ��Não importa. Nada importa.”
Derek, fechando a geladeira com força, falando ao celular – Mas pai! Assim não dá!
O pai – Desculpe, filho, mas não é possível pagar U$3.000 de cartão todo mês. O que você compra na (parou para pegar um papel) Chinelos Great Ocean?
Derek – Chinelos.
O pai – Por U$300? (Fungou) Filho, você tem que aprender a organizar seus gastos. Tem que se administrar. 
Derek, mordendo o lábio, ansioso – Eu sei, pai, eu sei disso, mas porra! Cortar meu cartão? Eu preciso dele, pai, eu preciso!
O pai – Ei, nós já falamos sobre o seu tom, jovem. Arranje um emprego ou cuide melhor do seu dinheiro. A partir de hoje, eu e sua mãe mandaremos sua parte do aluguel e despesas diretamente para a conta do Zachary. Não temos condição de arcar com esse valor todo mês.
Derek, passando a mão nos olhos e coçando o cabelo – E como eu vou comer, aju-ajudar nas… Ajudar nas despesas aqui sem o meu cartão?
O pai – Continuaremos arcando com o essencial, Derek, mas não bancaremos mais suas extravagâncias, filho.
Derek – Pai.
O pai – Sinto muito, filho. Conversamos depois, tá? Até logo. Amo você.
Muitos traficantes tinham firmas fantasmas para venderem drogas e aditivos usando maquinetas de cartão. Derek socou o ar, xingando. Jogou o celular sobre a cama e fechou os olhos, hiperventilando. Abriu uma das gavetas internas do armário e, debaixo de várias cuecas, havia uma caixa. Derek pegou a caixa e pôs sobre a escrivaninha. Fechou a cortina e trancou a porta, com pressa. Tirou os óculos e bagunçou os cabelos. Da caixa, tirou um saquinho contendo 20g de cocaína pura. Despejou um pouco e separou em três fileiras.
Mitch, batendo na porta – D, vamos almoçar.
Derek – Tô sem fome!
Mitch – Você tem que comer.
Derek – Tô sem fome, Mitch!
Mitch volta do corredor e senta-se à mesa, onde Taylor e Zac já comiam de suas caixinhas de comida chinesa.
Mitch – Disse que tá sem fome.
Taylor – O Derek tá com algum problema?
Zac, olhando Florence, rindo – Nah, ele é assim mesmo.
Mitch – Nem olha pra mim, já conversamos. (Pôs brócolis na boca) Além do mais, acho que o lance do Derek comigo é porque, vocês sabem, eu fico com mulher, ele é meio incel. Foi paixonite de incel.
Taylor – O clima entre vocês, como tá?
Mitch – Normal, até melhor que antes, ele tá menos tenso. Tá mais simpático, né?
Zac – Tá mesmo. Tenho que levar o Derek num puteiro pra ver se ele se ajeita. 
Taylor, sugando um macarrão – Nunca fui num puteiro.
Zac e Mitch – Não?
Taylor – Nah. (Boca cheia) Na faculdade até que surgiram umas oportunidades, mas…
Zac – Você é fresco, nós entendemos. 
Mitch – Num puteiro eu nunca fui, muita degradação de corpos femininos. (Engoliu) Mas já fui numa boate, com dançarinas e tal. É divertido, todo mundo ali tá fazendo papel de bobo, pondo grana nas calcinhas das meninas, etc.
Taylor – Eu não tenho grana nem pro necessário, imagina pôr… Deixa pra lá. (O celular de Zac vibrou sobre a mesa).
Zac – Alô?
Roberta – Zachary?
Zac – Sim, quem é?
Roberta - Roberta Mendez, estou ligando do meu celular pessoal.
Zac – Ooooi, Sra. Mendez. Pois não? 
Roberta – Não vou demorar, é só pra avisar que essa semana vão chamar alguns estagiários, sondar efetivação, e você tem grandes chances de conseguir uma das vagas. Se passar pela minha mesa, meu voto é seu.
Zac, com malícia na voz – Whoa, obrigado, obrigado mesmo, Sra. Mendez, você sabe, se precisar de qualquer coisa, só contar comigo.
Roberta – Zachary, era só isso que eu queria lhe dizer. Meu marido está aqui perto.
Zac, tossiu – Oh, sim. Desculpe.
Roberta, cochichou – Vinte minutos na minha sala hoje às 17h. Tchau.
Mitch – O que foi?
Zac, guardando o celular no bolso – Torçam pra que eu seja efetivado essa semana, porque se rolar, meu salário vai dar pra limpar minha bunda. Talvez até a sua, Taylor.
Taylor, jogando um biscoito da sorte na testa dele – Eca.
Depois de comerem, Zac se aprontou e foi para o trabalho, Mitch subiu para limpar seu quarto e Taylor limpou a mesa e a pia, com Becky deitada no carrinho perto dele o tempo todo. 
Sentou no sofá, pesquisando uns anúncios de emprego meio-período, mas estava com a cabeça em outro lugar. Pegou o celular e mandou uma mensagem para Rachel.
Taylor: Ei, Rae, como tá? ✌🏼
Rachel: Oi, Taylor. Desculpe não ter aparecido mais. Rolou muita coisa 😞
Taylor: Sem problema… Você está bem? 🙁
Rachel: Levando. Obrigada por me defender ontem. Não deveria ter acontecido nada daquilo. 😞
Taylor: Eu sinto muito. Você é uma garota incrível, não merece ser tratada daquela forma.
Rachel: ♥️ thanks. Seu queixo, como tá?
Taylor: Desinchou, mas ainda um pouco dolorido. Hoje a noite tenho um job 💵
Rachel: Que ótimo. Eu estou trabalhando aqui na minha dissertação, mas minha cabeça está… meio longe. 💭 
Taylor: Rae, eu não quero que as coisas fiquem estranhas entre nós. Eu sou seu amigo, ok? Gosto de você. 
Rachel: Obrigada, Taylor, eu reagi daquele jeito porque me assustei, mas agora lembrando, foi bem engraçado 😅
Taylor: Sim, foi mesmo 🤣 Eu acordei 7 anos do lado da mesma mulher, não é hábito acordar e ser empurrado no chão, entende? 🤣🤣
Rachel: 😂😂😂 LOL
Taylor: E o John?
Rachel: O John não é mais minha preocupação, terminei com ele. Preciso ficar em paz. Sozinha um pouco.
Taylor: Entendo 👌🏼  é bom também. Tô nessa aí também. 
Rachel: E Melanie e Christie? 👠 
Rachel: Te zoandoo 🤣 eii vou ao Beernaries com a Jay mais tarde, por que não dá uma passada lá?
Taylor: Se der pra eu ir, te aviso. 
Rachel: Tá bom. Até maisss ♥️😚 
Taylor: ateee ✌🏼😚
Por volta das 18:00, Taylor e Zac estacionavam o jipe nos fundos de um bar sem nome, do outro lado da cidade. Sem segurança, os dois entraram por uma porta metálica de correr. Zachary carregava um amplificador e Taylor trazia o violão numa capa de fibra. O interior do local era bem limpo e iluminado. Ao chegar, os dois viram mesinhas redondas ocupadas por mulheres de meia-idade, a maioria com penteados e maquiagens exageradas.
Mulher 1 estendendo a mão – Olá, gatão!
Taylor, trocando o violão de mão – Oi! A senhora é quem deve ter me ligado!
Mulher 1 – Senhora está no céu, meu amor. (Virou-se para Zac, passando a mão no ombro dele) E quem é este aqui?
Zac, sorrindo – Eu sou o técnico de som. E irmão dele.
Mulher 1 – Seja muito bem-vindo (entregou um papel para Taylor). Taylor querido, o palco é logo ali, a aparelhagem está toda lá. Aqui estão algumas informações sobre a Maryleen, a nossa homenageada. Vou avisar as garotas que você chegou.
Zac, observando a mulher se afastar – Garotas? Eu só vi um monte de coroas. Coroas GOSTOSAS. Brother, eu quero uma sugar mommy.
Os dois arrumaram os fios no palco, que tinha uma barra de pole dance fixada. Taylor estranhou aquilo mas o pagamento já estava em seu bolso, não ia reclamar agora. Zac percebeu o burburinho das mulheres mas não entendeu a atenção, o irmão era bonitão mas bem mediano. E pobre e músico. Elas agiam como se já o tivessem visto antes. Zac trocou olhares com algumas pessoas que acenavam para ele, a situação estava divertida, e ele curioso pois nunca havia ficado com uma mulher de mais de quarenta anos.
Zac, descendo do palquinho – Eu vou pegar um drink e ficar no bar. Finalizei aqui.
Taylor – Vou começar logo, ok, vê se não some. (Bateu no microfone, checando e testando a saída). Olá! Olá, boa noite. Meu nome é Taylor Hanson e eu vou cantar pra vocês essa noite. Primeiramente, gostaria de parabenizar a… (olhou no papel) Maryleen pelo seu, hum, terceiro casamento. (Bateu palmas, acompanhado das convidadas). Vamos lá. 
Depois dos aplausos, Taylor começou a tocar e as presentes se animaram. Zac estava encostado no balcão do bar, os cabelos soltos, observando tudo, inclusive uma mulher loira que estava sozinha no extremo do balcão. Ela usava um vestido preto apertado e decotado, de mangas curtas. Sua pele bronzeada artificialmente chocava com os cabelos loiros platinados e os olhos brilhantes.
Maryleen, chegando mais perto – Posso te pagar uma bebida?
Zac, olhando para o copo e em seguida para ela – Sim, por favor. 
Maryleen – Adoro paquerar em bares. Ser paquerada.
Zac, erguendo o drink – Você tá com o jogo em dia. 
Maryleen – Vou deixar de jogar um tempo. Eu me caso amanhã.
 Zac – Ah! Você é a Maryleen da festa.
Maryleen, acendendo um cigarro – E você é?
Zac – O técnico de som. E irmão do Taylor ali. Meu nome é Zac.
Maryleen – Prazer em conhecê-lo, Zac. Que família bonita a de vocês (o olhou de cima a baixo).
Zac, sorrindo – Genes. Parabéns pelo casamento (apertou-lhe a mão e virou-se para o palco em seguida). Espero que seja uma linda festa.
Maryleen, soltando a fumaça do cigarro – Eu adoro uma boa festa. Bom champanhe. Boa comida.
Zac – É, adoro isso também. Terceiro casamento, huh? Isso é um feito.
Maryleen, acenando para um amiga – Sou mulher pra casar, não importa quantas vezes. E dessa vez eu fiz uma escolha visando o meu conforto, a minha estabilidade. Casar por amor é sorte de uma vez só.
Zac – Não tô entendendo.
Maryleen – Você não entenderia. Quantos anos tem, 22, 23?
Zac – 25.
Maryleen – Ah! (Riu). Minha filha mais nova tem a sua idade, garoto.
Zac – Que bom você não é minha mãe, então.
Maryleen sorriu, expirando mais fumaça.
Maryleen – Por que não me acompanha… Zac?
Zac – Eu gosto de como você fala meu nome.
Maryleen – “Zac”.
Zac olhou para o palco e depois para Maryleen, para o seu decote, sua pele, seus lábios. Beijaram-se e ele a seguiu até um corredor, onde ficavam as salas do administrativo e do almoxarifado. A saleta na qual entraram era mal iluminada e cheirava a mofo, com algumas caixas velhas e objetos de limpeza, mas Zac não se importou com nada isso quando Maryleen o beijou vorazmente. Ele desceu as mãos pela sua cintura, apertando seus quadris.
Maryleen, com o rosto de Zac enfiado no seu decote – Então… (ofegou) Seu irmão…
Zac, com a voz abafada – Hã? 
Maryleen – Você também é bom em tirar a roupa como ele? Tira pra mim, tira? 
Zac – Tirar a roupa? (A beijou de novo) Não… O Taylor não… (Maryleen lhe beijava o pescoço) O quê?!
Maryleen, parando de beijá-lo, confusa – Vocês não são strippers? 
Zac, rindo – Hã? Strippers? Não! De onde tirou isso? 
Maryleen – Uma de nossas amigas recebeu um vídeo do Taylor dançando sem camisa em cima de um palco, a sobrinha dela foi quem mandou. O vídeo é divertido, pensamos que ele fizesse esse tipo de serviço!
Zac – Cacete! (A beijou rapidamente) Eu preciso ir!
[Música de fundo, The Joke – Lifehouse – 02:00 – 02:52]
Zac voltou correndo para o salão, onde Taylor já não tocava mais, ao invés disso, era questionado por trinta mulheres à beira do palco, sobre a que horas ele começaria a dançar e tirar a roupa.
Taylor – Desculpe, (afastou-se do banquinho, tirando os fios do violão), desculpe, acho que houve um engano.
Mulher 1 – Mexe essa bundinha aí, meu bem!
Mulher 2 – Tira essa jaqueta que tá calooor!
Taylor, rindo sem graça, embolando o pé na fiação – Está calor mesmo ou sou eu?
Zac, do canto do palco – Taylor! 
Mulher 3 – Ah, são uma dupla?
Mulher 4 – Melhor ainda!
Zac – A gente tem que sair daqui.
Taylor, empurrando o amplificador para Zac – Eu sei! Você me fala isso agora?!
Mulher 5 – Ei! E as bundinhas?
Taylor – Desculpem. (Esbarrou na barra de pole) Vamos!
Correndo, os dois chegaram ao estacionamento dos fundos e pularam no jipe de Taylor. Com Zac no volante, saíram cantando pneu. Taylor tirou o cabelo do rosto, sentindo o vento esfriar o suor de sua testa. Zac não conseguiu evitar a gargalhada.
Taylor, ofegando – Que diabos foi isso? O que foi que acabou de acontecer?! Meu vídeo viralizou?
Zac, rindo e batendo no volante – Você virou meme, irmão! Sem trolagem! As coroas estavam muito na sua!
Taylor, apertando o cinto – Zac, pelo amor de Deus, só vamos buscar meus filhos. Jesus… Eu tenho que arranjar um emprego estável.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 18 - Amigos Sem Benefícios
Tumblr media
No fim das contas, Zac, Derek, Mitch e Jay se acomodaram nos pufes e no tapete felpudo e acabaram pegando no sono. Na manhã seguinte, a casa estava silenciosa como um cemitério, mas isso só durou até a equipe de limpeza contratada chegar para dar uma geral em tudo. Os quatro foram despertando e se espreguiçando à medida que um grupo de cinco pessoas entrava com sacos de lixo e produtos de limpeza.
Mitch – Eu vou subir pra tomar um banho. Se você quiser, Jay, pode vir também, te empresto uma roupa.
Jay, com um sorriso preguiçoso – Obrigada mesmo, Mitch, mas a Rachel não deve acordar agora e eu preciso ir, quero tomar banho no meu chuveiro.
Zac, bocejando – Já vai tarde. (Mitch o belisca). Au!
Mitch, levantando e esticando o corpo – Não ouça esse menino, Jay, as energias dele estão pesadas.
Zac, falando para dentro – Pesada tá a minha pica.
Jay, levantando e calçando os sapatos – Eu nunca escuto, gente.
Derek, limpando os óculos – Tem certeza que não quer ficar pra tomar café?
Zac e Jay juntos – Sim! (Jay suspira e continua) Obrigada. Mas me liguem, vamos nos ver depois. Gostei de vocês. De vocês dois. (Beija Derek e Mitch na bochecha).
Derek – Tá bom, então.
Mitch, o cutucando – Zac.
Zac – O que é?
Derek – Leva a menina até a porta.
Zac, virando-se para Jay – Bem, até mais. Fica à vontade.
Jay, o ignorando e se dirigindo à porta – Avisem a Rae que eu já fui e que qualquer coisa, estou no celular. Até!
Quando ouviu a porta bater, Zac levantou e foi assoviando para a cozinha. Viu a quantidade de lixo na pia e na mesa e mudou de ideia. Entrou no quarto, trocou de roupa e pegou as chaves da moto e reapareceu com a mesma samba-canção, porém com uma jaqueta por cima da camiseta velha.
Zac – Vou comprar café da manhã na padaria, trago alguma coisa pra vocês.
Derek – Você acordou emburrado, isso nunca te acontece depois de uma festa.
Zac – Que nada, tô ótimo.
Mitch – Foi um grosso com a Jay agora sem necessidade.
Zac abriu os braços, tentando disfarçar – Eu não vou com a cara dela, todo mundo sabe disso. Eu posso ter o direito de não ir com a cara de alguém ou isso me deixa com a energia muito pesada? Aff.
Bateu a porta e Derek foi até a cozinha beber água, Mitch estava encostada no balcão da sala. Os dois em silêncio, só se ouvia o ruído dos copos de plástico e do vidro das garrafas batendo dentro dos sacos de lixo sendo preenchidos pelos limpadores. Derek bebeu a metade do copo e resolveu falar.
Derek – Nós nos beijamos.
Mitch – Sim, nos beijamos.
Derek – Algumas vezes.
Mitch, sorrindo – Por quase meia-hora.
Derek – Mas me ajuda aqui… Você me deu uma fora dias atrás, então… 
Mitch, num doce tom de voz – Ontem eu tive vontade de te beijar, D. Só isso. Eu quis te beijar. Se você quiser, podemos fazer isso às vezes, sem neura.
Derek a analisando –  Então não precisa ser estranho?
Mitch – Não. E também não precisamos ficar falando no assunto. Deixa rolar.
Derek – De boa, tô suave. Ok. Coolzaço. (Ficou de braços cruzados e calado por um momento)  Você curtiu? Porque eu curti. Inclusive, se quiser, podemos fa…
Mitch sorriu e empurrou de leve o rosto ansioso de Derek com a mão, subindo para tomar banho.
Se na noite anterior Taylor e Rachel adormeceram largados e sem se tocarem, com as pernas para fora do colchão, pela manhã, a situação era diferente. Taylor a abraçava juntinho, com o nariz enfiado nas madeixas macias de Rachel. “Que cheiro bom”, ele vagarosamente despertava do sonho. Sentindo o abraço morno a envolver por trás, Rachel se acomodou, mexendo o quadril, mas ao fazer isso sentiu uma protuberância.
Abriu os olhos, piscando devagar, mas ao virar e se deparar com Taylor, o empurrou bruscamente. “Aaah!” Taylor caiu da cama, mas ainda não tinha visto Rachel ali por causa do excesso de luz.
Taylor, esfregando a bunda – Ai.
Rachel, puxando o lençol – Taylor!
Taylor, tapando a luz com a mão – Rachel?
Ao levantar e se dar conta que estava só de cueca e com uma ereção matinal muito visível, Taylor empalideceu de susto e pegou o travesseiro para esconder aquilo. Rachel se cobriu com o lençol, estava só de blusa e calcinha, e então viu que suas roupas estavam espalhadas pelo chão do quarto. Os dois se olharam preocupados.
Taylor, fitando os pés – Rae, eu… Desculpa, eu tava tendo um sonho.. 
Rachel, fazendo gestos com as mãos – Taylor, será que… Eu e você… 
Taylor – Não me lembro! (Sentou-se na cama, de costas para ela). Eu te trouxe pra cá? 
Rachel – Eu não sei! (Pôs as mãos na testa). Deus, eu tava tão bêbada… 
Taylor – Meu queixo tá dolorido, eu lembro de ter apanhado do seu digníssimo... Tinha muita gente aqui, caramba. Ah! Me lembro de uma cama elástica, que provavelmente deve ter sido do sonho, mas…
Rachel – Não, disso eu me lembro. Você pulou na cama elástica. Do telhado.
Taylor – O quê?! Eu tenho medo de altura, como é que eu faria isso? (Rachel o olhou em pânico). O que foi?!
Rachel – Será que a gente veio pra cá e…
Taylor – Não, Rae, estávamos muito doidões, não deve ter rolado nada, algo assim a gente lembraria. (Levantou, indo até o guarda-roupa pegar peças limpas). Provavelmente apagamos aí e pronto.
Ele olhou para o lixeiro e viu a camisinha usada. Ficou mudo.
Rachel – Taylor, o que foi?!
Rachel enrolou-se no lençol e chegou perto de Taylor, que olhava fixamente para o lixeiro. Ao ver o que ele observava, Rachel prendeu a respiração. “Essa não”.
Bethany preparava o café dos filhos com o que havia pedido de serviço de quarto. Ela lia e-mails no celular quando recebeu uma ligação. 
Ronald – Até que enfim. (Bethany deu uma risadinha do outro lado da linha) Bom dia pra você. Como vai?
Bethany – Desculpa não ter ligado, mas meus filhos estão comigo esse fim de semana.
Ronald – O fim de semana todo?
Bethany – Vim passar esses dias em Melbourne pra vê-los, Ronald. Se começar, eu vou ter que encerrar por aqui.
Ronald – Bem, eu, ahn… Eu recebi o seu e-mail, sobre o investigador particular.
Bethany, fechando a mamadeira – E aí, conseguiu alguma coisa?
Ronald – Enviei os contatos que tenho.
Bethany– Ótimo, muito obrigado, Ronald. E não seja assim, quando eu voltar você passa a noite comigo. 
Noah acordou e caminhou sonolento até o banheiro.
Bethany – Falamos depois, Ronald. preciso ir. (Desligou o celular e dirigiu-se a Noah) Bom dia, amor. Adivinha o que vamos fazer hoje?
Noah, urinando com voz de sono – Espera, mãe… Ainda tô acordando.
Bethany, preparando os pratos – Hoje nós vamos ao parque e depois vamos lanchar. A melhor parte é que vai ser com o Brad e o Kyle e a tia Nikki.
Noah, vindo animado – Aí sim é um bom dia! O papai vai com a gente? Ele adora dias de parque.
Bethany – Não dessa vez, filho, mas prometo que faremos o que você quiser. Ah! Você viu que sua irmã já está andando? Daqui a pouco ela começa a correr atrás de você.
Noah – Ah, tudo bem. Tem como ligar e pedir pro Brad e o Kyle levaram o helicóptero de controle remoto?
Bethany – Ok, eu mando uma mensagem pra sua tia. (Pegou Becky no colo) Agora, come come come.
Na república, Zac, Mitch e Derek tomavam café enquanto a equipe de limpeza terminava de recolher o lixo no quintal. Mitch e Derek conversavam ainda sobre a noite passada e Zac tomava seu café forte, calado, lendo alguma coisa no telefone. Tomou três goles seguidos e piscou demorado, então notou uma mensagem curiosa. Abriu o vídeo e deixou carregando. A refeição fora interrompida por Taylor atordoado e Rachel enrolada no cobertor.
Mitch – Bom dia, vocês dois.
Zac, ainda com os olhos no celular – Taylor, você nem tem esse corpão pra andar sempre pelado, tenha modos, cara.
Taylor, ignorando o irmão – Galera, eu e a Rae temos uma… Pergunta pra vocês.
Rachel – Não lembramos muita coisa de ontem e…
Taylor – De quase nada, na verdade.
Rachel – Acordamos e…
Zac – Falem logo!
Taylor, coçando a cabeça – Vocês ouviram alguma coisa, assim, mais… Vocês ouviram barulhos?
Derek, obviamente achando aquilo divertido – Que tipo de barulhos?
Taylor – Sabe, tipo, ahn…
Rachel, ficando muito, muito corada – Não sabemos se transamos ou não! Pronto! Alguém ouviu alguma coisa?! Gemidos? Cama batendo?
Mitch, contendo o riso – Olha, Rachel, depois que o John nocauteou o Taylor e vocês foram pro quarto, a única pessoa que subiu lá foi a Jay. 
Derek, comendo um pedaço de torrada – É, nós não ouvimos nada. 
Rachel – E cadê a Jay?
Derek – Ela já foi pra casa, pediu pra te avisar.
Taylor, desconfortável – Mas é que… Tem um preservativo usado e…
Zac – Você não lembra? Melanie e Christie… Não?
Taylor ponderou um momento e em seguida bateu na testa. “AAAAHH!”
Rachel – Melanie e Christie, huh?
Zac, levantando a xícara e olhando Taylor – Papai tem fogo.
Taylor sibilou – Zac.
Zac – Só dizendo.
Zac abriu o vídeo e depois do play, quase engasgou com o café quente.
Derek – Que foi, bro?
Zac caiu na risada e todo mundo ficou com cara de interrogação. Depois dos 11 segundos de vídeo, virou o telefone na mesa para que todos vissem também. Não só fizeram um vídeo de Taylor na hora em que ele pulou do telhado para a cama elástica, como também gravaram o momento em que ele rebolava seminu com as garotas no palco. Derek, Mitch e Zac continuaram rindo, mas a garganta de Taylor ficou seca e tudo o que ele conseguia pensar foi: “mas o que diabos aconteceu ontem?! Eu tô na internet!”
Taylor – Vo-você recebeu isso agora?
Zac, pegando o celular de volta – Nesse instante, um colega de turma me mandou.
Rachel, interrompendo o assunto – Taylor, depois a gente conversa, eu preciso mesmo ir andando.
Taylor – Rae, você não quer comer alguma coisa?
Rachel – Não, tudo bem, eu só preciso… (suspirou). Eu te mando uma mensagem depois. (Pegou um biscoito da mesa e subiu depressa para se vestir).
Derek, checando o celular – Hum, tá todo mundo falando desse vídeo nos grupos. Aliás, tá todo mundo falando da festa.
Taylor, com as mãos no rosto – Meu Deus, mas que bosta é essa…
Derek – Tá bom, do que você se lembra?
Taylor – Lembro de ter levado porrada, lembro vagamente dessas duas garotas aí, lembro da Rachel dançando, da Mitch fumando muito… Tudo é meio que um borrão.
Mitch, de boca cheia – Você viveu demais, amigo. Acho que quase ninguém mandou ver como você ontem.
Taylor – Eu não costumo fazer isso, eu nem sou de ficar bêbado.
Zac – Por isso que foi tão maneiro. Pra mim, no caso, te assistir passando vergonha. Foi ótimo.
Taylor ficou encarando Zac sem acreditar na provocação. Pegou a bolsa de gelo na geladeira e pôs no queixo, que ainda estava dolorido.
Taylor – Por que que o namorado da Rachel me bateu mesmo?
Zac – Porra, porque o cara é um zé ruela, quer chegar na mão com todo mundo. Mandei logo um gancho na cara dele, mas o fdp é bom de soco também. Um troca-troca ali e todo mundo ia se machucar. 
Mitch, pondo mais café na xícara – Zac, sua boca está machucada, põe um gelo nisso aí também. (Virou para Taylor) Ele fez a maior cena com a Rachel, vocês brigaram, deu polícia, enfim.
Rachel, voltando à cozinha – Pessoal, obrigada, a festa foi ótima, me diverti muito até, bom, vocês sabem. Desculpem aí qualquer coisa, pela cena que o John aprontou, principalmente… Eu vou indo.
Taylor – Peraí, eu te levo.
Rachel – Melhor não, Taylor. Até logo, galera.
Rachel saiu apressada e apalpou os bolsos da calça úmida, procurando as chaves. Caminhou a passos largos até sua casa, repassando tudo o que lembrava. As imagens ainda eram turvas. Lembrava-se da música, das pessoas dançando, de Taylor pulando do telhado, da mangueira de cerveja que compartilhou com ele e dos gritos divertidos, das risadas. Depois, lembrou de John e de como ele apertara seu braço, que agora estava com um leve hematoma dos dedos dele. Lembrou da briga ridícula e dos policiais. Lembrava de tudo, menos de  como tinha dormido e se tinha dormido “com” Taylor afinal de contas.
Taylor – Pelo menos esse vídeo tá só entre você e seus amigos, né.
Zac, batendo no ombro dele – É, relaxa, bro, daqui a pouco ninguém lembra. Quem nunca foi um meme, não é mesmo?
Mitch – Ovos e bacon, Taylor?
Taylor – Por favor, Mitch. Preciso de toda comida possível, o dia vai ser longo.
Abrindo a porta com estrondo e interrompendo a leitura de Jay, que estava deitada no sofá depois de um bom banho, Rachel puxou o ar com força, tentando normalizar a respiração, pois praticamente correu até em casa.
Jay – O que…
Rachel, fungando – Eu transei com o Taylor ontem?
Jay, sentando e fechando o livro – Hã? Como assim?
Rachel, falando rápido – Jay, eu tive uma briga com meu namorado e amanheci abraçada com o meu amigo, que tava em “ponto de bala”, se é que me entende. Depois, eu vejo uma camisinha usada no lixeiro e só consigo pensar…
Jay – Calma, Rae, eu…
Rachel, andando de um lado para o outro – Eu não posso ter transado com o Taylor! Isso estragaria tudo!
Jay, jogando uma almofada na amiga – RACHEL! Me ouve, você não transou com ele.
Rachel, tirando o cabelo do rosto – Não?
Jay, voltando a abrir o livro – Só se vocês tivessem uma reserva de energia proporcional a uma hidrelétrica, porque quando eu subi no quarto, você estavam totalmente apagados Você tava roncando! Eu tirei as roupas pra que vocês dormissem melhor.
Rachel continuou de boca aberta, passou as mãos nos cabelos e suspirou aliviada.
Rachel – Menos mal. (pausa). Mas olha, eu tenho que te dizer, foi a melhor festa que eu fui em eras. Tava precisando MESMO. Exceto do final, o final é totalmente dispensável.
Jay – Escroto.
Rachel – Quanta vergonha.
Jay – Você vai terminar com ele, né? Depois de ontem não tem como, Rae. Papo de gota d’água, irmã.
Rachel – Vou falar com ele pessoalmente. Por telefone, ele foge.
Jay – Rae, aquele cara é tóxico, péssimo. Sério. Por causa dele, eu tive que defender o Zachary, sabe??
Rachel – Eu nunca o vi daquela forma.
Jay – Que bom, né? Porque se aquela foi a reação porque você foi a uma festa com sua colega de casa no mesmo bairro em que mora, garota, você tem um problema.
Rachel – Preciso de um bom banho agora. Faz alguma coisa gostosa e gordurosa pra eu comer, pooor favoor?
O jato de água fria cobria o rosto de Rachel, colando os fios de cabelo à sua pele. “O que foi que eu fiz? O que é que tá acontecendo?”. Passando o sabonete nos braços e no tronco, lembrou do abraço quente de Taylor e do quão confortável era estar com ele, bêbados ou não. “Eu não quero mais problema pra mim.” Os gritos de John na frente de todo mundo, as cenas de ciúme repetidas, ele a tratando como um objeto sem vontade. “Tenho que resolver isso de uma vez por todas. Chega.”
No escritório que tinha em casa, Isaac digitava no laptop sobre uma mesa de madeira escura. Com um lápis preso entre os lábios, ele estava tão concentrado que não percebeu quando Nicole entrou no recinto e ocupou a cadeira à frente da mesa.
Nicole – Querido, eu vou passar a tarde fora hoje com as crianças.
Isaac, sem tirar os olhos da tela – O quê, querida?
Nicole – Vou ao parque com Bethany e as crianças.
Isaac, ainda sem tirar os olhos da tela – Ótimo, diga que mandei um beijo pra ela. Como vão as coisas em Tampa?
Nicole – Ela parece bem, satisfeita, após o término do contrato ela deve voltar pra cá, alugar um apartamento, dividir a guarda com o Taylor. Deve ser uma trabalheira isso de remanejar toda uma agenda com duas crianças, né?
Isaac, olhando para ela rapidamente – Eu não saberia, querida, nossa rotina é tão sólida e agradável. Digo, você é excelente em manter a logística da casa em ordem. Eu estaria perdido sem você.
Nicole, falando para dentro – Perdido sem mim, pois é…
Isaac – O que foi, querida?
Nicole – Nada, tudo perfeito. Então, vou indo, vou começar a arrumar as crianças. Devemos almoçar fora também. O que você vai fazer, quais seus planos?
Isaac mexendo na cadeira – Não sei, amor, vou ficar em casa, descansar, ver um filme, talvez. A semana foi tão corrida e cheia que tudo o que eu quero é aproveitar um pouco de paz. Amanhã começa tudo de novo.
Nicole – Começa tudo de novo… (Levantou-se) Nos falamos mais tarde, então, querido. Tem comida na geladeira, ou você pode pedir alguma coisa. Estou saindo na Mercedes, o Volvo está empoeirado.
Isaac, a olhando sério – Querida, você está bem? Estou te achando meio… Não sei, um pouco estranha.
Nicole, com um sorriso – Está tudo perfeito, Ike, meu amor. Alguma razão pra não estar?
Isaac sorriu e mexeu os ombros, ela deu a volta na mesa e o beijou na boca rapidamente. Saiu do escritório e foi separar a roupa dos filhos para saírem dali a pouco. “Está tudo perfeito, meu amor, tudo absolutamente perfeito.”
O quarto de Jay era um caos: roupas e tênis espalhados no chão, bola e raquete de tênis sobre a poltrona e uma cama que raramente estava feita. Jay dizia que só tinha tempo para ser brilhante, que tarefas domésticas eram secundárias, afinal, ela podia arrumar o quarto uma vez por semana mas precisava ser genial todos os dias. Dali um pouco ela defenderia a dissertação de mestrado e estava à procura de ser efetivada numa das grandes empresas de T.I na cidade.
Jay recebeu uma mensagem no celular e abriu uma risada vendo Taylor dançando desengonçado sobre o telhado da casa, logo antes de pular na cama elástica. Ela enviou-lhe uma mensagem: “Go, daddy! É disso que eu estou falando!” em anexo com o screenshot do vídeo.
Taylor, junto com Derek, jogava os últimos sacos pretos na lixeira da calçada. Guardou o celular de volta no bolso depois de receber a mensagem de Jay.
Taylor – Bullying virtual, só me faltava essa.
Derek, tampando a lixeira – Taylor, não se preocupe, todo mundo vira meme um dia. Amanhã ninguém lembra.
Taylor, esfregando a testa – Ah! Acho que suei todo o álcool de ontem. (O celular tocou enquanto ele voltava para dentro da casa) Licença, D. Alô?
Voz feminina e anasalada – Alô, eu falo com Taylor Hanson?
Taylor – Sim, pois não?
Voz feminina – Soubemos que o senhor faz… apresentações (risadinha abafada) em festas.
Taylor – Eu faço sim. É um aniversário, casamento…?
Voz feminina – É uma despedida de solteira. Minha amiga vai se casar pela terceira vez e decidimos dar um presentinho pra ela.
Taylor – Isso é… Isso é ótimo. Mas seria hoje?
Voz feminina – Nós pagaremos U$700 por 1 hora de espetáculo, o que acha? Toques permitidos? De leve?
Taylor – É perfeito, mas toques?
Voz feminina – Ótimo, vou lhe enviar o endereço por mensagem, é amanhã às 19h.
Taylor – Tudo bem, mas a senhora não quer sugerir o repertório ou posso ir com o que tenho pronto?
Voz feminina – Oh, não, querido, eu confio em você. (Outra risadinha)
Taylor – Ok, até logo. (Desligou) Estranho…
Taylor entrou em casa e elogiou o trabalho da equipe de limpeza, foi como se a festa nunca tivesse acontecido. Os freezers e o equipamento de som foram devolvidos e o palco desmontado. A república estava como sempre esteve, Mitch deitada no quintal, Derek dentro do quarto e Zac no sofá vendo jogo de basquete na TV, com as notas e moedas do baldinho espalhadas na mesa de centro.
Zac – Como prometido, tá aqui.
Taylor – Tá falando sério?
Zac, de olhos fixos na TV – Eu não disse lá no microfone que era pra ti? Ah, esquece, você tava balado. Mas a grana é sua.
Taylor, sentou ao lado de Zac – Tem muito dinheiro aqui.
Zac – U$1.732, e mais uns quatro dólares em moedas, você quer?
Taylor – Você não prefere usar esse dinheiro pra outra coisa? A festa foi ideia de vocês.
Zac – Cala a boca, Cabeça, não foi uma “ideia”, a Festa da Porta é um ritual. (Olhou novamente para a televisão) ISSO É FALTA, JUIZ!
Taylor – Então, pega aqui, essa é minha parte no aluguel. Ainda vai sobrar, vou comprar umas coisas pra Becky, já tenho que começar a ver creche pra ela, assim os dois ficam o dia fora e posso trabalhar. Ah! Preciso trocar o óleo do carro também. 
Zac, se espalhando no sofá – Melanie e Christie trocaram seu óleo que foi uma beleza ontem, hein.
Taylor, juntando as notas e guardando no bolso – Eu nunca tinha feito um ménage antes, irmão. Eu lembro pouco, mas o que eu lembro, nossa! Eram tantos peitos… 
Zac, fazendo voz de choro – A gente fica tão emocionado que começa a chorar. Pela pica.
Os dois começaram a rir e Taylor comeu uns amendoins da tigela de Zac.
Taylor, olhando para o jogo –Ah, te contar uma coisa, me chamaram pra tocar numa despedida de solteiro amanhã.
Zac – Monte de marmanjo bêbado, boa sorte.
Taylor – É de uma mulher, as amigas estão organizando pra ela.
Zac, sorriu e bateu no ombro de Taylor – Me leva!
Taylor, esfregando o ombro – Tá doido?
Zac – Sério, bro, me leva, despedida de solteira é tipo uma loja de doces só que melhor! (Bateu uma palma) Um monte de mulher bêbada querendo enlouquecer por uma noite, as primas, as amigas, a irmãs, as mães, imagina o barato! Qual a faixa etária?
Taylor – Zac, eu já extrapolei minha cota de diversão universitária, muito obrigado. Eu vou tocar algumas músicas, comer alguma coisa e volto pra casa. Já basta ter um vídeo meu quase pelado rodando por aí.
Zac – Arram, arram, beleza, mas me leva?
Taylor – Tá boooom, você me ajuda com o equipamento e qualquer coisa você é o técnico de som.
Zac sorriu e voltou a atenção para o jogo, gritando alguma reclamação que fez Taylor coçar o ouvido.
[Música de fundo: Last Time – Trey Songz – 00:10 – 01:54] 
A noite caiu, sem nenhuma estrela no céu e uma lua minguante era tudo o que podia se ver. No vagão do trem, Rachel sentia um nó indescritível na garganta e as pontas dos dedos geladas, tamanha era a ansiedade. 
Olhando pela janela, vendo as luzes da cidade passarem rápido, lembrou da primeira vez que conversou com John. Ele estava com a inseparável jaqueta de couro do time da faculdade, pediu pra um colega em comum apresentá-los. Depois de um beijo no rosto e um oi, Rachel percebeu que ele estava meio chapado, perguntando se ela já tinha visto alguém pôr o punho inteiro na boca. “Como ele era bobo e me fazia rir.”
Pouco antes de chegar no apartamento em que John morava com um amigo, ela olhou algumas fotos dele que tinha no celular, e deu zoom numa que gostava em especial. Ele estava rindo de olhos fechados, com a cabeça um pouco inclinada para trás, enquanto Rachel o abraçava pelo pescoço. Dela, só apareciam o braço e um pedaço do cabelo. A foto foi tirada no aniversário de 1 ano de namoro, quando eles estavam saindo de um show do Avicii, presente de Rachel para ele. “Como eu queria ter parado naquele momento, quando tudo era menos… Difícil.” Os pensamentos saudosos foram interrompidos pelas memórias da noite anterior e das inúmeras vezes em que John a agrediu com palavras ou atitudes.
Dentro do elevador, Rachel fechou o casaco e deixou os cabelos soltos. Respirou fundo a caminho da porta e tocou a campainha. John a recebeu muito sério, com uma latinha de refrigerante diet na mão, vestido numa regata preta e num calção folgado, que ia até os joelhos. Foi impossível não reparar o nariz inchado com um curativo. Rachel sentou numa poltrona e John no sofá, de frente para ela.
A princípio, ninguém falou nada, Rachel cruzava e descruzava as pernas e John amassou a lata vazia.
John, abrindo os braços no encosto do sofá – Eu acho que você me deve desculpas. (Rachel abriu a boca, incrédula). Nem vem. Você sabe que eu não queria que você fosse pra aquela festa.
Rachel – Eu tô chocada com você! Você me arrasta, faz aquela cena toda na frente das pessoas E EU que te devo desculpas? Tá. Você enlouqueceu totalmente.
John – Quando me ligaram e disseram que você não parava quieta, não parava de dançar, de beber, eu… 
Rachel, alterando a voz – Eu estava numa festa, John! É isso que se faz em festas, você saberia se me acompanhasse em alguma! Eu estava feliz e foi isso que te incomodou?
John, gritando – Você tava feliz sem mim? Sem seu namorado? Feliz se esfregando naquele filho da puta lá. Meus parabéns!
Rachel – Você não vai fazer isso parecer minha culpa, você não vai distorcer a situação agora! (Ela respirou fundo) O Taylor é meu amigo, por que você nunca se deu ao trabalho de se aproximar de ninguém que eu gosto? Qual é o seu problema?
John, passando a mão no rosto – Rachel, se você não vê problema em ir sozinha a uma festa daquelas…
Rachel – O que é engraçado, John (cruzou as pernas irritada), é que você sai sozinho direto. Tem confusão quando isso acontece? Oh, não, é perfeitamente ok você ir sozinho pra onde quiser, quando quiser. Eu nem fico sabendo e quando fico sabendo é bem depois. Sua desculpa é sempre que tem treino, “os caras do time” isso, “o treinador” aquilo. Corta essa, John.
John – Rachel, isso não tem nad…
Rachel enxugou os olhos marejados -  Olha, eu tô cansada, eu não saí da minha casa pra vir aqui continuar discutindo isso. Eu vim pra te comunicar, só isso. E quis fazer isso pessoalmente.
[Música de fundo: Last Time – Trey Songz – 03:12 – …]
John suspirou e levantou, andou um pouco pela sala e se encostou na parede. Ficou batendo os pulsos de leve contra as coxas, encarando o teto. Por um tempo, ninguém disse nada.
John, com a voz embargada – Rachel, é… Sei lá, o que você quer de mim? Me desculpa! Eu vou mudar essas atitudes que você não gosta, eu posso melhorar. Me desculpa, não termina comigo.
Rachel – Não, John, não dá mais, eu preciso ficar sozinha agora. Você vai embora pra jogar, não é isso que você queria? Eu te apoiei desde o primeiro dia, sempre te dei força pra continuar seus estudos, pra ir atrás do seu sonho. (Assoou o nariz) E eu acho ótimo, de verdade, eu acho ótimo que você esteja conseguindo. Mas se apenas namorando nós temos esses problemas, imagina se a gente casasse. Não, bobagem minha ter sonhado com isso.
John – Rae, eu não quero casar agora, mas eu quero casar com você! E as coisas podem sim ser melhores, eu vou mudar, por favor, me dá mais uma chance. Dá mais uma chance pra nós.
Rachel fungou novamente, dessa vez cessando o choro. John passou as mãos no rosto e caminhou em direção a ela. Tentou abraçá-la.
Rachel – Não.
John – Rae, eu te amo. Você sabe disso, né? Eu te amo.
Rachel, se soltando – Ah, com certeza, ama sim. (Abriu a porta) Eu não aceito mais a forma que você me trata, John. Pra mim, chega.
A porta se fechou com estrondo, mas o perfume de Rachel permaneceu ali. Um súbito vento entrou pela janela entreaberta da sala e ele ficou quieto por um minuto inteiro. Sentou no sofá com o rosto entre as mãos, tentando respirar calmamente. Pela primeira vez em muito tempo, John tinha perdido.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 17 - A Festa da Porta Vermelha (Parte 2)
Tumblr media
[Música de fundo: A Little Party Never Killed Nobody – Fergie – 00:00 – ….]
Rachel e Jay continuaram a incursão entre as pessoas à procura de alguma bebida que não saísse de uma mangueira. Com as garrafas em mãos, brindaram e começaram a dançar, logo encontrando conhecidas da faculdade por ali. Rachel dançava animada e Jay entrou no clima, mapeando ao redor com o olhar.
Derek, gritando no ouvido de Zac, apontando para Jay – Olha quem tá ali.
Zac – É, eu vi.
Derek – Não vai lá dizer oi?
Zac, bebendo no gargalo – Pra quê?
Zac avistou uma garota com quem trocava mensagens há alguns dias e foi até ela. A cumprimentou com um abraço e conversaram um pouco. Estavam dançando grudados, com as mãos de Zac apertando seus quadris enquanto ela envolvia o pescoço dele durante um explícito beijo. Zac sussurrou alguma coisa ao seu ouvido e os dois entraram na casa.
Mitch continuava sentada nos puffs com os mesmos colegas, rindo com o olhar lerdo. Zac passou pela cozinha e destrancou seu quarto, mas antes teve de expulsar um casal que se agarrava encostado na porta. Sabia que as coisas deviam ser feitas depressa, pois não era com aquela garota que queria passar o resto da noite.
[22:00]
Rachel, que estava de jeans, regata de algodão preta e uma jaqueta justa de couro marrom, dançava de olhos fechados, bebendo a quarta garrafa de cerveja que encontrara. Jay foi convidada por um rapaz para dançar e Derek esfregava o nariz, estava eletrizado depois de três carreiras seguidas. E nisso a galera ia ficando cada mais louca.
No andar de cima, Taylor, Christie e Melanie ainda “brincavam”. Taylor nunca estivera numa situação daquela antes e não podia negar que, apesar da timidez, estava adorando. Sentado na cama entre as duas, ele apoiava o corpo sobre os cotovelos.
Melanie – Então é aqui que você dorme com seus filhos? (Taylor fez que ‘sim’ com a cabeça).
Christie – Sabe, eu nunca peguei um papai.
Melanie –Nem eu.
Taylor, engolindo seco – Eu nunca fiquei com duas mulheres ao mesmo tempo, então… Acho que temos algo em comum.
Melanie – Tá nervoso, gato?
Taylor – Hê, um pouco.
Christie, estendendo o seu copo – Toma isso aqui, vai te deixar mais soltinho.
[Música de fundo: A Little Party Never Killed Nobody – Fergie – 02:20 – 03:00]
As garotas riram entre si e Melanie tirou a camisa de Taylor, descobrindo seu peito e a barriga levemente protuberante. Christie ajoelhou e abriu seu zíper, enquanto Taylor apertava os seios de Melanie, que gemia baixinho. O vidro tremia com a vibração da música que vinha lá de fora. Taylor ofegou ao sentir seu pênis duro ser engolido pela boca úmida de Christie. Tirou a blusa e o sutiã de Melanie, ansioso, mal acreditando que aquilo estava acontecendo com ele. Abocanhou os mamilos rijos de Melanie, que fincou os dedos nos seus cabelos loiros e suados. Depois de alguns minutos assim, Christie levantou e começou a tirar a roupa, enquanto Taylor se acomodava na cama, a observando e tirando a calça jeans. Melanie se sentou no colo de Taylor, com uma perna de cada lado, apoiando as mãos no peito dele, sentindo-o todo dentro dela. Os gemidos já não eram mais tão discretos. Taylor apertava sua bunda pequena com as duas mãos e erguia o quadril de Melanie para conseguir meter forte e devagar. Christie se masturbava olhando os dois, mordendo os lábios cobertos de gloss.
Taylor sentiu, de repente, uma energia sem igual, seu coração começou a bater muito depressa e todos os seus sentidos se aguçaram, estava tão sensível que esqueceu que usava camisinha. A excitação percorria seu corpo e ele sentiu que não podia conter sua força. Christie apoiou-se contra a cabeceira da cama e pôs o rosto de Taylor exatamente entre suas pernas. Melanie continuou a cavalgar, gritando palavrões entre os pedidos ofegantes de “Não pare, não pare!”. Taylor lhe dava tapas e gemia abafado com Christie melando seu rosto todo. O gosto e o cheiro de uma misturados ao prazer que era entrar e sair de outra fez com que Taylor explodisse num orgasmo intenso e barulhento, seguido pouco depois das duas garotas, muito escandalosas.
Cada uma deitou-se como pôde na cama, e Taylor continuou encarando o teto, ofegando, sentindo um tremor estranho nos braços e pernas e uma alegria inexplicável. Caiu na risada.
Taylor – Isso foi absolutamente… Isso foi do caralho!
Ele tirou o preservativo e jogou num lixeiro perto do guarda-roupa, vestiu a cueca box branca e pulou vezes seguidas, rindo mais ainda.
Melanie – Christie, o que tinha naquele copo?
Christie, rindo – Uma bala.
[23:30]
Rachel estava tonta, muito tonta, e já tinha amarrado a jaqueta na cintura. Suada, suas bochechas e seu colo estavam avermelhados. Os cabelos curtinhos de Jay já estavam suados também e elas precisavam mesmo dar uma respirada.
Jay, suspirando, encostando na parede – Caraaalho!
Rachel, sentando num puff – Pega água pra mim, não quero passar mal.
Jay – Vou ver se consigo. Fica aí.
Rachel – Pra onde é que eu iria? Hahaha! Você tá tão bêbada quanto euuu!
Jay, rindo – Cala a boca.
Jay levantou-se e foi à procura de água. Sentada e vendo somente as pernas das pessoas, Rachel se perguntou onde Taylor estaria que não o viu a noite toda. Esfregou os olhos e segurou os cabelos num coque, soprando os braços e sacudindo a blusa. Viu duas garotas descerem as escadas, mas não deu muita atenção. Jay estava enchendo um copo d’água na cozinha, apertada entre um monte de gente, quando Zac saiu do quarto abotoando o jeans, seguido pela garota. Jay virou os olhos e empurrou de leve um sujeito apoiado na porta da geladeira.
Zac – Ora, ora, ora.
Jay, guardando a jarra na geladeira – Você me achou.
Zac, encostando na geladeira – Não tava te procurando.
Jay não respondeu e voltou para a sala.
Zac, a seguindo – Pensei que tu ia beber pra vomitar nos meus pés, mas com água fica meio difícil. Quer um chazinho também?
Jay entregou o copo para Rachel que, ao ver Zac logo atrás, abriu um imenso sorriso.
Rachel, estendendo a mão – Zaaachary!
Zac, rindo e apertando a mão dela – Ei, Rachel! Tá curtindo?
Rachel – Isso aqui tá demais! Eu devia ter vindo ano passado!
Jay, entre dentes – Rae, nós não gostamos dele, lembra?
Rachel, arrotando – Zac, minha amiga não gosta de você.
Zac, olhando Jay e agachando – É, eu já saquei, e a recíproca é verdadeira.
Rachel – Só que ela te acha g… (Jay tapou a boca de Rachel com a mão). Grosso.
Zac, a olhando de canto – Você não é das mais educadas não, tá sabendo?
Jay – O que posso fazer? Eu sou britânica mas nunca fui aceita no clube do chá das cinco.
Rachel – Eu acho que vocês deveriam dançar porque… (levantou) é o que eu estou indo fazer.
Derek, correndo em direção a eles – Zac! Zac, caramba!
Zac – Que foi, D? Respira, homem!
Derek, preocupado – Vem aqui fora agora, é o Taylor!
Rachel, indo animada para o lado externo da casa – Ah, o Taylor chegou?
[Música de fundo: You Make Me – Avicii – 00:10 – 02:00]
Os quatro correram para os fundos, juntando-se à multidão que olhava para o telhado. Zac procurava o irmão, mas Derek apontou para cima e ele sentiu uma dor de barriga ao perceber o que todos olhavam.
Taylor, visivelmente ébrio e vestindo apenas uma cueca boxer branca, estava no telhado da casa com uma garrafa d’água que logo despejou sobre o cabelo.
Zac – Cacete! Como ele subiu lá?! TAYLOR, DESCE DAÍ, PORRA! Ele vai cair, Derek, eu tenho que subir. Derek, porra, para de rir!
Derek – Não dá, cara! Hahaha!
Zac, gritando com as mãos em volta da boca – DESCE DAÍ, DESGRAÇADO, TU TEM DOIS FILHOS PRA CRIAR!!!
Mitch, se aproximando de Derek – O que diabos ele está fazendo ali?
Jay – Oh, não, ele não vai fazer isso…
Minutos antes, ao lado do pequeno palco, instalaram uma cama elástica. Taylor ria mais do que qualquer um ali. Gritou para o DJ aumentar o som e largou a garrafa vazia, dançando desajeitado e levando a mini multidão foi à loucura, agitando as mãos no ar.
[Música de fundo: You Make Me – Avicii – 02:00 – 02:33]
Rachel, acenando e tropeçando – TAAAYLORRR!!!
Taylor, cambaleando lá em cima – RACHEL!!! VOCÊ VEIO!!!
Multidão – Pula! Pula! Pula!
Zac – Não pula!!!
Multidão – Pula! Pula! Pula!
Taylor olhou a multidão e os rostos conhecidos de Rachel, Zac, Mitch e gritou: “BONZAAAAAI!” se atirando a uma altura de quase nove metros, quicando na cama elástica e indo parar de cara no chão, no gramado molhado.
O DJ parou a música e Zac correu para ajudá-lo a levantar. Taylor, meio tonto, se pôs de pé, ergueu os braços e gritou “Yeaaaah!”, seguido do play do DJ e da multidão que pulava frenética.
Zac – Puta que pariu!
Taylor – Eu tô muito loooouco!
Zac, vendo se o irmão não tinha quebrado nada – O que diabo foi que tu tomou, caralho?
Taylor, falando muito depressa, com os olhos esbugalhados – Eu tô muito feliiiiz! Sério, acho que só quando meus filhos nasceram eu fiquei feliz assim! Que felicidade, que noite lindaaa!
Derek, batendo no ombro de Zac – Isso é bala, meu amigo.
Rachel, chamando com a mão – Taylor, a mangueira!!!
Rachel pegou uma ponta da mangueira e entregou a outra para Taylor, todo suado, com a cueca quase transparente por causa do corpo molhado. Os dois fecharam os olhos e apostaram quem bebia mais. Jay deu risada e deixou a amiga se divertir, foi até um grupo de conhecidos e bebeu duas doses seguidas de tequila e deu um grito. Mitch passou por uns rapazes se empurrando e gente vomitando para chegar até Derek.
Mitch – Vamos dançar!
Derek – Mas eu…
Mitch se movia como se a música tocando fosse outra, ela sim, estava chapadíssima. Derek riu e tentou acompanhar. Repentinamente, Mitch o agarrou pela gravata e, com os rostos bem próximos, ela tragou o baseado e passou a fumaça para a boca dele. Derek piscou e Mitch segurou suas bochechas suadas e o beijou lentamente. Derek, um pouco mais baixo que Mitch, a puxou para mais perto e seus corpos ficaram colados. Zac, que voltava com uma muda de roupa para Taylor, socou o ar em comemoração.
[00:00]
A música não parava. Zac estava aos beijos com uma garota, abriu os olhos ainda abraçado a ela e viu Jay fazendo a mesma coisa com um outro cara. Ela estava de olhos fechados, com uma das mãos apalpando a bunda do garoto e a outra mexendo no cabelo dele, enquanto se beijavam e dançavam. Zac continuou observando e achou sexy o jeito com que Jay se movia, se entregava. “Pequena e magrinha, muito bonita nesse vestido preto. Hum, quem diria.”, pensou. Quando o beijo deles terminou, Zac beijou a ficante, sorriu e sumiu na multidão. Jay também se despediu do garoto e foi atrás de mais uma bebida.
[01:35]
Taylor e Rachel juntos, largando a mangueira – YEAAAHHH!
Taylor abraçou Rachel a erguendo do chão. Ele já estava vestido, graças a Zac, que o enfiou na camiseta azul e no jeans que encontrara espalhado no quarto. Os dois saíram pulando e gritando, completamente fora de si. Taylor passava as mãos no rosto suado todo o tempo, Rachel tropeçou numas garrafas e caiu, levantou gargalhando. Um grupo de cinco pessoas, dois garotos e três garotas, subiram no palco e o DJ abaixou o som. Zac pegou o microfone e procurou Derek com os olhos, mas não o encontrou e procedeu sem ele.
Zac – Vocês sabem que hora é essa, não é? (O convidados gritaram) STRIP-TIMEEEE!!! (Todos jogaram bebida pra cima e bateram palmas). E como nós, da Porta Vermelha, somos democráticos, temos aqui pra todos os gostos! (Vozes femininas e masculinas ecoaram afetadas). Pra vocês que já vieram, sabem como funciona, pra quem está aqui pela primeira vez, é o seguinte: durante a dança, quem quiser e puder doar, né, só colocar alguma quantia aqui no baldinho da caridade (os convidados bateram palmas, alguns gritaram “começa logo”). Peraí, porra, já vai começar. Então, a gente faz isso pra ajuda algum brother nosso que tá na pior e hoje, vai ser o meu irmão, Taylor ali, que tá mais duro que…
Taylor, que estava sem noção de ridículo, soltou outro berro e as garotas começaram a pedir em coro “Striptaylor! Strip-taylor! Strip-taylor!”.
Zac, rindo e abafando o microfone – Tay… Estão te chamando pro palco.
Taylor, eufórico – EU VOU!
“Uhuuuul!”
Zac, abraçando Taylor pelo ombro – Esse cara… Esse cara é meu irmão do meio, é um ótimo pai, e…
Vozes femininas – Daddy! Daddy! Daddy!
Zac, largando o microfone – Ah, foda-se, começa logo essa merda aí.
Os dois rapazes que estavam no palco, ao lado de Taylor, tinham aparências bem distintas e ambos estavam visivelmente bêbados. Um deles era moreno, de ascendência latina, o cabelo raspado e uma tatuagem cobrindo seu braço esquerdo marcavam a figura de músculos definidos e protuberantes do atleta. O outro rapaz era loiro e magro, cabelos cacheados, mas com um tanquinho para nenhuma lavadeira de roupa botar defeito. Tinha um rosto juvenil, quase angelical, olhos claros e pequenos, e coxas bem torneadas. As três garotas tinham praticamente o mesmo biótipo, cabelos compridos que variavam entre cachos e fios lisos escorridos. Um festival de seios roliços.
[Música de fundo: Bang Bang Boom – The Unknown – 00:00 – …]
Taylor e os outros garotos puxaram as garotas de um jeito muito desajeitado e no meio da ovação, dançavam e tiravam peças de roupa. Taylor tirou a camisa e ficou pulando como um coelho. Suas orelhas estavam quentes e ele sentia frio e calor ao mesmo tempo. As garotas tiravam uma peça de roupa e notas de 20, 50 e até 100 dólares eram jogadas no baldinho. Os convidados batiam com força no solado do palco, que não media mais que 1 e meio de altura. As garotas dançavam umas com as outras e os rapazes tiravam as peças mais pesadas e acariciavam os próprios músculos.
As mulheres foram à loucura quando Taylor e os outros dois desabotoaram e desceram as calças até metade das coxas (o latino estava sem cueca). Jay pôs uma nota de U$10 no cós da cueca de Taylor, Rachel gritou em comemoração. Em seguida, Jay pôs outra nota, dessa vez de U$20, no fio dental de uma das garotas e os homens ao redor gritaram e riram.
Taylor deu tapinhas na bunda das meninas e até dos garotos. Zac era só risada. Ao final da música, todos estavam só com a roupa de baixo. Taylor ameaçou ficar totalmente nu, mas Zac o puxou do palco.
Zac, vestindo a camiseta no irmão à força – Meu Deus, veste essa roupa logo, seu puto!
Taylor, olhando para cima – Zac, as luzes! As luzes, Zac!
Zac, perguntando para o nada – Alguém tem um sossega-leão aí?
Jay, rindo e cambaleando – Taylor, você tá balado!
Taylor – Hã? Não, eu não sou mais casado!
Jay – BALADO! VOCÊ TOMOU UMA BALA!
Taylor, com os olhos quase fechados – Bala, eu? De ecstasy? Nããão, eu não tomo drogas!
Zac, entregando uma garrafa de água mineral – Bebe essa água aqui.
Jay – Você é uma ótima babá de bêbados.
Zac – Fica na sua. (Taylor joga a garrafa vazia num cesto enorme de lixo).
Jay, o puxando pelo braço – Taylorrr, vamos dançar!
Taylor – Caaara, vem pra cááá, Zac!
[02:50]
Derek reapareceu com o sorriso mais tosco que alguém podia estampar no rosto. Mitch estava em outra roda, dançando com os amigos. Zac o abraçou, batendo forte nas costas dele.
Derek – Cara, você nem tá bêbado! O que houve?
Zac – Porra, é porque eu tenho que cuidar dos que estão piores que eu. E aí?
Derek – Eu te conto depois, te conto depois. Mangueeeira!
Derek e Zac empurraram as duas pessoas que ocupavam a mangueira de cerveja. Enfiaram na boca e beberam o quanto puderam. Zac até gargarejou e cuspiu em Derek que comprimiu o jato de e jorrou cerveja no rosto de Zac. Foi uma bagunça! Todos estavam se divertindo, passando mal ou se dando bem, a festa estava no seu auge quando…
John, gritando – Eu falei pra você não vir, porra!
Rachel, se sacudindo – Ei! Me solta, John!
John, cuspindo enquanto falava – Olha pra você, bêbada e se esfregando nesse frouxo aí!
Rachel – Ele é meu amigo, solta meu braço!
John – Vamos pra casa agora!
John apressou o passo, a puxando bruscamente por entre a multidão. Jay e Taylor estavam dançando muito loucos e não perceberam que Rachel fora arrastada pelo namorado. Jay abriu os olhos, procurando pela amiga, mas só viu rostos que perderam a forma, devido ao enjoo que crescia. Taylor olhou em volta também e viu uma silhueta familiar na frente da casa. Se esticou por cima das pessoas para ver melhor e Rachel estava lá. Atravessou a festa, passando pelo beco entre a casa e a garagem. Muita gente estava por ali, mas foi impossível não reparar em John apontando o dedo para Rachel.
John – Tá pensando que eu sou palhaço? Me ligaram pra dizer que a minha mulher tava se agarrando com um bêbado! Era tudo que eu precisava mesmo! Ser corno na frente de todo mundo.
Rachel – Que sua mulher? Nós terminamos. Me respeite!
John – Se dê ao respeito, porra!
Rachel – Eu vir pra uma festa, dançar e beber com gente que eu gosto não me diminui em nada e quer saber? Vai se foder, John, não quero olhar pra sua cara! (Virou as costas e John a puxou pelo ombro).
John – Não vira as costas pra mim! Tô falando com você!
Taylor entrou no meio e o empurrou, fazendo esforço para se manter ereto.
Taylor – Tá maluco, cara?
A essa altura, um aglomerado de gente veio ver o que estava acontecendo. Jay correu para dentro para procurar Zac, o encontrou com a boca cheia na cozinha.
Jay – Zac! Zac, corre aqui.
Zac – Não enche.
Jay, ofegante – Zac, é o Taylor!
Zac, engolindo comida às pressas– De novo?!
Zac atravessou a casa e foi para o gramado da frente, onde viu Taylor entre Rachel e John.
John, o empurrando no peito – Não se mete!
Rachel – Parem com isso! John, vai embora! Você nem queria vir pra essa festa, lembra?
John, a segurando pelo pulso – Você volta comigo!
Taylor, se alterando – Ela não quer ir, cara. Amanhã vocês conversam com mais…
John se sentiu insultado com aquilo, todo mundo sabia que Rachel era sua garota. Taylor nem terminou de falar e foi atingido em cheio por um soco no queixo, caindo como um pacote de cimento no chão.
John – Cuida da sua vida!
Taylor gemeu alguma coisa com o rosto na grama úmida, imóvel, o rosto inteiro doía e Rachel imediatamente ajoelhou para ajudá-lo a levantar, mas antes que John a tocasse novamente, Zac avançou sobre ele.
Zac – Filho da puta!!!
A multidão – BRIGAAAA! BRIGA! BRIGA!
Rolando no chão, ninguém se atrevia a separar aqueles dois brutamontes. Muita gente filmava e tirava fotos, Jay ajudou Rachel e Taylor a entrarem. John acertou Zac nas costelas, que grunhiu e levantou. John tirou a jaqueta e foi para cima de Zac novamente, mas dessa vez, sentiu uma dor cortante de um soco no nariz, que jorrou sangue. Logo depois, Zac teve os braços puxados para trás e John também foi pego. Ouviram a sirene do carro da polícia se aproximando. A galera se dispersou e deu no pé, deixando a festa e a confusão para trás, ninguém queria terminar a noite na delegacia. O DJ correu para o fundo da casa e desligou o som e o jogo de luz.
Policial 1, jogando a luz da lanterna direto no rosto de John – Está tudo bem aqui, rapazes?
John, muito sério – Sim, senhor.
Policial 2 – O que houve com seu nariz, filho?
Policial 1 – Isso foi briga feia, vamos levá-los.
Jay, tentando um sorriso e se aproximando dos policiais – Não! Não, por favor, senhor policial! Nós estávamos tendo uma festa, estava tudo bem, até que esse IDIOTA do nariz quebrado apareceu e agrediu o meu amigo aqui e quis levar minha amiga à força pra casa. Mas está tudo sob controle agora.
Policial 2, apontando para Zac – Ele agrediu seu amigo, esse do cabelão?
Jay – Sim. (Zac olhou para ela, confuso, mas não disse nada).
John – Isso é mentira, policial. Eu só… É minha namorada. Eu estava me defendendo e defendendo ela.
Policial 2 – E você acha que pode chegar batendo em todo mundo, valentão? E você aí, cabeludo (jogou a luz no rosto de Zac), bateu no cara por quê?
Zac, com a mão nas costelas – Ele bateu no meu irmão e ia bater na menina também.
John – Cala essa boca, não sabe nem o que você tá falando.
Policial 1 – Parou, parou. (Coçou o bigode). A situação está ou não está sob controle?
Jay – Está! Está sim, policial. Vamos recolher tudo e encerrar por aqui.
Policial 2 – E você, grandão, vai pra casa, anda. Agora.
John fuzilou Jay e Zac com o olhar e assentiu para os policiais. Entrou no carro, limpando o sangue do nariz e deu partida. Os policiais continuaram por ali dizendo que também receberam queixas de barulho. Jay estava meio zonza e se apoiou no ombro de Zac, enquanto os dois senhores voltavam para a viatura. Ele estranhou o contato físico, mas esperou o carro sair para falar alguma coisa.
Zac – Você está… me tocando. Eu não lembro de ter te dado essa liberdade.
Antes que Zac falasse mais, Jay curvou o corpo, ainda segurando no ombro dele, e vomitou no gramado. O vômito respingou nos sapatos de Zac, que fechou os olhos e contou até 10 mentalmente.
Jay, passando a mão na boca – Desculpa… Passei muito mal aqui. O que você disse mesmo?
Zac – Pelo visto você cumpre mesmo suas promessas, puta merda! (Sacudiu o pé). Anda, vai passar uma água nesse rosto que eu vou dar uma olhada no meu irmão.
Rachel limpava os olhos com raiva e pousava uma bolsa de gelo no queixo de Taylor, ambos estavam no quarto dele. Taylor gemia baixinho, com uma toalha em volta do pescoço. Derek deu-lhes dois copos grandes de leite para ajudar a cortar o efeito da droga e do álcool. Não sabia se cortava mesmo mas quis ajudar.
Taylor, tentando um sorriso – Rae, tá tudo bem, vou sobreviver.
Rachel – Aquele imbecil. Quem ele pensa que é?
Taylor - Ele é seu namorado, né?
Rachel – Quer saber, Taylor? (Andou pelo quarto, parando próxima da varanda). Nem eu sei mais. (Ele continuou calado, sentado na cama, com a bolsa de gelo no queixo). Tô tão cansada, tão tonta, tão enjoada, tão…
Rachel parou de falar, sentiu o estômago revirar e a garganta inchar, se debruçou no gradeado da varanda, vomitando uma coisa branca e amarela. O problema foi que ela não percebeu que Zac entrava na casa pela porta da frente e tudo caiu bem em cima da cabeça dele.
Zac, sibilando – Só pode ser brincadeira…
Jay caiu na gargalhada e abriu a porta vermelha para que ele entrasse e fosse direto para o banho.
Rachel – Desculpa, Zac!!! (Virou-se para Taylor) Acho melhor eu ir embora. A festa já acabou pra mim. Meu Deus, que vergonha.
Taylor – Cochila cinco minutos aqui e aí você vai.
Rachel – Tá bom, eu vou cochilar cinco minutos e aí eu vou.
Os dois deitaram na cama, lado a lado sem se tocarem, com as pernas para fora do colchão. Pouco depois, estavam apagados. Jay subiu, chutando latinhas de cerveja espalhadas na escada e ao chegar na porta do quarto, ficou com pena de acordá-los. O sono estava tão pesado que Rachel nem percebeu que Jay tirou seus sapatos e sua calça molhada de suor e bebida. Ela roncava de boca aberta. Vendo Taylor, que já estava sem camisa novamente, resolveu tirar-lhe as botas e também a calça encharcada. Sabia que naquele estado, não tinha o menor perigo de transarem, então, ficou tranquila e desceu.
Jay, chegando na sala – Eles estão dormindo.
Derek, jogado sobre um dos puffs – Nem acredito nessa noite.
Mitch, deitada em outro puff – Você quer dormir por aqui também? Tem espaço.
Jay, se acomodando no puff ao lado dela – Eu não estou exatamente em condições de chegar em casa.
Derek, acendendo um baseado – Fica por aí.
Jay, olhando ao redor – Tá bom, mas acho que o dono da casa não vai curtir muito.
Zac, chegando na sala, secando o cabelo com a toalha e de roupa trocada – Não vou te deixar ir pra casa a essa hora e nesse estado, garota, porque se tu morre é capaz de voltar pra me assombrar. (Jogou um lençol para Jay). E me passa um pouco disso aí, D.
Jay, mexendo no cabelo e apontando com a outra mão – Esse pijama, onde você achou? Em alguma loja da Boa Vontade?
Zac, soltando a fumaça – Alguém chama um táxi pra essa garota? Mudei de ideia.
Jay, pegando o baseado dele – Brincando, Zachary, brincando.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 16 - A Festa da Porta Vermelha (parte 1)
Tumblr media
A sala de reuniões da Hanson Advertisements estava cheia, clientes de Rhode Island vieram fechar uma campanha para uma rede de concessionárias. Da cabeceira, Isaac observava muito sério a última apresentação da equipe de criação ao mesmo tempo que estudava a expressão no rosto dos clientes.
Isaac levantou com um sorriso, abotoando o terno – E então, senhores? 
Homem 1 – Muito bom, Hanson. Acho que vai pegar.
Isaac – Feliz que gostou.
Homem 2 – Por que não almoçamos pra acertar uns detalhes, hã? Jogar um papo fora. Meu voo só sai daqui a quatro horas.
Isaac – Pensando nisso é que já fiz reservas. (Abriu o braço direito, indicando a porta) Por favor. Britney, as reservas estão confirmadas? 
Brittany – Sim, senhor. (Cochichou) E é Brittany.
Os clientes, dois homens de meia-idade mais velhos que Isaac, engravatados e com os rostos corados foram na frente, de táxi, Isaac fez reservas num refinado restaurante espanhol. Durante a refeição, choveu forte e muito passageiramente do lado de fora. Os três conversaram sobre os negócios da concessionária, de Rhode Island e um pouco sobre família.
Homem 1 – Quando me indicaram a sua agência, pensei que fosse enrolão como o pessoal de Los Angeles.
Homem 2 – Aqueles surfistas não sabem o que é um prazo e são mercenários.
Garçom – Com licença. Alguma bebida pós-refeição?
Isaac, olhando o cardápio – Fico lisonjeado, senhores, obrigado. Vocês preferem vinho ou conhaque?
Homem 2 – Eu não estou bebendo.
Homem 1 – Quero uma taça de branco seco.
Isaac – Eu recomendo o chileno D’Alfonso. Uma delícia. Vou acompanhá-lo, até.
Homem 1 – Entendedor de vinhos também?
Isaac – Aprendi com minha esposa, ela gosta bastante.
Homem 2 – É casado há muito tempo?
Isaac, girando a taça sutilmente– Oito anos. Tenho dois filhos, gêmeos. Brad e Kyle. Eles têm sete anos.
Homem 2 – Devem ser uns danados. Acabei de ter meu primeiro filho.
Isaac – Ah, foi mesmo? Parabéns!
Homem 1 – É, esse aqui demorou a se aquietar. Mas foi a melhor coisa que fez, era um maluco uns anos atrás, Hanson, só se metia em confusão. (Isaac sorriu).
Isaac – E você tem cara de pai babão, com perdão da piada.
Homem 1 – Com uma conversa dessa, fica difícil esconder, não é? (Riu). Sou casado há 22 anos, tenho dois filhos que estão na faculdade. (Mostrou fotos no celular) O garoto está na faculdade de Direito, em Tulane, a garota está terminando Biologia, lá em Rhode Island. Meus preciosos. Está é minha esposa.
Isaac – Sua família é muito bonita.
Homem 2 – É a única coisa que temos, rapazes, a única. Todo o resto passa, perde o valor, família não.
Após o almoço e duas taças de vinho, Isaac se despediu dos clientes que acabaram de pôr U$140.000 dólares na conta da agência. Quando Isaac conseguia fechar um contrato daquele era sempre um bom dia, mas ele não ficou tão empolgado assim. Lembrou dos dois dias seguidos que Nicole o obrigou a dormir no sofá e mesmo depois que voltou a dormir no quarto, ela não estava cheia de carinhos como antes. De volta ao escritório, pediu que a assistente encomendasse um buquê de rosas vermelhas, o maior que tivessem e que entregassem no seu endereço para Nicole. No bilhete, mais um trecho de música de James Brown.
No começo da tarde, Taylor, Becky e Noah aproveitavam o tempo ameno brincando na frente da garagem da casa, onde tinham uma área livre e fixado logo acima do portão, um aro de basquete.
Taylor – E aí, amigão, está ansioso pra escola mês que vem?
Noah, arremessando a bola – É, até que sim.
Taylor, pegando o rebote – Como ‘até que sim’? Você adora ir pra escola. 
Noah– Acho que não vão gostar muito de mim por lá…
Taylor – Por que não gostariam? Você é o garoto mais legal do mundo, sabe até enterrar.
Pegou então Noah no colo e o estendeu o máximo que pôde, até que o menino enfiasse a bola na cesta e se pendurasse no aro.
Taylor - Isso aí, Noah, camisa 10!!!
Noah, rindo – Papai, você é péssimo fazendo essas comemorações!
Taylor, apontando pro bebê que ria e batia palmas imitando o pai – Becky discorda.
Noah – Nós vamos ver a mamãe hoje?
Taylor, arremessando – Sim, e como combinamos, deixo vocês láe na segunda à noite eu vou buscá-los no hotel da sua mãe. Você gostou de passar aqueles dias com ela, da última vez?
Noah, quicando a bola – Sim, foi legal, a mamãe tá diferente…
Taylor – Como?
Noah – Ela é mais legal agora, mais carinhosa e gosta de brincar.
Taylor, arremessando novamente – É, eu também acho.
Noah, pegando a bola e batendo no chão – Por que vocês não voltam a ficar juntos?
Taylor – Filho, é… É difícil. Eu e a sua mãe já demos um grande passo ao sermos amigos. Você não está muito apressadinho? Calma, campeão. As coisas vão se ajeitar da melhor forma.
Noah, rindo, passou a bola para o pai. – Desculpe.
Taylor, indo para o extremo da calçada – Vou tentar fazer uma daqui.
Arremessou e errou.
Noah, pegando o rebote – Nossa, pai, você é ruim de pontaria, hein. (Parou) Mas eu não quero vocês brigando como antes. 
Taylor – Nem eu, filho.
O ronco de cano de descarga da moto de Zac se fez ouvir pouco antes de ele virar a esquina. Estacionou na rua mesmo e abriu a jaqueta, caminhando até os dois.
Pegou Becky no colo, que brincava sentada numa toalha posta no gramado, próxima do pai e do irmão, que jogavam basquete.
Zac, pegando a mãozinha de Becky – Vocês não jogam nada.
Taylor – Vai se catar.
Zac – Aposto que eu e a Becky acabaríamos com vocês dois. (Beijou a cabeleira loura do bebê, que tirou os óculos do rosto dele) Ah, isso não, querida, isso aqui custa muitos dólares. Então você vai deixá-los com a va… Bethany?
Taylor, franzindo o cenho – Sim, eu trabalho hoje e ainda tem a sua festa, né?
Zac – Nossa festa.
Taylor – Minha nada.
Noah, olhando pra cima – Ah, papai, por que eu não posso ficar pra festa? 
Taylor – Porque não é festa pra criança, filho.
Noah – Mas pai…
Zac, entregando Becky para Taylor – Aguenta mais uns dez anos, Noah, tio Zac vai te levar numas festas bem legais.
Noah– Mas tio, você vai ter uns 36 anos, vai estar velho.
Zac – Enquanto houver peitos, haverá Zac.
Taylor – Zac!
Zac, rindo – Desculpe.
Noah – Mas qual é a graça de peitos? Todo mundo mamou quando era bebê.
Taylor – Depois a gente tem essa conversa, tá?
Derek e Mitch trocaram poucas palavras, conversando o básico depois do encontro fracassado. Mas Derek não aguentava mais aquela situação. Ela estava, finalmente, meditando no quintal, como fazia antes nos seus dias bons. Ele largou o notebook e as coisas que estava estudando e foi até lá. Não disse nada a princípio, apenas sentou-se ao lado dela.
Mitch, abrindo os olhos – Eu não estou brava com você, espero que saiba disso. Minhas energias estavam muito negativas naquele dia e eu peço desculpas pelo jeito que reagi.
Derek, sem olhá-la – Forcei a barra.
Mitch – Um pouco.
Derek – Não dá pra gente morar na mesma casa com esse clima.
Mitch – Derek, (levantou-se) você é um cara muito legal, eu já te disse isso muitas vezes, e não é por você ser homem, eu já fiquei com homens antes, mas eu não acho que sou uma boa escolha de companhia agora. Meus mantras estão bagunçados, e…
Derek, levantando e falando incrivelmente sério – Mitch, para, tá bom? Para. Dispenso seu discurso prolixo dessa vez. (Virou-se e deu dois passos, mas parou). Eu gosto de você.
Mitch – Derek. Eu recebi o aval de transferência.
Derek – O quê?!
Mitch – Quando eu e a Nat terminamos, eu estava muito mal e… Mandei uma aplicação pra California University, eles têm um programa parecido com o nosso aqui… Eu queria ir pra longe, não estava pensando direito. 
Derek – E você vai? Como você vai embora assim, do nada?
Mitch – Não sei ainda se ou quando vou, D.
Derek olhou-a mais uma vez, e em seguida fitou os próprios pés.
Virou-se e começou a andar em direção à casa.
Noah jogava no tablet sentado na toalha com a irmã, que mordia um brinquedo de borracha, enquanto Taylor e Zac se driblavam com cotoveladas. Uma pick-up parou em frente à casa e um sujeito barrigudo desceu e gritou para os dois.
Entregador – Aqui que pediram 40 caixas de Budweiser e 40 caixas de Corona?
Zac, levantando a mão, ofegando – Sim! É aqui mesmo!
Noah – 80 caixas de cerveja, tio? Caracas, vocês vão beber 480 cervejas? 
Taylor, olhando surpreso para Noah – Filhão, leva sua irmã lá pra dentro e não fica pensando em cerveja não, tá?
Zac, seguindo para o quintal – Isso é pra começar, bro, você acha mesmo que só esse pouquinho dá pra 700 pessoas?
Taylor – Como vai caber tanta gente nessa casa? (Pegou duas caixas e seguiu Zac).
Zac – Vamos afastar os móveis, deixar a sala e aqui na frente livres, a sala é bem grande, e tem o quintal, onde tem um puxadinho que eu fiz especialmente pra guardar o sofá, mesas de centro, estantes e objetos quebráveis ou roubáveis. DEREK!
Taylor – Quanta inteligência.
Zac – Teremos dois freezers grandes e coolers espalhados pela casa, o andar de cima está restrito, o banheiro de baixo é o que fica livre e o meu quarto e o do D é onde o pessoal reveza pra, você sabe. O pequeno palco e o DJ ficam ali no fundo do quintal também. Cabe todo mundo aqui. Além do mais, não FICAM 700 pessoas, tem um rodízio de galera, tem os que ficam, vão embora, chegam mais tarde, chegam mais cedo, e tudo mais.
Taylor – E a vizinhança não reclama?
Zac – Não, porque vai estar aqui.
Taylor – Pô, no meu tempo não era assim.
O entregador ia levando quatro caixinhas empilhadas num carrinho, Zac, Taylor e Derek levavam duas de cada para agilizar. Logo depois, Taylor entrou para dar banho nos filhos e organizar suas mochilas para levá-los para Bethany. Ela ficaria o fim de semana e voltaria na terça-feira cedo.
À beira do lago perto do campus da Florida Tech., John e Rachel passeavam de mãos dadas. Pararam numa lanchonete, onde Rachel pediu um sundae e John resolveu acompanhá-la. A brisa estava fria, e o sol era coberto pelas nuvens, findando mais um dia.
Rachel – Fazia tempo que não saíamos assim.
John – Você tá gostando?
Rachel, mexendo o canudo – Arram.
John – Na verdade, Rae, eu te chamei aqui porque queria um lugar tranquilo pra falar.
Rachel – Falar o quê?
John, sorrindo – Eu recebi uma proposta. (Rachel arregalou os já grandes olhos verdes, com a atenção toda no namorado) Do Bulldogs de Houston, no Texas. É um time de segunda divisão, mas já é profissional.
Rachel, com as mãos na boca – O-o quê?! Sério?! Meu pai e meus irmãos adoram esse time! Que maravilhoso, amor! (Debruçou-se sobre a mesa e beijou John animadamente). Parabéns!
John, parecendo mais bonito agora – Eu recebi a ligação ontem, eles falaram com meu treinador.
Rachel – Mas e a faculdade? Ainda falta um semestre pra terminar.
John – Pois é, eu tenho esse semestre pra fazer ótimos jogos e tentar ter a melhor pontuação individual possível.
Rachel – Isso é fantástico! Estou mesmo feliz por você. (Acariciou o rosto sorridente dele, e depois voltou-se para o milk-shake). Nunca pensei em morar no Texas, mas eu tenho certeza que eles devem ter boas escolas lá onde eu posso ensinar literatura, não é?
John, cruzando os braços sobre a mesa e olhando ao redor – Ah. Sim… Sim, claro.
Rachel – Tudo bem?
John, forçando um sorriso – Claro, claro.
Rachel, desconfortável – Você se… Eu falei demais?
John sorriu amarelo, passando a mão no cabelo quase raspado.
John – Não! É… Vamos conversar sobre isso outra hora?
Rachel tentou disfarçar, mas aquela atitude de John foi como um soco na boca de seu estômago. O comentário foi proposital, já que a intenção de morar com o namorado era algo por ele sabida, porém, John nunca alongava o assunto. Desconversava, adiava, perguntava algo totalmente irrelevante. Rachel terminou seu milk-shake e sentiu, como nunca antes, que estava perdendo seu tempo.
Taylor estacionou o jipe na frente do hotel em que Bethany estava e segundos depois ela desceu, toda sorrisos, pegando Becky no colo e beijando Noah no rosto.
Bethany, lhe beijando a bochecha rapidamente – Tudo bem com você? 
Taylor encostando-se no carro – Tudo ótimo.
Bethany – Não vai trabalhar hoje?
Taylor – Sim, mas prometi que ajudaria o Zac nos preparativos pra festa dele. Parece que ele tem uma coisa aí pra arrecadar uma grana durante a noite, então eu não perderia nada.
Bethany – Não consigo imaginá-lo numa festa de faculdade, Taylor.
Taylor – Ah, vai ser engraçado. Por que não dá um pulo por lá?
Bethany, com desdém – Taylor, menos.
Taylor – Você tá experimentando novas coisas, não está?
Bethany, rindo – Eu já estive em festas de faculdade. Muitas, aliás. As ressacas já foram péssimas da primeira vez.
Taylor – Uma coisa é ir a uma festa dessa aos 20, outra coisa é ir aos 30. 
Bethany – Sim, verdade, todo mundo me olhando como se eu fosse uma velha.
Taylor, cruzando os braços, sorrindo – Todo mundo vai estar bêbado. 
Bethany – E o Zac? Se ele me vê por lá vai ficar de olharzinho.
Taylor – O Zac será o mais bêbado de todos. Isso, na verdade, me preocupa. Eu vou ter que cuidar dele.
Bethany, fingindo estar surpresa – Você está insistindo.
Taylor sorrindo, jocoso – E você está quase aceitando.
Bethany - Taylor, não vai rolar. Mas divirta-se! Beba bastante água. E falando em água, cuidado com umas tais “águas coloridas”. (Virou-se para entrar no hotel).
Noah - Que águas coloridas, mãe?
Bethany, entrando no hotel com os filhos - Nada, meu amor, vamos indo? Pedir serviço de quarto, dar uma volta no parque mais tarde?
Derek, Florence, Zac e mais umas três pessoas, estavam reorganizando o espaço da casa. Dali a algumas horas, o pessoal começaria a chegar e eles ainda não tinham acabado. Alguns já haviam passado lá para deixar bebida ou algo que ajudasse no som. O DJ era um conhecido de Zac, que tocava de música eletrônica a indie rock. A sala ficou sem nenhum móvel, exceto por alguns pufs e um tapete no estilo japonês. A mesa da cozinha permaneceu, onde grandes vasilhas cheias de Doritos e Chips foram postas. As cadeiras foram guardadas no fundo junto do sofá, estante e demais móveis da sala. Uma cesta cheia de preservativos e pirulitos foi posta no balcão que dividia a sala da cozinha. No alto, atravessando o cômodo, pendiam luzes pequenas e coloridas foscamente, a iluminação não era tão forte dentro de casa. O quintal largo estava livre, mas passaram uma fita policial na escada, vetando a entrada no andar de cima. Agora, era só aguardar.
[20:00, República]
Para a festa, Zac escolheu uma camiseta de malha fina azul-marinho, de gola V bem aberta que valorizava seus braços. Puxou as mangas até a metade e soltou o cabelo que já tocava os ombros. Derek estava de camisa social preta, abotoada, com uma gravata verde escura. Resolveu folgar um pouco a gravata para não parecer tão engomado. Mitch ainda não havia descido, mas Taylor estava à caminho do Dirty Albie de jeans surrado e justo, botas por baixo da calça, uma camiseta branca e uma jaqueta de couro. Os dois se analisavam no espelho do quarto de Zac. 
Derek, olhando para a própria roupa – Estamos parecendo rockstars, cara. 
Zac, apertando o nariz de Derek – Não, você parece que dança no High School Musical.
Derek, esfregando o nariz – Vai se ferrar.
O Dirty Albie nunca estivera tão vazio, além de Rachel já atrás do balcão, a clientela não somava dez pessoas. Taylor entrou e olhou ao redor, ponderou e sentou-se no bar.
Rachel – Antes que pergunte, o pessoal do bairro tá todo fazendo o esquenta pra festa daqui a pouco.
Taylor – Não sabia que dava tanta gente assim lá.
Rachel – Festa de república é a única coisa que esvazia esse bar e a da sua casa é a maior, todo ano tem algum coitado que vira meme no YouTube. Você quer beber alguma coisa?
Taylor – Só um copo d’água, por favor. (Rachel virou-se para pegar o copo). E o seu dedo?
Rachel – Já tá bom, foi superficial.
Taylor, engolindo água – Você vai?
Rachel – Sim, faz muito tempo que não vou a uma festa. Acho que por trabalhar em bar e ter sempre barulho e gente, eu acabo cansando.
Taylor – Ih, te entendo, eu sou muito caseiro. Nem na adolescência eu curtia muito isso de balada. Ficava mais em casa, ou na casa de amigos.
Rachel – Não curtia ou não era convidado? (Taylor riu).
Taylor, constrangido – Não era convidado (Rachel gargalhou), mas não é essa a questão! Eu gostava de ficar em casa, tocando piano, ensaiando. 
Rachel – Aww. Você era o garoto estranho que tocava piano todos os anos no recital de inverno?
Taylor, mexendo os ombros – Não… Sim, esse era eu. E você, deixa eu ver… Líder de torcida?
Rachel, limpando o balcão – Isso é insultante.
Taylor, rindo – Você tem muito cabelo. Líderes de torcida têm muito cabelo e namoram os gatos do time.
Rachel – Pois saiba você, garoto-do-recital-de-inverno, que eu era presidente do Clube de Literatura.
Taylor, fingindo surpresa – Nãão.
Rachel – Meu artigo sobre Shakespeare, no terceiro ano, foi o que me pôs na universidade e me concedeu uma bolsa parcial.
Taylor, rindo – Você não é absolutamente brilhante?
Rachel, fazendo uma pose – Uma estrela.
Taylor – Mas aposto que usava aparelho e um penteado esquisitão.
Rachel – Que nada. Chinelos e vestidos longos, calças bem largas, cabelos soltos. Tava mais pra integrante de banda tributo à Woodstock. 
Taylor, terminando o copo d’água – E olhe só onde você chegou. Nós vencemos na vida, Rae, definitivamente.
Albie, gritando lá do fundo – Ei, o que tu tá fazendo aqui?
Taylor – Eu vou to…
Albie – Tocar pra quem? Não vai dar ninguém aqui hoje, vai conseguir nem 20 pratas, se manda daqui.
Taylor – Você pode… (virou-se para Rachel) Ele pode fazer isso?
Rachel – Ele tem razão.
Taylor, dando um tapinha no balcão e levantando-se – Hum. Tá bom então. Te vejo mais tarde.
Rachel – Até mais.
[20:15, apartamento de John]
Pete – Você não vai?
John – Como que eu vou, cara? Detesto aquele mané que é dono da casa, e também vai estar cheio de meninas que a Rachel não pode ver.
Gary – Que besteira é essa?
John, entre os dentes, rindo – Porra, as meninas dos esquemas.
Gary – Oooooh.
Pete – Não esquenta, Trevor, nós vamos aproveitar por você.
John, bebendo um gole de cerveja – Foda-se.
[20:20, suíte de Bethany]
Bethany – Está gostando do filme, filho?
Noah – É legal, mas acho que a Becky tá gostando mais que eu.
Bethany – E o que você está fazendo?
Noah – Brincando.
Bethany – Hum, eu pedi umlanche pra… (chegou na sala e viu Noah rabiscando) Que brincadeira é essa? Aaah, palavras cruzadas.
Noah – Tô quase terminando.
Bethany, fazendo um cafuné – Você é um garotinho muito inteligente. 
Noah – Obrigada, mamãe. Você vai pra festa na casa do tio Zac?
Bethany – Não, filho, vou ficar com vocês.
Noah – Quer jogar xadrez ou damas comigo?
Bethany – Você ainda lembra como joga?
Noah – Claro, mamãe, eu pratico quase todos os dias.
[21:15, República]
Aproximadamente 100 pessoas já estavam pela casa. Alunos de Computação, Jornalismo, Filosofia, Engenharia e outros de Direito. Aliás, havia gente ali que nem Zac nem Derek tinham visto antes, mas essa era a graça da festa, sempre dava para conhecer gente nova.
Mitch estava sentada nos puffs com um pequeno grupo de pessoas, e a nuvem espessa de fumaça branca sobre eles denunciava.
Garota 1 – Você está muito melhor sem ela, Mitch. Sério.
Garota 2 – Até hoje não sei o que você viu naquela menina.
Garota 3 – Será que ela vai aparecer aqui hoje?
Garota 2 – Só se ela for muito cara de pau.
Garota 1 – Nada a ver ela chegar aqui.
Taylor, a tocando no ombro – Ei, Mitch.
Mitch, soltando fumaça e sorrindo – Oi, Taylor! Pessoal esse aqui é o Taylor, irmão do Zac.
Taylor – E aí, gente.
Garota 3 – Oi, tudo bom?
Garota 2, levantando-se – Eu não sabia que o Zac tinha um irmão tão bonito.
Taylor – Ahn, obrigado. Eu acho. Mitch, cadê o Zac? Eu o procurei em todo lugar lá fora.
Mitch – Se o Derek também sumiu, sabe-se lá.
Taylor – Vou deixar meu violão lá em cima e desço já. Isso é maconha? 
Mitch – Você quer um pouco?
Taylor – Nossa, faz anos que eu não fumo isso. Eu já volto.
[Música de fundo: We Don’t Care – Akon – 00:00 – 01:02]
Taylor passou por baixo da faixa amarela e preta que atravessava a escada e subiu até seu quarto. Deixou o violão e deu uma olhada no espelho. Ligou para Natalie, que disse estar tudo bem com as crianças. Passou uma água no rosto barbeado e desceu. A música lá fora estava alta e as vozes das pessoas estavam muito misturadas, ininteligíveis. Taylor foi até o jardim pegar algo para beber no freezer, passando por entre a pequena multidão que crescia a cada momento. Sentiu sua bunda ser apalpada umas duas vezes, mas não dava para ver quem era. Suspirou e chegou ao freezer, abriu a cerveja e tomou um longo gole.
Zac, batendo de leve nas costas de Taylor – Cabeça!
Taylor – Ei! Eu tava procurando vocês.
Derek, arrotando baixinho – Estávamos descolando uma parada.
Taylor – Sei. O Albie me dispensou, já que não ia dar ninguém por lá hoje. 
Zac – Não se estressa, bro, tu não vai ficar de mão abanando não. Mais tarde, mais tarde.
Taylor – Derek, você tá bem?
Derek – Estou, estou. Só um pouco… Tonto.
Taylor, rindo – Mas já?!
Zac – Não se preocupa com ele, o Derek ainda tem mais algumas horas antes de desmaiar.
Derek – Ei!
Zac – Ano passado tu morreu antes de 1h da manhã, porra, nem vem com essa de “ei”.
Derek – Eu misturei muita bebida.
Taylor – Entendi. Eu vou lá pra dentro conv…
Zac – Na-na-não. Vem cá, deixa eu te apresentar essas moças. Hey, ladies. (Duas garotas loiras e muito maquiadas se viraram, sorrindo). Esse é o Taylor.
As duas – Oi, Taylor.
Taylor – Oi, prazer.
Zac – Essa é a…
Loira 1 – Melanie.
Zac, passando o braço ao redor da cintura dela – Isso, Melanie, e essa…
Loira 2 – Christie.
Zac, sorrindo cinicamente – Christie. Garotas, ele é meu irmão do meio e faz muitos anos que não curte uma festa assim. Ele tem dois filhos, paizão, e as crianças vivem com ele porque a bruxa da ex-mulher largou todo mundo.
Taylor, constrangido – Zac! O que v…
Zac, batendo no peito de Taylor – E agora ele precisa se divertir. Vocês podem ajudá-lo nisso?
[Música de fundo: We Don’t Care – Akon – 02:24 – …]
As garotas se entreolharam, sorrindo, e começaram a tocar Taylor à medida que Zac se afastava sob o olhar surpreso de Derek. Christie, que era ligeiramente menor que Taylor e tinha volumosos e cacheados cabelos loiros, acariciou o rosto de Taylor e lhe beijou lentamente. Melanie, o abraçava por trás e lhe beijava o pescoço e mordiscava sua orelha. Taylor demorou uns dois ou três segundos para corresponder, mas suas mãos trêmulas logo puxaram Christie para mais perto. Da cintura de Christie, à mão esquerda de Taylor agarrou a coxa de Melanie. Ele virou o tronco para que pudesse alcançar sua boca e, ficando de costas para Christie, lhe mordiscou o lábio inferior. Os beijos seguiam lentos, quase no ritmo da música. Melanie desceu as mãos do peito de Taylor para o volume entre as pernas dele.
Ao redor, ninguém parecia notar o agarramento dos três, pois casais ou trios se beijando não era surpresa. Derek e Zac pegaram mais cerveja e saíram pela festa, rindo.
[21:58, Casa de Rachel e Jay]
Rachel, gritando ao telefone – Eu não sei qual é o seu problema, John! É só uma droga de festa!
John, gritando do outro lado da linha – Eu não quero que você vá! O que diabos vai fazer lá?!
Rachel – Me divertir, que tal isso?! (Respirou fundo) Olha só, eu te avisei dessa festa há dias. Não sei p…
John, batendo na coxa e levantando da cama – E eu não aceitei ir, porque lá não é lugar de mulher comprometida, Rachel! Vou levar minha namorada numa festa vagabunda daquela pra ficarem dando em cima de você, pra passarem a mão na sua bunda?! É isso que você quer?
Rachel, passando a mão no rosto, nervosa – Não estou pedindo sua permissão, John! Eu estou a fim de dançar e vou dançar com as minhas amigas já que meu namorado HIPÓCRITA não quer ir junto!
John, rindo – Hipócrita?! Por que que eu sou hipócrita, meu Deus?!
Rachel, quase chorando – Você fala de compromisso quando não consegue sequer me convidar pra me mudar com você! (John ficou em silêncio por alguns segundos). Onde é que isso vai levar, John?
John, fungando – Não é a hora nem o jeito de…
Rachel – Quando, hein? Quando será esse dia em que você se dará ao trabalho de discutir o nosso futuro? Eu estou cansada pra caralho de esperar por você.
John – Rachel, o que isso tem a ver com a festa?!
Rachel – E também não me aparece lá pra acabar com a minha diversão não, fica aí onde você tá. John, boa noite.
John – Rachel! Rac… (ligação cortou). Porra!
Rachel, virando-se para Jay e pegando o casaco – Vamos.
[22:20, suíte de Bethany]
Bethany terminava de cobrir Noah, que dormiria na cama com ela, quando ouviu duas batidas rápidas na porta. Estranhando, pois não esperava visitas àquela hora, surpreendeu-se ao ver Nicole pelo olho-mágico com um semblante não menos que atarantado.
Bethany, abrindo a porta – Nikki! O que foi?!
Nicole falando muito rápido – Bethany, eu preciso de um favor.
Bethany, olhando para ver se as crianças continuavam dormindo – Ok, e por que não ligou? Aconteceu alguma coisa?
Nicole – Eu precisava sair de casa. Não estava conseguindo dormir. 
Bethany – Vou pegar um copo d’água pra você.
Nicole – Você por acaso… Por acaso você conhece algum detetive particular? Um investigador. Você é criminalista, não é?
Bethany, entregando o copo – Sim, claro, por quê?
Nicole tomou metade da água do copo e fechou os olhos, respirando fundo duas vezes.
Nicole – Eu preciso que alguém siga meu marido. Acho que o Ike está me traindo.
[22:15, República]
[Música de fundo: 2gether – Far East Movement – 00:00 – …]
Vários carros e motocicletas estacionados lotavam ambos os lados da Frost Street. Pessoas sentadas (ou apagadas) no gramado frontal. Do lado de dentro, a música se ouvia abafada pelas tantas risadas e conversas simultâneas. No quintal cheio de gente, o jogo de luz piscava e as mãos de todos se agitavam no ar, seguindo a batida eletrônica da música. Zac fez um sinal para o DJ, pegou um microfone e subiu no pequeno palco e saudou os convidados, que gritaram e bateram palmas quando ele subiu. 
Zac, com um sorriso largo – Obrigado a todo mundo que veio, espero que todo mundo se divirta e saia daqui recarregado pra mais um semestre (risos coletivos). Então vocês querem música? (A multidão gritou). VOCÊS QUEREM MÚSICA, PORRAAA?
[Música de fundo: 2gether – Far East Movement – 02:15 – …]
Os convidados gritaram ainda mais alto e o DJ aumentou a música novamente, soltando a batida frenética que fez todo mundo pular ao mesmo tempo. No mar de mãos erguidas e luzes vacilantes, Zac e Jay, que acabara de chegar ao fundo da casa, trocaram um olhar que pareceu ter sido em câmera lenta - a festa, afinal, estava só começando.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 15 - Mentirinhas
Tumblr media
Taylor estava a pé, preferiu não gastar gasolina já que a casa de Rachel não ficava longe da república. Caminhou inquieto, pensando na cena que se dera há pouco. “O que a menina deve tá pensando de mim?”
Com as mãos nos bolsos, chegou pensativo à fachada da casa e lá estava Zac, sentado no batente, encostado na larga porta vermelha, com o celular na mão.
Zac – Que noite estranha, bro.
Taylor, sentando ao lado de Zac – Nem fala.
Zac, mexendo no celular – Como foi lá na Rachel? L
Taylor – Foi bom, legal. (Hesitou) Chupei o dedo dela.
Zac, fazendo uma careta – Hã?! 
Taylor – É, ela foi abrir uma lata com a faca e machucou o dedo. Cheguei lá pra ver e coloquei na boca e foi…
Zac – Nojento.
Taylor – Eu ia dizer estranho, mas dá no mesmo. E a sua maratona? Que cara é essa?
Zac – Aquela amiguinha da Rachel estava lá.
Taylor – A Jay? Ela é muito legal.
Zac – Só se for contigo, porque ô guria antipática. Tá no meu pé. Só hoje encontrei com ela duas vezes. Na primeira, ela me destratou e na segunda… Na segunda, ela levou meus quinhentos dólares.
Taylor – Ow, peraí, ela que era o tal cara?
Zac, chateado – Sim, era ela o tempo todo, só que eu só soube hoje. Qual é a dessa menina? Ela já me dispensou, mas me provoca, fica me desafiando. 
Taylor, provocando – Na verdade, ela ganhou de você. Chutou sua bunda. 
Zac – Cala a boca.
Ao virar-se pra rua, viu o carro de Derek frear bruscamente e Mitch sair de lá como quem não estava muito feliz, Derek logo atrás dela, com o semblante preocupado.
Zac - E aí, como f…
Mitch – Boa noite.
Derek – Mitch, desculpa!
Zac – O que diabos tá rolando?! 
Taylor – Ela não gostou do filme? 
Derek, sentando no extremo do batente – Acho que fiz besteira.
Taylor – Acho que ninguém acertou essa noite.
Derek, olhando para o nada – Tentei beijá-la ainda há pouco.
Zac – Ihh…
Derek – Sei lá, pensei que ela estava a fim, mas eu confundi as coisas. (Bufou) Que droga.
Taylor, apoiando a cabeça num dos joelhos – É, que droga.
Zac, jogando um pedaço de graveto – Bosta.
Os três rapazes ficaram ali em silêncio por mais algum tempo, lamentando e questionando aquela noite. Mitch subiu depressa para o quarto e sentou na cama, tirando os sapatos e o vestido devagar. “Será que não se pode ter um amigo homem de verdade nesse mundo?”. Tomou um rápido banho e, depois de vestir o pijama, deixou a porta aberta. Deitou-se e pegou o celular, pensou em ligar para Natasha, mas hesitou.
Zac, encostado na porta – Espero que você não esteja fazendo o que eu penso que está fazendo.
Mitch, pondo o celular sobre o móvel – Não estou.
Zac, sentando ao lado dela – Mitch, eu conheço você, sei que não está zangada com o Derek.
Mitch – Eu fiquei com raiva dele sim, mas passou, foi mais a situação do que o beijo. Foi só um beijinho, não significou nada. É que eu não estava esperando.
Zac – O cara é a fim de você faz tempo pra caramba, nunca percebeu? 
Mitch – Como eu ia perceber, Zac? Eu namorava!
Zac – O olhar pidão e nada discreto dele… Ok, ok, só desculpa o cara, tu sabe que ele vai encher os meus ouvidos se você ignorá-lo.
Mitch – Zac, é o Derek, eu não poderia ficar com ele, porque do jeito que eu tô…
Zac – Você ia machucá-lo. Eu sei. Você fez bem.
Mitch, rindo – Se todo mundo fosse insensível, tosco e bruto como você seria mais fácil.
Zac, empurrando-a devagarinho na testa – Obrigado. Agora vai dormir e larga esse celular.
Rachel também estava deitada, mas não conseguia dormir. Jay provavelmente só chegaria de madrugada. Pegou o celular e ligou para John, que deu caixa postal. Passava da meia-noite, ele devia estar dormindo.
John, subindo as calças – Eu preciso ir agora.
Garota, se espreguiçando na cama – Mas já? Não vai ficar pro café?
John, vestindo a camisa rapidamente – É, não dá…
Garota – Tem que dormir em casa. 
John, sorrindo – É, tipo isso. A gente se vê. Eu me diverti.
Garota – Eu também, vê se me liga. 
John fechou a porta atrás de si e caminhou pelo corredor comprido, eram vários quartos num prédio de dois andares, uma república mista no centro da cidade. John gostava de ir lá de vez em quando. Caminhou calmamente, até passar pela fresta de uma das portas e ver um rosto conhecido de relance, que o olhou de volta. Era Jay. John apressou o passo e desceu as escadas correndo, não podia ser visto por pessoa mais errada. Jay foi até a porta, desconfiada, e olhou para os dois lados do corredor.
Voz feminina – O que foi?
Jay – Nada, pensei ter visto alguém.
Voz masculina – Outra partida?
Jay – Droga, estou perdendo meus trocados todos.
John entrou no carro, sabendo que Jay não ficaria calada. “Intrometida.” Pegou o celular e viu que Rachel havia ligado mais cedo, retornou a ligação enquanto dava a ré.
John – Ei, amor, te acordei?
Rachel, com a voz baixinha – Não, nem dormi ainda. Onde você está? 
John – Mas já é tão tarde… Estou a caminho do seu bairro. Posso dormir aí?
Rachel – Vem, meu bem, por favor.
John – Chego daqui a pouco, beijo.
Desligou, aliviado, pelo seu tom de voz, Jay ainda não havia ligado para ela. Suspirou aliviado. Estacionou o carro na frente da casa térrea e bateu na porta. Rachel abriu, não pareceu empolgada ao vê-lo, mas o abraçou forte. John tirou a jaqueta do time de futebol e jogou no sofá, enquanto Rachel punha vitamina num copo para ele.
John, vendo o band-aid no dedo dela – O que houve?
Rachel – Ah, isso. Me machuquei abrindo a geleia enlatada.
John – Que pena. Já passou rémedio?
Rachel, cruzando os braços – Já, não foi fundo, só por cima.
John – Você está bem, Rae? Parece cansada.
Rachel – São mais de uma da manhã e eu não dormi ainda.
John – Ok, ok. Vamos deitar. Vou só tomar um banho rápido.
Rachel – Onde você estava?
John, limpando a boca suja de vitamina – No treino, quer dizer, o treino acabou há um tempo, fiquei lá pelo campo com os caras, batendo um papo.
Rachel, com o pensamento longe – Ah, tá.
Rachel deitou-se de lado na cama e, quando John ligou o chuveiro, continuou a ponderar se devia ou não contar que jantou com Taylor. Para ela (até o momento “vampiresco”) não tinha sido nada demais, sem flertes, sem pernas roçando, apenas conversas. John deitou ao seu lado, a abraçando inteira por trás, Rachel fechou os olhos ao sentir o corpo quente do namorado envolvê-la e afastou tudo aquilo da mente.
Isaac chegou em casa na ponta dos pés, tirou os sapatos e pôs no canto do sofá, jogou o blazer numa poltrona e pôs quatro halls na boca para disfarçar o cheiro de conhaque, estava tirando a calça quando a luz subitamente se acendeu e ele levou um susto que o fez levar um tombo. 
Isaac, esfregando a bunda – Nikki!
Nicole, de robe preto e longo – Isaac, aonde você estava? Eu cheguei em casa passava pouco das oito da noite!
Isaac – Eu recebi uma lig…
Nicole, pegando o celular de cima da mesa e jogando nele – Claro que recebeu! É sempre alguma coisa com esse maldito celular!
Isaac, de pé – Amor, era trabalho e…
Nicole, alterada – Isaac, nada relacionado a trabalho vai até uma e pouco da manhã! Eu liguei no seu celular e estava desligado. Por que não me avisou que ia sair? Eu chego em casa e vejo as babás e os filhos do Taylor, não entendi nada, elas só me disseram que você precisou sair e as chamou. Eu não merecia nem uma satisfação?!
Isaac – Uau, você tá mesmo irrit…
Nicole pôs um travesseiro e um lençol sobre o encosto do sofá.
Nicole – Você dorme aqui essa noite.
Isaac, dando um passo à frente – Mas, querida…
Nicole – Boa noite!
Isaac continuou parado, de pé, de cueca, meias e camisa, coçando a cabeça. Nicole nunca tivera esse tipo de comportamento antes e não era a primeira vez que ele chegava tarde, o que estava acontecendo? Pegou o celular, depois de deitado e coberto, e apagou todas as mensagens e registros de ligação. Mesmo com o teclado bloqueado, nunca se sabe. Nicole estava certa que algo estava errado e ela ia atrás.
Na manhã seguinte, Jay estava de pé muito cedo, como de costume e fritava ovos e bacon para Rachel – diferente dela, que tinha uma alimentação muito saudável. Ainda estava de shorts e blusa, voltara da corrida matinal há pouco e nem eram oito horas. John passou pela cozinha, em direção à sala, e Jay o provocou.
Jay, animada – Bom dia, John.
John, a olhando rapidamente – Ah, oi, Jay. Bom dia.
Jay – Não vai ficar pro café?
John – Não. Vou comer em casa.
Jay – John. (Ela apagou o fogo e foi até a sala, onde se encostou no vão da entrada, enquanto ele punha a mão na maçaneta) Onde você estava ontem à noite?
John deu de ombros – Não sei porque isso é da sua conta.
Jay, de braços cruzados – Você estava na Mad House, no centro, não estava?
John, tentando parecer despreocupado – Pff, claro que não.
Jay, com deboche – A diferença entre eu e a Rachel, John, é que eu vejo você pelo o que você realmente é.
John largou a maçaneta com raiva e se aproximou dela.
John, cochichando – Olha aqui, Jade, cuida da sua vida, tá legal? Meu relacionamento com a Rachel é coisa nossa.
Jay – Se você apontar esse dedo na minha cara de novo, vai ficar sem ele. (Ele expirou, nervoso, e virou as costas) Anda na linha, John, melhor coisa que você faz. Essa pose só cola com a Rachel.
Ambos trocaram olhares desafiadores e John saiu. Pouco depois, Rachel acordou e jogou-se na cadeira da cozinha.
Rachel, esfregando os olhos – Ovos e bacon. Você me ama.
Jay, despejando cuidadosamente no prato de Rachel – Às vezes.
Rachel - Jay, eu tô querendo beber. Assim, beber MUITO.
Jay, sentando-se – Da última vez que você quis algo do tipo…
Rachel - É, eu vomitei o gramado todo e minhas calças nunca foram encontradas.
Jay, rindo – Mas foi uma noite fantástica.
Rachel - Eu não posso beber do Dirty Albie porque, né?
Jay – Já sei.
Jay levantou-se e foi até o quarto, voltando depois com um papel amassado.
Rachel – “A Festa da Porta Vermelha, 3ª edição.”? Jay, até pra nós aquilo é um pouco demais.
Jay – Estamos precisando, Rae, o verão está no fim, daqui a poucos dias teremos aulas, trabalho, chatice e outono. Precisamos dessa festa. Você aprontou comigo no spring-break.
Rachel – Jay! Você não vai esquecer disso?
Jay – Nãããão. Você preferiu ficar com o bosta do seu namorado do que ir comigo pra Tijuana.
Rachel – Tá bom, tá bom. Mas você lembra que quem organiza essa festa é o Zac, certo? Zac Hanson, o irmão do Taylor que você detesta?
Jay, bebendo leite – Sim.
Rachel – E?
Jay – Eu prometi que vomitaria nos pés dele, sou uma mulher de palavra. (Rachel riu e cuspiu um pedaço de ovo) Ugh!
Rachel – Tá bom. Party on?
Jay, batendo na mão de Rachel – Party on, bitch!
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 14 - Convites
Tumblr media
Algumas semanas se passaram e as coisas estavam quase como sempre foram. Na república da porta vermelha, Mitch ainda estava deprimida, ficando muito no quarto e nem com Becky brincava mais. Na casa, todos respeitavam o momento dela. Até Noah, que não entendia muito da situação, tentava ajudar, lendo para ela alguns contos infantis. Mitch adorava, ficava um pouco mais em paz.
Derek estava cheirando menos, mas ainda não conseguia confessar seus sentimentos. Zac mantinha o caso com a chefe (e com algumas outras) e estava ansioso para a maratona de codificação.
Taylor, por outro lado, estava levando uma vida dupla. Desde aquele dia, havia encontrado com Bethany outras duas vezes e ambas terminaram em sexo. Mesmo quando foi deixar as crianças para passarem uns dias com ela, acabaram transando no banheiro da suíte, enquanto as crianças dormiam. O que aquilo era não estava claro, mas podia ser o começo do fim de toda aquela bagunça. Ele continuava ganhando pouco e o pouco que ganhava ajudava nas compras da casa e o resto ia para a despesa dos filhos. Bethany já havia voltado para Tampa, não comentou nada das ficadas, mas também não falou mais de divórcio. Estava ótimo para ele. Só a veria no fim do contrato agora.
Naquela tarde, Taylor levou Noah e Becky até o parquinho do bairro, para brincarem e tomarem um sorvete. Era um lugar agradável, com muito verde e sombra. Noah chegou e foi correndo para um dos balanços e Becky permaneceu no carrinho. O dia estava morno, Taylor usava bermuda jeans, tênis e uma camisa gola v, surrada. O cabelo jogado para trás e os olhos protegidos por óculos de sol wayfarer.
Havia crianças correndo e pulando nos outros brinquedos e algumas mães e babás por ali. Além dele, os únicos homens eram um casal que estava com os filhos mais ao sul do parque. Pôs Becky presa no balanço e o agitou delicadamente.
Rachel, atrás de Taylor – Mas olha quem eu encontro aqui.
Taylor, virando-se – Ei, Rachel! (Viu os quatro cachorros coleirados que ela trazia consigo). Todos seus?
Rachel, ajeitando o rabo de cavalo – Não, eu sou babá de cachorro de vez em quando.
Taylor, ainda empurrando Becky bem devagar – É, eu trouxe meus filhotes pra pegar um ar também.
Noah, saltando do balanço – Que legal!
Rachel – E você deve ser o Noah. (O menino acenou com a cabeça, sem parar de fazer carinho nos cachorros). Seu pai me falou muito de você. 
Taylor – Garotão, essa é a Rachel, uma amiga do papai. Nós trabalhamos juntos.
Noah, estendendo a mão, tímido – Muito prazer, Rachel.
Rachel, impressionada – O prazer é meu.
Noah, ficando de cócoras para olhar melhor os cachorros – Como eles chamam?
Rachel – O pastor alemão é o Knox, o bulldog é o Sherman e as poodles são Tabby e Tobby.
Noah – Eles são muito lindos! Meu pai não me deixa ter cachorro.
Taylor – Mas você sabe p…
Noah– Porque não temos nossa casa ainda, eu sei, papai.
Rachel – Às vezes, eu passeio com eles pela sua rua. Por que não vem comigo um dia desses
Noah – Jura? (Olhou pro pai) Eu posso?
Taylor – Claro, por quê não?
Noah, ficando em pé num pulo – Legal! Posso pegar esse aqui na coleira?
Taylor – Fique onde eu possa vê-lo, ok?
Noah, correndo com o poodle – Tá bom!
Taylor – E aí, como você está? A gente nunca mais conversou direito. 
Rachel – Verdade, você anda todo ocupado, e eu também não tenho tido muito tempo com essa dissertação do mestrado.
Taylor – Quando é a sua defesa?
Rachel, suspirando – Nem quero pensar nisso.
Taylor – Eu já tive vontade de fazer mestrado… Mas com as crianças, o dinheiro…
Rachel – É complicado, né?
Taylor – Pois é. Mas escolhas, né? Eu escolhi ser um pai presente, ser o melhor pra eles. Precisei abrir mão de certas coisas.
Ele pegou Becky no colo para lhe dar mamadeira de água, pôs os óculos na cabeça, e uma mecha de cabelo caiu sobre seus olhos azuis.
Rachel – Engraçado ver as mães te encarando.
Taylor – Ah, hahaha! Já acostumei com o espanto, é a mesma coisa quando vou a reuniões escolares. O número de pais solteiros pode ter aumentado, mas eles não aparecem muito, não.
Rachel – E como você tá levando? Tá tudo bem lá na república?
Taylor – Sim, sim. Meu irmão é meio maluco, mas é um cara bacana. Ele gosta dos seus peitos, por sinal. (Ambos riram). Eu quero poder juntar uma grana e procurar um canto pra mim e pras crianças logo.
Rachel, ajeitando a coleira dos cachorros – É, eu pensei em procurar um canto pra mim também. Aliás, pra mim e pro John.
Taylor – Ah, vocês estão pensando em morar juntos?
Rachel, coçando o nariz – Eu penso, né, afinal, são mais de dois anos da minha vida, se eu não pensar num futuro pra isso, só perdi meu tempo. 
Taylor – Olhando pro John, não consigo ver vocês casando. (Rachel riu) Não, com todo respeito, claro, mas é que… Nada, deixa pra lá. Não é da minha conta.
Rachel – Fala!
Taylor – Não é da minha conta.
Rachel – Agora é, fala logo.
Taylor, relutante – Ele não parece querer o mesmo que você. Posso estar sendo agourento, tendo visto o cara uma vez…
Rachel – Você não é o único que me fala isso.
Taylor – Ei, por que não conversamos hoje depois do seu turno? As crianças dormem cedo, eu poderia levar algo pra comer ou beber, não sei. Já faz tempo que a gente adia essa conversa. Eu tô precisando conversar. 
Rachel – E você não conversa com seu irmão?
Taylor – Meus dois irmãos são emocionalmente incapazes de entender o que vem acontecendo comigo, e a outra mulher com quem eu poderia falar, está na fossa, daí… Mas se você não puder, tudo bem.
Rachel – Não, tá bom, tá bom. Você leva queijo, eu vou fazer algo leve pra comermos. O John vai treinar até mais tarde e quando isso acontece, ele dorme na própria casa.
Taylor – Combinado.
Derek e Zac estavam com os dois laptops sobre a mesa da cozinha, bebendo café e parecendo muito compenetrados. Mitch desceu as escadas e ao ouvir o ranger dos degraus, Derek automaticamente se endireitou na cadeira e Zac o observou de canto.
Zac – Mas veja quem resolveu sair à luz do dia.
Mitch – O que vocês estão aprontando?
Zac, sorrindo e abrindo os braços – Esqueceu, senhora? “A Festa da Porta Vermelha, 3ª edição.”
Mitch, desinteressada – Ah, é mesmo.
Derek, querendo parecer casual – Você tá precisando de alguma coisa? 
Mitch– Não, só vim beber água.
Zac – Nós vamos distribuir uns fliers no campus daqui a pouco, porque só o e-mail de corrente não é suficiente. Tô terminando os últimos ajustes e esperando aquele filho da puta da gráfica vir trazer a caixa. Você q… 
Mitch – Não, eu vou voltar pro quarto.
Zac – Você vai v… Você. (Zac suspirou irritado, coçando o cavanhaque, e levantou) Mitch, nós entendemos a situação, o que aquela lá fez e da forma que foi – é foda, eu sei, o Derek sabe, todo mundo sabe. Mas se enfurnar num quarto o tempo todo não vai melhorar porra nenhuma, tá me ouvindo? Você não é assim, caralho, você é a garota mais… legal que eu conheço, você é toda cheia das energias positivas, dos budas, das porras todas. Você é gata! (Derek concordou com a cabeça imediatamente). Tem um monte de mulher aí dando sopa, você vai ficar na fossa eterna por causa daquela magrela esquisita da Natasha? Que te chutou? Que te confundiu com um monte de merda? NÃO, VOCÊ NÃO VAI. Vai tomar um banho e lavar esse cabelo que você vem com a gente até o campus. 
Mitch e Derek ficaram quietos, piscando, olhando pra Zac, que sentou e expirou longamente. Mitch deixou o copo sobre a pia e subiu correndo para o banheiro.
Zac – Que foi? Só falei o que todo mundo tava pensando.
Derek – Eu ia falar.
Zac, voltando a atenção pra tela do computador – Sei.
Derek – Ia sim!
Zac – Cara, você nem a chama pra sair quanto mais falar umas verdades pra ela. (A campainha tocou). Vai lá pegar a caixa antes que eu quebre esse cara pelo atraso.
Zac estava estressado aquele dia, seu pavio naturalmente curto estava menor pois o dia da maratona algorítmica tinha chegado. Estava online confirmando com os amigos do curso o local e horário do “evento”, que seria realizado numa lanchonete geek próximo ao campus da universidade, frequentado principalmente pelos alunos de computação, de nome Beernaries.
Derek, sorrindo, com a caixa aberta – Ficaram bons!
Isaac chegara mais cedo do escritório e estava deitado no sofá, jogando vídeo game com os dois filhos, e perdendo seguidamente.
Isaac – Estou ficando sem espaço!
Brad – Explode a nave dele, Kyle!
Kyle– Tô tentando, tô tentando!
Nicole estava ao telefone, dando risada, e tentando falar baixo para que Isaac não desconfiasse que ela estava aos papos com Bethany, que àquela altura já havia contado tudo sobre os encontros com Taylor.
Nicole, cochichando – Precisamos nos encontrar, Beth! Por telefone não tem graça, eu gosto de detalhes. Quando você estará na cidade?
Bethany – Acredito que daqui pouco mais de uma semana, por um fim de semana. Você tem planos?
As duas combinaram o encontro futuro e Nicole desligou o telefone e foi para a sala, onde sentou numa poltrona desocupada enquanto os três homens da casa se esgoelavam olhando fixamente para a tv de 50’’ fixada na parede. Mas ela ainda precisava sair.
Nicole – Meu bem, se importa de ficar com os meninos um pouco para que saia com uma amiga?
Isaac, fixo na tv, mordendo o lábio inferior – Claro, meu bem, você tem razão.
Nicole, batendo uma palma nervosa – Ike!
Isaac, pausando o jogo – Oi, oi. Desculpe, o que você dizia?
Os meninos – Pai!
Isaac – Só um minuto, caras.
Nicole, checando as unhas pra disfarçar – Vou jantar com uma amiga, você se importa de ficar com os garotos?
Isaac, voltando de novo para a tv – Não, tudo bem. Que amiga?
Nicole – Uma amiga. Mas não demoro.
Isaac, pausando o jogo novamente – Peraí, vai sair assim do nada?
Os meninos, impacientes – Pai!
Isaac, apertando um botão aleatório e indo atrás de Nicole – Pronto, perdi de novo. Nikki, peraí, estou curioso. Você não me disse que tinha planos.
Nicole, rindo – Maridinho, não somos mais namorados. Eu vou sair rapidamente para ver uma questão do projeto da galeria, falamos mais tarde.
Em Tampa, depois de desligar o telefone, Bethany entrou no quarto onde Ronald cochilava na cama.
Bethany, deitando ao lado dele – Acorda, dorminhoco.
Ronald, resmungando de olhos fechados – Isso é um convite?
Bethany o beijando no ombro várias vezes – Não, estou te expulsando.
Ronald, virando-se e a beijando na boca – Você demorou no telefone, está de papinho com alguém? Será que é o seu casinho de Melbourne? (Ambos riram). 
Bethany, sorrindo – Já disse que andei ocupada com coisas que (o beijou novamente) não são da sua conta.
Ronald, a puxando para cima dele – Você é muito má.
[Música de fundo, Tearing it Down – Hanson – 00:05 – 01:00]
Zac, Mitch e Derek distribuíram panfletos pelo bairro todo, quando não enfiando sob a porta das casas, deixavam uma pequena pilha em algum barzinho ou café das redondezas. Seguiram para o campus, muita gente continuava indo à universidade durante o verão, muitos cursos de curta duração eram oferecidos e tinha gente que simplesmente vivia para estudar. Deixaram vários panfletos com gente no refeitório, e daí seguiram para a biblioteca. Haver propaganda de qualquer espécie dentro da biblioteca era proibido, mas lá ficaram os esquisitões milionários e Zac precisava deles em sua festa. Ele tinha um jeito de entrar sem notarem os papéis em suas mãos. Derek e Mitch estavam no estacionamento, Zac ia entrar rapidamente e encontrá-los em seguida, mas fora impedido por um esbarrão que espalhou todos os panfletos no chão.
Jay – Meus livros!
Zac – Meus panfletos! (Viu que era Jay) Você de novo, aff. Por que não olha por onde anda?
Jay, ajoelhada, juntando os livros – Você que tá sempre no meu caminho. E sem ser chamado.
Zac, ajoelhado, juntando os panfletos – Só posso ter um imã pra você, porque toda vez é isso. Tá querendo me abraçar?
Jay, se pondo de pé – Nem se eu fosse a Morte. Ia te deixar viver eternamente na sua estupidez.
Zac, estendendo um panfleto – Pega um pra você, aparece lá pra beber umas e deixar de ser tão chata.
Jay – Hum, então é lá que você mora… (Leu). Fui ano passado.
Zac – Não te vi.
Jay, batendo o panfleto no peito de Zac e saiu andando – Eu estava em algum quarto, ocupada, se é que me entende.
Zac, andando ao lado dela – Eu adoraria entender melhor.
Jay, em tom de total desinteresse – Seu cabelo está sem corte e você se veste mal, entenda isso.
Zac, rindo – Se eu tirar minha roupa, você não vai se preocupar com meu cabelo.
Jay, dando tchau com a mão – E se eu for pra essa festa, prometo que você vai continuar sem me ver.
[Música de fundo, Tearing it Down – Hanson – 01:05 – 01:30]
Zac parou de andar e apoiou as mãos na cintura, rindo da situação. Era possível que aquela garota pegasse tantos caras quanto Derek havia dito? Parecia tão arrogante e exigente, para não dizer fresca. “Inglesinha metida a besta.”, Zac pensou, voltando para a porta da biblioteca.
Derek batucava os dedos no volante do carro, com Mitch ao seu lado, olhando para fora da janela. Durante todo o tempo que estavam ali, ninguém disse uma palavra.
Derek, expirando – Então… Como-como você está? (Mitch virou a atenção para ele) Como estão as coisas?
Mitch – Estava aqui pensando… Foi nesse estacionamento que vi a Natasha pela primeira vez.
Derek – Oh. Que coisa… (pigarreou).
Mitch – O Zac tem razão. É muito estranho quando o Zac está certo sobre alguma coisa.
Derek – Verdade. E ela… Não…
Mitch, olhando pela janela novamente �� Não. Nenhuma ligação, nenhuma mensagem. Acho que foi isso mesmo. Acabou-se.
Derek, hesitante – Mitch, você… (tossiu). Você toparia pegar um cinema hoje à noite? Tomar alguma coisa na volta, não sei.
Mitch, sorrindo – Está me convidando pra sair, D? Que bonitinho.
Derek, nervoso – Não sair-sair, mas sei lá, sair de boa.
Mitch – Tem um filme que estou querendo ver. Então tá bom.
Derek, sorrindo largo – Tá bom.
Zac, abrindo a porta de repente, sentando no banco de trás – E aí, vamos nessa ou eu vou ter que empurrar o carro de novo?
Derek conteve o sorriso o percurso todo, mas assim que chegaram e Mitch subiu, Derek bateu no braço de Zac, empolgado.
Derek, cochichando e rindo – A convidei pra sair!
Zac, surpreso, cochichando de volta – Caralho! Tá falando sério?
Derek – Arram, a convidei no carro, antes de você chegar.
Zac, batendo a palma da mão no peito de Derek – Mandou bem, bro, mandou bem. Então, peraí, você não vai na competição hoje?
Derek, franzindo o cenho – Pô, Zac, deixa eu ver, sair com a Mitch ou ficar numa sala escura com um monte de macho que eu vejo sempre?
Zac – Foi mal. Te conto depois então como eu acabei com o tal Junior Abbit.
Derek – Quem é Junior Abbit?!
Zac – O JRabbit, mané, eu cheguei à conclusão que é o nome do cara. Junior Abbit.
Derek – É, faz sentido. Vou me barbear.
Zac – Ei, D, mas na boa, cara, vai com calma. Você sabe que ela não é chegada na fruta.
Derek, fazendo sinal com o polegar – Pode deixar, tô de boa, tô de boa. 
Taylor, entrando em casa com as crianças, falando ao telefone – Se você faz questão, tudo bem, tenho certeza que o Noah está a fim. Ok, então, eu passo aí mais tarde. (Desligou). Opa.
Zac – Cara, essa noite tá prometendo.
Taylor – O que foi?
Noah – Papai, vou ver tv.
Taylor – Não, senhor, vá tomar banho que daqui a pouco vou deixá-los na casa do tio Ike.
Noah – Mas pai, eu nem tô sujo.
Taylor – Brincou um tempão no barquinho, olha a cor dessas mãos. Vai lá, campeão, ou você não quer ir brincar com o Brad e o Kyle? (Noah arregalou os olhos e correu escada acima. Taylor virou-se para Zac). O que você disse?
Zac, sentando no sofá com uma garrafa de cerveja – Ué, vai trabalhar hoje? Tava falando de deixar as crianças no Ike.
Taylor – Não, é que eu vou sair. Ia deixá-los aqui mesmo, já que não pretendo voltar tarde, mas o Ike ligou e disse que os meninos vão ficar com as babás hoje, não sei o quê, e eu pedi pra eu deixar as crianças lá também.
Zac, bebendo e de olho na tv – Ainda bem que ele ligou, porque todo mundo vai sair hoje.
Taylor – E a Mitch?
Zac, cochichou – Vai sair com o Derek.
Taylor, sentando ao lado dele – Sair-sair?
Zac – Ele disse que convidou, então deve ser. E você, vai pra onde? 
Taylor, desviando o rosto – Nada, por aqui mesmo.
Zac, lançando um olhar zombeteiro – Cabeça, tu anda muito misterioso, sai de fininho pra ninguém perguntar, volta tarde… Eu percebo as coisas, quando não estou bêbado. Fala logo, o que tu tá aprontando?
Taylor, rindo – Nada, cara, fica na sua aí.
Zac – Cabeça, você mente mal. Felizmente esse talento ficou pra mim e pro Ike.
Taylor, batendo nas coxas – Eu vou na casa da Rachel, vamos comer alguma coisa e conversar. Somos amigos.
Zac – Já te falei que isso não existe.
Taylor, rindo e levantando – E eu já mandei você procurar o que fazer.
Zac, bebendo seguidamente – Hoje eu levei mais um esbarrão da amiguinha esnobe dela, que ainda me destratou depois. O Derek vai sair com a Florence, coisa que os anjos no céu dizem “aleluia”, e você vai até a casa da Rachel. É, os astros não estão indo muito com a minha cara agora.
Taylor – E a sua maratona de sei-lá-o-quê?
Zac – Sim, é mais tarde.
Taylor – Não está nervoso?
Zac, sorrindo – Eu nunca fico nervoso, bro.
Nicole beijou os filhos e o marido e fechou a porta atrás de si, indo ao encontro de uma pessoa. Pouco depois, as babás chegaram, Isaac lhes ofereceu algo para comer, mas as duas já eram familiarizadas com a cozinha e fariam um lanche mais tarde. Ele correu para a varanda e discou um número no celular.
Isaac – Oi! Oi, ainda está rolando? Eu estava esperando as babás chegarem. Minha mulher já saiu, pode me passar o endereço de novo? Hotel Windsor Prime, suíte 421. Tá certo, já que eu chego aí. Mas ei, tem asiáticas? Espero que o conhaque dessa vez seja do melhor, hein?
[Música de fundo, Power (feat.Dwele) – Kanye West – 00:00 – 00:36]
Isaac checou o colarinho da camiseta preta, por baixo do blazer preto. O cabelo todo penteado para trás, no gel. Beijou os filhos, pagou as babás e avisou que dali um pouco, o irmão chegaria com os dois filhos. Dirigiu com pressa até o endereço dado. Frequentemente, Isaac era convidado para pequenas festas privadas, onde empresários do mercado financeiro e publicitário se juntavam em suítes de hotéis discretos, jogavam pôquer, bebiam e apreciavam shows muito íntimos de dançarinas de etnias variadas. Aquele era o vício de Isaac. Ele tentou ficar em casa com os filhos, mas ao ser convidado por um dos colegas, não conseguiu dizer não. Não ia transar com ninguém naquele dia, então que mal tinha?
Rachel, sentada na cama, vendo Jay pentear o cabelo de frente para o espelho – A única coisa que eu não entendo é por que você o rejeita. Ele é como todos os caras que você já ficou: safado, gostoso e não tem nada na cabeça.
Jay, arrepiando os fios – O acho desagradável e ele nem é tão gostoso assim. (Rachel riu). O John sabe que o Taylor vai vir aqui?
Rachel – Se ele ao menos visse as coisas como eu vejo.
Jay – Então não disse.
Rachel – Falei que ia sair com você, porque embora o Taylor seja SÓ meu amigo, as pessoas insistem em sexualizar tudo.
Jay, sentando na cama de frente para Rachel – Tá bom, me diz a verdade: você quer ou não dar pro Taylor?
Rachel, a encarando nos olhos – Não.
Jay, suspirando – Agora eu acredito. Então fica tranquila, amiga, ele não parece ser do tipo que chega agarrando. E aí, roupa ok?
Rachel – Tá ótima. Não sei pra quê um vestido tão bonito pra ir pra uma lan house.
Jay pôs um casaco cinza comprido por cima do vestido curto e justo.
Jay – É uma competição e não é numa lan house, é no Beernaries.
Rachel – Dá no mesmo, todo mundo lá dentro tá com um laptop aberto. Você dorme em casa?
Jay – Claro que sim, você sabe que eu não passo a noite com ninguém além de você e da minha família.
Rachel – Nesses momentos, te acho muito estável.
Jay – Qualquer coisa, me liga. Eu não devo demorar lá.
Rachel – Confiante, hein?
Jay – Sempre, amiga. Beijinho!
Jay não gostava de dirigir, preferia caminhar, mas como estava de scarpin, resolveu pegar um táxi até o bar. Estava muito bem arrumada, é verdade, mas depois da competição ela tinha planos. Os calouros a desejavam, os professores – bom, alguns já tentaram alguma coisa –, mas Jay não tinha paciência para homens tão inseguros e machistas. Não era isso que ela queria e não era isso que a atraía. Chegando no bar, pediu um mojito e ao invés de seguir para a saleta onde a competição se realizaria, preferiu uma mesa de canto, onde podia ficar mais à vontade. A sala escura foi invenção dos organizadores para tentar criar um ambiente mais “hostil”. 
Derek esperava por Mitch na sala, devidamente penteado e cheiroso, usando um moletom preto, fechado, por cima da camisa social branca, com o primeiro botão aberto. As mãos suavam dentro dos bolsos da calça jeans. Mitch desceu despreocupada, usando um vestido longo e folgado, verde-esmeralda, com um suéter bege por cima, aberto. Os cabelos trançados presos num coque. Derek ajeitou os óculos e eles saíram.
Taylor se dirigia à casa de Rachel, depois de deixar os filhos. Estava de jeans e camisa polo amarela, os cabelos penteados de lado, mas levemente bagunçados. Rachel abriu um sorriso caloroso ao vê-lo na porta. De alguma forma, ambos ficavam muito à vontade na companhia um do outro. Taylor cortou o queijo, enquanto Rachel pegava as taças para beberem um pouco de vinho.
Rachel contou de New Jersey, onde havia crescido, dos dois irmãos mais velhos, dos pais, e de como gostaria de conhecer Paris e ir a shows de cantores que já morreram. Taylor se divertiu muito com a histórias dela, e compartilhou um pouco mais da sua vida também. Contou da música que fazia, dos filhos, de quando conheceu Bethany, do namoro, do casamento, de quando as coisas começaram a desmoronar e, claro, dos recentes encontros.
Rachel – Você é mesmo um cara diferente, Taylor.
Taylor, sorrindo – Trouxa, você quer dizer.
Rachel – Isso também, mas só um pouco. (Riu). Sério, talvez vocês estejam precisando disso mesmo, que as coisas cheguem bem pertinho do fim pra poder recomeçar.
Taylor – Eu não contei isso pra ninguém. Nem meus irmãos sabem. 
Rachel, mastigando – Eles não gostam dela?
Taylor – Digamos que… (Ele passou a mão no cabelo, rindo) É difícil gostar da Bethany gratuitamente. Ela consegue ser muito encantadora, quando quer, mas nem sempre ela está a fim. O Zac a detesta e ela o detesta, sempre trocavam farpas no Natal.
Rachel, apoiando o queixo no pulso – E agora, ela está sendo encantadora?
Taylor, entrelaçando os dedos – Ela está sendo… Não, encantadora, não. Direta, sim, ela está sendo direta. É como se houvesse esse lado dela que eu nunca conheci, entende? Ela faz o que quer, me deixa sem notícias, e eu não sei o que fazer. Fico chateado e quando menos espero, ela aparece com mensagens e fotos. É como ter 20 anos de novo.
Rachel – É, é como ter 20 anos mesmo. Eu lembro que antes de conhecer o John, tinha meus peguetes que apareciam no meio da noite.
Taylor – Eu nunca fui muito bom em ter vários casos ao mesmo tempo. Vim com esse defeito de fábrica.
Rachel – É uma qualidade, vai. Mulher gosta de homem certinho.
Taylor, tomando o último gole de vinho – Mas que grande mentira, Rae! 
Rachel – É sério! Mulher gosta de homem fofo.
Taylor, rindo – Falou a garota que namora o brutamontes do time de futebol.
Rachel, jogando um caroço de azeitona nele – Besta! Sim, ele foi fofo no começo, acho que foi isso que me segurou tanto. Ainda insisto nisso porque…
Taylor – Você o ama?
Rachel, tocando a borda da taça vazia – É, posso dizer que sim. Amo. 
Taylor – Vou cortar mais queijo.
Rachel – Não, deixa que eu vou, vou pegar umas coisas na geladeira. Fica aí.
Rachel tirou mais queijo da geladeira e ia abrir um pote de geleia com o abridor de latas, mas não o encontrava. “Vai na faca mesmo.” Quando começou a furar o metal, a lâmina escapuliu e machucou seu dedo indicador.
Rachel gemeu – Ai!
Taylor, se aproximando – Que foi?
Rachel pegou um guardanapo com a outra mão.
Rachel – A faca escapuliu. Ai, droga.
Taylor – Deixa eu ver.
Taylor olhou o dedo que começava a sangrar e, no impulso, o pôs na boca, sugando lentamente, para estabilizar o pequeno ferimento. Rachel sentiu um súbito arrepio ao sentir a língua de Taylor ali. A situação não tinha nada de sensual, há um minuto atrás estavam falando de seus respectivos namoros e tirando sarro um do outro. Então, Taylor se deu conta do que havia feito e tirou o dedo de Rachel da boca devagar.
Taylor, pondo as mãos nos bolsos – Desculpe, você deve ter achado nojento. Eu faço isso sempre quando meus filhos se machucam. Sou meio que um vampiro.
Rachel – Não, tudo bem. (Tossiu, rindo depois) Eu não estava esperando. 
Taylor – O bom é que não vai precisar de pontos. Toma um analgésico e passa um bactericida que amanhã tá novinho em folha.
Rachel – Obrigada. Ah, o queijo.
Taylor, pegando a faca – Sim, mas deixa que dessa vez eu pego.
Zac estava com os ombros tensos e mal piscava na frente do computador. Ele era o único sentado, os demais haviam desistido ou perdido por pontos parciais, mas continuavam na sala escura, de pé ao redor dele, aguardando o resultado final que sairia dali a pouco. Mais um código e quem terminasse primeiro (e melhor) venceria. Zac sabia que o tal Jr. Abbit estava por ali, e queria dar uma boa olhada na cara dele antes de quebrá-la, mas não podia se distrair. O suor brotava na sua testa e seus dedos se moviam quase tão rápido quanto seu pensamento. Os outros rapazes começaram a fazer uma algazarra a medida que o tempo no relógio pregado na parede diminuía.
Organizador – Tempo esgotado, Zenson. JRabbit acabou primeiro que você.
Zac – O quê?! Fala sério, só falta esse código aqui.
Organizador – Ela terminou 40 segundos atrás.
Zac – Ela??? Do que tá falando?
[Música de fundo, Tearing it Down – Hanson – 02:07 – …]
Então as luzes se acenderam e pela porta, entrou Jay, abrindo espaço entre todos aqueles garotos. Caminhava com autoridade e seu casaco fechado só a deixava mais elegante. Zac piscou diversas vezes, sem esconder o susto ao vê-la ali.
Zac – Você?! Sempre você?!
Jay, recebendo o envelope de dinheiro do organizador – Boa partida, Zenson. Quem sabe você leva na próxima.
Zac, esfregando o rosto com as mãos – Mas cadê o Jr. Abbit? O cara?
Jay, conferindo o dinheiro, rindo – Você esperava um homem, quanto despreparo.
Zac – Mas era esse o nick, não era? JRabbit, Jr. Abbit!!!
Jay, chegando mais perto – Não, bobo. J da inicial do meu nome e “rabbit” porque… (se aproximou do ouvido dele) posso foder como um coelho. Não que isso seja da sua conta, é claro. (Deu um sorrisinho e saiu).
Garoto – Cara. Essa garota é…
Zac gritou, batendo na mesa e saindo da sala – UM SACO!
Jay já estava na rua, se preparando para pegar um táxi, quando Zac foi atrás dela.
Zac – O que você tem contra mim, menina?
Jay o ignorou, olhando para a rua, respondendo como se falasse sozinha.
Jay – Nada.
Zac – Você não participou ano passado, por que essa súbita aparição?
Jay – Eu estava ocupada ano passado, não que seja da sua conta, de novo.
Zac a agarrou pelo braço e a puxou, ficaram bem próximos, mas ele não fez nada, só a olhou.
Zac, zangado – Parabéns.
Soltou o braço dela e saiu.
Jay o observou caminhar irritado até sua moto e Zac era o conjunto de todos os clichês dos homens. Gostoso, de fato, desleixado, mimado, competitivo, arrogante. Jay achou graça, entrou no táxi e sabia que ainda ia topar muito com ele, duvidava que o orgulho frágil de Zac fosse se recuperar tão cedo daquela derrota.
Zac ligou para Derek, o celular estava desligado, Mitch nunca saía de celular e Taylor não atendia. “Só pode ser brincadeira.”, Zac resmungou, queimando pneu.
Aproximadamente duas horas de filme e finalmente os créditos subiam pela tela. Derek estava tenso, mas Mitch sorria enquanto saíam da sala. Deixou que ela comentasse sobre cenas específicas e em alguns minutos, tinham atravessado o estacionamento.
Mitch, abrindo a porta – E você, o que achou do filme?
Derek – Ahn, bom, bom. (Ligou o carro). Você quer tomar um milk shake e depois ir pra casa, ou…
Mitch – Milk shake é uma boa ideia.
Alguns quarteirões depois, Derek estacionou numa loja do McDonalds que ainda estava aberta.
Mitch – Eu seria condenada na corte dos crimes vegetarianos só de estar sentada aqui. (Derek riu) Obrigada, D, por me convidar pra dar uma volta. Eu estava precisando mesmo.
Derek, sorrindo tímido – De-de nada, claro, você sabe… Quando quiser. 
Mitch – Gostei da sua camisa.
Mas antes que Derek pudesse agradecer, Mitch arregalou os olhos por cima dele e levantou-se rapidamente. Desentendido, Derek olhou em volta e viu um grupo de pessoas entrar na lanchonete. Levantou e foi atrás dela, que já estava no carro.
Derek – O que foi? O que aconteceu, Mitch?
Mitch – Os amigos da Natasha entraram ali. Não queria que me vissem. 
Derek – Oh. Sinto muito.
Mitch – Não que eu não queira ser vista contigo, só não queria ser vista por nenhum deles de forma alguma. Vão contar pra Natasha que eu estou acabada, saindo com meu amiguinho porque não estou saindo com ninguém.
Derek, sem graça – Há, essa é boa…
Mitch– Vamos pra casa?
Derek, tossindo – Mas ei, e se… E se isso fosse um sair-sair? Você continuaria se sentindo mal por ter saído com seu amiguinho?
Mitch sorriu docemente, sem dar crédito à pergunta de dele. Derek a olhou hesitante e aproximou o rosto rapidamente, seus lábios trêmulos pressionaram os lábios confusos de Mitch, que arregalou os olhos mais uma vez e o afastou com rudeza.
Mitch, irritada – Derek! O que…?! (Derek não conseguiu dizer nada). Por que fez isso?!
Derek, visivelmente envergonhado – Desculpe! Desculpe, eu… Eu fiquei… 
Mitch, colocando o cinto – Nós somos amigos, eu não aceitei sair com você com outras intenções! Porra, acabei de levar um pé na bunda, o que você… (suspirou). Vamos pra casa. Agora.
Derek, nervoso, pondo a chave no contato – Desculpe, Mitch, sério… 
Mitch, sem encará-lo – Por favor. Não quero mais falar nisso.
Derek nunca a ouvira tão enérgica. Deu partida no carro, que só pegou na terceira tentativa, e seguiu para o bairro de Paperville.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 13 - Emboscada
Tumblr media
[Música de fundo, I Need a Miracle – Third Day – 00:00 – 00:33]
Taylor queria ter levado os filhos para verem a mãe, mas como o assunto seria pesado e provavelmente curto, tendo em vista que Bethany nunca gostou de ficar jogando conversa fora, achou melhor deixá-los na casa de Isaac, onde duas babás estavam cuidando de Brad, Kyle e também de Noah e Becky. Isaac o enviou uma mensagem, avisando que não precisava se preocupar, e que ia demorar pois sairia com Nicole naquela tarde.
E lá estava Taylor, sentado numa dessas mesinhas redondas, na calçada do lado de fora de um café. Passava das quatro da tarde, então não havia mais tanto sol e uma brisa gostosa soprava. De óculos escuros, calça jeans e uma camiseta preta de malha fina e colarinho v, com as mangas arregaçadas até os cotovelos, ele mexia ansiosamente a perna. Estava esperando Bethany há 15 minutos, quando ela virou a esquina. Sentiu um nó na garganta. Ela lhe sorriu. O cabelo castanho escuro estava solto e ela usava um vestido até os joelhos, de manguinhas, estampado de verde claro.
Bethany, lhe estendendo a mão, sorrindo – Desculpe o atraso.
Taylor, apertando a mão dela – Tudo bem.
Ela sentou-se e abriu o cardápio, um rapaz franzino veio atendê-los e ela pediu um cappuccino médio e Taylor pediu um grande. Ficaram em silêncio alguns segundos, olhando ao redor.
Taylor – Bacana esse lugar. Parece tranquilo.
Bethany – Não é tão barulhento durante a semana também. Estou considerando procurar algo por aqui.
Taylor – Urrum… Você vai vir pra cá como combinamos, no fim do seu contrato?
Bethany – Acredito que sim.
Taylor – Legal.
Bethany, entrelaçando os dedos – Então, como estão as crianças?
Taylor – Estão bem. Muito bem. Os deixei na casa do Ike, ainda não é possível ter uma babá integral. Eu não falei nada da sua vinda pro Noah pois caso houvesse algum imprevisto e você não viesse… Né.
Bethany – Fez bem. E o Isaac está ok com isso? Precisa de dinheiro extra?
Taylor – Ele faz questão. Tem duas babás que sempre ficam com os garotos dele quando estão fora. Está tudo sob controle. Como está seu trabalho em Tampa?
Bethany – Excelente, de verdade. Estou fazendo os melhores contatos e ganhando casos. Nada mau pra uma analista junior.
Taylor – Até quando fica na cidade dessa vez?
Bethany – Até depois de amanhã, mas quero estender, pedir mais dois pra poder ficar com as crianças. Viemos fechar um caso que a jurisdição é daqui. Vou ficar ocupada o dia todo mas quero ver com você a possibilidade das crianças dormirem comigo até eu voltar pra Tampa.
Taylor, com um risinho – “Viemos”? 
Bethany – Taylor, você quer mesmo tocar nesse assunto? O caso é do Ronald, faz parte do meu trabalho acompanhar todos os casos com os quais não tenho experiência. Ele é advogado sênior no escritório.
Taylor – Nesse caso aí você tem experiência de sobra.
Bethany – Não seja ridículo.
Taylor calou-se e tirou os óculos. Os pedidos chegaram e cada um tomou um gole do seu respectivo café. Taylor continuou calado.
Taylor – Você quer ficar com as crianças esses dias, é isso? Tudo bem… Elas vão adorar a surpresa. Vou avisar o Ike que você passa pra buscá-los, deixei uma mochila lá já pensando nisso.
Bethany – Obrigada. Você é sempre muito preparado. (Bebeu mais café) Taylor, queria me desculpar… Pelas coisas que eu disse quando fui embora. Não tivemos ainda oportunidade de sentar e conversar.
Taylor – Você pede desculpas pelo o que disse mas não por ter largado seus filhos.
Bethany, interrompendo, enérgica – Taylor, eu não larguei meus filhos! Eles estão com o pai deles, não fiz essas crianças sozinhas. Eu estou cuidando da minha carreira nesse momento pra poder oferecer uma vida melhor pra eles. Estou distante, não consigo ligar todo dia, é verdade, mas eu ando exausta.
Taylor – Noah sente muito a sua falta.
Bethany – Eu sei… E eu sinto a dele. Mal vejo a hora de apertá-lo. Você está trabalhando? 
Taylor – Sim, mais ou menos. Consegui um bico. Toco num bar duas noites na semana. Faço uns outros serviços lá. Tudo dá uma grana.
Bethany – Era sobre isso também que queria conversar. Eu fiz um contrato… (Abriu a bolsa e tirou um envelope pardo, de dentro deste, tirou uma folha de papel timbrado) No qual eu me comprometo a pagar uma pensão pras crianças dentro das minhas possibilidades. Veja.
Taylor pegou o papel, perplexo, leu sem entender muito aquele jargão jurídico e jogou de novo sobre a mesa.
Taylor – Não estou pedindo seu dinheiro, Bethany!
Bethany – Não está mesmo, estou estendendo um benefício aos meus filhos, não seja mesquinho.
Taylor, batendo na mesa – De jeito nenhum! Eu posso sustentá-los sozinho.
Bethany, levantando a mão – Taylor. (Suspirou) Você sabe que não. Não estou dando o dinheiro pra você, estou dando pra os meus filhos. Minha obrigação é com eles. Não me obrigue a levar isso pra corte, você poderia ser preso, pare com isso.
Taylor, aumentando o tom de voz – Você está apenas dizendo que eu, como pai, não tenho condição de mantê-los.
Bethany – Nesse momento, não tem. (Ele a olhou constrangido e com raiva) Não quero diminuí-lo em nada. Estou querendo ajudar.
Taylor – Estou fazendo o melhor que posso, Beth.
Bethany, terminando o café – Eu sei que sim, Taylor. Vamos fazer o que é melhor para as crianças nesse momento, é o certo.
Taylor sentia os ombros tensos novamente, uma sensação que vinha junto com a presença de Bethany nos últimos meses. Bebeu o resto do café em silêncio, alguns minutos se passaram e ele pegou o papel novamente. Lá dizia que Bethany depositaria U$1.300 pelos próximos meses a fim de ajudar nas despesas dos filhos do casal, Noah e Rebeca Jones-Hanson. Taylor assinou e lhe entregou o papel.
Taylor – Quando as coisas melhorarem, farei um curso de especialização pra dar aulas. Vou ganhar melhor e as coisas vão se arrumar.
Bethany – Hum, bom pra você.
Taylor – Há algumas escolas de música conceituadas na cidade, então…
Bethany – Espero que consiga.
Taylor, balançando a cabeça – Beth, isso tudo é tão… Absurdo. Não consigo fingir que nada aconteceu. 
Bethany – Taylor, nós fomos casados por sete anos. Eu cometi muitos erros, os maiores, mas isso não precisa afetar o crescimento das crianças de forma tão drástica. 
Taylor – Você está certa.
Bethany – Obrigado.
Taylor – Finalizamos aqui?
Bethany – Bom, tem mais uma coisa.
Taylor – O quê?
Bethany começou a vasculhar a bolsa, mas parecia não encontrar o que estava procurando.
Bethany, bufando – Oh, droga. Ficou no hotel.
Taylor – O que é?
Bethany – O outro envelope, ficou em casa. Vamos lá, é logo ali depois da esquina.
Taylor lembrou do que os irmãos haviam lhe dito, mas depois do que tinham conversado, achou impossível que Bethany fosse querer qualquer coisa com ele. Aliás, nem ele sabia se queria também. Levantou, deixou uma nota de U$20 e a seguiu.
Mitch limpava seu quarto, absorta em pensamentos, com seus fones de ouvido. Não ouviu quando Natasha bateu na porta.
Natasha – Ei.
Mitch– Oh, oi! Oi, Nat.
Natasha – Eu liguei, mas chamou até cair. O Derek me disse que você estava aqui em cima
Mitch – É, eu não ouvi tocar, desculpe. Senta aí. (Natasha sentou-se na cama, mexendo a perna freneticamente). Você está bem?
Natasha – Sim, está tudo bem… (longa pausa).
Mitch, sentando ao lado dela – Natasha, o que está acontecendo? 
Natasha, começando a chorar – Eu tive uma briga feia com meus pais. Eles continuam fingindo que não sabem de nada. E eu fico encurralada. Eu queria contar pra eles sobre você, sobre nós, mas está impossível. 
Mitch, tentando abraçá-la – Calma, meu am…
Natasha – Não consigo, Mitch!
Mitch– Você está tremendo, calma, eu vou pegar um copo de ag…
Natasha gritou, levantando – EU NÃO CONSIGO FAZER ISSO!
[Música de fundo, Don’t You Remember – Adele – 00:00 – 00:49]
Mitch parou a caminho da porta e, com os olhos também cheios de lágrimas, ficou paralisada.
Mitch – Podemos enfrentar isso juntas, todo mundo passa por isso e… 
Natasha – Mitch…
Mitch – Você está visivelmente carregada e… (esfregou os olhos) Precisa relaxar pra que suas energias se renovem.
Natasha, nervosa – Para com isso, pô! Para com esse papo místico, isso é besteira! Meus pais vão me expulsar de casa, tá ouvindo? Vão tirar meu carro e toda a ajuda de custo que recebo. Tô ferrada!
Mitch – Eu não entendo, você trabalha e eu tenho bolsa, poderíamos alugar um lugar, começar nossa vida.
Natasha – Do que você está falando? Meu chefe não pode saber que eu… Eu tô com…
Florence suspira, triste – Que você é lésbica. É só dizer, Natasha.
Um silêncio imperou no quarto. Derek estava ouvindo a gritaria do pé da escada, o coração batendo forte, imaginando o que Mitch devia estar sentindo naquele momento.
[Música de fundo, Don’t You Remember – Adele – 00:49 – …]
Natasha, olhando para os pés – Não vejo como isso pode continuar, Mitch. Eu amo você, mas…
Mitch, com algumas lágrimas lhe escorrendo pelo rosto – Mas? Mas, Natasha? Como pode mencionar amor se você não está disposta a ser honesta nem com as pessoas que te puseram no mundo? Isso aqui é a Flórida, pelo amor de Deus! Casais gays casam aqui há anos!
Natasha, com os ombros caídos – Não na minha família.
Natasha assoou o nariz e tentou beijar Mitch no rosto, que se esquivou, chorando. Natasha abaixou a cabeça novamente e saiu do quarto, descendo as escadas com pressa. Mitch voltou a sentar-se na cama, enxugou os olhos e ficou um tempo olhando para o guarda-roupa, tentando processar aquela situação. Derek ponderou se deveria subir ou não, quando ouviu a porta bater com força. “É, depois.”
Zac chegava em casa com a roupa toda amassada e o cabelo suado.
Zac, indo direto para a cozinha – E aí.
Derek – O que você tava fazendo?
Zac – Prestando um serviço de qualidade pra minha chefe.
Derek, indo para a cozinha também – O QU— Seu fdp! A sua chefe, aquela boazuda?
Zac, bebendo água da garrafa – Sim, aquela mesmo. Terceira vez já. 
Derek – Zac, acho que teremos uma semana complicada pela frente.
Zac – Que foi?
Derek – Natasha terminou com a Mitch.
Zac – Ah, porra… Drama lésbico justo perto da festa.
Derek – Zac. É a Mitch.
Zac – Justamente, Derek. É a Mitch. Ela vai ficar péssima, vai ter clima pra nada.
Derek – Temos que fazer alguma coisa.
Zac – Eu que quase transei com ela e você que fica todo preocupado? Que tá rolando, hein?
Derek, cruzando os braços – Nada, porra, só disse que precisamos fazer alguma coisa pra animá-la.
Zac – Vamos chamá-la pra ir ao Dirty Albie daqui a pouco.
Derek – Eu vou falar com ela. (Ouviu Adele tocando lá de cima) Não agora.
Isaac e Nicole andavam de mãos dadas no calçadão à beira-mar, a noite morna de verão estava caindo com um pôr-do-sol espetacular. Caminhavam devagar, ele com uma mão no bolso da bermuda e a outra segurando os dedos de Nicole.
Nicole – Fazia tempo que não ficávamos a sós assim. (Isaac sorriu, concordando). São tantas coisas pra pesquisar, aprender e pôr em prática nesse novo projeto.
Isaac – Eu imagino, querida.
Nicole – Uma galeria bistrô! Nunca me vi como dona de alguma coisa. Estou tão ansiosa pra conhecer os artistas, já sei quem vou chamar pra ser o main chef, quero um time diverso, multicultural!
Isaac – Você vai se sair muito bem, eu vou ajudá-la no que precisar.
Isaac parou para lhe beijar a bochecha e, depois, a boca. Diante do dia que tiveram, Nicole respirou aliviada, abraçando o marido. Aquela mensagem não era nada, afinal. Se estressou por bobagem, pensou.
Entraram no elevador do hotel e subiram até o décimo andar. Bethany andava rápido à frente com Taylor logo atrás. Abriu a porta da suíte, ligou as luzes, que iluminaram um espaço retangular com uma grande janela, uma cama queen, uma cama de solteiro, onde estava sua mala aberta, e um sofá de dois lugares. O banheiro ficava à esquerda.
Bethany – Fique à vontade, vou levar só um minuto.
Taylor – Tá bom.
Sentou no sofá, e imediatamente se viu na situação mais surreal que havia imaginado: visitar a mulher num hotel. Ficou observando os detalhes do cômodo sem perceber que o tempo passava e Natalie ainda estava no banheiro. Relutante, Taylor foi até o banheiro e bateu na porta.
“Saio num minuto.”, Bethany disse.
Ele sentou na cama e Bethany, de calcinha e sutiã, saiu do banheiro e foi em sua direção, se apoiando em seu colo.
[Música de fundo, Don’t You Remember – Adele – 02:55 – …] 
Imediatamente Taylor se lembrou do que Isaac, Zac e Nicole haviam alertado, mas já era tarde. As calças dele já estavam abaixadas.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 12 - Desconfiando
Tumblr media
[Música de fundo: Bella’s Lullaby – Twilight Soundtrack – 00:00 – 01:28]
A manhã desabrochou laranja e colorida. Os raios de sol calmamente invadiam o quintal de gramado verde vivo da república da porta vermelha, número 1245 na Frost Street. Zac dormia com um braço pra fora da cama, babando o travesseiro, os cabelos caindo-lhe sobre o rosto. Derek abraçava o travesseiro, em posição fetal, vestido no seu pijama. Mitch dormia reta, com as mãos sobre a barriga, sua cabeça um pouco virada para a esquerda. Becky, com uma chupeta na boca, dormia de bruços, como um montinho de carne. Noah estava encolhido, abraçava a pelúcia do peixe Nemo e logo ao seu lado, Taylor, sem camisa e de bruços respirava pesado. Suas costas com pelos loiros, visíveis, ocupavam boa parte da cama. Os cabelos cheios, grossos e lisos caindo sobre seu rosto e pescoço reluziam com o sol que entrava pela janela.
Taylor mexeu as bochechas, e abriu um dos olhos. Piscou lentamente, sentou-se e debruçou-se sobre o colchão para fechar as cortinas. Levantou, espreguiçou o torso comprido e firme, porém sem nenhuma definição. Pelos loiros espalhados no peito, onde três pingentes dançavam, pendendo dos colares que Taylor usava. Fechou as cortinas para que a luz não acordasse os filhos, ainda estava muito cedo. Escovou os dentes no banheiro próximo e voltou ao quarto. Ao abrir a porta do pequeno guarda-roupa, viu seus velhos tênis de corrida sob dois pares de sapatos. “Hum!”, pensou. Nem lembrava qual foi a última vez que fez exercício de propósito, só de pensar, sentiu preguiça, mas como estava cedo e o dia convidativo, pôs um short e uma regata-machão preta surrada, calçou o par de tênis, desceu e comeu duas bananas, um pão com duas fatias de queijo e um copo de suco, depois saiu. A rua estava deserta, as demais casas não emitiam qualquer som, o sol subia no horizonte e uma brisa fresca soprou os cabelos de Taylor, que se alongava na calçada. As ruas do bairro Paperville eram planas e de asfalto liso, o que facilitava a caminhada. Depois de cinco quarteirões, Taylor apressou o passo, caminhando mais firme, então decidiu correr de leve. Quatro quarteirões, ele quase tombou com outra pessoa que cruzava a esquina. Rachel – Oh! Desculpe! Taylor, continuando a correr – Bom dia pra você também!
Rachel, o acompanhando – Há! Taylor! Não te vi, bom dia!
Taylor – Não sabia que você se exercitava tão cedo!
Rachel, ofegando – Tô tentando acompanhar a Jay, mas ela é atleta. Eu sou iniciante. Muito iniciante.
Taylor – Eu costumava andar de patins quando adolescente, e joguei um pouco de basquete também, depois disso… (gesticulou negativamente).
Rachel – Começar… é preciso.
Taylor – Pois é! E cadê a Jay?
Rachel – Ah, daqui a pouco ela aparece por aqui, dando volta na gente.
Mais alguns metros e os dois decidiram parar de correr e só caminhar. Jay passou por eles três vezes, correndo eletrizada, com os fones enfiados nos ouvidos. Rachel não falou muito, tampouco Taylor, ambos estavam tentando respirar o melhor possível. Um tempo depois, sentaram-se num banco na calçada paralela à casa de Rachel. Taylor, suado, passava as mãos nos cabelos molhados, e enxugava o rosto com uma toalha emprestada por Rachel, cujo rosto estava vermelho e a raíz do seu cabelo louro claro, preso num rabo de cavalo, molhada.
Taylor, com os braços estendidos ao longo do encosto do banco – Puxa vida… Tô muito fora de forma. Quase não consigo recuperar o fôlego.
Rachel, com a cabeça entre os joelhos, ofegante – Você se saiu até melhor do que eu.
Taylor – Que nada, não seja gentil assim, eu corri 30 segundos e comecei a arfar.
Rachel – Uau. Quem fala “arfar”?
Taylor – É uma palavra muito recorrente em livros infantis, ok? (Ele riu) Por exemplo, “A lebre arfou, perguntando…”, você não imagina como esses livros têm um vocabulário rebuscado.
Rachel, rindo – Pelo menos os seus filhos vão crescer com um palavreado melhor.
Taylor – Espero, quer dizer, eu já melhorei muito o meu.
Rachel – Bom pra você.Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos.
Taylor – E está tudo bem entre você e o John?
Rachel, agora com a respiração normalizada – Sim… Ai, sei lá. Não nos falamos desde então.
Taylor – Que pena.
Rachel – Não, é assim mesmo. Eu sei que ele é um idiota.
Taylor preferiu não falar nada. Passou a mão no cabelo novamente e olhou para frente.
Taylor – É, eu sabia que minha ex-mulher era uma idiota também.
Rachel, o observando – Pelo jeito como fala, parece que ainda a ama.
Taylor, hesitando – É… Acho que sim. Complicado isso. Ela não merece nada de mim, entende? E mesmo assim, ainda não esqueci totalmente.
Rachel – Pois é… A gente não escolhe de quem vai gostar, né?
Taylor – Talvez nós é que somos o problema.
Rachel – Haha! (Levantou) Você quer um pouco d’água?
Taylor – Por favor!
Atravessaram a rua e entraram na casa de Rachel. Taylor observou que a sala e a cozinha eram separadas por um balcão, porém a sala era espaçosa e tinha uma janela grande, um sofá e uma TV grande presa à parede. A cozinha tinha uma mesa com quatro cadeiras, armários, pia e uma geladeira inox. Era quase parecida com a cozinha da república, Taylor pensou, só que com louças mais novas e mais limpas. Tudo era bege, ambas a cozinha e a sala, e o forro era branco. No corredor ficava o banheiro, entre o quarto de Jay e a suíte de Rachel. Era uma casa pequena, com um gramadinho na frente e outro atrás, ao lado de casas semelhantes. Todas naquele quarteirão seguiam esse padrão. Rachel serviu um copo d’água gelado para Taylor, que bebeu todo rapidamente.
Taylor, lhe devolvendo o copo – Obrigado.
Rachel, abrindo a geladeira – Estou com uma fome, viu!
Jay, entrando na casa de repente – Ei, lerdos.
Os dois – Ei!
Jay, tirando os fones de ouvido – Taylor, aparentemente você e a Rachel se topam sempre ao acaso, por que não combinam de fazer algo? Talvez engatinhar todas as manhãs, como estavam fazendo.
Taylor, batendo palma – Qualquer dia desses, a gente aposta uma corrida. 
Jay, seguindo pelo corredor – Vou me lembrar disso!
Rachel – Pra onde você vai?
Jay, com a voz longe – Tomar banho. Faz a minha vitamina, por favor!
Taylor, virando-se para Rachel – Está na hora de voltar, as crianças já devem ter acordado e eu nem avisei que ia sair.
Rachel – Pois volta correndo.
Taylor, abrindo a porta e sorrindo – Rachel, a Jay está certa, vamos combinar de encontrar qualquer hora. De propósito.
Rachel, rindo e acenando – Boa ideia. Até mais, Taylor.
Ao chegar em casa, Taylor foi recebido por um Noah acordado, sentado no sofá, com a irmã no colo, vendo TV. Taylor riu, pois Becky chorava muito de manhã por ter fome. Ficou aliviado pelo atraso não tê-la feito chorar.
Taylor – Ei, amigão.
Noah – Oi, papai. Onde você estava?
Taylor, o beijando na cabeça e pegando Becky no colo – Fui dar uma corridinha, desculpe o atraso. Vou fazer a papa da sua irmã e pôr o seu cereal, tá bom?
Noah, ainda olhando a TV – Tá bom!
Taylor preparou a comida de Becky, que consistia em banana e mamão amassados com leite em pó, o mais rápido que pôde. Pôs o cereal do filho numa tigela e pôs um pouco pra si também, junto com mais pães recheados de queijo derretido. Noah comia o cereal olhando a TV e Taylor mordia do seu pão e dava comida para Penny girando a colher no ar. Deu banho, lhe trocou e brincou um pouco com o bebê de pernas gorduchas, que gargalhava com as graças. A colocou no berço e pediu que Noah a olhasse enquanto ele tomava banho. Depois, foi a vez de Noah tomar banho. Taylor fez panquecas e torradas para todo mundo, e também café. Zac era muito temperamental, mas depois de comer e beber pelo menos duas xícaras de café, voltava a agir como um ser humano.
Zac, pondo mais café na xícara – Não que eu esteja reclamando do café, que está ótimo, mas por que acordou tão cedo?
Taylor, com o pano de prato no ombro – Dei uma corridinha. Tô superenferrujado. Você devia vir comigo qualquer hora, até topei com a Rachel.
Zac – A do bar? (Taylor fez que sim com a cabeça). Nossa, cara, se você conseguir comer nesse buffet, me ensina, tentei várias vezes.
Taylor bateu nele com o pano de prato, apontando para a sala.
Zac, engolindo panqueca – O Noah vai falar disso contigo daqui a pouco.
Taylor – Cara, nada a ver, a Rachel é uma amiga.
Zac, parando com a xícara a caminho da boca – Amiga?
Taylor, cruzando os braços – É, oras. A gente curte conversar.
Zac, o olhando com desprezo – Tu é viado, qual é a tua? “A gente curte conversar”. Homem só tem amizade com mulher se ela for sapata ou tiver o mesmo DNA que ele, e nesses casos nem assim.
Taylor, rindo – Vai se danar, ela tem namorado e eu tô cheio de problema. Não consigo nem pensar em me envolver com ninguém agora. Caso não tenha percebido, eu tenho duas bocas pra alimentar.
Zac – Mas fala aí, ela é gata, né?
Taylor, cochichando – Eu não vou falar nada sobre isso.
Zac – Já reparou naqueles… (fez gestos imitando seios redondos) Devem ser melhor que qualquer coisa, mano! Hahaha! Fala que nunca pensou em enfiar a cara neles. (Taylor negou, mas Zac insistiu lhe provocando com empurrões). Pensou sim, vai, pensou, pensou!
Derek, sentando à mesa – Oi, pessoal, bom dia.
Taylor e Zac – Ei, D.
Derek – Café da manhã bonito, hein? Obrigado, Taylor.
Zac – D, foi bom você ter chegado. Temos que discutir sobre a festa.
Taylor – Festa?
Zac – É, de vez em quando damos uma festa aqui em casa, lá no quintal.
Derek – A cada quatro ou cinco meses. Galera do bairro pira.
Zac – E é uma festa do caralho, Cabeça. A gente convida umas garotas, que trazem mais garotas…
Derek, de boca cheia – Convidamos geral do campus.
Zac – A gente providencia algumas caixas de cerveja e o dj, mas todo mundo traz tanta bebida, cama elástica…
Derek – Tem gente que cai antes das dez da noite.
Zac, batendo na mão de Derek – É do caralho!
Taylor – Eu fui em algumas festas quando estava na faculdade… Piores ressacas da minha vida. Quando estão querendo fazer isso?
Derek – Daqui umas duas ou três semanas, mais pro final das férias.
Taylor – Me avisem pra que eu possa ir com as crianças pra outro lugar.
Zac, abrindo os braços – Mas a festa é também pra te ajudar!
Taylor – O quê?
Zac – É, a gente sempre faz alguma coisa pro pessoal pôr algum dinheiro em cima. (Taylor fez cara de quem não entendeu) É, por exemplo, da última vez duas meninas dançaram se esfregando e os caras jogaram dinheiro pra caramba no baldinho.
Derek, bebendo café – U$2,000, incluindo moedas.
Taylor, impressionado – Deve ter sido uma dança boa pra caramba, então. (Pausa) Mas eu não vou ficar aqui com meus filhos. Eu tenho um bebê e um garoto, não é lugar pra eles. Me avisem que eu vou pra casa do Ike, ou pelo menos deixo as crianças lá.
Derek, de boca cheia – Ele tem razão, Zac, não dá pra ter criança aqui.
Zac – Tá tá tá, só esteja aqui, ok? Você topa, tá de acordo?
Taylor, dando de ombros – Tá, claro.
Zac, sorrindo e tomando o último gole de café – Beleza!
Isaac lia o jornal calmamente, sentado à mesa de sua casa. Bebia café e comia torradas. Estava de óculos, bermuda de linho cáqui, chinelos de dedo e uma camisa polo branca. O rosto liso e sem barba, óculos de grau discretos. Nicole estava se trocando no quarto, surgiu na mesa de jantar belíssima num vestido justo, amarelo e com alças, os cabelos soltos.
Isaac, lhe abrindo um sorriso – Bom dia!
Nicole, sentando-se à frente do marido – Bom dia, meu bem. Você levantou cedo, apesar de ter ido dormir tão tarde.
Isaac – Nada, estou bem.Nicole – Pra que horas ficou sua reunião?
Isaac, tirando os olhos da leitura – Desculpe, o quê, querida?
Nicole – Sua reunião, com o cliente que foi pegar no aeroporto ontem.
Isaac, batendo na testa – Oh, sim! É claro. Ele desmarcou.
Nicole – Mas você disse que ele fica na cidade poucos dias, por que desmarcou?
Isaac – Jetlag, não sei, amor. Nada importante.
Nicole, desconfiada – Está tudo bem?
Isaac – Claro, claro. Aliás (pegou a mão dela por cima da mesa) o que acha de darmos uma volta no shopping e depois brunch perto do porto? Os meninos podem ficar com a babá.
Nicole – Hum, está tentando me bajular?
Isaac – Bajular? (Ele riu) Faz tempo que não passamos uma tarde juntos, só nós dois. Vamos lá…
Nicole, suspirando e sorrindo – Ai, tá boooom, você sabe que eu adoro bater perna no shopping.
Isaac – Ótimo.
Nicole – Essas torradas estão muito boas, né?
Isaac – Pois é, a Rose caprichou dessa vez.
Nicole – Querido, você está lembrado da conversa que tivemos sobre eu abrir um empreendimento?
Isaac, com os olhos no jornal – Claro, querida.
Nicole – Eu fiz uma pré-consultoria.
Isaac, surpreso – Oh! Sério? (Pôs o jornal de lado) Por que não me disse?
Nicole – Ah, queria fazer sozinha. Faz parte da coisa toda de “estar ativa”.
Isaac, com o queixo sobre o punho fechado – Hum… Parabéns, amor. E quer me mostrar? Gostaria de dar uma olhada.
Nicole, cortando uma pequena fatia de queijo – Podemos tratar disso durante o brunch.
Isaac, sorrindo – Veja só isso! Quem é você? (Se esticou para beijá-la) Gostei de ver. Mas não precisa fazer tudo sozinha, estou aqui. Precisamos analisar cada detalhe desse projeto.
Nicole – Eu sei.
Nicole observou o marido tomar mais café e ler o jornal. Sua elegância, seu charme. Que mulher não se sentiria atraída por isso? Afastou os pensamentos e resolveu aproveitar o dia com o homem que amava. A cabeça de Isaac ia longe, ele sabia que Nicole tinha percebido alguma coisa e tratou logo de distraí-la. Amava a esposa, mas tinha “necessidades”.
Jay estava no seu quarto escuro, música eletrônica num volume médio, bebendo água e digitando rapidamente. O brilho da tela refletia nos seus olhos, concentrados. Alguém estava tentando quebrar seus códigos, alguém estava tentando roubar-lhe o posto. “Okay, Zenson, pode mandar ver.”
Zac, gritando – D! Vem aqui, olha isso!
Derek, aparecendo na porta do quarto de Zac – Que foi, cara?
Zac, apontando para a tela do computador – O tal do JRabbit, cara. Me desafiou na maratona de codificação.
Derek, coçando a cabeça – Isso é daqui a poucos dias. Você tem tempo de se preparar?
Zac – Me prep… Derek! Eu sou o Zenson, cara, o deus dos algoritmos. Eu não preciso me preparar. Esse mela-cueca que vai precisar de fralda.
Derek – Tá certo, só perguntando.
Jay sorriu, ansiosa. Adorava um desafio e seja quem fosse esse tal Zenson, ela iria fazê-lo implorar.
0 notes
aportavermelha · 8 months
Text
Capítulo 11 - Fim de Expediente
Tumblr media
Rachel, sentando ofegante e suada no meio-fio – Eu devia correr com você mais vezes.
Jay, esticando os braços na vertical, alongando-os – Você deveria VIVER como eu, gata.
Rachel – Não sou tão elástica. (Jay começa a rir, sentando ao lado de Rachel) Liguei no celular do John ontem, estava desligado. Ele raramente desliga o celular ou deixa descarregar porque às vezes o treinador liga de madrugada pra dar alguma notícia importante.
Jay – Mas que treinador empata-foda, hein?
Rachel – Tô começando a te dar razão. Esses dias a gente tem brigado só por besteira.
Jay, esticando os braços até os pés – Amiga, você sabe o que eu penso sobre relacionamento.
Rachel – “Instituição social que visa fazer com que duas pessoas apaixonadas se odeiem.”
Jay – Isso mesmo, e cada dia mais vejo que não é mentira.
Rachel – Tem um pouco de exagero nisso aí. Conheço muita gente que é feliz num relacionamento. Ou em vários.
Jay, a olhando por entre as pernas, alongando as costas – Alguém da nossa geração?
Rachel, rindo – A gente tem um monte de amiga mono e não-mono, garota, tudo aí arrasando, feliz. Meus irmãos são casados e eles não são tão mais velhos que nós também.
Jay – O que é um desperdício pois todos são lindos e eu queria.
Rachel – Meus pais também são casados até hoje.
Jay, bagunçando o cabelo com as mãos – E os meus, mas compromisso é diferente de felicidade.
Rachel, deitando no gramado em frente à casa delas – Jay, você devia virar influencer.
Jay, deitando também – Ou fazer um podcast.
Rachel, com o braço sobre os olhos – Tô precisando de um trampo diurno, Jay, as aulas estão pra começar e eu não tenho o valor todo da rematrícula. É foda. Eu pensei que ia dar pra juntar só com as gorjetas do bar.
Jay – Eu posso ver uns anúncios pra você. O que vai ser, passear com cães, babá de criança…?
Rachel – É, coisa assim. Ainda bem que preciso aguentar só mais um pouco pra conseguir meu diploma, aí poderei dar aulas e ganhar bem mais, sem ficar me matando.
Jay – Estou louca pra ser efetivada na empresa, meu salário é bom, mas eu ainda sou interna.
Rachel – E aqueles teus bicos de hacker?
Jay – Shh! Tô suave disso aí. Cê lembra, né?
Rachel – Aquele último trabalho, hein, você quase entra em encrenca.
Jay – Pois é, mas essa é a graça!
Rachel, cutucando Jay – Falando em graça, eu vi você de papo com o Zachary no bar.
Jay – Zachary, que Za… Ah, o cara que eu derrubei bebida na jaqueta sem querer.
Rachel, sentando – Hã?
Jay – É, eu tava com o copo cheio de mojito e, por causa do aperto, tropeçaram em mim e eu acabei derrubando bebida na jaqueta dele, mas nem estragou nem nada. Ele fez uma ceninha e eu quase torci o punho dele pra largar de querer crescer pra cima de mim.
Rachel – Quêeee?
Jay – Depois ele veio de papinho, querendo me levar pra casa.
Rachel – Hahaha! Que galinha, Jay! Pois mais cedo, ele veio falar comigo também, com essa mesma proposta. Ele foi o cara que brigou com o John uma vez, lembra? Que eles se empurraram e tal?
Jay – Aaaah! Nossa, era ele? Amiga, eu nunca presto atenção em briga de macho em bar. Mas sim, que galinha.
Rachel – E ele é irmão do Taylor. Nada a ver.
Jay – Zachary deve ser adotado.
Continuaram conversando e logo entraram para tomar banho e jantar. Jay tinha relatórios enormes para completar e ainda tinha que se aquecer para a maratona de codificação algorítmica. Tinha que dar uma lição no tal Zenson, quem quer que fosse ele.
Bethany veio de Tampa para Melbourne passar uns dias para ver os filhos e acompanhar Ronald, seu colega e novo affair, num caso. O namoro com Ronald nunca se oficializou, apesar de ele ter se separado também. Bethany não queria se prender a ninguém tão cedo.
Ronald chamava atenção pelo seu porte atlético e altura, jogou basquete pelo time da Harvard University, onde estudou Direito. Sorriso largo, ambicioso e muito competitivo, totalmente o oposto de Taylor.
Ronald – Então, eu tenho uma notícia pra te dar.
Bethany, cortando o filé – Pode falar.
Ronald – Recebi uma proposta de trabalho.
Bethany, engolindo a comida – Hum! Mesmo?
Ronald – Sim… Escritório sólido de uns advogados peruanos, muito ricos. Plano de saúde, dentário, creche e eles ainda tem um time corporativo de futebol. (Ele engoliu sua comida). É em Miami.
Bethany – Oh. (Ela hesitou um momento) Miami, hein? Isso é ótimo.
Ronald – Eu não aceitei ainda.
Bethany – E por que não? Me parece ser uma ótima proposta. Qual o salário mensal, tem porcentagem?
Ronald – Não aceitei ainda porque… (pôs o prato de lado, e tocou a mão dela) Eu gostaria que viesse comigo.
Bethany parou de mastigar, tomou um longo gole de água.
Bethany – Ronald, eu fico lisonjeada, mas eu já tinha deixado pra lá a ideia de ir pra Miami.
Ronald – Eu falei de você pra eles, mostrei seu currículo, disse que trabalhamos juntos aqui. Eles gostaram do seu histórico, mesmo com seu curto tempo de carreira. Estão querendo uma entrevista pessoalmente.
Bethany – Uau! Estou sem palavras, você sabe como isso seria bom pra minha carreira. E eu não sabia que você já estava se mexendo pra ir pra um escritório maior.
Ronald – Era pra ser uma surpresa. Que bom que gostou. O que me diz? Eles estarão na cidade daqui uns dias, posso marcar um almoço.
Bethany – Eu preciso pensar. Meus filhos estão aqui. Já fiquei longe esses meses em Tampa, ir pra Miami logo assim, com eles tão pequenos, não sei…
Ronald, apoiando o queixo no pulso – É apenas uma entrevista, um bate-papo num almoço, Bethany. Não se preocupe. Você está fazendo isso justamente pelos seus filhos, para dar o melhor pra eles, não é?
Bethany, engolindo comida – Vou encontrá-lo esse fim de semana.
Ronald, bebendo um gole de suco – Quem?
Bethany – O Taylor.
(Ronald começou a rir, de boca cheia) Por favor, e nada de ciúme. Vamos tratar do divórcio.
Ronald – Espero que seja só sobre isso mesmo.
[Música de fundo, Tighten Up ��� Black Keys – 00:00 – 00:47]
O escritório da Hanson Advertisements esvaziava depois do expediente. Apenas algumas pessoas da equipe de criação que ficavam até depois do horário porque, oras, eram da equipe de criação, não tinham vida própria. Isaac continuava no seu escritório, de óculos de grau, camisa preta de mangas dobradas e um semblante preocupado. Estava respondendo uns e-mails, cobranças de clientes e reuniões remarcadas. Sua cabeça estava explodindo. Tirou os óculos e coçou os olhos. Seu celular apitou, era uma mensagem de texto, “Ocupado?”. Isaac respondeu: “Fim de expediente. E você está livre?”, ele desligou o monitor, pegou a pasta e o terno e saiu da sala.
Isaac, acenando para o pessoal da criação – Boa noite, pessoal. Obrigado por hoje. Até amanhã!
“Sim, por que não vamos tomar alguma coisa naquele hotel que você adora?”, dizia a mensagem seguinte. Isaac, estava entrando no carro, respondendo a esta mensagem antes de dar partida no carro quando apareceu a foto de Nicole no visor, ela estava ligando.
Isaac – Oi, amor.
Nicole, olhando-se no espelho – Maridinho, você está vindo pra casa?
Isaac – Ahn… Na verdade, amor, eu estou indo encontrar um cliente no aeroporto, ele acabou de chegar na cidade.
Nicole – São quase nove da noite, ele quer falar de negócios agora?
Isaac – Ele não é daqui, meu amor, (deu ré no carro) não conhece a cidade, só vou levá-lo até o hotel e causar uma boa impressão pra reunião de amanhã. (Virou à esquerda para sair do estacionamento) Sabe como é esse pessoal, precisam de bajulação.
Nicole – Ah… Tá certo, então. E você demora?
Isaac, dirigindo – Não devo demorar muito. Está tudo bem?
Nicole – Sim, sim. É que preparei uma surpresinha pra você. (Ouviu a risada de Isaac na outra linha) Te espero, então.
Isaac – Bye-bye, meu bem. (Desligou).
[Música de fundo, Tighten Up – Black Keys – 00:00 – 00:47]
Com a esposa despistada, Isaac checou seu reflexo no espelho do carro e pôs dois tic-tacs na boca. Estava indo ao Mozart Hotel, um conceituado e discreto hotel do lado norte da cidade, onde homens casados tinham requinte e privacidade para seus encontros “furtivos”. Naquela noite, Isaac encontraria Tiffany, uma das garotas de programa com quem ele saía ocasionalmente. E não que Isaac preferisse prostitutas à sua mulher, que era linda, ele preferia a adrenalina de fazer algo ilícito, usando do seu charme e poder. "Que homem não gosta de jogar notas de dinheiro na cara de uma mulher e mandá-la fazer isso ou aquilo? Poucos diriam que não."
Nicole estava em casa. Suspirou olhando-se mais uma vez no espelho, usando uma camisola com animal print, os cabelos lisos e compridos com mechas loiras presos num coque e os olhos azuis delineados com maquiagem. Queria dar uma sacudida na relação, já há alguns meses as coisas andavam meio mornas entre ela e Isaac, sexualmente falando.
Depois de meia-hora, Isaac estacionou o carro uma esquina antes do hotel, e foi caminhando de mãos nos bolsos até o hotel. O saguão era espaçoso e sempre haviam pessoas por ali, poucos turistas, a grande maioria eram homens como ele, engravatados, geralmente acompanhados de moças bonitas – e muito jovens.
Dirigindo-se ao bar, Isaac viu Tiffany sentada de pernas cruzadas, com uma sandália preta de tiras, e um vestido justo, verde-escuro. Magra, com quase nenhum peito, porém com o resto do corpo bem distribuído. Os cabelos encaracolados artificialmente e olhos negros e grandes.
Isaac, beijando-a no rosto – Olá. Desculpe atraso.
Tiffany – Chegou bem na hora.
Isaac – O que estamos bebendo?
Tiffany – Pedi uma dose de Absolut Maracujá com gelo e limão pra você.
Isaac – Minha preferida, Tiff.
Continuaram a flertar e beber drinks, até que Isaac (que havia feito check-in antes de encontrá-la no bar) a levou para o quarto. Não era só estar pagando que o excitava, era a ideia de poder fazer o que quisesse durante o sexo sem medo de reprimendas. Tinha um grupo seleto de prostitutas com quem mantinha encontros semanais, e elas aceitavam e até gostavam das preferências de Isaac, que incluíam um pouco de bondage, golden shower e role-play. Pervertido? Talvez, mas era só uma questão de ponto de vista.
Já passava das onze, e na república da porta vermelha, Zac e Noah adormeceram no sofá, vendo o filme “Carga Explosiva”. Zac com as pernas na mesinha de centro, todo aberto, com a cabeça para trás, roncando de boca aberta e Noah com a cabeça no colo dele, também dormindo de boca aberta. Com Taylor fora, Zac se ofereceu para fazer companhia ao sobrinho. Viram um filme, jogaram um pouco de vídeo game e lancharam. Mitch estava com Becky no colo, tentando pô-la para dormir, mas o bebê só choramingava. Derek, apareceu na porta do quarto de Taylor, vestindo um short branco, surrado, e uma camisa velha, cinza, da Florida Tech. O cabelo todo bagunçado.
Derek – Pô, Mitch.
Mitch – Desculpa, Derek, ela não quer dormir.
Derek, bufando e esfregando os olhos – Nossa, eu tô mega cansado.
Mitch, lhe dando uma piscadela – Deu pra ver, vocês voltaram acompanhados ontem.
Derek, sentando ao lado dela na cama – Ah, não! Não é nada disso que você tá pensando.
Mitch– Ué, não tô pensando nada (ela riu). Mais que normal rolar uma noite só, sem compromisso.
Derek, ficando levemente corado – Na-não, eu e a menina, a gente… É, tá, a gente transou, mas só rolou sexo oral mesmo, eu tava meio bêbado.
Mitch – Você devia sair mais, D. As meninas reparam em você
 Derek, a encarando– Reparam, é?
Mitch – É. Relaxa mais, garotas gostam disso. (Becky bocejou, apoiando a cabecinha no ombro de Mitch).
Derek, quase sorrindo – Vo-você… Você gosta?
Mitch– Eu adoro garotas que são relaxadas, tranquilas, apesar da Nat não ser nada disso.
Derek – Ah. (Ele hesitou, sem graça) É mesmo… E como estão as coisas? 
Mitch – Você quer mesmo saber? (“Não”, ele queria ter respondido, mas disse: “Claro”) Ela tem se mostrado mais flexível, vai me levar pra jantar na casa do primo esse fim de semana.
Derek – Oh!
Por alguns segundos ninguém mais disse nada. Mitch, aliviada por Becky ter dormido, só queria um banho morno e cair na cama. Com o final das férias, precisava agilizar a leitura de alguns livros.
Derek, cochichando – Ela dormiu…
Mitch – É… Parece um anjo, tão pura, tão calma… Como crescemos e nos tornamos essa bagunça?
Derek – Não sei.
Mitch, pondo Becky no berço, devagar – Talvez quando eu tiver meu próprio filho, eu possa entender em que parte deixamos de ser tão inocentes.
Derek – E você pensa em ter filhos?
Mitch, virando-se para ele – Você não?
Derek, surpreso com a pergunta – Nunca pensei nisso, na verdade. Não levo jeito com criança.
Mitch – Ninguém tem jeito com criança, se você for reparar.
Derek – Você tem.
Derek a encarou por alguns segundos e baixou a vista, forçou um bocejo. Mitch o beijou no rosto e lhe deu boa noite. Ele desceu as escadas e, uma vez em seu quarto, se jogou na cama, novamente se sentindo um completo idiota.
A noite também se encerrava no Dirty Albie, os últimos clientes iam saindo, a maioria cambaleando, apoiados nos amigos. Rachel estava do lado de fora, na calçada, de braços cruzados, olhando o relógio. A noite estava amena, mas o vento que soprava era frio. Taylor, que havia ficado mais tempo aquela noite para ajudar na cozinha (e tirar mais algum dinheiro), estava saindo do estacionamento no seu jipe, quando viu Rachel lá sozinha.
Taylor – Está esperando alguém?
Rachel – Meu namorado, mas ele está vinte minutos atrasado.
Taylor, puxando o freio de mão – Você combinou com ele?
Rachel – Sim, mas meu celular descarregou e não tenho como ligar. 
Taylor, estendendo o iPhone preto – Toma, pega o meu. Pode usar.
Rachel discou o número e esperou chamar. Nada.
Rachel – É, acho que vou ter que ficar aqui mais tempo.
Taylor – Não, a rua está esvaziando, é perigoso você ficar aqui sozinha a essa hora.
Rachel – Taylor, é Paperville, é seguro.
Taylor – Eu te deixo em casa, vamos lá.
Rachel, hesitando, mas sorrindo – Não quero te incomodar, e o meu namorado…
Taylor – Não vai ser incômodo.
Rachel acenou com a cabeça e entrou no jipe.
Taylor foi seguindo as instruções dela.
Taylor – Ele costuma se atrasar?
Rachel – Não, pior que não. Ultimamente, as coisas têm estado um pouco estranhas entre nós e o John é um cara muito esquentado.
Taylor, virando uma esquina – Bem, espero que se resolvam logo.
Rachel – Ah! Nem tive tempo de dizer que adorei aquele cover que você fez.
Taylor, rindo – Qual deles?
Rachel – “Just the Way you Are”.
Taylor – Hum! Obrigado. É, eu gosto muito daquela música.
Rachel – Eu também. Mas não gosto tanto na voz do Bruno Mars, assim mais rápida. Vai entender… E os seus filhos?
Taylor – Hoje ficaram lá em casa, com meu irmão e os colegas.
Rachel – E é tranquilo deixar com eles?
Taylor – É sim, meu irmão parece que devora criancinhas, mas ele é gente boa, as crianças adoram ele.
Rachel – Pronto, é logo ali, naquela casinha com um gramado na frente.
Taylor – Está entregue.
Rachel – Taylor, muito obrigada (o beijou no rosto), quebrou essa, viu. 
Taylor – Nada, tudo bem. Disponha.
Quando Rachel ia saindo do carro, John estaciona queimando pneu logo atrás, assustando os dois com a luz alta e com o barulho.
John, gritando e indo em direção a Rachel – Que é isso aqui?
Rachel, surpresa – John, o que é isso o quê? Onde você estava?
John, a segurando forte pelo braço – Onde VOCÊ estava! Passei pra te buscar e não estava lá no bar, agora me aparece aqui com esse cara!
Taylor, saindo do carro, no tom mais amigável que pôde – Ei, rapaz, calma aí! Nós trabalhamos juntos…
John, apontando o dedo para Taylor – Cala a boca, viado!
Rachel – John, por favor! Tá me machucando, solta meu braço!
Taylor, se aproximando, sério – Solta o braço dela, cara.
Jay, saindo na porta, de roupão – O que diabo é que tá acontecendo aqui? 
John soltou Rachel e deu dois passos para trás, bufando e encarando Taylor, que permanecia calmo. Rachel empurrou John no ombro.
Rachel – Você perdeu a cabeça?! Não faça isso de novo! Cadê seu celular? Te liguei do celular do Taylor e você não atendeu!
John, mordendo o maxilar – Não ouvi.
Rachel, o empurrando de novo – Pois tire do silencioso da próxima vez! Idiota! (Foi em direção à casa).
John, virando-se para ela – Rachel.
Jay, entrando no meio, com um tom desafiador e irritado – Eu acho melhor você ir pra casa, John.
John encarou Taylor, que retribuiu o olhar zangado, e entrou no carro, queimando pneu ao arrancar. Rachel estava morrendo de vergonha. 
Rachel, prestes a entrar em casa – Desculpa por essa cena.
Jay – Ele é um animal, que bom que não preciso fingir que gosto dele.
Taylor – Você vai ficar bem? Rae?
Rachel – Vou, vou… Obrigada pela carona.
Taylor – Tá bom… Boa noite, meninas.
Rachel – Boa noite, Taylor.
Jay – Até mais, Taylor.
[Música de fundo, Tighten Up – Black Keys – 01:10 – ....]
No caminho para casa, Taylor ia se perguntando o que fazia uma menina tão legal como Rachel estar namorando um cara como o John? Será que ele a agredia? Será que ele era livre de culpas para ter tanto ciúme assim? Pessoas diferentes mantinham relacionamentos o tempo todo, vide o caso dele com Bethany.
Logo, os pensamentos foram substituídos por muito sono e pela ansiedade em ver Bethany naquele fim de semana. Duvidava que aquilo que lhe falaram fosse acontecer, mas iria preparado. Não a tinha perdoado ainda e sabia que ela não esperava isso dele. Se ela fazia tanta questão do divórcio, por que iria para a cama com ele? Não fazia sentido algum. Descartou a ideia e logo relaxou, voltou para casa com U$90. “Pelo menos, foi melhor que ontem.”
Quando Isaac chegou em casa, estava tudo apagado. Checou o quarto dos filhos, que estavam dormindo. Abriu a porta bem devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Notou a silhueta da mulher, deitada na cama, adormecida debaixo dos lençóis. Pôs a pasta no chão, tirou os sapatos e pôs o terno e a camisa na poltrona. Vestindo uma cueca boxer, entrou no banheiro e escovou os dentes, lavou o rosto e, com a luminosidade que invadia o quarto, percebeu que Nicole se mexera.
Nicole, bocejando – Ike?
Isaac, indo em direção à cama – Ô, amor, eu não queria te acordar. (Ele viu a lingerie diferente) Uau, você está linda
Nicole, desanimada – Era pra ser uma surpresa, então… Surpresa.
Isaac, deitando-se ao lado dela – Hah… Eu gostei.
Nicole, esfregando os olhos – Por que demorou tanto?
Isaac – Acabamos conversando e, sabe como é (a abraçou). Essas coisas demoram.
Nicole – Falaram do quê?
Isaac, a beijando no pescoço – Negócios, futebol, campanha… Cogitamos jogar golfe qualquer dia.
Nicole – Certo… 
Isaac – Estou muito cansado, amor. Obrigado pela surpresa. Boa noite. 
Virou-se e minutos depois, estava roncando. Nicole continuou virada para o lado, olhando para a janela, quase sem piscar. “De nada”, pensou mas não disse. Agora, mais do que nunca, sentia que havia algo errado.
0 notes
aportavermelha · 2 years
Text
Capítulo 10 - Sem Olhar Para Trás
Tumblr media
“Alcancei dinheiro e independência muito nova, ainda adolescente, com a mãe gananciosa que eu tenho, isso me colocou em posições que eu preferia não ter estado. Eu queria viajar a passeio, relaxar, sair com as amigas, paquerar em paz. Mas era tanto trabalho o tempo todo! Quando conheci o Isaac, ele foi o que nunca tive, era presente e carinhoso, sabia me agradar e me fazer sentir segura como ninguém. Meu casamento e minha família são meus pilares e eu tenho três homens maravilhosos na minha vida. Mas isso nem de longe é o bastante pra mim.” [Flashes de Nicole posando para fotos em estúdios, sendo produzida por maquiadores e cabelereiros, provando e tirando roupas, andando de braços dados com Isaac e depois os dois junto dos filhos]
  Após o banho, o casal de moças se vestia para dormir, Natasha passava hidratante nas pernas enquanto Mitch passava o secador no cabelo de frente para o espelho.
 Mitch — Hoje foi legal, né? Precisamos sair mais vezes.
Natasha, a abraçando por trás — Ah, eu não gosto muito de tumulto.
Mitch — Lá não tava tão lotado assim, meu bem, e a energia tava ótima.
Natasha — Você e seus misticismos…
Mitch — Você e seu ceticismo…
 Beijaram longamente.
 Natasha, dando espaço para Mitch na cama — Então, você viu como o Derek ficou nervoso quando eu perguntei de quem ele gostava?
 Mitch, se acomodando — É, ele se atrapalhou todo.
Natasha — Você não vê como ele te olha?
Mitch não entendeu.
 Natasha — Fala sério...
 Mitch, sorrindo — Amor, deixa de bobagem, o Derek é uma criança. Parece que nunca nem saiu da puberdade. (Cobriu-se) E ele é meu amigo. Então, não.
 Natasha, apertando o nariz de Mitch — Eu acho que você é a crush dele…
Mitch, se debruçando sobre Natasha — Pois eu acho que sou a ‘crush’ de outra pessoa...
 Com as palmas macias, Mitch percorreu o corpo liso de Natasha enquanto a beijava sem pressa. Natasha mordiscava os lábios da namorada e lhe soltou as tranças que reluziu ao chocar com a meia-luz do quarto. Tudo era observado pelo pequeno buraco da fechadura, Derek estava agachado, nervoso de excitação e, ao mesmo tempo, seu peito doía de tristeza.
 Ouviu o chamarem lá de baixo, subiu com a desculpa de usar o banheiro do corredor superior, já que o inferior estava ocupado com uma das garotas que Zac havia convidado. Esfregou as mãos no rosto, se reprimindo e ao mesmo tempo desejando mais que tudo estar naquele quarto. Com Mitch. “Idiooota!”. Desceu a escada rangente e foi direto em direção ao próprio quarto, depois da cozinha. Pediu que Zac esperasse. Fechou a porta e tirou da gaveta da escrivaninha uma caixa não tão maior quanto uma caixa de fósforos. Despejou o pó branco sobre a da mesa e, com um cartão, endireitou a carreira. Cheirou toda de uma vez. freneticamente.
 Zac, sentado na poltrona, com uma das garotas no colo — Ei, cara, vai me deixar sozinho com as meninas aqui?
 Derek, sentando no sofá, a 60 cm da outra garota — Desculpa, eu tava arrumando umas coisas.
 Garota 1 — Então, Zac, essa é a famosa “República da Porta Vermelha” (Derek riu).
 Zac — É isso aí, gata. Como pode ver, nosso lar é simples, mas cabe todo mundo.
 Garota 2 — E quando vão fazer outra festa daquela?
 Garota 1 — Verão passado foi maravilhoso!
 Zac — Vocês estavam aqui?
 Garota 2 — Sim, mas você não deve lembrar de nós, estava muito bêbado.
 Garota 1 — E tinha muita gente também.
 Derek — Bem, nós estávamos pensando em fazer outras festas antes de o verão acabar, sim. Temos tempo. Precisamos ver o DJ, o espaço que vai ficar aberto pro pesso… (Zac e a garota começaram a se agarrar ali mesmo). Melhor deixar pra lá. (Virou-se para a outra garota) Quer dar um tapa?
 Por volta da meia-noite e meia, Taylor estava guardando a fiação e arrumando o palquinho. O lugar só fechava às 2h, mas ainda tinha muita gente lá. Ele guardou o violão e, passando entre as pessoas, encostou no bar. Rachel não o viu de imediato, estava na outra extremidade do balcão, servindo drinks.
 Taylor — Ei! E aí?
 Rachel, sacudindo o colarinho da camiseta — Hoje tá complicado aqui, viu.
 Taylor — Dá pra ver, você não para quieta um minuto. (Ela riu).
 Rachel — E as gorjetas, foram boas?
 Taylor — Incríveis U$62.
 Rachel — O Albie lá tá nos fundos, ele vai te pagar.
 Taylor — Tá bom. Vou logo lá.
 Rachel, estendendo o punho fechado — Até amanhã.
 Taylor, rindo — Boa noite, Rachel. (Bateu de leve com o punho no dela).
 Ao dar partida no carro e sair do estacionamento do bar, Taylor notou que alguns rapazes com jaquetas de universidade o encaravam. Não deu importância. “Os atletas de sempre.”. Ao chegar em casa, já notou um movimento diferente. Juntou algumas latas vazias que estavam pela sala, lavou as louças e reposicionou o sofá e a
poltrona. Ouviu o barulho vindo do quarto de Zac e riu consigo, “O cara não perde uma mesmo.”.
 Depois do banho, deitou na cama e olhou para o lado. Era estranho não pôr Becky para dormir e bagunçar o cabelo de Noah. Saudade dos filhos, saudade da esposa. Abriu a gaveta do móvel ao lado da cama e lá estava a aliança grossa e dourada. Pegou e ficou olhando, até pôs no dedo anelar esquerdo, enquanto a cena que acontecera meses antes se reproduzia outra vez na sua mente. As noites que Bethany chegava mais tarde em casa, com as crianças já dormindo, alegando estar no trabalho quando Taylor ligava para o escritório e todos já tinham saído. As mensagens sempre apagadas no celular, ligações furtivas aos domingos.
 Taylor nunca foi do tipo que ficava no pé, mas queria ter sido, talvez não teria sido feito de idiota. Suas cobranças nunca eram levadas a sério por Bethany. Um dia, Taylor chegou em casa e ela estava na sala, esperando por ele. Era um final de tarde, ele lembrava, estava nevando lá fora e aquela cena atípica o deixou curioso.
 Taylor, tirando as luvas e o casaco — Ei, amor, você já está em casa. Isso é novidade.
 Bethany, bem séria — Taylor, precisamos conversar. (Ele sentou no sofá menor, à frente dela).
Taylor — Sobre o quê?
 Bethany — Não é óbvio? Sobre a gente. (Ele se afundou mais no sofá, e a encarou). Nosso casamento não está mais… Funcionando. Acho que você também já percebeu isso.
 Taylor — Bethany, numa relação se algo quebra, não é como se não tem conserto. Eu venho tentado conversar contigo e resolver essa situação, desde que a Becky nasceu, você…
 Bethany — Eu conheci outra pessoa, Taylor.
 A expressão de Taylor congelou. Arregalou os olhos azuis e apoiou os cotovelos nos joelhos, com a cabeça entre as mãos. Levantou e ficou de costas para Bethany por um momento.
 Taylor — Quem?
 Bethany — Não vejo imp…
 Taylor, virando pra ela — QUEM É?
 Bethany — Ronald. Do escritório.
 Taylor, alterado — Aquele… O que eu simpatizei na festa da sua firma, o que cantou Jay-Z comigo no karaokê? Ele não é casado? (Natalie fez que sim com a cabeça) Mas que porra é essa, Bethany?! Que dupla vocês fazem, hein! (Deu um soco no sofá e andou pela sala). Há quanto tempo?
 Bethany — Taylor.
 Taylor — HÁ QUANTO TEMPO, Bethany?
 Bethany — Alguns meses. Desde o meio da gestação.
 Taylor, rindo, nervoso — Um bebê recém-nascido em casa e você transando com seu colega de trabalho?! E como você pôde, como teve estômago pra continuar tendo um caso mesmo grávida de mim? Como vocês dois conseguiram? Que nojo!
 Bethany ficou calada. Deixou que ele pusesse para fora.
 Bethany — Taylor! Dá pra parar um segundo? Não foi nada  Eu estava cansada, eu ESTOU cansada... de você, disso tudo! Acomodado, desleixado, se contenta com qualquer coisa! Essas coisas foram... foram sufocando a atração que eu tinha por você! Você não me via mais! Aliás, via como eu andava cansada e resmungava que eu não te dava atenção! Você acha o quê, que eu simplesmente decidi não gostar mais de você?!
 [Música de fundo, It Will Rain – Music Love Travel ft. Francis Greg – 00:00 – 01:40]
 Taylor a encarou com os olhos lacrimejados e o coração batendo forte, e pela primeira, não fazia ideia de quem era aquela mulher na sua frente, certamente não era a mulher com quem ele havia se casado. Mas ela não estava errada. Deu dois passos para trás e pôs as mãos nos bolsos. Encostou-se ao vão da porta entre a sala e a cozinha.
 Taylor, com lágrimas escorrendo — Bethany, eu estava me esforçando… Por que não me disse antes? Por que não conversamos? Eu... (Bethany também chorava, e limpava os olhos com as mãos) O que vamos fazer? Meu Deus, o que eu faço agora?
Bethany — É melhor que eu me afaste por um tempo. (Só então, Taylor viu as malas ao pé da escada). Taylor — Você vai embora? Assim, sem mais nem menos?
Bethany sentou-se novamente, ainda chorando, mas tentando segurar.
Bethany — É melhor. Pra nós e pras crianças. Taylor — E onde elas estão?
Bethany — Becky está dormindo no berço e o Noah está na casa dos meus pais. Taylor — Eles ficam comigo. Meus filhos não vão sair de perto de mim.
Bethany — Acredito que seja melhor pra eles mesmo. Você é um ótimo pai, Taylor, você adora ser pai. Pela manhã minha mãe vem deixar o Noah.
Taylor, de braços cruzados — Eu vou buscá-lo daqui a pouco. Ele vai dormir em casa.
[Música de fundo, It Will Rain – Music Love Travel ft. Francis Greg – 03:00...]
Bethany se levantou e Taylor foi até ela, puxou-a com força, tentando beijá-la. Bethany cedeu e os dois se agarraram. “Fica.”, Taylor sussurrou, antes de Bethany sutilmente se afastar e ir em direção da porta. Ela não olhou para trás, pegou as malas e saiu. Taylor fechou os olhos ao lembrar-se da porta batendo. Tirou a aliança do dedo, pondo de volta na gaveta e virou-se para dormir.
Por causa da rotina de trabalho, Isaac era muito ansioso para dormir, mas uma vez dormindo, só uma britadeira para acordá-lo (ou o toque estridente do despertador). Nicole já tinha o sono mais leve, então enquanto o marido roncava, foi ela quem acordou com o telefone dele vibrando ao lado do abajur. A tela estava bloqueada e ela não sabia qual era o código, mas viu no canto superior da tela um pedaço da mensagem que acabara de chegar: “… Outra vez, sim. Mal posso esperar. Bjs, F.” Sentiu um frio na barriga e voltou a deitar-se. Nicole não tinha motivos para desconfiar do esposo até então. Isaac era um bom marido, um pai presente, não deixava faltar nada para ela ou para os filhos e a frequência de viagens corporativas não era normal para o tamanho dos seus negócios. Porém, algo naquela mensagem não estava certo.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 9 - Não Chore A Cerveja Derramada
Tumblr media
“Eu sou um infeliz clichê de pais com grana, boas escolas, zero esforços e muito bullying. Computadores e jogos ocuparam maior parte do meu tempo. Hahaha! Ora, quem eu quero enganar? Ocuparam maior parte da minha vida. Fazer o quê? Nunca fui o tipo ‘amigão da turma’, a escola foi um inferno, a graduação um pouco melhor, mas só depois que eu e Zac ficamos amigos foi que as coisas começaram a acontecer pra mim porque ele é um safado e me ajuda a destravar. É o irmão que eu não tive... (...) Drogas? Bom, as pessoas usam por um motivo, não é? Ou vários.” [Flashes de Derek sendo empurrado nas costas por meninos uniformizados, depois jogando no computador e mexendo no celular ao lado de Zac falando com alguma mulher].
   A previsão do tempo indicava noite de céu limpo, com alguma ventania, mas nada que atrapalhasse a diversão do fim de semana que estava começando. Dentro do elevador do prédio em que Isaac morava, Taylor fazia caretas para Noah pelo reflexo do espelho enquanto Becky puxava o cabelo do pai com as mãozinhas gorduchas, fazendo ruídos. Quando as portas se abriram, Isaac já os esperava na entrada do apartamento. Noah cumprimentou o tio rapidamente e correu a chamado dos primos.
 Brad — Noah!! Vem, vem, teremos Nintendo a noite toda!
 Taylor sentou numa ponta do sofá e pôs Becky no chão com um brinquedinho.
 Taylor — Você tá todo arrumado, aonde vocês vão?
 Isaac — Jantar com um casal de amigos no... Ah, esqueci o nome, mas é um restaurante ótimo em Camberwell.
 Taylor — Camberwell? Uau. Você tem certeza que não é rico?
 Isaac abriu a garrafa de uísque sobre a mesinha no canto da sala.
 Isaac — Eu não sou rico, Cabeça, eu só conheço gente rica.
 Taylor, olhando ao redor — E cadê a Niki?
 Isaac — Está acabando de se arrumar no quarto, e por “acabando” eu quero dizer mais meia hora. (Serviu-se) Quer uma?
 Taylor — Não, obrigado, vou tocar daqui a pouco, então...
 Isaac, após um gole — Você começa hoje lá no bar, isso mesmo.
 Taylor — Sim, no Dirty Albie.
 Isaac, sentando novamente e cruzando as pernas — E aí, tá animado?
 Taylor — Não estou exatamente pulando de alegria, mas entrando algum dinheiro é o que importa.
 Isaac — Eu sei que você não gosta quando falo disso, mas Taylor...
Taylor, falando baixo — Ike, eu sei, obrigado, mas eu quero tentar do meu jeito primeiro... Está tudo tranquilo por enquanto. A situação vai melhorar, estou agindo pra isso.
 Isaac — Mas se você precisar de ajuda você vai me procurar, não vai? Tô falando sério.
 Taylor — Eu vou, também tô falando sério. Olha, muito obrigado por deixar as crianças ficarem aqui essa noite, quebrou muito meu galho. Logo vou poder contratar uma babá pras noites em que eu for trabalhar.
 Isaac — Não precisa agradecer por isso, né, adoro meus sobrinhos, eles não dão trabalho algum.
 Nicole, vindo para a sala — Ei, Taylor!
 Taylor — Niki! (Beijaram-se na bochecha) Meu Deus, você está fantástica!
 Nicole — Você sumiu! (Sentou ao lado do marido) Como vão as coisas?
 Taylor — Estou me organizando, ainda tá tudo muito louco, mas... Vou dar um jeito.
 Nicole — Você é muito bom em se virar. Está se adaptando à vida de república, o barulho?
 Taylor — Não é tão ruim como parece (ele riu), Zac e os amigos dele são bem... Hum, bacanas, prestativos e muito generosos, mas... De todo modo, é só por um tempo.
 Isaac — Não tinha mesmo jeito de você ter mantido a casa, né?
 Nicole — Como, Ike? Eles não renovaram o contrato, a parcela lá em cima, a Bethany indo pra outra cidade... (Nicole parou) Desculpa.
 Taylor — Mas você falou tudo, é isso aí mesmo. Não tinha como eu manter a casa sozinho com e as crianças. Como ela aceitou o caso em Tampa, abriu mão do trabalho aqui e não tinha mais o salário que, bom, bancava maior parte das despesas.
 Nicole — Vocês sabem que eu e Bethany somos próximas e eu já sei que ela estará na cidade e que vocês vão conversar. Ela não me deu muitos detalhes, então vou aguardar notícias.
 Taylor — Não se empolgue, vamos apenas conversar sobre os papeis do divórcio, provavelmente. Ela demonstrou muita saudade das crianças na voz, mas de mim,  já não sei.
 Isaac — Qual é, Cabeça...
 Nicole — Eu ainda acho que vocês têm que conversar direito, sem o calor da raiva.
 Taylor — Vamos esperar pelo melhor, né? (Levantou, beijou e cheirou o cabelo da filha) Tchau, meu amor, amanhã papai vem te pegar, tá bom?
 A babá jovem pegou Becky no colo.
 Taylor — Aqui na bolsa dela tem mamadeira feita, fraldas e duas roupas limpas. Se ela demorar a dormir, é só cantarolar baixinho que num instante ela cai no sono. Na mochila do Noah, coloquei um pijama e uma roupa limpa, escova de dentes, tá tudo ali.
 Isaac, cochichando para Nicole — Eu nunca ia lembrar disso tudo.
 Nicole, cochichando de volta — Isso não é vantagem nenhuma, meu bem.
 Taylor — Noah! Papai já vai!
 Noah devolveu o controle do vídeo game para o primo Kyle e foi até o pai para abraçá-lo.
 Taylor — Vou trabalhar. Você lembra do nosso combinado?
 Noah — Sim, papai. Lanchar, escovar os dentes, ir pra cama na hora certa e não fazer bagunça na casa dos outros.
 Taylor — Muito bem. Amanhã eu passo aqui pra pegar vocês, tá certo?
 Noah — Tá bom.
 Brad e Kyle — Tchau, tio Taylor!
 Taylor — Tchau, meninos. (Apontando para Isaac e Nicole) Vocês dois divirtam-se, hein!
 O estacionamento do Dirty Albie já tinha movimento, jovens sentados em capôs de carro, bebendo cervejas ou só conversando. Motos estacionadas e um som abafado vindo do lado de dentro. Taylor pegou o violão, guardado numa capa de couro, deixou o jipe num canto e entrou. O bar tinha um salão espaçoso de piso gasto, alvo de dardos na parede, uma mesa de sinuca quase escondida ao fundo, um balcão largo e as mesas e cabines. Passou pela porta de pessoal para ver se via algum rosto conhecido e Rachel estava pendurando seu casaco no armário improvisado no escritório improvisado de Albie. Era tudo improvisado.
 Taylor — Ei, Rachel. Tá começando a lotar lá fora. (Pendurou o casaco também)
 Rachel — Oi! Tá nervoso?
 Taylor — Sim e não, só um pouco.
 Rachel, prendendo o cabelo — Vem, vou te mostrar onde você vai tocar.
 Taylor a seguiu entre a pequena multidão de clientes. Rachel cumprimentou algumas conhecidas, mas não parou de andar. No pequeno palco havia um banquinho alto e um pedestal ao lado de um amplificador médio. Uma luzinha verde-neon era a única ornamentação. Taylor tirou o violão da capa e puxou os cabos, conectando o microfone, a pedaleira e o violão ao amplificador. Rachel pôs a capa no cantinho.
 Rachel — Seu turno começa em 10 minutos, você vai tocar por uma hora e meia, duas horas, depende da galera. Toda gorjeta dessa caixa é sua, os clientes deixam às vezes no balcão também e a gente guarda. Antes de sair, procura o Albie pra ele te pagar o cachê da noite.
 Taylor passando a mão no cabelo e expirou fundo. Fechou os olhos e bateu nas bochechas, fez um ruído e deu um gemido. Rachel riu. “Aquecimento de voz, ué.”, ele disse.
 O outro barman servia os clientes enquanto Rachel enchia um copo de alumínio com água e gelo.
 Taylor — Obrigado. (Tomou um gole comprido) Aqui é sempre assim?
 Rachel — Ainda não está lotado, a galera fica lá fora um bocado e depois entra.
 Taylor, esfregando as mãos — Certo, vamos nessa.
 Rachel, o cutucando no ombro — Bom trabalho.
 Taylor sorriu sem mostrar os dentes. Tossiu e, com o violão no colo, tocou no microfone para ver se estava ligado. Não estava. Apertou o botãozinho no amplificador causando um ruído estridente.
 Taylor — Boa noite, (o ruído quase abafando sua voz) me-meu nome é Taylor... Hanson e eu vou cantar pra vocês essa noite. (O ruído cessou) Espero que gostem.
 Taylor tirou uma pequena gaita do bolso e introduziu “Use Somebody”, do Kings of Leon. Os jovens espalhados conversavam, riam, mexiam no celular, viravam doses. O burburinho de gente se misturava às músicas que Taylor tocava. Algumas garotas (e garotos), percebendo o cantor novo, ficaram mais perto do palco, depositaram dólares amassados na caixa de gorjetas. Taylor retribuía com uma piscadela. Rachel não parou quieta, a todo momento preparando drinks e servindo cervejas.
 Uma hora depois do início da apresentação de Taylor, Zac, Derek, Mitch e Natasha chegaram. Derek de braços cruzados, desviando de caras grandalhões que andavam no sentido contrário, Mitch e Natasha batendo palminhas discretas e Zac olhando ao redor. Ele apontou para uma mesa que estava desocupando e instruiu algo para Mitch. Elas seguiram para lá, Derek foi logo atrás e Zac foi para o bar.
 Zac, se apoiando no cotovelo — Oi, linda.
 Rachel — Boa noite, o que você vai querer?
 Zac — Você. (A olhou fixamente, com um sorriso de canto) Se for possível.
 Rachel — Não, não é possível. Vamos, qual o seu pedido?
 Zac — Uma Heineken, por favor.
 Rachel virou-se, pegou uma long neck no freezer, abriu e entregou para Zac, que lhe estendeu o dinheiro.
 Zac — Bom esse cara que tá tocando.
 Rachel, abrindo as cervejas de outro cliente — Pois é, ele começou hoje.
 Zac, bebendo um gole no gargalo — Eu sei, é meu irmão.
 Rachel, surpresa, entregando drinks para uma cliente — O Taylor é seu irmão?! Não pode ser.
 Zac, ainda apoiado no cotovelo, bebendo cerveja — Ora, por que não? Eu sou mais bonito, mas dá um crédito pro cara.
 Rachel, voltando para a frente de Zac — Ele não é escrotinho como você.
 Zac, encolhendo os olhos — Qual é, deixa eu te levar pra casa. Te espero até dar sua hora.
 Rachel — Zachary…
 Zac — Olha aí, até lembra meu nome!
 Rachel, muito calma — Não força a barra, eu já disse não. E da última vez, você lembra o que rolou, não é? Vamos ficar na amizade que é melhor, seu irmão trabalha aqui agora.
 Zac riu e assentiu, batucou no balcão e abriu a carteira.
 Zac — Aquele teu namorado é um zé ruela, larga aquele otário (pôs mais dinheiro sobre o balcão e Rachel recolheu) mas me vê mais três cervejas antes.
 Rachel, entregando as cervejas abertas para ele — Tenha uma boa noite, Zachary.
 Zac se deu por vencido e, por entre o aglomerado de pessoas juntas ao bar, caminhou até a mesa das amigas.
 Derek, rindo — Estava fazendo papel de idiota de novo?
 Ele sentou e entregou as cervejas.
 Zac — É, realmente ela é imune ao meu charme.
 Natasha — Ela quem?
 Mitch — Rachel Adams, a bartender que o Zac tem vontade de pegar. Só vontade, hahaha!
 Derek — O Zac e o namorado dela já começaram uma briga, aqui mesmo nesse bar.
 Natasha — Gamado, hein?
 Zac, bebendo — Ah, que nada, eu só queria dar uns pegas mas fazer o quê. Não é não.
 Derek — Zac não gama em ninguém... Tem alguma coisa pra comer aqui? (Pegando o cardápio plastificado sobre a mesa)
 Mitch — Nossa, Zac, mas quando você se apaixonar… A queda vai ser muito feia.
 Zac — Ih, que mané apaixonar, ô. Afasta de mim esse cálice.
 Natasha — E você, Derek, quem é sua paixãozinha?
 Derek tossiu e espirrou cerveja pelo nariz, Zac bateu nas costas dele até seu rosto ficar vermelho e ele recuperar o fôlego.
 Mitch — Ficou nervoso, D?
 Derek, tossindo um pouco — Não… Não, tá tudo bem. Tive meio que um... um refluxo.
 Zac — Tu é todo estragado, parece um velho.
 Taylor anunciou um rápido intervalo agora e foi até a mesa do irmão.
 Taylor — E aí, gente. (beijou as garotas no rosto) Agradei??
 Natasha — Você é muito bom, Taylor!
  Zac — Apesar de não ter tocado Sabbath, tá muito bom, Cabeça. E aquelas ali...
 Ele gesticulou discretamente e Taylor notou duas moças loiras que o encaravam, cochichando entre si.
 Zac — ...Não param de te olhar.
 Ele apontou discretamente para duas garotas loiras, magras e peitudas que encaravam Taylor e cochichavam entre si). Acho que tu vai te dar bem.
 Taylor — Ah, acho que não, Zac… Elas só estão olhando.
 Zac, batendo no ombro dele — Ser corno afetou tua visão também?
 Mitch — É, Taylor, parece que elas estão te querendo mesmo.
 Zac — Se tu não quiser, a da esquerda fica com o Derek. Tu dá conta, D?
 Derek, bebendo — Claro que eu dou, minha falta de altura compensou no tamanho de outra coisa.
 Todos — Uuuuuuh!
   John estacionou atrás de outros dois carros em frente à casa de um colega do time. Chegando na sala, os colegas estavam vendo TV com cervejas abertas e algumas garotas andavam pela casa de biquíni. John não estranhou, afinal, ele estava ali para isso. Ele abriu uma cerveja e se jogou numa poltrona.
 John — De onde surgiram essas?
 Pete — Umas amiguinhas do Gary.
 Gary — Pensamos em você também, tem uma terceira na piscina.
 John, rindo e bebendo um gole — Ah, seus putos.
 Gary — Aí, Trevor, tem uma parada que eu queria te perguntar, e só vou falar porque tô bêbado. (Arrotou).
 John — Fala.
 Gary — Tu nunca deu uns pegas naquela amiga da Rachel?
 John — Na Jay?! Putz, nem fodendo.
 Gary — Por que não, viado?!
 John, bebendo — Sei lá, ela não gosta de mim e nem eu dela. Assim a gente vai levando.
 Pete — Mas sério, nunca? Nem um flertinho?
 John — Não, idiota! Hahaha! Eu gosto da Rachel, de verdade.
 Gary, rindo e batendo no ombro de John — Claaaaro que gosta, é por isso que você tá aqui.
 John — Ow, ow. Pera aí. Eu sei separar as coisas. Rachel é minha namorada, minha mulher. (Olhou para as garotas brincando na piscina, pela porta da cozinha aberta) E isso aqui é só diversão.
    [Música de fundo, One More Night – Julia Sheer, Alex Goot & Others – 00:00 – 01:11]
 Jay entrou no Dirty Albie vestindo uma blusa preta de algodão um pouco decotada e bem justa, com as mangas nos cotovelos. Usava também uma saia jeans e botas de cano médio. O cabelo curtinho estava propositalmente bagunçado com pomada. Brincos discretos, rímel, lápis e um batom vermelho-carmim completavam o look. Rachel, ao ver a amiga, começou a preparar o mojito.
 Jay — Aquele é o Taylor? (Rachel fez que sim com a cabeça) Droga, ele é gostoso. Assim quase dá pra esquecer os três filhos.
 Rachel — Dois.
 Jay — Tanto faz.
 Pegou o copo, pagou e bebeu um longo gole.
 Voz masculina — Oi, Jay.
 Jay — E aí, Calbert.
 Voz masculina — Howbert.
 Jay, olhando o rapaz de cima a baixo — É, tanto faz. Como vai?
 Howbert — Você não ligou, fiquei esperando um segundo convite.
 Jay — O quê??
 Ele aproximou para falar mais perto.
 Howbert — Você não ligou!
 Jay, rindo — Pois é, pior que não deu, mas daqui a pouco eu vou ali fora pegar um ar... por que você não vai ligando o ar-condicionado do seu carro e... (cochichou o resto ao ouvido dele)
 O rapaz sorriu e saiu.
 Rachel, limpando o balcão — Você não vai, né?
 Jay — Não, hahaha! Mas vou ao banheiro.
 O corredor que dava para os sanitários estava amontoado, Jay foi tentando passar pelas pessoas e alguém esbarrou nela, que por sua vez tropeçou e virou o copo cheio na jaqueta de outra pessoa que vinha na direção oposta.
 Jay, para o primeiro — Olha por onde anda, cuidado aí!
 Zac, sacudindo a jaqueta — Olha você por onde anda!
 Jay — Desculpa, esbarraram em mim, cara, só molhou, isso é couro, não dá nada.
 Zac — Que merda, tô cheirando a hortelã e açúcar agora.
 Jay revirou os olhos e foi saindo.
 Zac — Ow, peraí, peraí.
 Jay — Eu já pedi desculpa e se você não tirar a mão do meu ombro eu quebro ela.
 Zac — Fala s…
 Num rápido movimento, Jay segurou e puxou o pulso de Zac para as costas dele, torcendo.
 Zac — Aaai! Soltaa!
 Jay o soltou.
 Jay, passou por ele.
 Zac — Louca!
Ele a observou entrar no banheiro feminino. “Engraçado como uma menina tão magrinha pode ter tanta força, ou tanta habilidade... Bonita... Não é de todo mal”, pensou, “Mesmo sem o porta-malas, o motor deve funcionar perfeitamente.” Zac não conseguia fazer metáforas melhores.
 Natasha — Pessu, nós já vamos.
 Derek —Não iam ficar até o final?
 Mitch — Já estou sonolenta. Não aguento mais do que cinco cervejas.
 Derek, parecendo incomodado — Então, você vai dormir lá em casa, Natasha?
 Natasha, abraçou Mitch de lado — A Mitch não me deixa dirigir depois de beber.
 Derek, cruzando os braços — Bom, isso é novidade. Legal.
 Natasha — Quer voltar com a gente?
 Derek — Não, tudo bem, eu volto com o Taylor. Ou com o Zac. Tanto faz.
 Mitch — O Zac quase nunca volta sozinho pra casa, D.
 Natasha — Tem certeza que não quer vir? Tem espaço no carro.
 Derek — Não, tá de boa, sério. Obrigado. Boa noite, meninas.
 Mitch, beijando a bochecha dele — Tá bom, tchau.
 Zac estava voltando e viu que Derek estava sozinho, girando uma garrafa de cerveja vazia na mesa. Ele não era dado a sensibilidades, mas se preocupava muito com os amigos, afinal, eram tão poucos. Pegou mais uma cerveja no bar e levou para Derek.
 Zac, entregando-lhe a garrafa — Cadê as sapas?
 Derek — Já foram.
 Zac — Lá pra casa?
 Derek, bebendo no gargalo — É.
 Zac, batendo no ombro de Derek — Hoooje o velcro vai rasgar!
 Derek — Por que você fala desse jeito?
 Zac, bebendo — Que jeito? Eu disse algo errado? As meninas vão transar, ué.
 Derek — Tá, mas tem que falar assim? Foi machista.
 Zac — Foi? Oh. (Bebeu mais um gole, parecendo surpreso) Uma coisa de cada vez, tá? Você vê pornô todo dia, eu pelo menos já larguei essa merda.
 Derek se encolheu na cadeira.
 Zac — Quem quiser dar seus cus, chupar suas bocetas, eu não tô nem aí. Bebe logo que eu vou conseguir companhia pra nós.
 Observou Jay sair do banheiro, que parou para falar com uma amiga no caminho entre o banheiro e o bar. Ele foi até lá, cuidando para manter uma aproximação mediana das duas, não queria arriscar outra cena.
 Zac — Oi.
 Jay o olhou com desdém, interrompendo a conversa.
 Zac — Com licença, mas acho que começamos errado. Meu nome é Zac. (Estendeu a mão).
 Jay — Eu não ligo.
 Zac — Você deveria dizer seu nome agora.
 Jay, ainda desdenhando — Está me dizendo o que fazer?
 [Música de fundo, Highway to Hell – AC/DC – 00:00 – 00:18]
 Zac, rindo — Você é muito esquentada, sabia? (Se aproximou) Por que não vamos lá pra casa e aí você pode me imobilizar de outros jeitos?
 Jay chegou bem perto dele, com um sorriso discreto, os narizes quase se tocando. Ela passou o braço direito pelo pescoço dele e disse ao seu ouvido: “Vai se ferrar.” Zac ficou parado e Jay se distanciou no meio da pequena multidão, sumindo. Derek bateu no braço dele e apontou.
 Derek — Desde quando você conhece a Jay Winchester?
 Zac, levantando o pescoço tentando enxergá-la — Ah, então esse é o nome dela.
 Derek — Como assim, logo você não a conhece?
 Zac, se fazendo de desinteressado — O que tem ela? Garota arrogante, estúpida.
 Derek — Ela é da Computação Avançada também, mas acho que numa turma diferente do nosso. Ela é inteligente pra caralho, todo mundo fala que não tem garota igual a ela no campus.
 Zac — Todo mundo quem? Eu nunca disse.
 Derek, com um sorrisão e de boca aberta — Ela te deu um toco!!!
 Zac, fechando a cara — Nada a ver.
 Derek, rindo — Foi sim! É por isso que você tá doloridinho aí, ela te recusou!!!
 Zac, sério, bebendo cerveja — Cala a boca.
 [Música de fundo, Highway to Hell – AC/DC – 00:50 – …]
 As duas garotas que encaravam Taylor, estavam agora dando mole para Zac, mas vez ou outra ele desviava o olhar, procurando por Jay. Quem ela pensava que era para destratá-lo assim? “Deve ser frígida, ou ter uma marca de nascença que não queria mostrar, Ou, vai ver... Só não tá a fim. Dois foras na mesma noite. O que está acontecendo??” Mas qualquer que fosse o motivo, ele ia descobrir qual era a dela.
  Ah, se ia.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 8 - Geladeira
Tumblr media
“Crescendo numa cidadezinha da Georgia, você não vê muita coisa acontecer e nem espera que aconteça alguma coisa. Então, sendo uma moça de boa família republicana, você faz o que esperam de você: faculdade opcional, casamento, filhos e aí reza pra que isso seja suficiente. Pra mim não foi, mas quando eu conheci o Taylor... Como eu poderia não ter me apaixonado por aquele homem? Doce, artístico e tão lindo... Meu pai me avisou que quando as coisas apertassem, a arte dele não pagaria as contas. (Pois é, obrigada por me avisar, pai). Talvez as coisas tivessem sido mais fáceis se as crianças não tivessem vindo tão cedo, eu amo muito meus filhos, mas não quero abrir mão dos meus objetivos, sendo que o que eu conseguir também é pra eles, pra que eles tenham uma vida melhor. Eu deveria escolher? Poder ter tudo é uma grande ilusão?” [Flashes de Bethany casando com Taylor; trabalhando grávida junto a uma mesa cheia de pastas e depois com Becky no colo, sorrindo].
  Faltava uma hora para que o turno de Zac acabasse, as mangas já estavam arregaçadas e a gravata folgada. Deu uma última checada nos monitores. “Que desgraça de serviço chatoooo... Só quero deitar, minhas costas estão me matando. Que fome”. Esfregou os olhos e bocejou. “Preciso segurar as pontas só até abrirem o processo seletivo pra efetivação, aí sim, aí eu faço meu show”. Zac era um excelente programador e resolvedor de problemas, um tanto arrogante mas sabia que para conseguir o cargo e o salário que almejava na NationTech, tinha que começar de baixo, literalmente de baixo – a sala dos estagiários ficava no subsolo do prédio.
 Levou a caneca à boca para um gole de café mas estava vazia. Travou o monitor e foi pegar o elevador para dois andares acima, onde ficava a copa compartilhada e a máquina de lanches. A cafeteira estava vazia e como ele já iria embora dali um pouco mesmo, desistiu de fazer. Estava analisando as opções na vitrine da máquina quando viu Roberta Cruz, a gestora do departamento de T.I, vindo na sua direção. Roberta não era chefe direta de Zac mas j
 Zac, apertando um botão — Opa, que surpresa vê-la aqui a essa hora, Sra. Cruz. Boa noite.
 Roberta — Boa noite... Hofson?
 Zac curvou-se para pegar o bolinho que caiu na bandeja da máquina e virou para ela em seguida, mostrando o crachá grudado no bolso da camisa.
 Roberta — Hanson. Isso. E o que o traz, ou melhor dizendo, o que o prende aqui a essa hora?
 Zac, mastigando — O azar de ter ficado com a noite no rodízio dessa semana. E a senhora?
 Roberta, pondo o dinheiro na abertura da máquina — Atualizando relatórios.
 Zac — Ah, sim, imagino que deva ser estressante.
 Roberta, abrindo a garrafinha de iogurte — Inclusive, preciso de uma pasta que está na sua sala. Levaram por engano e eu estive enrolando pra descer até lá e pegar.
 Zac — Posso levar no seu escritório se me disser qual é.
 Roberta — O código é 2259, tenho quase certeza.
 Zac — Certo. Quarto andar?
 Roberta — Sexto.
 Zac — Tá bom, subo já.
 Zac voltou para sua sala e procurou ansioso pela pasta no meio da pilha que ocupava a mesa, todas eram de papelão marrom e se diferenciavam pelos números dos códigos adesivados na capa. Zac cheirou as axilas, mastigou um tic-tac e foi para o sexto andar, onde ficava o escritório de Roberta. Ele bateu na porta, pediu licença e lá estava ela, sentada na sua poltrona, de olhos no computador. Parecia cansada e nada disse quando Zac entrou na sala.
 Zac — Aqui está.
 Roberta — Obrigado, Hanson. Procurei feito louca essa pasta hoje, vou pedir que tenham mais cuidado da próxima vez.
 Zac assentiu com a cabeça, sorriu em concordância e ia dar meia-volta, mas Roberta, digitando, pediu que sentasse. Ele o fez.
 Roberta — Há quanto tempo você está conosco, Hanson?
 Zac — Desde o início do ano, Sra. Cruz. Estagio três dias na semana aqui e faço outros serviços home office. Basicamente programação, manutenção...
 Roberta — O responsável pela seleção de estágio não sou eu, pra mim só chega depois que viram funcionários efetivados, mas eu lembro de você. Vagamente, mas lembro. Competitivo.
 Zac — Preciso ser, senhora, estou esperando apenas o processo de efetivação interna iniciar.
 Roberta, o encarou de baixo para cima — E qual posição você está pensando em ocupar?
 Zac, sorrindo confiante — Quero chegar a gerente de T.I, mas trainee, analista ou programador está bom pra começar. Senhora.
 Roberta se recostou na cadeira, clicando a ponta da caneta repetidas vezes. Ergueu uma sobrancelha.
 Roberta — Continue pensando assim, Hanson. A empresa está em expansão, precisamos de gente jovem, segura, focada. Verei o que posso fazer, mas para isso, precisarei mexer alguns...  Paus.
 Ela deixou a caneta cair ao lado da mesa propositalmente. Ambos se olharam. Zac fez que pegaria a caneta, mas Roberta saiu detrás de sua mesa e parou na frente dele, sentando sobre o móvel e apoiando a ponta do pé entre suas pernas. Zac subiu a mão pelo seu tornozelo e levantou. Houve uma breve hesitação e então se beijaram. Roberta tentava abrir o zíper da calça dele e Zac subia com pressa a saia-lápis dela. Roberta abriu as pernas em volta do seu quadril e ele afastou a calcinha fina, úmida, metendo os dedos indicador e médio direitos.
Ela fincou as unhas longas pintadas de preto nas costas dele, o beijo ficou mais curto e o ritmo mais ofegante. Com a mão esquerda, Zac desabotoou a blusa de Roberta e abocanhou um dos fartos seios, chupando, mordendo de leve, já não aguentando de vontade. Roberta pulou no colo dele, que a segurou firme e caminhou até o sofazinho do escritório. Zac sentou e ela apoiou as mãos em seu peito. Ele fincou os dedos na bunda redonda e macia, enquanto ela subia e descia no pênis duro e melado. Roberta gemia baixinho ao ouvido de Zac e ele ficava cada vez mais louco, metendo de baixo pra cima e adorando aquela adrenalina, o perigo de alguém bater na porta ou alguém nos prédios vizinhos vir alguma coisa.
Os seios de Roberta batiam no rosto dele, ele tentava lamber, mas se moviam muito rápido. Ela se contorcia, o couro do sofá rangia incessantemente. “Eu vou gozar, aaai..”, ela sussurrou, um segundo antes de apertar e puxar a camisa de Zac, que a suspendeu para não ejacular nada dentro.
Suspirando, os dois sentaram lado a lado no sofá e ninguém disse nada. Roberta lhe estendeu uma caixinha de lenços e ele limpou o pênis semiereto, o guardando na cueca de volta. Em seguida, Roberta prendeu o cabelo e começou a se arrumar. Zac abotoou a camisa, apertou a gravata e enxugou o suor da testa. Ambos trocaram um sorriso cúmplice.
Roberta — Deus... Como eu estava precisando aliviar essa tensão, garoto.
 Zac — Feliz em ajudar, hehehe.
 Roberta — Hanson, não comente com...
 Zac — Absolutamente ninguém. Nunca aconteceu. Não se preocupe, Sra. Cruz.
 Roberta — Ótimo.
 Zac — Boa noite, (ele fechou o zíper) até logo.
   John estava na 90ª flexão quando o cronômetro apitou o fim do seu treino. Sentou-se no colchonete da academia da faculdade, enxugou o rosto com uma toalha branca pequena e respirou fundo. Seus músculos doíam, queria tomar um banho e ficar junto da namorada. “Ando tão pilhado.” Levantou e foi para o vestiário, a regata preta estava colada de tanto suor. John tirou os tênis e a roupa, pondo tudo no canto do box. Enquanto a água fria lhe escorria pelo corpo, pensou nos próximos meses, os últimos meses de futebol universitário da sua vida. “Tenho que conseguir um contrato, não quero voltar pro Kentucky e trabalhar na empresa do meu pai… Que merda. Também tem a Rachel, eu sei que ela espera que a gente vá morar junto, mas também não é isso que eu quero agora. Essa temporada é decisiva pra mim.”
 De quarta à sexta, Rachel saía do Dirty Albie à meia-noite e, aos sábados, saía 1h. No começo do namoro, John ficava no bar da hora que ela entrava até a hora que saía, para “dar uma vigiada”. Arranjou confusão com vários clientes que eram mais gentis com Rachel ou que flertavam com ela. Até que depois de uma briga que resultou em vidros e mesas quebrados, Albie o proibiu de pisar lá.
Jay, ao telefone — Sim, pai, está tudo tranquilo… Não, isso foi semana passada, já foi… Eu sei, não foi nada… Não se preocupe, e cheque seus e-mails. Ok, sim. Te amo também, até logo. (Desligou) Meu pai ficou tão mansinho depois dos 50. 
Rachel — E você fica muito mais britânica quando fala com sua família.
Jay — Já se ouviu ao telefone falando com seu povo do Texas? Totalmente interiorrr.
 Rachel — Nada a veeer, só meus pais que são do Texas, eu nasci na Flórida! (Mastigou) Jay, te contei que vi o Taylor?
 Jay — Hum, onde?
 Rachel — No supermercado, ele estava com a filha, um bebê lindo, Jay, você precisava ver.
 Jay — Não precisava não.
 Rachel — Conversamos rápido. Ele parece ser sossegado, sabe? Do tipo que não tem tempo ruim.
 Jay, bebendo água — Porra, o cara foi chifrado e largado com duas crianças, se isso não for tempo ruim…
 Rachel — Pra onde você tá indo?
 Jay — Não corri essa manhã, preciso ir agora. Preciso relaxar já que todos os meus contatinhos estão ocupados.
 John, entrando pela porta da cozinha, surpreendendo as duas — Oi, boa noite.
 Rachel — Ai, que susto, amor. Não tava te esperando.
 John — E tava esperando quem?
 Rachel — Ninguém, foi só…
 Jay, saindo pelos fundos — Eu tava esperando a Megan Fox, John, se ela chegar, pede pra esperar.
John — Vou fazer isso. (Deu um selinho em Rachel) Pô, Rae, já tá comendo essas porcarias, você vai engordar. Uma bomba de colesterol e gordura isso aí.
Rachel, rindo — Quer um pouco?
John, abrindo a geladeira — De jeito nenhum. Você devia parar de comer tanta besteira. Quando se der conta, vai estar gorda. Ou hipertensa.
Rachel — John, é só batata frita, não o fim do mundo.
John — Cadê minha vitamina que eu deixei aqui?
Rachel — Ué, não tá aí? Nem sabia que tinha deixado.
John — Não, eu deixei aqui sim. Vitamina de banana e proteína.
Rachel, de boca cheia — Ah, acho que a Jay deve ter tomado achando que era a dela. Ela sempre compra banana pra...
John bateu a porta da geladeira e Rachel se assustou.
John — Porra, por que você não fala pra sua amiga não pegar nas minhas coisas??
Rachel — Seria mais fácil se você avisasse que tinha deixado alguma coisa aí, assim ninguém pegaria. A gente mistura muito as coisas na geladeira, não temos frescura. E não grita comigo.
John — Não é só a geladeira, Rae, falo de tudo. Por isso que não deixo nada meu aqui, vai que, sei lá, ela traz um bandido e ele leva tudo, as suas coisas e as minhas? Vai saber.
Rachel — Que comentário mais idiota! Você não deixa nada aqui porque não quer!
John — Ela traz qualquer um pra cá, como você sabe se não é um assaltante? Um traficante? Ou alguém que queira se aproveitar de você também?
Rachel — Se aproveitar?? Você é paranoico! (Sai da cozinha).
John, a seguindo — Realista! Estou falando com você!
Rachel — Eu não sei o que rolou no seu dia pra você chegar aqui desse jeito, mas é da minha melhor amiga que você tá falando, John. Qual é o problema? Ela dorme com quem ela quiser, assim como eu, ela…
John — Assim como você o quê, Rachel?
Rachel — Assim como eu, ela é dona do próprio corpo! A solteirice é a mesma coisa pra todo mundo.
John — Tanto faz, eu só estava dizendo que você devia escolher melhor suas amigas.
Rachel, cruzando os braços, nervosa — Eu tenho que escolher melhor minhas amigas? A Jey é minha parceira pra tudo! Você já olhou o bando de imbecis com quem você anda?!
John — Não estamos falando de mim, estamos falando da sua amiga que faz da sua casa um motel!
Rachel, com as mãos pro ar — Ela dá pra quem ela quiser, caralho! O que isso tem a ver com a gente?! Pelo amor de Deus!
John — Rachel, essa garota já pegou geral, ela vai te influenciar, você sabe que os caras do time falam…
Rachel, com o tom de voz alterado — Eu não quero saber, eu não me importo, caralho! Porque quando são eles comendo todo mundo, aí tudo bem, né?! Você e seus amigos podem ENGOLIR essa ladainha machista!
John, revirando os olhos — Pronto, agora tudo é machismo! Que saco!
Rachel — Por que você cria caso por tudo? A gente tava numa boa e você aparece aqui sem avisar com essa chatice do caramba...
John suspirou e se aproximou — Vem cá…
Rachel — John, me deixa sozinha um pouco. (Ele tentou abraçá-la) Sério, me deixa só. Acho melhor você ir, a gente se vê depois. Por favor.
Ele suspirou novamente, deu de ombros e saiu. No carro, John socou o volante, se irritava muito com a teimosia de Rachel, odiava vê-la defender Jay ou qualquer outra pessoa que ele julgasse errada. Ligou pra um dos amigos do time e dirigiu para lá. Rachel foi tomar outro banho para acalmar os ânimos.
  Isaac chegou em casa na ponta dos pés, as luzes do apartamento estavam apagadas, não podia acordar ninguém. Com a lanterna do celular, iluminou a sala para ver se não tinha nenhum brinquedo espalhado. Tirou o terno, a gravata, desabotoou a camisa, tirou os sapatos e deitou no sofá. Se Nicole perguntasse qualquer coisa, diria que chegou tarde e ficou trabalhando. Se acomodou e, quando estava cochilando, ouviu uma vozinha.
 Kyle, esfregando os olhos — Papai?
 Isaac resmungou em resposta.
 Kyle — Não consigo dormir…
 Isaac — O que houve, filho?
 Kyle — Tive um pesadelo.
 Isaac — Humm… (pegou Kyle no colo) Oh, Jesus, como você tá pesado! Vamos lá, vou ficar com você até o pesadelo ir embora.
 Caminhou até o quarto dos filhos, Brad dormia esparramado na cama do lado esquerdo. Kyle deitou e deu espaço para que o pai sentasse. Isaac o cobriu com o lençol estampado de bolas de basquete e fez um cafuné. Não tinha noção do quanto os filhos haviam crescido nos últimos meses. Quando Kyle finalmente adormeceu, Isaac levantou e foi saindo de fininho, olhou mais uma vez para os garotos e, sorrindo consigo, fechou a porta.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 7 - Pensando Sobre
Tumblr media
“O objetivo é sempre a vitória, a conquista, se o seu objetivo não for dar 110% de si, qual é o motivo? Deus, futebol, família, disciplina e trabalho árduo são os elementos mais importantes na vida de um homem de bem e homem tem que resolver as coisas, tem que impor respeito. Meu maior sonho sempre foi chegar à NFL, desde moleque, nunca houve nada maior ou mais importante pra mim.” (Flashes de John fazendo flexões, malhando, bebendo com amigos, jogando futebol americano de uniforme e beijando Rachel)
Rachel acordou devagar, envolta pelos cobertores, tateando o lugar ao seu lado na cama, que estava vazio. Foi até o banheiro e, depois de urinar, escovou os dentes e lavou o rosto. Jay estava na cozinha, falando ao telefone e pondo a mesa.
Jay — Já enviei tudo o que você precisa----o que eu não mandei é porque você não precisa e agora, por favor, me deixa tomar café. Falo com você depois. Ok, tchau. (Desligou o telefone) Ei, bela. Aqui ó, mamãozinho descascado do jeito que você gosta, ovo frito e torradas.
Rachel, se sentando — Obrigada, Jay (bocejou) Você me trata melhor que qualquer homem com quem eu já dormi, não sei por que insisto... Você viu o John sair?
Jay — Quando saí pra correr, ele estava saindo também. Não nos falamos, normal.
Rachel, garfando os pedacinhos de mamão — Ele está muito preocupado com essa temporada. Fizemos as pazes ontem (de boca cheia) no banho.
Jay — Não nego: apesar de pé no saco, o John tem cara de ser bem... Né? Gostoso.
Rachel, sorrindo e tapando a boca cheia — Ah, ele é, amiga… Nossa.
Jay — Esse mês eu andei tão atolada com os trabalhos, a dissertação que não tive disposição pra sair com nenhum contatinho. O verão está pra acabar e o saldo não está como eu esperava.
Rachel, pondo café na caneca — E aquele cara, o espanhol?
Jay, passando requeijão no pão — Felipe? Ah, Rae, foram só duas vezes e no começo do mês, quanto tempo faz isso?
Rachel — Duas semanas hahaha!
Jay — Sabe de uma coisa? (Mordeu a maçã na sua mão) Devíamos ir à praia.
Rachel, mastigando mamão — O ponto onde gostamos de ir ainda não está liberado.
Jay — Que saco! Quando vão liberar, você sabe?
Rachel — Ouvi dizer que próxima semana.
Jay — E o que temos essa semana pra fazer?? Tô de férias! Me dá uma festa!
Rachel — Bom, o carinha novo vai tocar lá no bar na quinta, você podia dar uma olhada, ele é trintão, seu tipo.
Jay, cortando a omelete — Será que ele é bonito como você disse mesmo?
Rachel — Ah, ele tá meio acabado, mas o potencial é visível.
Jay, botando café na xícara — Continue.
Rachel — Ele é alto, loiro, cabelo médio, tem barba cheia, olhos azuis… Veste umas roupas velhas, não sei se pra parecer descolado ou o quê. De longe, parece um mendigo hipster.
Jay — Mendigo hipster. Taí, eu faria.
Rachel — A mulher o traiu e o largou com dois filhos pra criar.
Jay, bebendo café — Naah, mudei de ideia.
Rachel — Jay, qual o problema?
Jay — Garota, escute e aprenda: Homens nessa situação costumam ver as mulheres que se aproximam deles como possíveis mães ou segundas esposas. Homens assim são CARENTES. Eu já tenho que aguentar você.
Rachel — Ei!!!
Jay, imitando uma voz infantil — “Aiiiin, faz cafuné no meu cabeloo? Não conxigo dormir.”
Rachel — Mas só cafuné alivia minha insôniaaa!
Depois de tomar café e de ver eu desenho preferido na tv, Noah foi nas pontas dos pés até o quarto de Zac, que estava na garagem mexendo na sua moto. No armário de Zac, havia muitos livros acadêmicos – Física, Matemática, Cálculo. Noah pegou um livro de Física do ensino médio e correu para o quarto do pai e, em baixo da cama, começou a folhear. Ainda não tinha celular e só usava o computador com o pai por perto
A garagem da república funcionava como oficina e um pouco como academia. Derek e Mitch raramente apareciam por lá pois era onde Zac gostava de polir a moto, fazer pequenos reparos e fazer sua musculação diária, cujo resultado era o peito e os braços fortes, mas a barriga de cerveja persistia. Sua bateria velha também estava empoeirando por lá. Zac era o tipo de cara que se orgulhava de duas coisas: não havia um código de programação que não entendesse e não havia uma mulher (que gostasse de homens) que ele não levasse para cama – nem que para isso tivesse que insistir muito - em ambos os casos. Não gostava de perder e os amigos preferiam que não perdesse, do contrário teriam de aguentá-lo reclamar por dias a fio.
Ele apertava uns parafusos na moto quando Taylor bateu na porta, com Becky no colo.
Taylor — Estou indo ao supermercado, você quer alguma coisa?
Zac — Não, valeu, mas (fazendo força para apertar uma rosca) e aí, onde vai encontrar a Bethany?
Taylor — Num café ao lado da pousada que ela estará ficando.
Zac, parou de mexer na moto — Ao lado da pousada?
Taylor — Sim.
Zac — Exatamente ao lado da pousada que ela tá ficando?
Taylor — O que tem?
Zac, levantando — Taylor, aí tem coisa.
Taylor — Não percebi nada estranho nisso.
Zac — Estamos falando da mulher que te traiu e te largou com dois filhos, certo?
Taylor — Sim, mas…
Zac — E ela disse que não te quer mais, certo?
Taylor — É, mas o que…
Zac — Considerando tudo isso, por que ela marcaria um encontro tão perto de onde ela está hospedada?
Taylor, coçando a sobrancelha — Ahn, não sei, é mais cômodo?
Zac, fazendo um gesto com o quadril — Ela quer um gran-finale, bro! Quer uma despedida de respeito. Então, mantenha a mente aberta, ok?
Taylor, rindo — Zac, ela me chamou pra falarmos dos papeis. Do divórcio. Não há a mínima chance de acontecer nada.
Zac, polindo a moto — Só estou dizendo, mantenha a mente aberta.
Em Tampa, cidade a quase 200km de Melbourne, a sedenta advogada Bethany Jones-Hanson se debruçava sobre uma pilha de papeis e pastas no escritório de advocacia onde fora contratada como trainee para trabalhar num caso avulso. Franzindo o cenho, ela lia cada página com atenção, fazendo anotações. Quase imperceptível no meio da papelada, estava um porta-retrato de moldura marrom contendo uma foto em que Bethany segurava Becky, recém-nascida, ao lado de Taylor, que passava o braço pelo ombro de Noah. Ela pousou o polegar sobre o rosto do marido, Taylor sorria sem mostrar os dentes. Lembrou do dia em que aquela foto fora tirada, eles estavam indo almoçar num domingo qualquer.
Fora interrompida pelo telefone tocando.
Bethany — Sim?
Assistente — O promotor pediu que abrisse seu e-mail, é urgente.
Bethany — Obrigada.
O supermercado não ficava longe e tinha uma boa variedade de produtos. Na situação atual, Taylor precisava pechinchar ao máximo. Becky exibia suas pernas e braços gorduchos num vestido de algodão vermelho e calçava chinelinhos afivelados, brancos. Taylor usava bermuda jeans, uma camiseta branca lisa e surrada, calçava sapatilhas sem cadarços, bem leves. Era um dia muito ensolarado, afinal.
Com cuidado, Taylor a prendeu no assento para bebês no carrinho do supermercado. Caminhando pelos corredores, ele era observado maliciosamente por algumas mulheres (e homens). Taylor marcava os itens comprados da lista no celular, precisava ainda de cereais, mingau e chocolate. Ao virar o canto da prateleira, seu carrinho colidiu de canto com outro.
Rachel — Oh, você!
Taylor — Desculpa, eu devia andar mais devagar.
Rachel, com um risinho — E pra quê essa pressa?
Taylor — Preciso voltar logo pra ajustar umas coisas do repertório “pro grande show”, hehe. Mentira, é porque eu sou desastrado mesmo.
Rachel, apoiando-se nos joelhos — E quem é essa coisa linda?
Taylor, passando a mão na cabeleira loira do bebê — Ah, essa aqui é a Becky.
Rachel, segurando os dedinhos de Becky — Oi, Becky, oi… (olhando para cima) Taylor, ela é perfeita.
Taylor — Obrigado… Rebecca nem era o nome que eu queria de começo, mas a mãe dela insistiu. Nome da minha sog... Ex-sogra.
Rachel — E qual nome você queria?
Taylor — Julianne, eu gosto da Julianne Moore (sorriu).
Rachel — Olhando assim, dá vontade de esmagar (endireitou-se). Como vai? Tudo bem?
Taylor — Bem, bem. E você?
Rachel — Tudo bem, exceto pela vontade louca de praia. Tá muito calor!
Taylor — Tá mesmo!, Não liberaram ainda pra banho, né? Quero levar as crianças.
Rachel — Tenho uma criança lá em casa também que tá doida pra ir. (Taylor fez cara de desentendido) Minha amiga que divide a casa comigo pratica bodyboard, hahaha!
Taylor — Ahh! Hahah! E você mora aqui perto?
Rachel — Sim, pertinho. Esse bairro é ótimo, não troco por outro não. Só que fica tenso na última semana do verão, o pessoal resolve beber até morrer, não se assuste com as viaturas da polícia, os bombeiros...
Taylor — Vou me lembrar disso.
Rachel, pondo uma mecha de cabelo atrás da orelha — É… Bom, eu tenho que ir, Taylor. Até mais!
Taylor — Até mais, Rachel.
Mitch estava ao telefone enquanto enxugava umas louças e Derek entrou na cozinha para beber água. Mitch, parecendo muito chateada, desligou o telefone e suspirou.
Derek, abrindo a geladeira — Tudo bem?
Mitch — Sim… (longa pausa) Não, tô preocupada pra caramba.
Derek — ...Você e a Natasha?
Mitch — Derek, estamos juntas há 1 ano e ela nunca me mencionou pros pais ou me apresentou pra mais do que um casal de amigos. Ela conhece todo mundo do meu círculo social!
Derek — Dê um tempo a ela, vai ver que... Esse não é o momento.
Mitch, guardando os últimos pratos — Se esse “momento” não veio em um ano, não acho que vá vir logo.
Derek, tomando água — Mitch, relaxa. Vocês vão se acertar. Agora que vocês têm um tempo maior de relação, talvez ela tome uma atitude mais firme.
Ele ajeitou os óculos e cruzou os braços. Mitch parou um momento e o beijou no rosto.
Mitch — Sabe, Derek, pra quem namora a própria mão, até que você manja de umas paradas... Vou mandar energia positiva extra pra você na yoga de hoje.
Derek — Ahn, valeu…
Mitch enxugou as mãos e saiu. Derek bufou e sussurrou “idiota” para si mesmo, esfregando as mãos no cabelo oleoso. Voltou para o quarto onde tinha que terminar um freela estressante. “O pagamento vai compensar”, pensou. Ele abriu as gavetas da mesa, nada. Tateou os bolsos, estava sem. A meta tinha acabado.
Na república e em toda a região, era muito comum que os jovens se reunissem e fumassem maconha, kumbaya, tabaco, etc, era tão comum quanto ingerir álcool, mas nem Zac e nem Mitch sabiam desse novo vício de Derek. Ao contrário desses dois, que eram socialmente ativos e tinham outros grupos de amigos, Derek era muito... só. A ansiedade o travava para quase tudo, inclusive para admitir que sentia algo além de amizade por Mitch. Seguiu um dos conselhos dela, inspirou e expirou bem devagar até se acalmar.
Taylor chegava do supermercado e Zac dava o nó na gravata, pegaria o turno da noite no estágio e seriam longas horas olhando monitores. Grudou o crachá no bolso da camisa e foi saindo de casa, rodando as chaves da moto no dedo indicador.
Taylor — Trouxe cerveja.
Zac, pondo o capacete — Vou voltar tarde, mas se você estiver acordado (ligou o motor) a gente toma uma.
Zac saiu cantando pneu, seu capacete prateado refletindo as últimas luzes da tarde. Taylor pegou Becky no colo e mais duas sacolas, das seis que estavam no banco de trás do jipe. Noah foi correndo para ajudar ao ouvir a voz do pai. Pegou uma sacola com as duas mãos e pôs sobre a mesa da cozinha, pouco depois, eles haviam descarregado tudo e agora organizavam nos armários.
Taylor, guardando as caixas de leite — E como foi sua tarde, amigão?
Noah — Legal. Eu fiquei lendo uns livros que achei nas coisas do tio Zac.
Taylor — Livros ou revistas???
Noah, organizando os enlatados — Só livros, papai. Não tinha revista de gente pelada, se é isso que o senhor quer saber. Eu fiquei lendo e fazendo umas atividades.
Taylor — E isso é muito BOM, continue. Eu sinto falta de ler como antes.
Noah — O senhor sempre lia pra eu dormir.
Taylor — Ah, você lembra disso? Pensei que tinha esquecido...
Noah — Sim, hahaha, era engraçado você contando a história e fazendo os gestos. (Taylor riu) A minha preferida era a do Aladdin.
Taylor — Pena que não pude trazer nossos livros, né?
Noah — Tudo bem, temos kindle agora.
Taylor, suspirando — Trocado pela tecnologia.
Noah, tentando sacudir o ombro do pai — Há, nããão… Eu quero que você leia qualquer dia.
Taylor — Mesmo?
Noah — Mesmo.
Taylor — Beleza. Ah, e essa semana vamos visitar a sua nova escola, tá?
Noah, coçando o nariz — Tá bom.
Taylor fechou as portinholas do armário e, após cumprimentar Mitch rapidamente, subiu. Ele percebia que o filho era um pouco diferente dos garotos da idade dele, não era parecido nem mesmo com os primos Kyle e Brad, os  gêmeos de Isaac. Enquanto estes eram hiperativos, Noah preferia livros, jogos de tabuleiro, estudar e assistir filmes. Como Taylor e Bethany nunca tiveram muito dinheiro, seus eletrônicos vieram com atraso, então jogar vídeo game e tentar acertar a bola na cesta de basquete dava no mesmo.
Mais tarde, Taylor e Noah tomavam sopa conversando, enquanto Becky tomava seu mingau da noite no colo de Mitch. Ele fazia questão de estimular e dialogar com o filho o máximo que podia, adorava a inteligência do garotinho,
Bethany tirava o par de scarpins dos pés logo na entrada do pequeno quarto de motel em que estava vivendo durante o trabalho em Tampa. Tirou o blazer e o jogou em cima da cama, abriu o zíper da saia e entrou no banheiro. Detestava verão, detestava calor. Sempre chegava mais agoniada em casa por causa do clima lá fora.
Sua cabeça estava cheia, cheia de problemas, cheia de “e se…”. Pensou nos filhos adoráveis, pensou no ex-marido, no amante, que agora não era ninguém importante. Ela se apaixonou por Taylor, mas não teria se casado se não estivesse grávida aos 21 anos, com a faculdade para terminar e com muito medo para tomar outra decisão que não a óbvia apresentada pelos pais conservadores.
Com o passar dos anos, o ressentimento e a insatisfação cresceram. Sentia que sua vida estava passando, que estava perdendo oportunidades crescer profissionalmente, não importava o que fizesse, a maternidade a prendia. Queria ter feito diferente? Sim, provavelmente. Queria não ter que envolver as crianças nisso? Com certeza. Amava os filhos de todo coração, mas não queria desistir de tudo apenas por ter virado mãe. Queria ser alguém de quem eles se orgulhassem, ela mesma queria sentir esse orgulho de si. Taylor não era assim, ele era mais pacato, mais tranquilo. Não sabia se existia instinto paterno, mas se houvesse qualquer um desses, Bethany sabia que ele o possuía.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 6 - Codificações Algorítmicas
Tumblr media
[Música de fundo, Lenny Kravitz - It Ain't Over 'Til It's Over - 00:00 - 1:15] “Nós somos todos peças do mesmo Lego, muitas vezes não nos encaixamos, mas de certa forma estamos todos conectados. Espalhar o amor, a paz e a generosidade podem sarar mais do que bombas e tanques. Não gosto de dizer que sou isso ou aquilo, os rótulos eu deixo pra quem gosta deles, se estou com uma garota é porque gosto dela, se estou com um garoto é porque gosto dele. Não sei o que o futuro e os astros reservam pra mim, só me resta respirar e fazer meu melhor”. (Flashes do rosto de Mitch meditando, cuidando das flores no jardim, ajudando velhinhos a atravessar a rua e depois tirando fotos em museus).
Depois de dar a mamadeira de Becky e cuidadosamente colocá-la no berço já adormecida, Taylor deitou ao lado de Noah, que usava seu pijama do Ben 10 e estava deitado de bruços. Taylor apagou a luz e agora a pouca iluminação que entrava no quarto vinha da rua, por uma fresta nas cortinas.
Taylor, cochichando — Está dormindo, amigão?
Noah, virando para o pai — Ainda não.
Taylor — Você está bem?
Noah — Estou, papai, mas é que… Estava pensando. Lá na nossa casa, a mamãe chegava à noite e nós ficávamos esperando por ela juntos... Às vezes eu brincava com a Becky no andador, lembra?
Taylor — Eu lembro…
Noah — Mas estou feliz de estar com você aqui, com o tio Zac e com os amigos dele. A tia Mitch é muito legal, ela me ensinou a respirar hoje.
Taylor, o cutucando — Mas você já não respira?
Noah, rindo — Ah, papai, hahaha! Respirar meditando!
Taylor — E você não achou curioso ela ter uma namorada ao invés de um namorado?
Noah — Sabe minha amiga Lucy do meu outro colégio?
Taylor disse que lembrava mesmo sem saber de quem se tratava.
Noah começou a falar contando nos dedos — Ela tinha dois pais. Algumas pessoas tem dois pais ou duas mães, ou só um pai ou só uma mãe, ou moram com os avós, ou tem um pai e uma mãe como eu.
Taylor — Sim, filho.
Noah, sonolento — Se a tia Mitch tem uma namorada, tudo bem, muita gente tem namorada, ou namorado... (Bocejou) Ou ninguém.
Taylor — Você é um garotinho impressionante, sabia?
O beijou na testa e o cobriu, Noah pegou no sono.
Por volta de 1h da manhã, Rachel saía do Dirty Albie e, enquanto vestia o casaco, viu John encostado em seu carro, no estacionamento. Ele, com as mãos nos bolsos frontais da calça, sorriu como um aceno, ela se aproximou e o beijou. No caminho para a casa de Rachel, ele falou do punho machucado e da possível chance de um olheiro o vir jogar nessa temporada. Rachel tentou ouvir tudo com atenção, mas estava muito cansada.
Rachel entrou e jogou as chaves na mesinha de centro da sala.
Rachel — Jay?? -- Ela não está em casa. Ai, como eu quero um banho.
John, indo até a cozinha — Tem suco gelado?
Rachel — Deve ter, dá uma olhada aí.
Rachel acendeu a luz do corredor e foi direto para o quarto, rapidamente tirou a roupa e entrou debaixo da ducha morna. John bebeu um copo de suco de laranja e seguiu para o quarto de Rachel também. Fechou a porta, sentou-se na cama e pela fresta da porta do banheiro, viu a silhueta da namorada pelo vidro do box. Tirou os sapatos e chutou pro canto a calça e a camiseta. No banheiro, tirou a cueca antes de entrar no box. Ela não estava esperando um banho a dois e John a abraçou e a beijou, com a água morna escorrendo entre os dois corpos. Enquanto se beijavam, ele a puxou para mais perto, apertando uma das nádegas. Rachel masturbava seu pênis duro e circuncidado, em movimentos lentos. John diminuiu o chuveiro e a virou de costas, as mãos grandes e com alguns calos agarraram seus quadris, Rachel pressionou a palma das mãos contra o vidro embaçado. Empinando o corpo, Rachel sentiu o movimento firme do namorado preenchê-la, seus seios balançaram e ela mordeu o lábio inferior, gemendo. John, ofegante, aumentou o ritmo, batendo sua pélvis contra a bunda de Rachel. O box apertado os deixava muito próximos e abafava os ruídos, John beliscava de leve os mamilos rijos dela, que tocavam ocasionalmente o vidro úmido. John lambeu as costas de Rachel e quanto mais forte ele metia, mais ela gemia e olhava para trás como quem pedisse exatamente isso. O abdômen malhado de John comprimia e relaxava, deixando os gomos mais visíveis. Metendo mais rápido, sentiu as pernas faltarem, e ambos gemeram juntos. John tirou o pênis e gozou sobre as costas e bunda de Rachel. Apoiando o corpo na parede, John foi abraçado por Rachel, que ofegava igualmente. Ficaram um pouco em silêncio e religaram o chuveiro.
Zac, apontando para a tela do computador — Derek, você tá vendo isso? Você tá vendo isso??
Derek — Tô, cara, tô, não sou cego.
Zac — Como diabos isso aconteceu?! Mês passado, ninguém me batia, digo, nos batia na maratona de codificação algorítmica e do nada apareceu esse sujeito!
Derek — Quem é esse cara? Será da FloTech?
Zac — Eu não faço ideia, é um anônimo aí. Caralho, eu venci, quer dizer, nós vencemos a última competição. Os graduandos não podem participar, então tem que ser alguém da pós, mas quem?!
Derek — “JRabbit”. Não me lembro de ninguém que use esse nick.
Zac, fechando a tampa do computador — Seja quem for, é meu inimigo número um agora.
A competição à qual Zac se referia era uma maratona de codificação algorítmica na qual grupos de alunos disputavam um prêmio em dinheiro que seria entregue a quem solucionasse mais problemas em menos tempo. Podiam competir duplas, grupos ou um único participante, era obrigatório ser aluno de pós-graduação da Florida Tech. Zac e Derek venceram disparado a competição do verão anterior e gastaram os 750 dólares no Dirty Albie. Quase ninguém fora da computação e da engenharia sabia da existência dessa maratona, mas não muito longe dali, Jay desligava o monitor de 26” do seu computador e ia dormir.
______
Zac acordou na manhã seguinte mal humorado, tomou banho e amarrou o cabelo num coque, montou na sua moto e foi até o campus da universidade. Ele sobiu lances de escada com pressa e atravessou vários corredores até chegar numa sala onde um jovem franzino e asiático estava ao pé de um dos muitos computadores.
Zac, tirando os óculos escuros — É você não é?
O Aasiático — E-eu o quê?
Zac — JRabbit! Você que me passou pra trás.
O Aasiático — Do-do que você está falando, Hanson? Eu sou o TokyoRulezz1995!
Zac — Não vem com essa, você esteve aqui a noite toda codificando coisas na pré-maratona.
O Aasiático — Estou aqui de-desde 7:30 da manhã, 15 minutos atrás.
Zac o olhou desconfiado, sentou ao computador do lado e entrou no fórum dos participantes. Ele procurou por JRabbit e viu que estava offline, abriu uma janela e resolveu deixar recado mesmo assim. “Prezado filho da puta, seus minutos de fama estão com os dias contados. Breve voltarei pro topo, que é o meu lugar. Atenciosamente, ZANSON (o que comeu a sua mina)”. Dali a algumas semanas, Zac já podia ver o bicho pegar.
___________ Taylor — Ei, Zac, sua impressora não está funcionando, está?
Zac, se aproximando — O que foi?
Taylor — Tô tentando imprimir essas cifras pro repertório de quinta e nada sai.
Zac — Deixa eu ver (aproximou o rosto do monitor) é porque você tá escolhendo a impressora errada, essa aqui é do quarto do Derek e ele nunca abre a porta antes das 9h.
Taylor — Por que?!
Zac, digitando umas coisas — Punheta matinal. Pronto, só esperar sair agora. E aí, o que tem nessa seleção?
Taylor — Eu pus um pouco de AC/DC, Aerosmith, U2, Rolling Stones, Oasis, Journey…
Zac — Lembra quando a gente tocava?
Taylor — Como esquecer? Aquela festa na sua formatura do colégio, nossa, foi muito boa.
Zac — É… (bateu palma uma vez) Mas chega de nostalgia, não são nem meio-dia ainda. Preciso me trocar pra ir trabalhar.
Taylor, surpreso — E você trabalha?
Zac — Porra, claro que sim! Foda como vocês pensam que eu sou um desocupado, viu. Estagio TRÊS DIAS na semana! Faço manutenção de máquinas, auxilio com manutenção de redes também. Nem é oficialzão, mas preciso ir de camisa abotoada e gravata. O bom é o horário é flexível.
Taylor — Vai lá. Eu vou ter que ensaiar muito essas músicas. Posso usar a garagem?
Zac — Sem problema, só tenta não bagunçar a minha bagunça, ok?
Zac sempre trabalhava de calça de linho preta, camisa de manga comprida azul-claro e uma gravata lisa azul-marinho. Prendia o cabelo e depois que passava pelo detector de metais seguia para a sala isolada no andar inferior, onde tinha peças de computadores por cima da mesa e uma pilha de hardwares defeituosos. Zac começou a ler os e-mails, geralmente os empregados diziam o que estava errado com o quê e ele ia lá para arrumar. Quando o problema era software, ele conectava a CPU da máquina num monitor livre e investigava o problema. Era mais enfadonho do que trabalhoso.
Quase na hora do almoço, Zac terminava de colar uns fios quando seu celular vibrou dentro do bolso. Distraidamente, desbloqueou a tela e levou um susto: a mensagem era de JRabbit. O e-mail dizia apenas “Manda ver, vadia.” Zac jogou o celular sobre a mesa e bufou.
Jay almoçava um cheeseburger no refeitório da faculdade, pois fora entregar o relatório do estágio que estava finalizando para ficar o resto do verão livre e poder pegar mais ofertas freelas. Um rapaz conhecido fez que ia sentar na cadeira vazia ao seu lado mas ela o impediu com um gesto.
Harold — Oi, Winchester.
Ela levantou as sobrancelhas, engolindo a comida.
Harold — O que você vai fazer mais tarde?
Jay — Provavelmente, hum, deixe-me ver, fazer qualquer coisa longe de você.
Harold — Qual é, Winchester, só dessa vez?
Jay — Não faço caras comprometidos, não importa o quão chata a relação deles seja.
Harold — Vamos terminar a qualquer hora.
Jay, jogando os guardanapos no lixeiro — Esquece, Harold.
Jay defendia o sexo livre, sem compromisso, mas se o cara fosse comprometido de alguma forma, não tinha jogo. “Sacanagem sem ser sacana”, era o que ela repetia quando a questionavam. Jay teve seus namoros sérios, mas não se via mais naquilo pois não tinha mais a paciência e nem a disposição para todo aquele drama, aquele controle. Achava melhor e muito mais fácil ter só a parte boa do cara – aquela em que ele é charmoso e só quer te agradar na cama – ao invés de levar o pacote todo – que muitas vezes incluía cenas de ciúme, cuecas sujas na pia dela e comida a menos na geladeira. E Jay era bem exigente no quesito aparência, preferia homens que se preocupassem com o corpo e cuidassem da saúde. Tinha uma quedinha por trintões e quarentões. Experiência e segurança a tiravam do sério.
Seu celular vibrou e o e-mail que recebeu dizia: “Veremos quem vai ser vadia de quem.”
[Música de fundo, One More Night – Julia Sheer, Alex Goot & Others – 02:35 – …]
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 5 - Dirty Albie
Tumblr media
[Música de fundo, One More Night – Julia Sheer, Alex Goot & Others – 00:00 – 01:11]
“Meu pai é um militar aposentado, então toda a minha vida eu soube como é estar sob o regime de regras de um macho-alfa. Minha mãe, uma mulher muito inteligente, mas que nunca pôde evoluir pessoal e profissionalmente pois o trabalho do meu pai vinha sempre em primeiro lugar e estávamos sempre nos mudando. Ele não era um mau sujeito, como pai, não posso reclamar, tive uma ótima educação, mas as atitudes dele eram totalmente reprováveis. Não posso mudar esses milênios todos de opressão, mas posso, hoje, viver da maneira que acho certa e essa maneira é usufruindo da liberdade e do meu poder de escolha, meu corpo, minhas regras.” (Flashes do rosto de Jay se exercitando, dançando com as amigas e beijando caras diferentes)
 Paperville era um bairro de ruas planas, arborizadas e limpas, composto de conjuntos de casas iguais e prédios baixos de no máximo quatro andares sem elevador, tendo como maioria populacional universitários e famílias jovens. Tinha um comércio básico ativo e uma vida noturna agitada, durante as férias as praias ficavam cheias e muitos luaus e pocket-shows aconteciam por lá. O campus da FloTech, como os alunos chamavam, ficava a 10 minutos de carro ou 20min de ônibus de Paperville, o que o tornava um bairro popular e acessível. Bares, cafés e praças com extensos gramados compunham os arredores.
No caminho de volta, Taylor avistou um bar com mais vagas para estacionar. Não tinha intenção de demorar, precisava voltar logo para os filhos, mas precisava de um drink e um momento para lamentar o fracasso do dia.
Estacionou o jipe velho ao lado de umas motocicletas, bicicletas e outros carros nada glamourosos, a noite tinha acabado de cair por completo. Por dentro, o lugar era bem espaçoso, dois monitores grandes e suspensos exibindo hits do momento, mas a música não estava alta. Ao entrar, Taylor se aproximou do balcão, tirou o terno e o pôs no encosto da cadeira ao lado, arregaçou as mangas e sentou. A iluminação interna não era intensa, ele notou um palquinho no outro canto e seus pensamentos foram interrompidos pela bartender.
Rachel — Oi, o que vai ser?
Taylor, de cabeça baixa — Uma dose de Black Johnny, com gelo, por favor.
 A garçonete pegou um daqueles copos largos, pôs três cubos de gelo e acrescentou a dosagem. Pôs na frente de Taylor, que só então levantou a cabeça e pôde ver a moça loira, baixinha, de cabelos longos presos num rabo de cavalo, evidenciando seus grandes olhos verdes e lábios carnudos. Ela vestia uma camiseta justa e preta, de mangas curtas. Seu semblante era sério, mas as bochechas rosadas lhe davam um ar juvenil.
 Taylor — Obrigado. (Bebeu um gole) Oh, caramba… (Fez careta) Forte demais.
 Rachel, limpando o balcão — Dia difícil?
 Taylor — Todos os dias têm sido difíceis, moça. Uma água, por favor. (Tossiu)
 Rachel, preparando outro copo — Divórcio?
 Taylor — É tão óbvio assim?
 Rachel — Não, mas… Você está com a cara meio horrível e usando aliança. Caras que entram aqui assim bebem por divórcio ou traição. Ou os dois.
 Taylor — Nossa. Bom. Minha mulher me traiu e saiu de casa, me deixando desempregado com dois filhos. Agora, eu estou vivendo numa república com meu irmão que não conhece nada além de seu próprio pinto, e seus amigos hippies e nerds.
 Rachel — Ai. Se você quiser outro drink, eu te dou de graça depois dessa.
Taylor — Há… Obrigado. (Virou o copo e fez careta de novo). Um só tá bom. Eu me chamo Taylor.
 Rachel — Rachel.
 Taylor — Você ouve muitas histórias assim?
 Rachel — Na realidade, não. As pessoas que vêm aqui geralmente reclamam das notas, têm planos maquiavélicos para dar fim em algum professor, choram términos, tem rivalidade de universidade, times também… Não é muito interessante. Vida universitária.
 Taylor — Eu adoraria chorar a droga da minha vida se eu não tivesse duas bocas pra alimentar.
 Rachel — E que tipo de trabalho tá procurando?
 Taylor — Eu sou músico. Pianista. Toco violão, canto também, mas tô pegando qualquer coisa. Sou bom com reparos domésticos. Passei o dia na caça hoje, mas (brincando com o gelo derretendo no copo vazio) não deu certo. Tô na esperança de amanhã ser melhor.
 Rachel — Hummm. (Recebendo dinheiro de outro cliente) O quão diversificado é o seu repertório?
 Taylor — Eu toco qualquer coisa, rock, r&b, pop…
 Rachel — Eu poderia falar com o Albie. Duas noites por semana temos música ao vivo aqui e ele socou o vocalista da última banda. E sempre tem alguma coisa quebrada precisando de conserto, quer dizer, olha essa espelunca.
 Taylor — Você faria isso?! Ele está aqui??
Rachel sorriu discretamente, foi até o fundo e voltou acompanhada de um cara grande e careca, de braços tatuados e bigode branco.
 Albie — Você toca?
 Taylor — S-sim.
 Albie tirou um violão cheio de adesivos de baixo do balcão.
 Albie — Toca alguma coisa aí pra eu ver.
 Taylor — O que você…
 Albie — Anda logo.
 Taylor pensou por alguns segundos, descartou as duas primeiras alternativas e arriscou no refrão de “Highway to Hell”, do AC/DC. Albie o encarou, sisudo, e acenou com a cabeça. Taylor devolveu o violão.
 Albie — 300 dólares por semana, gorjetas são suas, quinta e sexta à noite. E se apertar no bar você ajuda, morô?
 Taylor só concordou com a cabeça, sorrindo. Albie saiu e Taylor sacudiu a mão após o aperto de mão.
Rachel , enchendo o copo de um cliente — Bem-vindo ao Dirty Albie.
Isaac abotoava a camisa de frente o espelho e em seguida penteou o cabelo. Mãos femininas o abraçaram por trás. Uma moça asiática de vinte e poucos anos, magra e alta, cabelos lisos e pretos contrastando com o corpo bronzeado artificialmente o beijou na nuca.
Foxy — Foi uma festa e tanto, hein?
Isaac — Sim, eu adorei.
Foxy — Então por quê não fica mais?
Isaac — Você sabe que eu não posso…
Foxy — Os coreias ficaram doidões, hein?
Isaac — Fiquei com medo daquele mais velho ter um troço na hora do sanduíche latino, hahaha! (Pegou o terno e as chaves do quarto) Se sas garotas continuarem daquele jeito, não vou me preocupar com contratos tão cedo! (Sentou na ponta da cama e deu-lhe um beijo na boca). Você foi ótima, estava louco pra que tudo acabasse logo e ficássemos sozinhos, mas…
 Foxy — Estamos sozinhos agora, meu bem.
 Isaac — Mas eu preciso ir, você sabe.
 Foxy — Quando vou ver meu escravinho preferido de novo?
 Isaac — Logo.
[Música de fundo, Power (feat.Dwele) – Kanye West – 00:00 – 00:38]
 Dirigindo para casa, Isaac se lembrou do dia que tivera. Sua agência estava em negociação com clientes coreanos que queriam uma campanha para um de seus vídeo games. Negociar com os asiáticos vinha sendo uma mão de cansaço enorme, mas Isaac era um homem de negócios e se há duas coisas que empresário gosta é dinheiro e sexo, ou a ideia do sexo. Do jeito fácil, de preferência.
 Depois do almoço, combinou a assinatura do contrato para depois das cinco da tarde, no restaurante de um hotel da cidade, chique, porém discreto. Depois de beberem no bar, Isaac os chamou para a suíte que reservara. Lá, seis belíssimas strippers esperavam por eles, com música de fundo e muito “amor” pra dar. Os coreanos, empolgados com a surpresa, acharam que Isaac era o melhor publicitário do mundo e assinaram o contrato sem pestanejar. Com a parte difícil alcançada, Isaac teve um pouco de diversão com Foxy, uma de suas amantes preferidas.
 Ao chegar no seu andar, Isaac brecou a porta do elevador e checou no espelho se estava com alguma marca suspeita antes de entrar em casa. “Tudo limpo”. Ajeitou o terno e entrou em casa, onde os filhos jogavam vídeo game na sala e Nicole folheava digitava algo no laptop, sentada à mesa.
Nicole — Querido, querido! Venha cá.
Isaac — Oi, amor (lhe deu um beijo rápido). Nossa, que cheirosa.
Nicole — Tenho uma coisa que eu quero conversar com você.
Isaac, tirando o terno e jogando a pasta na poltrona — Estamos grávidos?!
Nicole — Já falei pra você que não arrisco ter estrias por mais nenhum bebê. Te dei dois de uma vez e você quer mais?
Isaac — Estava brincando. (Bagunçou a cabeleira loira dos garotos, que nem se mexeram olhando pro jogo).
Nicole — Estava pensando em fazer um curso de moda e arte. Um curso de curta duração, depois uma graduação técnica, quem sabe.
Isaac, pondo uma dose de uísque no copo  — Amor, você foi modelo, você já sabe tudo sobre moda.
Nicole, falando rápido — Exatamente, amor, mas eu nunca estudei sobre isso. Estar fora das passarelas não significa que eu não possa estar por trás delas. Há centros universitários que oferecem ótimos cursos técnicos, aqui na cidade, inclusive. Juntando isso ao meu networking, posso voltar a trabalhar.
Isaac, folgando a gravata — Sim, sim, continue pensando sobre isso.
Nicole — Isaac! Eu já pensei sobre isso, eu estou querendo saber o que você acha.
Isaac — Hummm, boa ideia?
Nicole voltar a trabalhar virou um assunto recorrente nos últimos meses e Isaac fingia dar importância, achava que a esposa estava entediada e apenas precisava de um pouco mais de atenção, atenção de outras pessoas.
Nicole, o empurrando no peito — Tá, mas e aí, o que você diz?
Isaac, rolando para o outro lado do sofá — Querida, eu não sei. Vá em frente. Ótimo. Yay!
Nicole virou-se para os filhos, sentados no chão.
Nicole — Filhinhos.
Os garotos, pausando o jogo — O quê?
Nicole — Mais 20 minutos e aí, banho. Você (virou para Isaac) louça.
Isaac — Oh, então quando eu chego em casa, ninguém pausa o jogo, hein? Veremos se vocês são capazes (engrossando a voz de forma humorada) de escapar das terríveis garras do papaaaai! (Gritou, correndo atrás das crianças).
Taylor entrou em casa e encontrou Zac com Becky sentada numa coxa e o computador na outra. Taylor pegou a bebê no colo, beijando-a na bochecha várias vezes e seguiu para a cozinha, onde Noah estava sentado na cabeceira da mesa retangular de metal de um bege desgastado, lanchando com Mitch e Derek.
Taylor, tocando o ombro de Noah e o beijando na cabeça — Ei, filho.
Noah — Oi, pai. A tia Mitch fez um bolo gostoso, o senhor quer?
Taylor, pegando na mãozinha de Becky — Quero sim. Mitch, obrigado mesmo por hoje. Eles deram trabalho?
Mitch — Nem um pouco.
Derek — Mas é bom você perguntar isso pro Zac também.
Taylor — E o que…
Zac, aparecendo na cozinha — Eu troquei a fralda da Becky.
Derek, rindo de boca cheia — Só que precisou de um tutorial no YouTube.
Noah — E um banho de roupa e tudo hahaha!
Taylor, rindo — Ahh! Queria ter visto essa cena!
Zac mostrou a língua.
 Mitch, lhe entregando um pires com um pedaço de bolo — Eu fui checar a fralda da Becky e ver se ela tinha acordado, quando encontro esse sujeito jogado no chão, ensopado, e a Becky toda limpinha na cama.
Zac — OK, acho que ele já entendeu. Fala aí, como foi o dia, alguma novidade?
Taylor, sentando Becky no balcão — Foi bom, quer dizer, não consegui nenhuma das vagas que tinha ido buscar, não senti firmeza em nenhum dos restaurantes finos, então… Tive que aceitar uma proposta que vai me pagar uma porcaria, mas já vai ajudar um pouco, posso procurar outras coisas no meio-tempo também. É aqui perto, inclusive.
Derek — Não me diz que é no…
Taylor — Dirty Albie, às quintas e Sextas à noite, 300 dólares por semana mais gorjetas.
Zac — Caralho, a gente vai direto nesse bar.
Mitch — A gente IA, né, Zac? Já tem quase um mês que não pisamos lá porque o Zac se meteu numa confusão.
Taylor — Com o dono? Aquele sujeito é mal encarado.
Derek — Com o namorado da garçonete de lá.
Taylor, de boca cheia — Da Rachel?
Zac, imitando — “Da Rachel?”
Taylor, mastigando — É, na verdade, foi ela quem falou com o Albie e ele pediu pra eu tocar alguma coisa. Muito gentil aquela garota, o que aconteceu?
Zac, cortando um pedaço de bolo — Ele é um babaca.
Mitch — O Zac estava bêbado e deu em cima dela numa noite que o cara tava lá. Os dois se empurraram até o guarda do bar expulsar o Zac. Desnecessário.
Zac — Valeu, Mitch. (Virando-se para Taylor) Como assim? Ela foi toda legalzinha com você e você não fez nada? Cara, nunca consigo falar com ela, ou ela tá super ocupada e usando isso pra não falar comigo ou esse namorado imbecil tá por perto.
Derek — Ou talvez ela só não queira nada com você. Mané.
Zac — O que você sabe sobre isso, D? Enfim, (pôs bolo na boca) o cara é quaterback no futebol da FloTech, fala sério, uma bichona nervosa.
Taylor — Não use essa linguagem perto do Noah. (Tossiu) Eu ia fazer o quê? Não tô com cabeça pra pensar em mulher, flerte ou qualquer coisa do tipo agora.
Zac, engolindo bolo — Cedo ou tarde eles terminam e eu vou poder realizar meu sonho.
Mitch — Que é…?
Zac, de bocha cheia — Não posso usar a linguagem que eu quero na frente do Noah.
A campainha tocou, Mitch pegou sua bolsa e foi atender a porta. Uma garota esguia, de óculos e cabelo side-cut estava encostada no vão, vestindo uma jaqueta de couro preta, legging e botas de cano longo.
Natasha, acenando — E aí, gente! Boa noite!
Todos — Oi!
Mitch, acenando e fechando a porta — Não esqueçam de pôr o lixo pra fora. Até mais!
Taylor — Quem era?
Derek, pondo o prato na pia e saindo da cozinha — A namorada da Mitch, Natasha.
Taylor — Oh.
Noah sorriu como se tivesse descoberto um mistério.
Noah — Há! Bem que a tia Mitch disse que não namorava nenhum de vocês!
Taylor — Filho, por que não vai tomar banho e escovar os dentes? Te encontro lá em cima. (Noah pôs o prato na pia e subiu as escadas) Esse menino tá sabendo de coisa demais… Zac, a Bethany ligou.
Zac — Fala sério. E aí??
Taylor, falando baixo, com Becky no colo — Quer me encontrar no final da semana pra falarmos sobre a entrada nos papéis, ela vai acompanhar um cliente na cidade mas logo retorna pra Tampa.
Zac — Ela perguntou pelas crianças?
Taylor — Sim, quer ver a Becky mas como vai ficar pouquíssimo tempo, pediu pra eu não falar pro Noah, ele pode ficar triste de ela não poder ficar mais tempo com ele. Primeiro eu achei um absurdo, mas vi que ela tinha razão.
Zac, tocando o ombro do irmão — Pensa que por mais filha da puta que ela seja, ela te fez um favor saindo de casa, da sua vida. Aquela mulher não merece um fio de cabelo teu, Taylor.
Taylor — Eu sei disso, mas você não sabe como um divórcio, cara… Me preocupo com o emocional dos meus filhos.
Zac — Qual é, Taylor, só o que tem por aí é filho de pais separados. (Taylor suspirou) Tu ainda gosta dela!
Taylor — Shhh! Cala a boca!
Zac — Como é que tu pode gostar dela depois disso tudo?
Taylor — Não desaparece tão fácil assim, Zac, não funciona dessa forma. Foram 7 anos, não 7 dias.
Zac — Antes fossem, talvez você não estivesse esse trapo. Vai tomar um banho, dá a Becky aqui.
Taylor a pôs no colo de Zac e o bebê, babando, ficou encarando Zac com as mãozinhas no nariz e no olho dele.
Zac — Vê se não faz cocô em mim, hein.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 4 - Classificados
Tumblr media
[Música de fundo, Shiver – Coldplay – 00:00 – 01:25]
“Tem quem me chame de teimosa, mas eu prefiro me ver como determinada. Nada na minha vida veio de mão beijada, perdi muitas noites de sono e muitas festas pra estudar, pra conseguir meu próprio dinheiro. De onde eu venho, minhas colegas casaram logo após o colégio ou engravidaram e não fizeram mais nada da vida. Eu não tenho medo de ficar sozinha, tenho medo de depender de outra pessoa. Meus pais sempre me ensinaram a defender o que eu acho certo, a ir atrás do que eu quero, não tenho todas as respostas, mal comecei a viver, mas de uma coisa eu tenho certeza: estou fazendo o melhor que posso.” (Flashes de Rachel limpando balcão; abraçada com John, servindo mesas e depois com livros abertos estudando).
 Taylor trocava a fralda de Becky logo após ter dado banho nela. O neném rosado e gorducho, com as mãozinhas dentro da boca babada, sorria para o pai, fazendo ruídos. Taylor a segurou nos braços, encostando-a no seu peito nu e deu-lhe a mamadeira. Com as cortinas entreabertas, Taylor cantava baixinho para que Becky dormisse. “If I’m gone when you wake up, please don’t cry. And if I’m gone when you wake up it’s not goodbye. Don’t look back at this time as a time of heartbreak and distress. Remember me, remember me, ’cause I’ll be with you in your dreams.” Depois que a bebê pegou no sono, Taylor a pôs no berço.
Ele vestiu uma camisa branca bem passada, a enfiou por dentro da calça cáqui e afivelou o cinto marrom. Pensou se punha a gravata azul-marinho ou não, mas acabou por dispensá-la. Manteve o terno aberto e desceu as escadas tentando não fazer barulho, elas rangiam muito. Olhou no relógio, uma da tarde em ponto. Noah estava sentado no sofá, vendo televisão Mitch.
Mitch — Ela dormiu?
Taylor — Sim, demorou um pouco, mas dormiu. Mitch, muito obrigado mesmo por quebrar essa pra mim. Vou conseguir uma babá o mais rápido possível.
Mitch — Taylor, somos todos irmãos nessa Terra, se não nos ajudarmos, o que será de nós?
Taylor — Ahn… Tá bom. Eu deixei anotado o horário das mamadeiras, ela só tem mais duas antes de eu chegar, e o Noah não pode comer frituras nem salgadinhos durante a semana.
Noah — Mas eu estou de férias, papai!
Taylor — As regras continuam, amigão, desculpe.
Mitch — Não se preocupe, eles estarão inteiros quando você voltar.
 aylor — Tem certeza que não vão te atrapalhar? Você não tem nada pra estudar ou…?
Mitch — Vou praticar yoga daqui a pouco. Preciso alongar meu corpo e renovar minhas energias com o deus-Sol. Quem sabe o Noah queira me acompanhar.
Noah — Deus quem?
Taylor — Estarei de volta no começo da noite. Onde estão Zac e o Derek?
 Noah, olhando para a TV, rindo — O tio Zac está dormindo, eu ouvi os puns dele.
 Taylor — Eu preciso ir, qualquer coisa não hesite em me ligar, Mitch, e muito obrigado. (Apoiou-se nos joelhos) Comporte-se, ok?
 Noah — Sim, papai, pode deixar.
 Taylor, o abraçando pela cabeça — Prometo que vamos nos divertir logo, logo, tá bom?
 Noah — Tá boooom.
Ao entrar no carro e dar a ré, Taylor sentiu o mesmo frio na barriga do dia anterior. Estava indo a pelo menos oito locais onde tinha visto anúncio de vagas na internet - motorista, entregador, recepcionista, garçom, músico de restaurante de hotel. Suas economias estavam no fim e Bethany mal respondia suas mensagens, ele não ia pedir dinheiro a ela àquela altura. Em meio a salas de espera onde pediam para ele aguardar “um momento” que durava quase uma hora, sinais fechados, calor e o arrependimento da escolha da roupa, Taylor ouviu de tudo, ou era qualificado demais para a função ou não tinha experiência alguma. Foi analisado de cima a baixo, sua aparência ajudava a ganhar a simpatia das atendentes mas ao mencionar que era pai solteiro de dois filhos pequenos, os avaliadores não escondiam a careta, perguntavam se ele não tinha uma esposa, quem ficava com as crianças na ausência dele e se ele costumava pedir muitas folgas por causa das crianças. “Nós ligaremos qualquer coisa”. “Passe aqui mês que vem, com certeza teremos uma vaga que se encaixa no seu perfil.” O desânimo bateu, mas Taylor não podia se dar a esse luxo.
Um grupo de rapazes fortes entrou correndo no vestiário, suados e sujos, tiravam o uniforme e as proteções. John largou suas proteções num canto e, com cuidado, retirou a faixa do punho inchado. Tirou os shorts e a regata, levando seu torso definido e malhado ao chuveiro. Os outros jogadores brincavam e conversavam durante o banho. “Não deixa cair o sabonete, hein, otário, hahaha!” John encostou as mãos na parede, sentindo a ducha fria lhe acalmar os músculos, tentando se desligar daquele falatório sem sentido. Após o banho, vestiu a calça jeans e a camiseta oversized de cor cinza com o nome FLORIDA TECH em letras vermelho-vinho na frente. Fechou o armário e com as mãos nos bolsos frontais da calça, foi até a sala do treinador, um homem grisalho, atlético, que aparentava ter seus cinquenta e poucos anos.
John, batendo na porta aberta — Treinador, tem um minuto?
 Treinador Gale, conferindo uma prancheta — Ei, Trevor! Como está o punho? Aquele lance foi sensacional.
 John, olhando a própria mão — Obrigado, treinador. O punho vai melhorar, não é nada grave.
 Treinador Gale — Então, o que posso fazer pelo meu quaterback preferido?
 John — Treinador… Ouvi uns caras comentando que uns olheiros do Manhattan United…
 Treinador Gale, pondo os óculos sobre a mesa — Trevor, nada disso é certo ainda. Se fosse, eu teria lhe dito, você sabe.
 John — Eu sei, treinador. O campeonato desse próximo semestre é decisivo, senhor. Se houver uma chance, mesmo mínima dos olheiros me virem jogar, eu não vou abrir mão dessa chance.
 Treinador Gale — Eles o verão jogar, filho, não se preocupe. Temos uma grande temporada pela frente.
 John — Estou ansioso, não vejo a hora de entrar em campo novamente.
 Treinador Gale – Você está se cuidando, não é? Nada de bebedeiras até tarde, nada de dormir pouco… Está se protegendo?
 John — Senhor?
 Treinador Gale – Com sua namorada. Você não quer que uma gravidez atrapalhe seus planos, filho, acredite.
 John — Ah, sim, senhor, claro. A gente se cuida.
 Treinador Gale – Ótimo. (Voltou a olhar a prancheta) Mais alguma coisa?
 John — Não, senhor. Obrigado. Até amanhã.
 Aquele era o último ano de John na faculdade, sua última temporada como jogador titular em um dos melhores times de futebol americano do segmento universitário, o Florida Tech Panthers. Se não conseguisse um contrato até o final daquele ano, ficaria muito mais difícil passar numa triagem aberta. Os olheiros de times profissionais assistiam aos jogos da liga universitária procurando possíveis novos talentos. John sonhou com aquilo sua vida toda. Seu pai, seus tios e primos jogaram futebol no colégio e na faculdade, mas nenhum deles foi além. Ele entrou em seu carro, parado no estacionamento do lado de fora do estádio e dirigiu até Paperville. “Oi, gata, está livre agora? Acabei de sair do treino.”
O quarto de Derek era o menor e mais organizado de todos os quartos da república. Ainda que estejamos na era do streaming, seu guarda-roupa tinha coleções de DVDs e revistas eróticas e antigas. Derek e Zac se conheceram na graduação e ficaram amigos desde então, dividindo hobbies em comum, entre eles, os jogos online. Ele era um cara tímido, meio desajeitado, tinha algumas espinhas no rosto e seu cabelo escuro estava quase sempre oleoso e bagunçado. Era franzino e baixinho, o que disfarçava seus 24 anos de quase nenhuma experiência interpessoal. Teve uma só namorada na vida, nada duradouro, e sua ansiedade e despreparo eram as mesmas de um garoto adolescente.
 A porta estava destrancada, ele fez uma busca rápida e no grande monitor apareceram infinitas opções de vídeos pornográficos. Tirou um lenço umedecido da caixinha e abriu o zíper com a respiração levemente ofegante. Ficou se acariciando por um tempo, curtindo as imagens e o prazer quente que pesava da sua cintura pra baixo quando Zac abriu a porta de repente.
 Zac — D., tu viu meu…
 Derek levou um susto, caindo da cadeira ao tentar fechar o vídeo, sem sucesso.
 Zac — Porra! Hahahahaha! Desculpa interromper tua bronha, bro, volto depois!
 Derek, se levantando com dificuldade e escondendo o pênis — Filho da p…
 Zac voltou para o seu quarto e pôs os fones de ouvido, sentando-se à mesa que tinha dois monitores de 20”, cada um exibindo uma coisa diferente. O da esquerda, um gráfico de jogo e o outro, uma página do Wikipédia.
 Zac — Zenson de volta e sem o controle manual.
 Voz no fone de ouvido — Sem aquilo não dá pra jogar, mané.
 Zac — Eu sei, mas só o Derek sabe onde tá e o cara tava batendo uma.
 Voz no fone de ouvido — Hahaha!
 Zac — Câmbio, falous. Zenson off.
 Ao sair do quarto, Zac ouviu um barulho. Parou, olhou em volta. Vinha de cima, do quarto de Taylor. Subiu e viu que Becky chorava no berço. Zac tampou o nariz e abafou um palavrão, o quarto fedia a cocô recente de criança.
 Zac, fazendo voz de mimo — Ei, ei, Becky… (a criança chorou alto) Huh, titio vai dar um jeito, peraí um pouquinho. Derek! Mitch!
 [Música de fundo, The Joke – Lifehouse – 02:00 – 02:52]
 “Droga!”
 Zac não sabia como pegar um bebê sujo, sua experiência com crianças era zero. Ao aproximar as mãos da cabeça, viu que não daria muito certo e se pegasse no colo, também não. Ficou atordoado. Olhou para os lados, abriu o guarda-roupa, Becky continuava chorando. “Fralda, fralda, fralda. Achei!”. Com a fralda descartável na mão, Zac olhou para Becky e para a fralda – não tinha ideia de como pôr aquilo. Sem muita escolha, agarrou a bebê pelos pés, deixando-a de cabeça para baixo.
 Becky berrou e Zac se desesperou, correndo para o banheiro. De roupa e tudo, entrou debaixo do chuveiro com ela no colo. “Ai, caramba”. Lavou as próprias mãos e, com o máximo de cuidado que pôde, lavou o bumbum da sobrinha, passando-lhe um pouco do sabonete infantil que Taylor havia deixado ali. Becky parou de chorar, e agora brincava com os cordões que Zac tinha no pescoço, ele, por outro lado, estava ensopado. Enxugou o rosto com a toalha e voltou para o quarto, agora tentando imaginar como colocaria a bendita fralda.
Pôs Becky na cama e, tomando cuidado para que ela não rolasse e caísse, pegou o celular que tinha deixado cair no quarto e procurou no YouTube por “fralda descartável tutorial.” Observando o vídeo, tentou fazer igual. Levou quase 15 minutos para entender aquilo e se sentindo um asno, já que era tão simples. Com a tarefa concluída, largou-se no chão, ofegando e todo molhado. “Eu nunca vou ter filhos. Putz…”
 Mitch estava no jardim, sentada na grama de frente para Noah, ambos de olhos fechados e de mãos dadas.
 Mitch, cochichando — Inspira fundo e solta devagar… Isso.
 Estavam fazendo aquele exercício há algum tempo, fazia parte da rotina de Mitch dedicar ao menos meia hora para respirar e expirar corretamente, se desligando de todas as coisas. Noah achou tudo aquilo muito divertido, disse que sentiu até uma coceirinha nos pés.
 Noah — Tia Mitch, quer dizer, Mitch, posso perguntar uma coisa?
 Mitch — Claro, pequeno Noah, e pode me chamar de tia Mitch, se quiser.
 Noah — Legal. Você é namorada do tio Zac?
 Mitch — Hahaha! Não, somos só amigos. Bons amigos.
 Noah — E quem é seu namorado?
 Mitch — Outro dia, eu te apresento. Sua irmã deve ter acordado, vamos, vou dar a mamadeira dela e fazer um lanche pra gente. O que você quer comer? Sanduíche de pasta de amendoim, biscoitos...
 No final do dia, Taylor estava cansado e ainda mais preocupado sem nenhum trabalho em vista. Andando pela calçada do estacionamento, com o terno sobre o ombro, Taylor sentiu sede, muita sede. Olhou o relógio e em seguida o celular, que tinha uma mensagem de Mitch. “Está tudo bem, as crianças já comeram e o Zac quase se afoga tentando trocar a fralda da Becky. Paz.” Entrando no carro, o celular de Taylor tocou.
 Taylor — Alô?
 Bethany — Taylor, precisamos conversar.
0 notes
aportavermelha · 4 years
Text
Capítulo 3 - Aparências
Tumblr media
[Música de fundo, The Joke – Lifehouse – 00:48 – 01:24]
“A mulherada hoje fala em direitos iguais, isso e aquilo, depila ou não depila, e eu pessoalmente adoro as passeatas que algumas aparecem peladonas, nada contra, acho que elas são donas de si e do próprio corpo, mas no fim das contas, muitas querem mesmo é te fazer virar o Frodo, sabe, andando por aí com o anel da destruição no dedo. Conheço muita gente casada, mas casamento não é pra mim. Se eu posso comer no restaurante, pra quê que eu vou levar pra casa, amigo? Meu lema é YOLO, tá ligado? Sentou, zarpou.” (Flashes de Zac brindando com amigos, dançando com garotas e pilotando sua moto). 
Cortando as bananas em rodelas e misturando-as ao leite e aos pedaços de maçã no liquidificador, Rachel foi surpreendida pela porta abrindo e alguém entrando e falando alto.
Jay, pulando cozinha adentro — Ah, como eu adoro o verão! Adoro suar e quase morrer de calor. Adoro!
 Rachel — São 7 da manhã e você já de volta? Queria ter essa disposição.
Jay, abrindo a geladeira — Hormônios, gata, hormônios.
 Rachel, ligando o liquidificador — Quer vitamina?
 Jay, bebendo água — Quero, põe um copo pra mim, por favor. A corrida foi ótima, as ruas estão perfeitas pra correr, as árvores ajudam nas sombras e no vento. Até vi uns gatinhos. Eu devia ter me mudado pra Florida há mais tempo.
 Rachel riu, abrindo a porta do armário superior — Jay, você tá aqui há anos.
 Jay — Sim, mas devia ter nascido na Flórida. Na verdade, já sinto como se tivesse.
 Rachel — Com esse seu sotaque aí? Arram.
 Jay — É meu charme. Os caras curtem, ficam tentando imitar.
Rachel, dando-lhe o copo de vitamina — Antes ou depois de você chutá-los?
Jay — Hahaha, boa! (Tomou um gole) E aí? Não vi o carro do John lá fora…
 Rachel — Ele foi embora ontem no meio da noite, nós tivemos uma briga.
Jay — Outra, Rae? Cara…
 Rachel — Ele anda muito estressado com o campeonato, e… (Jay a encara). Tá, ele é meio idiota às vezes.
Jay, limpando o bigodinho de vitamina do lábio — Meio?
 Rachel — Ele nem tá de férias como todo mundo, tá treinando mais do que nunca pra essa última temporada, então ele se forma e pronto.
 Jay — Tanto faz, você que sabe, sempre defende ele mesmo. Vou tomar um banho, passa uns pães na chapa pra mim?
 Jay entrou pelo corredor e desapareceu.
Rachel K. Adams e John Trevor Jr, namoravam há dois anos. Ele era um jogador de futebol americano com uma bolsa universitária que ela conheceu numa festa da faculdade. John estava no último ano de Administração, sua verdadeira ambição, no entanto, era chegar à liga profissional. Dava o sangue em todos os treinos e em todos os jogos, sua vida girava em torno disso. Não fazia o tipo sensível nem era de conversar muito, seu ciúme por vezes passava dos limites, ocasionando situações embaraçosas para Rachel e ele próprio. Rachel, hoje aos 25 anos, fazia bicos e trabalhava no bar local cuja maior parte da clientela era do campus, tudo para pagar o curso de especialização, que não era barato, e garantir seu sustento. Deixou a família no Tennessee aos 19 anos para estudar na Flórida e só os via nos feriados de Natal e Ação de Graças, se houvesse folga para viajar.
 Jade “Jay” Winchester, sua melhor amiga, nasceu em Manchester, Inglaterra, filha de um militar e de uma enfermeira. Os pais se mudaram para os EUA quando ela tinha 15 anos. À primeira vista, Jay passava facilmente por estudante de moda ou comunicação, mas longe disso. Ela era uma das melhores alunas da pós-graduação em Computação Avançada do Florida Institute of Technology – por acaso, o mesmo curso que Zac e Derek faziam, mas em turmas diferentes. Jay se declarava feminista, gostava de debater política e economia, adorava esportes e liberar endorfina era seu único vício real. Sua inteligência e humor afiados lhe rendiam admiradores e haters, principalmente no seu campo de atuação majoritariamente masculino.
Mais ao norte da cidade, na cobertura de um prédio de classe média alta, Isaac se produzia para ir trabalhar, aliás, “ir fazer ótimo marketing”. De frente para o grande espelho do closet, ele penteava o cabelo curto e batido na nuca, fazendo um pequeno topete com fixador. Deu mais uma olhada na roupa, um terno preto por cima de uma camisa também preta, com os dois primeiros botões desabotoados e sem gravata. Mandou um beijo para o próprio reflexo. Era uma segunda-feira típica no lar de Isaac e Nicole. Os gêmeos loiros e corados, Brad e Kyle, tomavam café com a mãe e a babá na sala de jantar, com a TV ligada que ninguém prestava atenção. Isaac, beijou a mulher no rosto e depois beijou a cabeça de cada um dos filhos.
Isaac — Bom dia, família mais linda do mundo!
 Os meninos — Bom dia, papai!
 Nicole — Bom dia, amor. Olha aqui, eu mesma fiz seu café hoje, ovos com bacon e café forte.
 Isaac, sorrindo amarelo e sentando à mesa — Ahn, você que fez, meu amor? Nossa, deve estar uma delícia…
 Nicole — Não está com fome?
 Isaac — Muita! (Pôs um pedaço de bacon quase cru na boca e tossiu) Mal passado, hein?
 Brad — Papai, papai, escuta só essa, nós vamos construir um avião!
 Kyle — Não é um avião, é um aeromodelo.
 Brad — De um avião, dã. O tio Zac vai pôr um motor nele.
 Nicole — Amor, qual esmalte fica melhor, esse ou esse?
 Kyle — Papai, podemos ir hoje pra casa do tio Zac? O Noah tá lá.
 Brad — É, papai, podemos?
 Nicole, agitando um dos vidrinhos — Acho que esse combina mais com o biquíni que vou usar hoje.
 Os meninos — Podemos, papai?
 Isaac engolia a comida quase sem mastiga-la e por fim desistiu de comê-la.
 Isaac — Hoje não, crianças, mas o pai promete levá-los essa semana lá, ok?
 Nicole — Ike.
 Isaac — Oi, amor.
 Nicole, impaciente — Qual esmalte?
 Isaac — O verde escuro, você sabe que eu adoro verde. (Terminou a caneca de café) Te vejo à noite.
 Nicole — Você não vem pra almoçar?
 Isaac, pegando as chaves do carro — Preciso almoçar com uns representantes hoje, inadiável. Desculpe, amor. Feras, vejo vocês mais tarde.
 Bagunçou a cabeleira dos meninos, deu um beijo rápido em Nicole e saiu, com a pasta na mão.
 Dirigindo sua BMW preta em alta velocidade, Isaac ouvia hip hop no último volume, passando pela orla da praia e sentindo-se privilegiado. Dois filhos saudáveis, uma mulher linda que o amava, uma boa casa, um bom trabalho. O que mais ele podia querer?
 Nicole trabalhou um bom tempo como modelo no eixo Milão-Nova York, mas não era exatamente seu projeto de vida. Logo após o casamento, ela engravidou e parou de trabalhar, ficando em casa em tempo integral. Apesar do jeito de garota mimada, Nicole comandava a casa com muita organização e maestria. Cozinhar não era muito seu forte. Isaac fazia todas as suas vontades, adorava agradá-la e Nicole o endeusava, não havia melhor homem – na cama e fora dela – que o seu marido. Era um casamento feliz para todos os efeitos.
Isaac estacionou na vaga reservada e entrou no prédio no qual a Hanson Advertisements ocupava dois andares. Saindo do elevador, à medida que caminhava para sua sala, Isaac sorria a todos os funcionários, ouvindo os cumprimentos de “Bom dia, Sr. Hanson”.
 Ele sentou à mesa, onde os principais jornais impressos já estavam postos e abriu o laptop. Sua assistente entrou na sala com uma caneca verde-escuro onde se lia em letras brancas destacadas “Best CEO Ever”.
 Isaac começava o dia bebendo café e checando seu e-mail, respondia todos os mais urgentes. Depois, lia os cadernos jornalísticos de esportes, política e economia e só então estava pronto para o combate.
 Isaac bateu uma palma e estalou o pescoço, ainda com os olhos na tela do laptop.
 Isaac — Ok, Britney, o que temos pra hoje?
 Brittany, cochichando — É Brittany, na verdade… (Tossiu e voltou ao tom normal). Sr. Hanson, o almoço-videoconferência com o pessoal de Orlando às 11:30 está confirmado; logo à tarde o senhor precisa ver a apresentação para a campanha da Shell e no final do dia tem a reunião de projeto com os coreanos naquele mesmo hotel.
 Isaac, digitando rapidamente — Obrigado, Britney. Oh! Por favor, peça ovos mexidos com bacon bem passados pra mim, sim? Não tomei café ainda.
Quando sua assistente saiu, ainda respondendo um e-mail, Isaac discou um número no seu celular. Uma voz feminina atendeu com muita intimidade.
 Isaac, sorrindo — Ei, linda, hê… Bom dia, bom dia… Estou ligando pra saber se nosso encontro está de pé mais tarde. Fiquei o final de semana todo sentindo sua falta, sabia?… Sim, claro, aqui está sempre de pé, principalmente pra você… Isso mesmo, não se esqueça. Nos vemos lá.
 Desligou o celular e apertou enter, girando na cadeira em seguida. Olhou pela enorme janela de vidro do seu escritório, de onde se podia ver o mar ao longe, tirou uma caixinha de tic-tac do bolso do terno e ingeriu duas cápsulas.
 “Semana começando do jeito que eu gosto.”
[Música de fundo, Power (feat. Dwele) – Kanye West – 01:15 – …]
1 note · View note