Estudante de jornalismo na PUCRS. Esse blog veio como uma oportunidade de expor os meus textos e trabalhos. Escrevo principalmente sobre mulheres.
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asoutrashistorias-blog · 6 years ago
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Feminicídio é uma consequência da ilusão do amor romântico
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Em 2017, os tribunais de justiça do país proferiram 4.829 sentenças por feminicídio no Brasil e mais 10.786 processos ficaram pendentes. Além disso, de acordo com levantamento do Ministério Público do Estado de São Paulo, 66% dos feminicídios acontecem na casa da vítima. Andrea Brochier, perita criminal do Instituto Geral em Porto Alegre/RS, aponta que o feminicídio é uma consequência da ilusão do amor romântico e do “príncipe encantado”, que mantém mulheres em situações de risco. Também estaria diretamente relacionado com a incapacidade de alguns homens de aceitar um não, uma rejeição. A recusa da mulher em continuar uma relação é recebida por esse homem como um ferimento à masculinidade dele e isso gera uma reação violenta de agressão física, de ameaça e inclusive de assassinato.
O próprio conceito do feminicídio é muito recente. A lei n° 13.104 que estabelece o crime de Feminicídio foi sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff em 9 de março de 2015. Feminicídio é o conceito usado para denominar o crime de homicídio, causado unicamente pelo fato da vítima ser uma mulher. Isso se identifica quando ocorre uma violência doméstica e familiar ou pelo menosprezo ao gênero feminino. Nos últimos anos, com essa lei algumas mudanças surgiram nos registros das secretarias de segurança pública de alguns estados, a tendência é o crescimento de casos registrados, até pelo maior conhecimento desses dados. “Há muito mais (casos) do que a gente imagina. Se pegarmos todos os casos de homicídio antigos e formos analisar pela lei do feminicídio, nós vamos ter muito mais surpresas. Não é questão de que os casos estão aumentando, eles apenas estavam escondidos”, argumenta Brochier.
A plataforma Violência Contra a Mulher em Dados entrou no ar com uma cartela de infográficos que expõe dados de pesquisas sobre violência contra a mulher mais relevantes e mais importantes do momento. “A ideia da plataforma é levar essas informações que mostram a dimensão grave e a urgência de enfrentar o problema, para a sociedade geral, explica Marisa Sanematsu, fundadora, editora e diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão responsável pelo projeto. O  Instituto Patrícia Galvão é uma organização feminista que tem o objetivo de contribuir para ampliação da cobertura da imprensa e com o debate público sobre a questão dos direitos das mulheres.
“Por isso que a nossa opção de trabalhar com infográficos tem muito a ver com a possibilidade que esse tipo de peça dá em termos de compartilhamento em redes sociais, por exemplo. Além de contribuir para o trabalho da imprensa, de especialistas e de ativistas dos movimentos de mulheres, a gente quer também atingir a sociedade de maneira geral”,  justifica Marisa Sanematsu.
São mostrados também dados mais antigos, mas que ainda têm relevância devido à falta de informação desse assunto. No site, os dados sobre as violências são divididos em categorias, e em cada informação se pode verificar a fonte da pesquisa. Além desse projeto, o instituto possui outras ferramentas que estão disponibilizadas no portal da agência, que são o Dossiê Violência Contra as Mulheres e o Dossiê Feminicídio que possuem um conteúdo mais denso e tratam de maneira mais aprofundada esses problemas. Já a nova plataforma, trata isso de maneira mais simples e objetiva.
A editora e diretora de conteúdo também comenta que esse é um tema que hoje desperta mais interesse na sociedade e especialmente entre os jovens. A proposta é atingir mais esse público porque é importante que isso esteja em debate nas escolas e seja inserido desde cedo na educação. Justamente uma educação em que a violência não seja uma resposta, não seja vista como uma solução. Onde se aprenda a entender que as diferenças e as contrariedades, são resolvidas com di��logo e não com o recurso da violência.
Outra plataforma que reúne dados de violências às mulheres é a Relógios da Violência, lançada pelo Instituto Maria da Penha. De maneira simples e objetiva, é mostrado diversas contagens separadas em violências categorizadas. Os números são retirados de uma pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada entre os dias 11 e 17 de fevereiro de 2017. O relógio mais marcante, registra  a cada dois segundos uma violência física ou verbal no Brasil a uma mulher. Além dos relógios, o site traz vários materiais de apoio. São eles: Informações que diferenciam cada tipo de violência, maneiras de prevenção e uma amostra de como funciona o ciclo de violência, que em situações extremas gera o feminicídio. A página com os dados brasileiros é disponibilizada também em inglês, fora a possibilidade do usuário de criar um novo relógio para outro país e acessar os relógios já desenvolvidos ao redor do mundo.
Télia Negrão é jornalista, mestre em ciência política, conselheira diretiva da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e coordenadora do Coletivo Feminino Plural. Ela lembra que o Brasil é o quinto lugar do mundo que mais tem feminicídio e enfatiza o fato da nossa cultura ser patriarcal. Isso contraria totalmente uma sociedade de igualdade e respeito, assim completa: “Com o crescimento do fascismo e da extrema direita no Brasil, as mulheres estão com muito medo de serem vítimas de novos ataques. Gostaria de enfatizar as pessoas a prestarem atenção nas mudanças que o país está sofrendo e que nós precisamos resistir para continuar lutando para que a violência contra as mulheres seja coisa do passado.”
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asoutrashistorias-blog · 6 years ago
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Em 2017, os tribunais de justiça do país proferiram 4.829 sentenças por feminicídio no Brasil e mais 10.786 processos ficaram pendentes. Além disso, de acordo com levantamento do Ministério Público do Estado de São Paulo, 66% dos feminicídios acontecem na casa da vítima. Andrea Brochier, perita criminal do Instituto Geral em Porto Alegre/RS, aponta que o feminicídio é uma consequência da ilusão do amor romântico e do “príncipe encantado”, que mantém mulheres em situações de risco. Também estaria diretamente relacionado com a incapacidade de alguns homens de aceitar um não, uma rejeição. A recusa da mulher em continuar uma relação é recebida por esse homem como um ferimento à masculinidade dele e isso gera uma reação violenta de agressão física, de ameaça e inclusive de assassinato.
O próprio conceito do feminicídio é muito recente. A lei n° 13.104 que estabelece o crime de Feminicídio foi sancionada pela então presidenta Dilma Rousseff em 9 de março de 2015. Feminicídio é o conceito usado para denominar o crime de homicídio, causado unicamente pelo fato da vítima ser uma mulher. Isso se identifica quando ocorre uma violência doméstica e familiar ou pelo menosprezo ao gênero feminino. Nos últimos anos, com essa lei algumas mudanças surgiram nos registros das secretarias de segurança pública de alguns estados, a tendência é o crescimento de casos registrados, até pelo maior conhecimento desses dados. “Há muito mais (casos) do que a gente imagina. Se pegarmos todos os casos de homicídio antigos e formos analisar pela lei do feminicídio, nós vamos ter muito mais surpresas. Não é questão de que os casos estão aumentando, eles apenas estavam escondidos”, argumenta Brochier.
A plataforma Violência Contra a Mulher em Dados entrou no ar com uma cartela de infográficos que expõe dados de pesquisas sobre violência contra a mulher mais relevantes e mais importantes do momento. “A ideia da plataforma é levar essas informações que mostram a dimensão grave e a urgência de enfrentar o problema, para a sociedade geral, explica Marisa Sanematsu, fundadora, editora e diretora de conteúdo do Instituto Patrícia Galvão responsável pelo projeto. O  Instituto Patrícia Galvão é uma organização feminista que tem o objetivo de contribuir para ampliação da cobertura da imprensa e com o debate público sobre a questão dos direitos das mulheres.
“Por isso que a nossa opção de trabalhar com infográficos tem muito a ver com a possibilidade que esse tipo de peça dá em termos de compartilhamento em redes sociais, por exemplo. Além de contribuir para o trabalho da imprensa, de especialistas e de ativistas dos movimentos de mulheres, a gente quer também atingir a sociedade de maneira geral”,  justifica Marisa Sanematsu.
São mostrados também dados mais antigos, mas que ainda têm relevância devido à falta de informação desse assunto. No site, os dados sobre as violências são divididos em categorias, e em cada informação se pode verificar a fonte da pesquisa. Além desse projeto, o instituto possui outras ferramentas que estão disponibilizadas no portal da agência, que são o Dossiê Violência Contra as Mulheres e o Dossiê Feminicídio que possuem um conteúdo mais denso e tratam de maneira mais aprofundada esses problemas. Já a nova plataforma, trata isso de maneira mais simples e objetiva.
A editora e diretora de conteúdo também comenta que esse é um tema que hoje desperta mais interesse na sociedade e especialmente entre os jovens. A proposta é atingir mais esse público porque é importante que isso esteja em debate nas escolas e seja inserido desde cedo na educação. Justamente uma educação em que a violência não seja uma resposta, não seja vista como uma solução. Onde se aprenda a entender que as diferenças e as contrariedades, são resolvidas com diálogo e não com o recurso da violência.
Outra plataforma que reúne dados de violências às mulheres é a Relógios da Violência, lançada pelo Instituto Maria da Penha. De maneira simples e objetiva, é mostrado diversas contagens separadas em violências categorizadas. Os números são retirados de uma pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e realizada entre os dias 11 e 17 de fevereiro de 2017. O relógio mais marcante, registra  a cada dois segundos uma violência física ou verbal no Brasil a uma mulher. Além dos relógios, o site traz vários materiais de apoio. São eles: Informações que diferenciam cada tipo de violência, maneiras de prevenção e uma amostra de como funciona o ciclo de violência, que em situações extremas gera o feminicídio. A página com os dados brasileiros é disponibilizada também em inglês, fora a possibilidade do usuário de criar um novo relógio para outro país e acessar os relógios já desenvolvidos ao redor do mundo.
Télia Negrão é jornalista, mestre em ciência política, conselheira diretiva da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos e coordenadora do Coletivo Feminino Plural. Ela lembra que o Brasil é o quinto lugar do mundo que mais tem feminicídio e enfatiza o fato da nossa cultura ser patriarcal. Isso contraria totalmente uma sociedade de igualdade e respeito, assim completa: “Com o crescimento do fascismo e da extrema direita no Brasil, as mulheres estão com muito medo de serem vítimas de novos ataques. Gostaria de enfatizar as pessoas a prestarem atenção nas mudanças que o país está sofrendo e que nós precisamos resistir para continuar lutando para que a violência contra as mulheres seja coisa do passado.”
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