Em guarani, o termo ayvu significa palavra, mas também voz, canto, fala, alma, nome, vida, origem. Porã significa boa, bela. Ayvu porã, palavras belas, poesia, música. Os xamãs usam ayvu porã para falar com os deuses. Nós, para falar à alma.
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FILHOS DA ÉPOCA
(Wislawa Szymborska, poeta polonesa)
Somos filhos da época
e a época é política.
Todas as tuas, nossas, vossas coisas
diurnas e noturnas,
são coisas políticas.
Querendo ou não querendo,
teus genes têm um passado político,
tua pele, um matiz político,
teus olhos, um aspecto político.
O que você diz tem ressonância,
o que silencia tem um eco
de um jeito ou de outro político.
Até caminhando e cantando a canção
você dá passos políticos
sobre um solo político.
Versos apolíticos também são políticos,
e no alto a lua ilumina
com um brilho já pouco lunar.
Ser ou não ser, eis a questão.
Qual questão, me dirão.
Uma questão política.
Não precisa nem mesmo ser gente
para ter significado político.
Basta ser petróleo bruto,
ração concentrada ou matéria reciclável.
Ou mesa de conferência cuja forma
se discuta por meses a fio:
deve-se arbitrar sobre a vida e a morte
numa mesa redonda ou quadrada.
Enquanto isso matavam-se os homens,
morriam os animais,
ardiam as casas,
ficavam ermos os campos,
como em épocas passadas
e menos políticas.
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Seu mundo era rutilância Seu mundo era escuridão Seu nome era Robert Johnson cantador d'outro Sertão Vinte e sete anos vividos lá nos Estados Unidos passou veloz como a luz Naquela terra sombria onde tristeza e poesia se dava o nome de Blues Sua mãe teve onze filhos seu pai ele nunca viu O mundo em que foi criado lembrava muito o Brasil Era neto de escravos dos negros fortes e bravos colhedores de algodão Nunca pisou numa escola escreveu com a viola e leu com o coração Dizem que foi o diabo quem lhe ensinou a tocar Em um encontro marcado numa noite sem luar Cruzando as estradas tortas daquelas veredas mortas chegou na encruzilhada Veio com a mão vazia e partiu com melodias porteio rima e tuá Outros garantem que é lenda que o diabo não existe Johnson só cantava blues por ser um poeta triste Impunhava o instrumento recitava um sentimento na sua vida andarilha E a tristeza era uma fera um cão negro, uma pantera farejando a sua trilha Correu estradas de ônibus de caminhão e de trem Hora cantando sozinho hora em dupla com alguém Andava dias inteiros ao lados dos companheiros sobre o sol mais escaldante Porém sempre se mantinha vestido com boa linha bem cuidado e elegante Buscando um namorada procurava as mais feiosas As mulheres solitárias carentes e carinhosas A mulher que lhe aceitava com todo gosto lhe dava o corpo a casa e a cama E ele deixava que ela julgar-se ser a mais bela na ilusão de quem a ama Uma noite numa festa tocava de madrugada E começou um namoro com uma mulher casada Sedutor e seduzido cantava como um sentido naquele corpo moreno Quando um copo alguém lhe deu ele pegou e bebeu sem saber que era veneno Saiu dali carregado para o quarto da pensão Morreu e deixou somente a mala e o violão Não levou fama nem glória não deixou nome na história não levou riso nem mágoa Foi um sopro de poeira uma nuvem passageira um nome escrito na água Foi assim que Robert Johnson passou pelo nosso mundo Brilhou durante alguns anos e apagou-se num segundo Não deixou seu nome escrito no mármore nem no granito nas armas nem nos brasões O que deixou para nós foram os versos e a voz e vinte e nove canções
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Desejo Primeiro
(Sérgio Jockyman)
Desejo primeiro que você ame, E que, amando, também seja amado. E que, se não for, seja breve em esquecer. E que, esquecendo, não guarde mágoa. Desejo, pois, que não seja assim, Mas, se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos, Que, mesmo maus e inconsequentes, Sejam corajosos e fiéis, E que pelo menos num deles Você possa confiar sem duvidar. E, porque a vida é assim, Desejo ainda que você tenha inimigos. Nem muitos, nem poucos, Mas na medida exata para que, algumas vezes, Você se interpele a respeito De suas próprias certezas. E que, entre eles, haja pelo menos um que seja justo, Para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo depois que você seja útil, Mas não insubstituível. E que nos maus momentos, Quando não restar mais nada, Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante, Não com os que erram pouco, porque isso é fácil, Mas com os que erram muito e irremediavelmente, E que fazendo bom uso dessa tolerância, Você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem, Não amadureça depressa demais, E que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer, E que, sendo velho, não se dedique ao desespero. Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e É preciso deixar que eles escorram por entre nós. Desejo por sinal que você seja triste, Não o ano todo, mas apenas um dia. Mas que nesse dia descubra Que o riso diário é bom, O riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Desejo que você descubra , Com o máximo de urgência, Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos, Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta. Desejo ainda que você afague um gato, Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro Erguer triunfante o seu canto matinal Porque, assim, você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente, Por mais minúscula que seja, E acompanhe o seu crescimento, Para que você saiba de quantas Muitas vidas é feita uma árvore. Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, Porque é preciso ser prático. E que pelo menos uma vez por ano Coloque um pouco dele Na sua frente e diga `Isso é meu`, Só para que fique bem claro quem é o dono de quem. Desejo também que nenhum de seus afetos morra, Por ele e por você, Mas que, se morrer, você possa chorar Sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo por fim que você, sendo homem, Tenha uma boa mulher, E que, sendo mulher, Tenha um bom homem. E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes, E, quando estiverem exaustos e sorridentes, Ainda haja amor para recomeçar. E se tudo isso acontecer, Não tenho mais nada a te desejar.
______________________ Sérgio Jockyman foi um jornalista, romancista, poeta e dramaturgo brasileiro. Seu pai, um engenheiro agrônomo e farmacêutico, e sua mãe, professora primária, tiveram uma forte influência para que nele despertasse o gosto pela literatura. Nasceu em 29 abril de 1930. Morreu em 16 de fevereiro de 2011.
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Quem me ve assim
Nivaldo Lemos Quem me vê assim, em pedaços, não sabe de nada... Não sabe dos meus segredos, dos meus medos e degredos Não sabe das minhas noites encharcadas de chuva e choro Do gosto de sal na minha alma ferida, oceano de dor e mágoa Não sabe das quedas, do voo fraturado, da minha asa inválida. Quem me vê assim, em pedaços, não sabe de nada... Não sabe do soco que nunca dei, nem dos muitos que levei Não sabe dos incêndios que me habitam e me consomem Do jeito desajeitado de amar, tão estranho, quase gauche Não sabe dessa mania estúpida de buscar sentido pra vida. Quem me vê assim, em pedaços, não sabe de nada... Não sabe da minha sensatez, tampouco da minha falta de senso Não sabe da fome que me sacia, nem da sede que me deságua Do prato que não comi, do vinho que bebi, do gosto de vinagre Não sabe da minha falta de visão, dessas lentes que me iludem. Não. Quem me vê assim, não sabe de nada... Não sabe nada de mim.

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Outro Nascimento
Forough Farrokhzad
Todo o meu ser é um cântico escuro a perpetuar você cântico que o levará ao amanhecer de eterno crescer e
desabrochar Neste cântico eu suspirei você, suspirei. Neste cântico eu uni você à árvore, à água, ao fogo.
A vida é talvez uma longa estrada através da qual, uma mulher carregando um cesto, passa todos os dias
A vida é talvez uma corda com que um homem se pendura num galho a vida é talvez uma criança voltando da escola.
A vida é talvez acender um cigarro, repouso entorpecido entre dois atos de amor, ou um passante confuso que tira o chapéu para outro passante com um sorriso vazio e um “bom dia”.
A vida é talvez o momento sem saída
quando meu olhar se destrói nos raios da iris dos seus olhos
e nisso há um sentimento
que se mescla à percepção da Lua
e da escuridão.
Numa sala, do mesmo tamanho que a solidão, meu coração é tão grande quanto o amor que olha os simples pretextos da sua felicidade na bela decadência das flores de um vaso nos brotos que você plantou no nosso jardim, na canção dos canários que cantam na medida da janela.
Ah esta é a parte que me cabe esta é a parte que me cabe parte que me cabe
é um céu que, quando cai
a cortina, é arrancado de mim.
A parte que me cabe desce uma escada sem uso e alcança certa podridão e nostalgia.
A parte que me cabe é um passeio triste no jardim de memórias ao deixar a vida na dor de uma voz que me diz: Eu gosto das suas mãos.
lantarei minhas mãos no jardim e vou germinar, eu sei, eu sei, eu sei e andorinhas botarão ovos na cavidade manchada de tinta dos meus dedos.
Vestirei um par de cerejas vermelhas e idênticas, como brincos, e enfeitarei com pétalas de dálias, as minhas unhas.
Há uma rua onde os meninos que eram apaixonados por mim demoram-se, ainda, com os mesmos cabelos despenteados, pescoços finos e pernas magras. Pensar no sorriso inocente de uma menina que uma noite foi levada pelo vento.
Há uma rua
que meu coração roubou
dos bairros da minha infância.
Ao longo do tempo, a viagem de uma forma insemina a linha seca do tempo, uma forma consciente de uma imagem voltando de uma festa num espelho.
E é dessa forma
que alguém morre
ou continua a viver.
Nenhum pescador achará uma pérola num miserável riacho
que deságua num açude.
Eu conheço uma triste fada, que vive num mar imenso e toca seus sentimentos mais profundos na flauta de madeira,
pouco a pouco uma pequenina e triste fada
morre com um beijo a cada noite e renasce com um beijo a cada amanhecer.
Traduções do livres inglês para o português realizadas por Gabriela Galli, a partir do livro Once again, Another Birth. Editor: Tofighafarin, Irã.
Forough Farrokhzad nasceu em Teerã, em 1935. Em 1951 publicou sua primeira coletânea de poemas, chamada Cativo. Divorciou-se em 1954. Dois anos depois publicou outra coletânea de poemas, O muro, e em 1958 publicou a terceira, Rebelião.
Conheceu o escritor e cineasta Ebrahin Golestan, um intelectual que lhe abre caminho para o cinema. Em 1962 dirige seu primeiro documentário A casa é negra, sobre a vida de uma colônia de leprosos, premiado no Festival de Cinema da Alemanha como melhor documentário.
O documentário Um fogo, com sua participação, ganhou um prêmio no Festival de Veneza. Em 1963 escreve um roteiro intitulado A Vida Real da Mulher Iraniana, e depois atua em uma peça de Luigi Pirandello. Logo depois publica sua quarta coletânea de poemas, O outro nascimento. Em 1965 a UNESCO patrocina um documentário de 30 minutos sobre sua vida e Bernardo Bertolucci faz um curta-metragem sobre ela. Em 1967, sofre um acidente de carro e morre aos 32 anos. Poema e texto biográfico reproduzidos da revista de poesia Zunái: http://www.revistazunai.com/traducoes/forough_farrokhzad.htm
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Falta
Nivaldo Lemos
No poema cabe muita coisa: beijo, flor, sorriso, o céu, o cio, rua, lua, grito, uivo, cão vadio...
No poema cabe muita coisa: boca, fome, sede, trago, trigo, raiva, revolta, rima, rota, rusga...
No poema cabe muita coisa: faca, feto, fito, forma, fruto, vida, dívida, dádiva, dúvida...
No poema cabe muita coisa: saudade, domingo, segunda, um gesto, gáudio, teu gosto...
No poema cabe muita coisa: só não cabe uma coisa, amor, a imensa falta que sinto de ti.

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Paradoxo
Nivaldo Lemos
Neste dia do amor é preciso não esquecer a paixão. Porque o amor é importante, sim, mas a paixão... Ah, que me desculpem os poetas, mas a paixão... A paixão é o amor ainda antes do amor que nasce. O amor tem juízo, a paixão é louca e não tem cura. Paixão é o fogo onde o amor acenderá seus beijos. É tempestade solar, magnetismo, abismo, medo. O amor é luz, retina na imensidão da noite escura, A paixão é uma chuva cega de meteoros e desejos. Bela e tem pressa de se consumir, de se consumar. O amor brinca, fala, às vezes fere, sofre, odeia, fenece. A paixão é fúria, falo, perde a compostura, grita e mata. Por ironia, a paixão é um nó cego que só o amor desata. E o verdadeiro amor só sobrevive se de paixão padece
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Poema in blues Nivaldo Lemos Queria escrever um poema banal Um poema que falasse de amor. Do amor cotidiano, comum, fugaz, Que mora nas margens, nos becos E que súbito explode e se desfaz. Queria um poema como fosse um pássaro: Com asas, céu, nuvens e muita liberdade. Um poema que ouvisse o mar em conchas E traduzisse o canto triste dos crepúsculos Que viaja nos olhos baços dos soldados. Queria um poema despido de rumo e rima, Como ave no horizonte líquido do silêncio, Como um blues noturno no rio Mississipi: Rouco, rústico, suado de auroras e desejos. Um poema intenso, tenso, quase religioso. Que expressasse da vida toda sua dor e beleza. E que depois fugisse de mim, cioso, livre, ocioso, E ganhasse o mundo, embriagado de incertezas. Vídeo que ilustra o poema: John Lee Hooker cantando Blues Hobo, em 1965, no American Folk Festival Blues.
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Crash Nivaldo Lemos
I As nuvens de setembro cobrem Nova Iorque E muge em bronze o touro de Wall Street E abre suas asas em vão a águia imperial. Subprimes explodem como tulipas de pixel São moedas de bile em uma bolsa de fel. De súbito a vida é apenas uma hipoteca Presa na jaula aberta de um Tigre de Papel. II Oh, musa Liberdade, colosso de silêncio e cobre Que Emma Lazarus chamou de Mãe do Exílio, Por receberes multidões famintas como filhos, A chama de esperança que na tua tocha ardia É hoje falsa como tulipa em aquarela de Redouté Como um aurorescer chuvoso que esconde o dia. Em Wall Street, a vida é um jogo na mão do crupiê! III Oh, Leviatã de asas, Príncipe do Apocalipse! No estuário árido das metáforas o poeta busca E sua busca é como a luz da lua num eclipse: Ilumina pelo avesso e, mesmo escura, ofusca. O mundo é um cassino e já não nos serve a sorte Pois não há mais Las Vegas, Mônaco, Nova Iorque. Apenas o guizo de uma serpente anunciando a morte. IV Após quatro séculos, o futuro ainda é windhandel! Mas a guilha agora é de tijolo, cimento, ferro e aço. E sob o luar da noite setembrina na nova Amsterdã Rondam sonâmbulos michês embriagados de céu: Deuses do mercado, banqueiros, executivos, CEOs Hipotecando a vida, financiando a morte num abraço, Como se plantando fome no campo vazio do amanhã. V Definitivamente já não existe manhã em Wall Street! A aurora foi aprisionada na alma dos heróis em riste Nos bancos sem jardins, no que não é mais presente No pranto global dos miseráveis, nos sorrisos tristes. No jogo aleatório dos dados, no DNA do último grão. Só metáforas insistem em fazer a vida transcendente Enquanto a morte compõe seu réquiem à civilização. Sobre a obra 1. O poema é uma tentativa de apreensão e compreensão da atual crise capitalista, cujos efeitos podem ser devastadores para os trabalhadores, os pobres e os miseráveis do mundo. No passado, outras crises nasceram da irracionalidade capitalista, como a de 1929 ou a Crise das Tulipas, no século 17, que gerou o estouro de uma grande bolha especulativa na Holanda. A partir da mania de comprar tulipas, o preço do bulbo da flor atingiu preços inacreditáveis. Alguns chegavam a valer o preço de muitas toneladas de trigo. O caso é estudado nos livros de economia como um exemplo da irracionalidade dos mercados.
2. Emma Lazarus, poetisa norte-americana autora de O Novo Colosso, soneto inscrito numa placa de bronze na base da Estátua da Liberdade. 3. Redouté, Pierre-Joseph (1759-1840), pintor francês célebre por pintar flores em aquarela. 4. A expressão windhandel (negócio de vento) era usada para traduzir a especulação com tulipas em Amsterdã. O curta-metragem que ilustra o poema é "Eu Não Vou me Mover", sobre a repressão ao movimento Ocupe Wall Street, que protesta contra o capitalismo financeiro e o cinismo hipócrita dos líderes dos EUA.
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Miragem
Nivaldo Lemos
A onda sobre o rochedo é um pássaro, é medo,
Mas, sobretudo, é a vida que ora grita, ora cala,
Como uma órfã muda na obscura noite de mim.
Eu, degredado no abismo de água, pedra e sal,
Onde rugas tecem o tempo e o que não é tempo
E onde meus olhos guardam auroras e poentes
Desse teu corpo marítimo, solar, quase boreal.
Ali, antes, no improvável tempo, beijei teu lábio.
Eu, íntimo das insônias e das palavras parvas,
Amei-te como o vento à lua num deserto arábio,
Percorrendo dunas, sombras, curvas, paisagem,
Bebendo lua, estrelas, oásis, como um beduíno,
Até saciar a minha insaciável sede de ti, amada,
E descobrir que o amor é tudo/nada: é miragem.
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Site com textos biográficos, poesia e prosa do poeta português.
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Cota certa
Nivaldo Lemos A lâmina fria fere fundo na carne trêmula, O sangue morno escorre e fremem fibras. A faca afunda na fome imunda do corte E a morte espia a luta vã da anima êmula A noite visita os olhos e o corpo esquece. A vida, enfim finda, se refunda na morte. E, no silêncio do nada, pequeninos vermes Retomam a lida na carne fria que os aquece.
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Publicação trimestral de informação e debate, vinculada aos movimentos sociais e comprometida com a solidariedade, a cooperação e o interculturalismo, com uma clara vocação internacional.
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Yo Te Nombro De: Paul Eluard e Gian Franco Pagliaro Intérprete: Reicindentes O grupo Reincidentes é um grupo espanhol de rock originário de Sevilha. Suas músicas são críticas em relação à sociedade atual e tratam de temas muito diversos, desde o direito ao aborto até o conflito árabe-israelense. Também musicaram poemas de grandes autores, como Miguel Hernández e Paul Éluard, e regravaram músicas de consagrados artistas como León Gieco, Silvio Rodríguez e Víctor Jara. Letra: Por el pájaro enjaulado. Por el pez en la pecera. Por mi amigo, que está preso porque ha dicho lo que piensa. Por las flores arrancadas. Por la hierba pisoteada. Por los árboles podados. Por los cuerpos torturados yo te nombro, Libertad. Por los dientes apretados. Por la rabia contenida. Por el nudo en la garganta. Por las bocas que no cantan. Por el beso clandestino. Por el verso censurado. Por el joven exilado. Por los nombres prohibidos yo te nombro, Liberdad. Te nombro en nombre de todos por tu nombre verdadero. Te nombro y cuando oscurece, cuando nadie me ve, escribo tu nombre en las paredes de mi ciudad. Escribo tu nombre en las paredes de mi ciudad. Tu nombre verdadero, tu nombre y otros nombres que no nombro por temor. Por la idea perseguida. Por los golpes recibidos. Por aquel que no resiste. Por aquellos que se esconden. Por el miedo que te tienen. Por tus pasos que vigilan. Por la forma en que te atacan. Por los hijos que te matan yo te nombro, Liberdad. Por las tierras invadidas. Por los pueblos conquistados. Por la gente sometida. Por los hombres explotados. Por los muertos en la hoguera. Por el justo ajusticiado. Por el héroe asesinado. Por los fuegos apagados yo te nombro, Liberdad. Te nombro en nombre de todos por tu nombre verdadero. Te nombro y cuando oscurece, cuando nadie me ve, escribo tu nombre en las paredes de mi ciudad. Escribo tu nombre en las paredes de mi ciudad. Tu nombre verdadero, tu nombre y otros nombres que no nombro por temor. Yo te nombro, Libertad.
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Por mim, por ti, por todos nós
É na antemanhã dos conjuntos do BNH
quando as amélias dos subúrbios
(mulheres de sub-homens e filhos subnutridos)
sacodem das rugas-sulcos o sofrimento
da noite
noite que em sua química de estrelas e sonhos
atenua a promissória atrasada a conta de luz
do açougue da água do esgoto e a taxa do lixo
lixo
que por extensão é seu corpo sua vida seu homem seus filhos
que por extensão é o grito contido na garganta é o fel é a faca
que por extensão é o operário da fábrica DeMillus na Penha Circular
(que enquanto chupa magras tetas sonha belos peitos de um filme francês)
que por extensão é o negro suado ao sol do meio-dia que rasga
o ventre da avenida como se rasgasse o ventre da fragilburguesia
de Ipanema ao Leblon.
É na antemanhã das favelas-favos-famintas
quando pelos morros rolam rotos restos de sambas e ilusões
quando cervejas e cachaças se misturam nas bocas desdentadas
bocas
que conversam sonhos fumês das vitrines da Mesbla
mescla de tapetes dourados frisos e risos de manequins calados
quando a fila dos meninos-homens e mulheres desgraçadas
se empilha à porta do INSS
do juizado
das delegacias
dos bares
dos prostíbulos
e sob a marquise do Cine Madureira
(ali na estação dos trens onde casais de namorados se masturbam
nas últimas filas da última seção de cinema).
É na antemanhã de meu apartamento
onde minha mãe dorme espiada pelo despertador
e minha irmã sonha com um belo rapaz de olhos azuis
azuis
como os primeiros trens de Japeri para Dom Pedro II
que despertam lentos pelos trilhos e que
lentos
vão cuspindo pingentes miseráveis pelas portas
plataformas da manhã de daqui a pouco
(são homens que de marmita sob o braço desfraldam camisas de chita
como bandeiras de um país agrário – este é um povo rural!
homens que imaginam terra e trabalho comida e filho nutrido
que sonham salário digno colégio livre e livro pro joãozinho e
que exibem na cara uma expressão de raimundo ou severino).
É na antemanhã desse instante
nessa hora
que acontece em mim
acontece em ti
em todos nós
(como um amálgama de sonhos e pesadelos)
a esperança!
Sentimento que se faz lento e sempre do meu canto
torto e pouco
pouco e tanto
e que no entanto é mais que um tanto
é tudo
todos:
operários lavradores bóias-frias estudantes
desempregados camelôs favelados...
todos
além dos deuses e demônios mortos da minha infância nordestina
comprometidos com esse adulto ser de quase desespero, miséria, fome e raiva.
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