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O Desfazimento de Nós Dois.
Desta vez aceitei. Aceitei meu fracasso. Não me entenda mal. Não é sobre se conformar. Quem se conforma, se deixa morrer por dentro. Não simplesmente me conformei, lutei muito, quer dizer, dentro de minhas possibilidades, fiz tudo o que pude, no entanto, aquela velha história permanece atual: nem sempre nosso máximo é o suficiente; e eu nunca fui para você. É aqui que reside minha paz. Também gostaria de que não pensasse que sou eu quem está pondo um fim nessa história, mas a sua falta de ação. Sua falta de vontade. Sua covardia. Seu desinteresse constante e contínuo em todas as formas. Então, por mais que, eventualmente, eu possa pensar em você ao escutar algumas músicas, e que certos personagens ou lugares levem minha mente até sua presença, entendi que nunca daria certo. Sua indiferença é cruel. Seus sumiços e voltas repentinos. Você só responder o que te convém. Você dizia me amar para logo em seguida tomar decisões totalmente opostas. Você disse que seu sonho era morar comigo num cantinho só nosso, longe de todo barulho que nos ameaça a paz, mas, no fundo, você nunca quis. É tudo sempre o mesmo, sem qualquer alteração nos problemas. É sua dúvida constante que fazia com que eu de maneira desesperada fizesse de tudo para tentar me provar para você, mas nunca é tão fácil, né? Nada é fácil com você. Não quando é comigo. Agora entendo que o problema nunca fui eu. Foi seu medo. Sua covardia de por pontos finais. De ser sincera consigo mesma e comigo. De perder algo certo mesmo sabendo que você nem queria tanto assim. Quantas vezes eu disse que iria te ver e você me negou enquanto qualquer outra pessoa você recebia de braços abertos? Quão cansativa foi a jornada para entender esse detalhe. Dez anos? Eu queria ser importante para você. Eu queria que você me percebesse. Quantas músicas, poemas fiz pensando que se eu encontrasse as palavras certas você finalmente perceberia que eu era alguém? Queria tanto que você lutasse por nós como eu fiz. Tudo o que ouvi foi “preciso lutar por mim primeiro” e eu estava fazendo o que todo esse tempo? Era como se eu simplesmente só existisse quando você quisesse que eu existisse. O pior é que você sabe disso. Você sempre soube. Mesmo assim, nunca pediu desculpas. Nunca tocou no assunto. Provavelmente nunca se sentiu culpada. Viveu como se as coisas estivessem normais. Como se você não estivesse me machucando com seu jeito. Como se a única forma de me tratar fosse essa. Como se eu não existisse. Descartável. Tudo o que sempre importou para você foi você mesma. Sua dor. Seus desejos. Você. Eu? Só era importante quando você precisava de apoio emocional ou uma pequena massagem no ego. Eu me pergunto como alguém consegue ser assim? Responder o suporte, o amor, os conselhos, as risadas com mentiras e indiferença. Com ingratidão. O pedestal que te coloquei era tão alto que eu não conseguia enxergar essas coisas. Disseram ser porque eu te amava. Mendiguei migalhas. Hoje enxergo e aceito. Aceito, pois do contrário não sairia do lugar. Andaria em círculos como andei nesses últimos dez anos. Aceito na medida que reconheço meu valor e sei que o tipo de amor que mereço está muito acima do que você pode pensar em proporcionar. Aceito, porque entendi que você não sabe amar. Abracei meus fracassos na alegria de que tudo jazerá no esquecimento.
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Deixei as tristezas no passado. É impossível recuperá-las tal qual é retroceder de todas minhas decisões. O ano foi duro, contudo estou em paz. Mais forte do que sempre estive. Mais alerta também. Se venci esse ano, posso vencer o mundo. Não por prepotência, é que existe uma espécie de confiança que só nasce na turbulência, em tempos de crise. Tá tudo bem agora. Todas as coisas passaram. Já não me pertencem mais. Embora o caminho por muitas vezes possa se revelar pesado, tortuoso ou solitário, não me encontro mais, de maneira alguma, perdido. Posso enxergar meu destino e compreendo a maneira de chegar até ele.
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A maior distância entre mim e eu mesmo.
Tenho me tornado distante. Festas e comoções me soam iguais. Tenho me tornado distante. Você notou? O brilho dos meus olhos foram fabricados. Tenho me tornado distante. E isso não me alegra tão pouco me chateia. Tornou-se fato maciço, não há para onde voltar. Tenho me tornado distante. E simulo minhas respostas. Tenho me tornado distante. Falo ou faço coisas só pra saber o que vai acontecer. Talvez me falte estímulo? Tenho me tornado distante. E atoa vivo, um dia de cada vez.
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Se o ser humano tem essa vontade inconsciente de voltar ao útero, um estado impossível de se alcançar, talvez o sono substitua sem muitos problemas.
Nos fundimos com a escuridão, tanto no apagar das luzes quanto no fechar de nossos olhos. Nos tornamos invencíveis. Não temos fome ou sede, não somos tristes ou felizes. Somente existimos como parte de um todo em volto em mistério. Encontramos pessoas, animais, que por outra maneira seria muito difícil ou impossível. Vivemos o surrealismo sem questionar. Talvez venha daí o conceito de nirvana. Um estado onde nada mais pode nos abalar. Onde se é cortado o ciclo das reencarnações.
Às vezes, queria viver nesse mundo dos sonhos de vez. Não sinto meu corpo, é como uma consciência ambulante vagando por aí. Ou nem isso. Somente o nada, onde eu também faço parte. Talvez o nirvana que tanto buscavam fosse um estado de enquanto vivo, estar dormindo para sempre. E a reencarnação fosse o ato de acordar todos os dias. Será que uma vez que você conclui seu propósito, ainda vive? Desperdiça os dias por aí perambulando? Ou morre porque já cumpriu o propósito?
Jornada, propósito, cumprir ou não… É tudo ilusão. Somos nós que inventamos nossa própria jornada, propósito. Podemos de um dia para o outro decidir que aquilo não faz mais sentido e ir atrás de outra coisa, uma vez que sintamos essa necessidade.
Todas às vezes que acordo para ir ao escritório, de madrugada, ao sair de casa, estou certo de que estou num sonho. O céu escurecido, e o único barulho que ouço é do motor do ônibus se aproximando. Em momentos assim, sinto que a qualquer momento vou acordar, mas nunca acordo. O dia segue, cínico e silencioso.
Esse ano, vou completar 10 anos que me formei no ensino médio. Para mim, isso tudo é estranho. Eu não me surpreenderia se um dia eu acordasse disso tudo às 6 horas da manhã para me arrumar para a escola. Foi o momento mais feliz da minha vida. Onde tive mais amigos por perto, onde as responsabilidades eram baixas, onde eu tinha permissão do tempo de não ser nada e não sentir culpa por isso. A faculdade, por outro lado, foi como um sopro. Eu quase não paro para pensar. Não foi bom. Só serviu para me dar um diploma.
Depois do ensino médio, meu caminho passou a ser inteiramente solitário. Toda escolha era a vera, tudo se tornou uma questão de vida. Aquele futuro que parecia tão longe, agora estava muito perto. Por que tudo termina tão abruptamente?
Agora, estou aqui. Escrevendo de um ônibus às 5:23 da manhã sobre mim, meu passado e me perguntando era só isso? Ganhar dinheiro é bom, mas o custo é muito alto. Minha saúde, meu tempo já não são mais meus. Eu os vendi por dinheiro. Porque foi para isso que fui desde a infância ensinado.
Se eu pudesse, espernearia, gritaria, choraria, me revoltaria, se eu tivesse a certeza que ao fazer isso, me pegariam no colo e chegassem a conclusão de que já sofri demais e me tirassem daqui. Esse ano eu só acumulei decepções, tristezas, frustrações. Não tiveram coisas boas. Preciso de um tempo, de verdade. Para respirar. Tenho me sentido sufocado. Nos finais de semana eu até descanso fisicamente, mas minha mente tá cansada. Cansada demais.
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O problema atual infelizmente não é resolvido escrevendo. Não é de ordem sentimental. É estresse. Um tipo membro da pior categoria de problemas. Aqueles que só se resolvem com o tempo. Tempo e esforço da minha parte, né? Trabalhar todos os dias. Hora extra todos os dias. Quanto mais trabalho, mais perto do fim, mas, ao mesmo tempo, mais esgotado também. Eu nem deveria estar escrevendo, mas escrever é tudo o que me resta. Eu achava que precisava de uma distração, mas não sei. Não é qualquer distração, pelo menos. Eu leio, assisto séries, eu rio. Infelizmente, todo o peso da responsabilidade não diminui. Da obrigação, tudo, sabe? Eu precisava de férias. Um atestado oficial de que por tempo determinado não terei obrigações com a empresa. Não tenho tido tempo para viver. Vivo para trabalhar. Dois dias do final de semana não são suficientes (às vezes tenho que trabalhar no domingo, e feriados). Será que vou aguentar isso por muito tempo? Digo, será que vou conseguir me manter? É tudo tão caótico. Nada se repete. Pessoas vem e vão. Manter-se firme num propósito que eu nem sei direito se é de fato o que eu quero. Quem dera eu poder fazer o mesmo todos os dias com pequenas variações e ganhar um dinheiro maneiro. Fazer. O mesmo várias vezes te faz um especialista naquilo. Mas ali não, eu tô sempre fazendo coisas novas, com pouco espaço para erros porque tudo é importante demais. O tempo é escasso demais. É sempre muita pressão. Eu não sei. Talvez eu seja fraco. Talvez por eu estar vivendo esse momento da vida, eu esteja mais vulnerável. Sinto que se eu tivesse alguém para poder desabafar, sabe? Se eu tivesse alguém que realmente se importasse comigo…
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- Eu tô perdendo essa guerra.
Estilhaços, cheiro de pólvora e a incerteza do amanhã.
- Eu tô perdendo essa guerra.
Filtro de cinzas, noites mal dormidas e pensamento caótico.
- Poupe-me o idealismo. Minhas lentes quebraram. Tudo é o que é, sem espaços para significados inventados.
Cansaço mental. Ignore o que te afeta, e ele continuará te assombrando.
- Alguém esqueceu de desligar a torneira. Se não fecharem, vai transbordar.
*sshhhhhh*
- Ninguém tá vendo a torneira?
*ssssshhhh*
- Às vezes eu só consigo existir.
*ssssshhhhh*
- Ótimo, transbordou. Vai ser um problema ainda maior agora que molhou tudo. Essa torneira não tá fechando direito, mas por enquanto vai isso mesmo.
*Pinga*
*Pinga*
*Pinga*
- Quem é essa pessoa? - É você no espelho. Tá tudo bem?
*Pinga*
*Pinga*
*Pinga*
- Será que viajar funcionaria? E se o problema for aqui dentro?
*Pinga*
*Pinga*
- Você precisa de um pouco de distração... Não sei. Fazer alguma coisa diferente, ou pelo menos fazer alguma coisa. - Pra que? Quando eu voltar pra casa, vou me lembrar de tudo.
*Pinga*
- Eu precis-
*Pinga*
- Olha, eu só queria dizer que... - Dizer o que? Droga. Fala de uma vez! - É que eu precis-
*Pinga*
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Os dias passam como qualquer outro, em mim somente silêncio. Não existem forças externas à minha disposição para me salvar. Estamos todos sozinhos. Eu me pergunto por onde andam as pessoas as quais ouvi em seu tempo de dor. Por onde andam todos aqueles em que prestei meu apoio em amor. Quando menino, fui ensinado mentiras. Que eu deveria ser bom com as pessoas, então elas seriam comigo. Jesus foi bom com as pessoas, não terminou bem para Ele. Vocês amam uma massagem no ego, certo? Mesmo que estejam no fundo do poço (talvez ainda mais nesse estado). Não querem que desistam de vocês, mas não lutam por ninguém. Uma vida totalmente centrada em seus próprios interesses e a busca constante pelo próprio prazer. Não é difícil depois que se dá conta. É só parar de tentar que logo já se não existe para a pessoa. Como se perdesse toda utilidade, então se descarta como se nada fosse. *Respiro*. A vida adulta é difícil. Hoje tenho muito mais consciência das coisas ao meu redor. Entendo o peso de minha responsabilidade. Tenho sonhos e traço caminhos factíveis para o mesmo. No entanto, tudo que não depende só de mim, é doloroso. É estranho, já não sinto que tenho tudo o tempo do mundo. Sinto que o momento é agora para se planejar e obter o que almejo. São 27 anos. A cada ano mais perto dos 30 e aí? Não que eu me cobre de até hoje não ter isso e aquilo, mas responsabilidade preciso ter. Preciso saber e entender para onde tô indo com base nas escolhas que faço hoje. E me soa tão estranho pessoas que ainda hoje nunca pararam para pensar nisso. Onde chegaram assim? Dizem que nunca é tarde para mudar. Talvez, mas certas coisas têm prazo. Pode ser que seja tarde para se obter. Aquela frase “vai ser o que tiver de ser” ajuda muito pessoas inconsequentes se esquivarem de seus erros. “Não fui eu que fui babaca, era porque não tinha que ser.” “Não fui eu que não me esforcei, é porque não tinha que ser.” Engraçado é que funciona. As pessoas não param muito para pensar no que as ações delas fazem nos outros. Somos todos egoístas. E eu tenho ficado cada vez mais impaciente. A mesma cena sendo revivida de novo e de novo com pessoas diferentes, em situações diferentes, mas o mesmo egocentrismo em pauta. Parece que esquecem que estão todos caminhando. Como se fossem os protagonistas e o mundo inteiro são meros figurantes. Fui ensinado errado. Empático demais. Empatia que nunca é retribuída, somente usada. E toda essa sucessão de eventos similares me parecem um único recado: azede, murche, desista. E se me fosse possível, confesso que faria. Não sou herói. Não sou Salvador. Sou só alguém cansado. Admito que já procurei diversas vezes onde está o botão de desistência. Onde posso viver mecanicamente desligado de minhas emoções e sentimentos. É inútil. Estou sob tanto estresse e tudo que posso fazer é me distrair por algumas horas. Esse é o mundo. Ao menos o meu mundo. Não há remédios. Só o tempo. E desejo que ele passe logo. Que não me faça de escravo dessa dor por muito mais tempo. Se isso é um grito de Socorro, então estou numa sala que abafa o som. Nada faz sentido. Nada tem propósito. Somos nós que damos significado às coisas.
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