bandit-a

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* chapter two: for those who dream low, psalm 126:1.

alerta de gatilho: menção a automutilação e sangue.

ambição  não  lhe  era  uma  palavra  digna,  tampouco  diria  próxima  o  suficiente.  esses  anos  todos  bandit  nunca  lhe  entregara  aos  seus  sonhos,  ele  não  cultivava  ambições.  sua  vida  era  trabalhar  em  um  lugar  qualquer  que  lhe  desse  conforto,  mas  não  fama  o  suficiente  para  ter  uma  vida  difícil.  o  que  traçava  perfeitamente  o  que  exercia  no  bingo  motel,  local  esse  que  estava  sendo  demolido  após  anos  de  serviço  que  prestara.  sua  frustração  era  tremenda,  ele  não  sabia  o  que  fazer.  e  não  apenas  por  não  ter  mais  onde  trabalhar,  mas  por  anos  de  trabalho  em  que  ele  poderia  ter  seguido  a  única  coisa  que  fez  sempre    bem  e  sempre  cultivou:  a  arte.  não  havia  como  voltar  e  diariamente  seguidos  que  bandit  pintava  em  seu  quarto  minúsculo,  com  pensamentos  que  o  atormentavam  com  fulgor.  pensamentos  esse  que  o  traziam  as  preocupações  do  que  fazer  em  seguida.  e  é  por  isso  que  bandit  odeia  o  silêncio.  é  por  isso  que  ele  pinta  enquanto  a  melodia  sutil  de  lacrimosa  enche  seus  ouvidos.  curioso,  para  alguém  que  tanto  aparentava  ser  do  novo  século,  bandit  tinha  gostos  extremamente  retrógrados  e  hobbies  muito  antigos.  pintura,  música  erudita,  leitura  em  latim...  tudo  que  se  veria  em  um  conto  patético  por  um  dos  irmãos  grimm.  mas  quando  a  criação  é  lhe  imposta  e  não  ensinada,  tampouco  seria  difícil  deixar  de  pensar  daquela  forma.  é,  na  verdade,  inútil,  viver  de  outra  forma.  assim  que  o  bingo  motel  fora  fechado,  bandit  havia  feito  um  escândalo  na  prefeitura  para  receber  todo  o  dinheiro  que  dizia  respeito  ao  tempo  que  trabalhou,  e  não  era  pouco.  eram  naqueles  momentos  que  não  se  esperavam  que  bandit  queria  ter  tido  um  rumo  mais  sólido  em  sua  vida.  uma  casa  maior,  mais  confortável.  móveis  bonitos  e  confortáveis,  o  gosto  de  trabalhar  e  receber  por  isso  sem  culpa.  

era  aquela  ideia  longínqua  de  viver  da  arte,  aquilo  que  remete  aos  momentos  em  que  pintar  era  sua  única  escolha  e  sua  última  escapatória.  preso  no  próprio  quarto  em  sua  solitária  diária,  onde  qualquer  pano  branco  era  uma  tela  e  qualquer  tipo  de  líquido  uma  tinta.  quando  estava  trancado  no  quarto,  os  materiais  eram  vastos,  a  única  coisa  que  comprava  ou  recebia  da  família  eram  tintas,  pincéis,  lápis  e  coisas  mais.  entretanto,  quando  era  a  própria  prisão  do  internato,  bandit  pintava  com  o  que  conseguia.  fosse  uma  faca  na  própria  perna  ou  uma  pedra  solta  que  riscava  a  parede.  os  rabiscos  vinham  daí,  porque  não  se  pensava  mais  em  quando  estava  sozinho  por  horas.  naqueles  dias,  ele  lembrava  de  quanto  pintava  junto  dos  pais.  talvez  os  únicos  momentos  de  sua  vida  em  que  ele  pintou  junto  de  alguém,  que  outra  pessoa  viu  o  que  ele  fez  e  fielmente  apreciou.  

por  incrível  que  parecesse,  aqueles  dias  eram  até  confortáveis,  uma  vez  que  ganhou  todo  o  dinheiro  que  exigiu  ao  gritar  por  toda  a  prefeitura  de  gaecheon. o  mais  surpreendente  era  que  bandit  não  estava  a  procurar  emprego,  ele  mal  quis  ver  se  ofereceriam  alguma  coisa  no  local  que  construiriam  em  cima  do  bingo.  não  que  ele  não  quisesse,  mas  sabia  bem  que,  naquele  momento,  tampouco  tinha  tempo  para  isso.  naqueles  últimos  dias  de  setembro,  bandit  pintava  uma  última  tela  e  seu  minúsculo  apartamento  parecia  menor  ainda  com  o  tanto  de  coisas  em  cima  da  mesa  e  as  que  secavam  no  chão.  um  trabalho  árduo  de  um  mês  inteiro  em  memória  aos  perdidos,  os  que  se  perderam  e  os  que  perderam  em  toda  aquela  confusão.  da  dor  de  uma  sociedade  inteira  nascia  a  inspiração  e  a  dedicação  de  um  artista  a  eternizar  o  sentimento  e  tudo  que  foi  deixado  para  trás.  eterno.  porque  é  isso  que  a  arte  faz  com  as  coisas  ela  eterniza  todos  os  momentos,  tudo  que  se  passa  e  todos  que  se  conhecem.  quando  o  mundo  estiver  em  chamas  a  única  coisa  que  sobreviverá  é  a  arte,  seja  caindo  aos  pedaços  ou  inteira.  enquanto  um  artista  estiver  vivo,  todas  as  almas  no  mundo  estarão.

é  na  última  pincelada  no  último  quadro  de  uma  série  de  17  pinturas,  em  diferentes  tamanhos,  mesmo  que  monocromáticas  e  de  mesmo  material,  que  bandit  suspira.  passa  a  mão  coberta  de  tinta  preta  pelo  cabelo  igualmente  escuro  enquanto  encara  todo  um  trabalho  que  apenas  significava  uma  coisa:  o  nascimento  de  um  artista.  propriamente  dizendo,  o  que  ele  externa  é:  “  eu  não  sei  onde  caralhos  eu  vou  enfiar  isso.  ”,  o  que  é  uma  forma  chula  de  dizer  que  ele  vai  ter  que  correr  atrás  de  uma  galeria  para  exibir  essa  coleção.  a  coleção  dele.

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* & ‹ UNHOLY CHAPTER ꞋꞌꞋꞌ new tags!

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haseul​.

Haseul tinha adquirido a mania de nunca pegar o mesmo caminho de volta para casa, poderia ser mais trabalhoso, poderia gastar mais tempo, mas se sentia mais confortável dessa forma e - querendo ou não - era uma boa forma de descobrir o que as ruas esquecidas de Gaehcheon tinham a oferecer aos seu par de olhos aguçados. Porém, depois de tantas noites, nada tinha sido parecido com a cena que pareceu se desdobrar comicamente a sua frente. Viu - quase que em câmera lenta - o garoto trazendo os sacos de lixo, também pode observar a forma como o pedestre que tentou inutilmente desviar do caminho dos sacos acabou indo de cara no chão e então teve que morder o próprio lábio para impedir a risada que queria escapar de sua garganta. 

Sua tentativa de ser educada falhou, pois logo que o menino começou a falar - notando a presença dela ali - Haseul não conseguiu mais se conter, estourando em risos do outro lado do calçada. “Ao menos, ajude-o agora!” Externou ao outro, apontando para o pedestre que ainda se recuperava da vergonha da queda. Ela mesma, tentava se aproximar da pobre vítima, mas a cada passo parava para se dobrar sobre sues joelhos rindo.

ㅤㅤㅤ ao mesmo tempo que tentava controlar o próprio riso, respirando fundo e fazendo gestos de controle com a mão, tentava desviar a atenção de toda a cena. a última coisa que ele queria, no entanto, era alguém processando seu local de trabalho por um mero acidente. foi com o dito da outra que ele acordou para a vida a estremeceu um pouco. fechando a lata de lixo e indo até o cidadão caído. ajudou-o a se levantar corretamente e pediu desculpas, da forma dele mesmo. “aight, senhor, é os fundos de uma rua comercial, as pessoas movimentar aqui coisas pesadas. tem que prestar atenção, o atendimento do hospital ta caro, sabia?” tinha ambas as mãos na cintura, agradecendo mentalmente que o pedestre em questão não era um executivo mandão. tirou do próprio bolso alguns cupons. “apresenta isso na recepção, é 25% de desconto em quarto com a hidromassagem. mas cá entre nós, eu não utilizaria não.” sentiu o mau humor alheio quando foi embora, em pasos pesados.

ㅤㅤㅤ bandit deu de ombros, caminhando até a mulher que havia presenciado isso. “olha, se fosse comigo eu teria feito um barraco. mas primeiramente eu nunca andaria nessa rua, já vi gente ser atropelada por esses carinhos de lixo, imagina o mico?” ele diz. era um pleno especialista em começar conversas com pessoas completamente aleatórias em situações incomuns e, intimamente, bandit adorava jogar conversa fora ao invés de trabalhar. “sem contar esse chão de paralelepípedo, não? deve ter doído bastante. eu não me prestaria a esse papel não, o bingo já estaria processado se fosse comigo.” deu de ombros, mais uma vez.

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dante​.

falava com a senhora de idade que passou ao seu lado e, após vê-lo, entrou na loja mais próxima para se esconder. não esperava que sua voz chegasse aos ouvidos daquele que passou com os fones, mas se importava pouco com a situação. “terceira esquina à esquerda. uma senhora vende comida caseira, é barato.” respondeu seco. por mais que conhecesse a figura devido à sua programação diferenciada, não eram próximo e sequer falavam algo além do checkin no bingo motel para tratá-lo como um conhecido. “tenha um bom almoço.”

ㅤㅤㅤ tirou um dos fones de ouvido, gesticulando com a mão. “ah, eu não gosto de comida coreana desde criança.” ele diz, ignorando o tom de toda a conversa. logo em seguida espreita os olhos, tentando reconhecer a figura. “eu te conheço de algum lugar, não?” pergunta, de forma genuinamente confusa, porque a memória de bandit tampouco é algo notável e bem claro. “menino, não consigo lembrar de onde. mas deixa para lá, vou ver se tem cupom no mc donalds. eu tenho o aplicativo.” aponta para o celular na mão, rindo logo em seguida. assim, quando estava prestes a caminhar, virou bruscamente, voltando a onde estava. “tu é o menino esquisito que faz check-in sozinho de vez em quando no bingo, né? admiro sua coragem, eles lavam os lençois uma vez por mês só. mas foi bom de te ver, é... demiro? damiano? enfim, a gente se vê por aí.” bandit acena, voltando a andar para onde bem pretendia rumar.

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seojun​.

❝⠀⠀ ⋆ / ⠀⠀ Os dias ruins só acontecem porque todo mundo precisa aprender a valorizar os dias bons.

A frase da matriarca começou a ecoar na cabeça do homem a partir dos seguintes acontecimentos: Seojun levantou da cama – e bateu a mão machucada na quina da cabeceira, resolveu tomar um banho – e o chuveiro queimou, decidiu que o melhor era sair de casa o mais cedo possível – e o pneu da moto estava furado. Na fila do McDonald’s, esperando seu pedido, o homem simplesmente permaneceu de olhos fechados; a frase ecoando no fundo da mente, o machucado latejando, o corpo frio graças a porcaria do chuveiro, os pés doendo porque aquele sapato definitivamente não servia para caminhadas longas até a lanchonete mais próxima.

Quando o número do seu pedido foi chamado em alto e bom som, Seojun tentou dar à funcionária o seu melhor sorriso, junto de um bom dia; recebendo em troca um revirar de olhos e o saco de papel contendo seu lanche.

Os dias ruins só acontecem porque todo mundo precisa aprender a valorizar os dias bons, os dias ruins só acontecem porque todo mundo precisa aprender a valorizar os dias bons, os dias ruins…

O pedido dentro da sacola estava errado. Inalando quase todo o ar ao seu dispor, o homem mordeu o lábio superior com força – uma mania que tinha nos momentos de tentativa de controle do estresse –, olhando para cima, para uma entidade, para o universo, para o controlador do simulador em que estava submetido. Quase mudou a direção, quase voltou para dentro da loja e – sem bom dia e sem sorriso – exigiu a comida certa. Quase, porque um engravatado gritando com um… adolescente, talvez? chamou a sua atenção – e a das outras cinco pessoas que passavam por perto.

Quando o revirar de olhos e o comentário chegou até o homem, ele apenas bufou.

— Não. – Respondeu seco, sentando do lado do rapaz – não era um adolescente, apesar da aparência - sem pedir licença. Tirou todo o papel do lanche com certa pressa, olhando para o sanduíche como se dentro dele estivesse o seu pior inimigo. — Você tá certo, errado tá o meu lanche, meu chuveiro, minha moto, minha mão machucada e esse dia inteiro.

A mordida forte no hambúrguer estralou uma pontada de dor por toda a mandíbula.

ㅤㅤㅤ podia reconhecer de longe o que dias ruins faziam a pessoas que apenas queriam viver suas vidas comuns e tediosas em pura paz. por mais que nunca parecesse, ele passava poucas e boas nas horas intermináveis de trabalho e tampouco queria lidar com o estresse das outras pessoas. claro que não deixou de revirar os olhos. ele era o tipo de pessoa que sabia bem quando alguém falava algo que não, necessariamente, queria dizer, mas mais do que isso, era aquela pessoa que sempre mostraria o peso das palavras mal colocadas. deixou que o silêncio pairasse por um instante, virando para o homem ao lado e pegando o hambuerguer dele das suas mãos. em um silêncio profundo, apenas abriu ele e enfiou algumas das próprias batatinhas ali no meio, fechando-o novamente e dando o hamburguer para ele. “à quelque chose malheur est bon.” ele diz, de forma simples, antes de tomar um gole do café barato que acabou de comprar no mc donalds.

ㅤㅤㅤ a sua educação lhe dera muitas coisas ruins, mas entre elas, estava a benção de sempre saber o que dizer. “é um provérbio. ele diz que a infelicidade é sempre boa para alguma coisa.” o tom é um pouco arrogante, não por pura personalidade, mas para retribuir a resposta cheia de raiva que lhe foi dada outrora. “dias ruins servem para sabermos quais são os dias bons. se está tão irritado por conta de uma maré de azar, não vai saber apreciar quando tiver a maré de sorte.” deu de ombros, voltando a encarar a rua vazia, que era presenciada por alguns carros a caminho de casa ou trabalho. não que bandit fosse uma pessoa sábia que estava sempre disposta a dividir conhecimento com qualquer estranho que lhe parecesse irritadiço. “e daí que o dia ta ruim, você vai sentar no meio fio e reclamar disso com um vagabundo? se eu fosse você eu tentaria a loteria, sonhou com alguma coisa hoje? os números se escondem no sonho.” ele aponta para o céu, bebendo mais um gole do café amargo e fazendo uma careta. “acabou de acordar?”, tentou iniciar uma conversa mais amigável.

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moon​.

descontos e bingo motel eram duas coisas que conversavam com a alma de sasithorn com palavras profundas. não diria que amava ter a oportunidade de gastar todo seu dinheiro com coisas inúteis, para ir ao encontro de alguém na mesma noite, mas era bom vez ou outra. e naquela sexta-feira não foi diferente. tinha a companhia, as compras estavam feitas e tudo que precisava era checar a disponibilidade nos quartos desejados. queria piscina, hidro… tudo que podia ter e com o caminho traçado ia planejando mentalmente a situação, parando na recepção. até tinha um sorriso nos lábios, estava simpático, mas sua atenção foi levada para o papel que o gelou a espinha de baixo para cima. “você deixou isso pra fora.” arrastou o item sob o balcão. não era medroso, mas em uma cidade como aquela, até mesmo um dos seus vizinhos dóceis podia ser um assassino em série. “espero que essa alma não tenha invadido seu corpo, é um desenho bem… ahn. artístico. já pensou em investir na carreira pós moderna?” as suas palavras pareciam mais um preenchimento da lacuna criada pelo seu medo de que algo naquela situação acontecesse.

ㅤㅤㅤ um suspiro percorria o ar enquanto bandit continuava a preencher os formulários restantes do check-in. se dependesse dele, as pessoas entravam, ele jogava uma chave da copa de funcionários e eles que se virem. entretanto, mesmo sendo um motel barato, ele ainda tinha que juntar as informações para organização e ajudar os outros trabalhadores a preparar os quartos. saiu dali para pegar uma folha que estava sendo impressa atrás antes do assunto vir à tona. “você não ouviu o que eu disse? não é meu.” bandit pegava uma caneta para juntar aos formulários impressos e passar para o outro assinar. era quase incrível o jeito que o francês mudava sua personalidade refrescante na área de trabalho. “você não sabia, não? em 2018 eu tinha acabado de pegar a vaga de recepcionista, foi quando aquilo aconteceu.” ele mentiu, mas seu tom era totalmente convincente. era mais do que experiente em assustar alguns clientes que caíssem nas mentiras que ele contava sobre o lugar. tinha tirado as ideias de teen wolf, como sempre dizia, podia até ser um seriado ruim, mas ainda assim tinha umas ideias boas para serem adaptadas nas própris diversões. ficou esperando que o outro perguntasse o que aconteceu enquanto fingia digitar algumas coisas no windows caquético da recepção.

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moon​.

sasithorn olhou incrédulo para o outro homem, o julgando antes das mãos se ocuparem com os itens que estavam em cima da mesa e se colocarem a procurar embaixo de tudo. “jinjja? nunca me passou na cabeça sobre ladrões em gaecheon.” foi irônico, a expressão era um misto de surpresa que passou para desdém. “era uma ryzen 9, nada demais. só uma fucking ryzen 9 5950x que me custou um rim para vir um engraçado e tirar da onde eu botei. vou na polícia agora e tu vem comigo como testemunha desse absurdo.”

ㅤㅤㅤ o semblante de bandit apenas reforçava o que ele havia acabado de dizer sobre a tal coisa que poderia ter sumido. concordava com a cabeça, como um não-verbal eu sei que é difícil de acreditar, mas é a verdade. então, ele cruza os braços. “eu não tenho a mínima ideia do que seja isso. é caro?” as coisas ficando mais agitadas depois, bandit apenas arregala os olhos, descruzando os braços e apontando para si mesmo. “eu? mas eu não vi nada, vi só você gritando. eu não sei de nada, se der ruim eu sou deportado.” ele levanta os braços, mentindo.

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amy​.

riu baixinho pela breve história, mas no fundo, sentia uma pequena inveja já que não tinha nada da época escolar para complementar, em compensação, apanhar por coisas sem motivo… isso existia aos montes.  — quem vai sofrer de dor não sou eu mesmo… então parece bem mais simples de lidar. adultos adúlteros… parece ter um lado bom, se o companheiro descobre, pode gerar uma briga e tanto para ser assistida. 

ㅤㅤㅤ bandit concorda com a cabeça, mas logo em seguida ele está chegando mais próximo de amy, como se estivesse prestes a contar algo extremamente secreto. “menina, e já não deu?” ele arregala os olhos. como o bom fofoqueiro que é, não tinha melhor local para trabalhar do que um motel sujo com poucos trabalhadores. “teve uma vez caíram na porrada ali no saguão mesmo, tive que limpar o sangue que espirrou do nariz e tudo... mas cada xingamento, que ó? esses programas de fidelidade sonham.” ri logo em seguida. tinha muitas histórias para contar, porque trabalhava há quase três anos no bingo motel.

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amy​.

O quão infantil era por ter pegado raiva de uma cafeteira? Talvez muito, mas detestava tanta falação para algo simples, ao mesmo tempo, podia ser considerada levemente ranzinza por aquilo, então tentava manter a calma pela grande espera, mas não adiantava muito. — Não adianta passar na frente, quem já ficou tanto tempo, esperar mais um pouco não devia matar. — Voltava a resmungar, juntamente de um revirar de olhos, focando nas especificações da caixa do produto. — Mas se eu fosse você, tentava pegar uma dessas, aparentemente é como a que você passou horas descrevendo aí. — Pegou a outra caixa que tinha no carrinho, mostrando a frente da mesma antes de a colocar de volta. — Parece que ele vai demorar pra achar no computador… 

ㅤㅤㅤ deu de ombros. normalmente, bandit era muito específico com as coisas que comprava, do jeito mais chato do mundo. como se quando entrasse em uma loja de departamentos, envelhecesse cinquenta anos e não entedesse mais nada sobre nada, precisando ouvir cada mínimo detalhe para fazer um decisão. “então espera aí que eu só saio com essa cafeteira...” ele pausa, esgueirando-se na bancada. “a menos que vocês não tenham, aí eu saio sem, nem é tão importante assim pra eu gritar e brigar.” ele ri na direção do atendente, que ri também, provavelmente de nervoso. volta a posição normal e olha para onde a outra está levantando, arqueando uma sobrancelha. “gata, essa cafeteira é de cápsula. você tem noção do impacto ambientar negativo que essa cafeteira tem? sem contar que são caríssimas de manter, cada pacote com vinte cápsulas furrecas que fazem só 80 ml são quase dez euros.” ele fala de forma genuína, sabendo que a pesquisa iria demorar, tentava puxar alguma conversa. “ah, nem tanto. eu dei as coisas bem específicas, esse negócio é cinco minutinhos. confia, eu já trabalhei em loja de departamentos.” ele se apoia com um dos braços apenas na bancada do caixa enquanto olha para as próprias unhas com um semblante beirando o nojo. isso tá um desastre, ele pensa.

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daeshim.

era um dia normal na rotina de daeshim; na mesa da cafeteria haviam alguns jornais antigos amontoadinhos, uma garrafinha de água e um pratinho de bolo já vazio. ficar ali era a segunda opção quando a biblioteca estava fechada, o ambiente não era o melhor e nem o mais silencioso, mas dava pro gasto. até que começou a se incomodar com uma voz um tanto alta ao seu lado. daeshim olhou, de canto de olho, e reconheceu o garoto ali sentado. assim que cruzaram olhares e o mesmo voltou a falar, daeshim jura que não entendeu nadinha. a cara estampava um grande “?” com as sobrancelhas franzidas e o olhar perdido na caneca que bandit segurava. “the sims…?” indagou, ainda confuso. “como assim the sims?”

ㅤㅤㅤ o semblante paira no outro, demorando alguns longos segundos para poder se dar conta que ele estava realmente perguntando sobre as divagações aleatórias e altas demais de bandit. logo em seguida, o francês ri e faz um gesto para que deixasse para lá. “eu estava pensando alto demais, mas faz sentido, não?” ele chega um pouco mais perto ao inclinar a cadeira na direção de daeshim. “tipo, você já percebeu que esses captchas pra ver se você é robô ou não tem ficado cada vez mais difíceis? é porque a gente ta ficando burro ou porque fomos trocados por robôs e não temos consciência disso?” ele pensa um pouco, e nega logo depois. “não, não, não, com certeza não é isso...” um semblante pensativo é estampado em seu rosto, assim como uma luz de pensamento pisca logo em seguida na sua expressão. “nós estamos com metade do nosso cérebro robotizados, só pode ser isso... não acha?”

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hope.

o mundo ainda girava, horas depois. nunca havia ficado até o fim em lugar algum, mas o celular tinha acabado a bateria lá pras três da manhã, e ninguém lhe entendeu muito bem quando pediu para chamarem um táxi, talvez porque inglês e coreano misturados não fosse lá um idioma muito fácil. 

esperou, entre garrafas e beijos, amanhecer. o sol lhe queimava queimava a cabeça logo tão cedo, trocava os pés vez o outro nos saltos que só apertavam os tornozelos porque estava com preguiça demais para segurá-los em suas mãos. num quase tombo, a jovem reconheceu o corpo sentado na calçada como um semelhante, e em sua cabeça, quem estava no fundo do poço, ajudava o outro a subir. “heeey, pssss…” a voz saiu com preguiça, estava odiando falar. se aproximou devagar, levando a mão ao ombro do outro, o balançando na maior força que conseguia fazer “ moço, acooooorda, vamo embora” falou como se estivesse na presença do melhor amigo de infância. 

ㅤㅤㅤ tão bem quanto era conhecido por assustar crianças com recados colados em árvores para simular o slender man, bandit também era conhecido por sentar no meio fio da calçada depois de alguma caminhada ou até mesmo uma noite de bebedeiras. muitas das vezes, as duas juntas. fosse bebendo vinho quente logo de manhã até café preto amargo, a sua presença na calçada era um símbolo da manhã em gaecheon e tão pouco ele deixaria de fazer isso. não estava necessariamente com sono, mas os óculos escuros poderiam confundir enquanto ele ficava imóvel vendo o passar de carros e motos. bandit adorava encarar essas coisas simples, porque os borrões davam criativadade e o barulho estimulava a cabeça mais do que o silêncio infernal. ele simplesmente odiava lugares silenciosos. mas não necessariamente a paz.

ㅤㅤㅤ bandit não respondeu de imediato, não virou o rosto porque poderia ser apenas mais uma bêbada jogada na rua querendo alguns trocados, e convenhamos que bandit não tinha nada a oferecer além do próprio corpo. suspirou, virando o rosto logo em seguida, de uma vez, e tirando os óculos, mas depois reconhecendo o semblante com um pouco de tempo. “gata que que você ta fazendo na rua? são seis da manhã, vai pra casa tomar um café da manhã e...” ele pausa, tentando não parecer ofensivo. “um banho.” dá de ombros, bebendo o vinho quente no copo de papel que imitava o copo padrão de qualquer cafeteria comum. 

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kibum.

como  o chefe estaria presente o dia inteiro no estúdio e kibum não tinha mais nada marcado, foi mandado para a casa mais cedo. confessava que não gostava quando acontecia, até porque não tinha planejado nenhuma aventura além da jornada de trabalho costumeira. sob o sol o boné lhe dava uma sensação de proteção falsa, como se pudesse escapar dos olhares que lhe julgavam pelos braços fechados de tatuagens e as roupas pretas dignas de um filme adolescente. aquilo seria bonito em seul. mas noh procurava por algum restaurante que lhe aceitasse servir um quilo de comida pra não pensar em ir no mercado tão cedo. entre tantas plaquinhas, letreiros e neons apagados pelo dia, o rapaz também teve culpa naquele encontro desajeitado. pôs as mãos pra dentro dos bolsos e tirou os óculos escuros pra poder olhá-lo melhor. o “seu rosto lindo” o fez rir, mas logo a mão foi pra frente da boca, não podia destruir a pose. assim que se controlou, ergueu a sobrancelha enfeitada pelos piercings “´poxa, que pena, tava gostando da vista.”

ㅤㅤㅤ distrações breves eram suficiente para fazer bandit esquecer o que sequer tinha cogitado a fazer, mesmo que tivesse acertado aquilo segundos antes. entretanto, poucas coisas passavam pelo seu olhar, principalmente se estivesse próximo o suficiente para ele perceber. “gostou porra nenhuma, tira essa mão da boca que eu não to vendo nenhum cachorro pra ficar de mordaça.”, ele brinca, no tom quase agressivo de sempre, mas com o intuito do humor pairar pelo ambiente. em seguida, ele nota a presença forte de modificações corporais no outro, mais uma distração que o faz desviar do assunto que ele mesmo havia colocado assim que trombaram. bandit cruza os braços e faz uma cara levemente pensativa. “lindo, você é tatuador? piercer? se não for deve conhecer um.” ele dá uma pausa para lembrar o que estava prestes a dizer. “preciso de uma recomendação, meu antigo piercer foi preso em posse de maconha para uso recreativo, eu to há séculos pra tocar a peça da boca, porque você sabe, é complicado, né? eu tive um amigo meu que fez a burrada de furar na bochecha e ta aí falando igual fanho. ridículo.” fala como se tivesse reencontrado um amigo de séculos, pausando logo em seguida de uma forma dramática. “o que eu tava falando mesmo?”

[bandit-a]

taejoon​.

só pode assentir a fala, ainda tentando pensar onde tinha colocado. — infelizmente sim, eu passei por muitos locais e to começando a acreditar que pegaram mesmo. — suspirou. infelizmente parecia a verdade, haviam pegado a caixinha e sabe-se lá qual seria o fim. — pelo menos, não é nada caro pra venderem, vão acabar jogando em algum canto. 

ㅤㅤㅤ podia sentir um tom meio cabisbaixo em toda aquela colocação. coisas se perdem, coisas se roubam, mas não tinha a mínima ideia se era só mais um item ou algo que fosse importante para o outro. bandit suspirou, ele provavelmente iria arrepender-se disso mais tarde. “vem, menino, vamos procurar tua caixinha e dar uma surra em quem passou a mão.” ele mal deu tempo de perguntar para o outro, apenas chamando-o com a mão enquanto começava a andar perto do local. “não deve ser difícil de achar, né? vai ver a gente acha a pessoa ainda no ato perto da loja de penhores. esses malucos necessitados tentam penhorar até a avó se ver ela parada.”, dizia com certo humor na voz.

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yoona​.

Yoona sorriu, já era sua marca registrada em qualquer primeiro encontro com uma pessoa. Além disso, seus pensamentos a questionavam constantemente sobre o que fazer ao se deparar com mais uma das vozes rudes, que vez ou outra… como espíritos obsessores… se aproximavam de pessoas e as influenciavam ou intensificavam seus desejos. E, toda a postura do homem, indicava que ele não estava bem, porém, quem seria ela para julgar se o que ela considerava ser o bem seria o correto. Ela o ouviu citar a Bíblia, beber o café e manter a pose, sim, ela o reconhecia da noite anterior. Ser jovem e ter escolhas era também saber lidar com elas e não havia dúvidas de que ele lidava com as suas. Porém, as sobrancelhas unidas, franzindo a testa indicava que ele sentia dor e Yoona sabia do que se tratava apenas pela experiência de seu trabalho. 

Seus olhos se viraram para o grande copo de café, a melhora seria momentânea, ela sabia, seu estômago porém, iria reclamar depois e ele vomitaria certamente assim que comesse alguma coisa. Ela não tinha obrigação nenhuma, poderia sim ser rejeitada, mas suas mãos tomaram a outra mão livre do rapaz, repousando-a suavemente na palma de uma e o polegar da outra encontrou o ponto exato entre indicador e polegar, pressionando ali. –– Apenas me diga quando diminuir a dor… –– A mulher havia aprendido aquela massagem, aquele ponto da técnica de acupressão e pouco sabia das demais, mas deveria funcionar. –– E se me permite, gostaria de lhe convidar para tomar um chá… –– Seus planos de ir comprar o pão haviam sido substituídos por uma receita de um chá ótimo para o estômago que iria aliviar o incômodo. ––… só não prometo que ele seja agradável.

As motivações de Yoona eram simplesmente de que ele aquela voz se afastasse do rapaz, não sabia o porquê, mas sentia que se cuidasse dele, aquela voz sairia. Ele poderia recusar, entender errado, e outras x possibilidades, não se importaria. –– Se você se pergunta sobre as boas vontades de Deus… talvez acabaste de encontrar uma. –– respondeu ao versículo seguinte, aguardando a reação do rapaz.

ㅤㅤㅤ toques com bandit era uma tremenda via de mão dupla. se ele iniciasse, era normal retribuir, mas bruscamente vindo de outra pessoa, ele institivamente recua o que pode antes da mão ser tomada de uma vez. não sabe direito como reagir, porque tudo ocorre de forma rápida demais para que ele possa processar. olha da mulher a mão, tentando entender ainda o que se passava. fez uma careta com a pressão naquele ponto, puxando de volta a mão em uma forma quase rude, mas não de intenção. “eu prefiro que não me toquem.” ele diz com uma mudança brusca de tom para o que falava outrora. era sério, destoava de um pedido e asemelhava-se mais com uma obrigação. suspirou logo em seguida, soltando a mão que pousava no peito para previnir de ser tocada novamente. “mas eu já estou tomando meu café.” ele diz antes de tomar um longo gole do enorme copo de cafeína que tem na mão. pensa por alguns segundos. “pode ser chá preto?” pergunta, por fim.

ㅤㅤㅤ genuinamente, bandit não sabia porque yoona mostrava-se tão preocupada repentinamente. ele era o tipo de pessoa que vivia do mesmo jeito desde o dia em que chegou em gaecheon, desfrutando da própria liberdade de andar e escolher onde morrer. uma careta se forma no semblante quando ouve o dito seguinte. “se não vai ser agradável por que está me chamando? aight, coréens...” fala como se não tivesse consciência da própria descendência. mas dava para entender, não? uma pessoa praticamente estranha te para na rua, aperta a sua mão e te chama para um chá desagradável, ele deveria aceitar? ele dá de ombros. “Deus não tem boas vontades, se tivesse ele não teria me dado uma surra pra aprender esse verso bobo. mas eu não to entendendo a sua manha, gata, você não vai me sequestrar e vender meu fígado no mercado negro não, né? já aviso que ta tudo ruim. eu bebo, abuso da cafeína, fumo, cheiro, injeto, tudo que possa estar em bom estado aqui dentro eu estraguei.” ele chega perto como se tentasse falar perto de um bom lugar que tivesse uma escuta, mesmo que fosse uma paranoia de sua própria cabeça. “ouviu? tudo ruim, nada bom.” mas talvez, conversar não fosse uma má ideia. era uma manhã marcada por ressaca e ele teria um tempo até se ocupar novamente. estaria julgando de forma rude demais?

[bandit-a]

ㅤㅤㅤ  & . ·  ̇ ART MAKES THE SOUL IMMORTAL!

ㅤㅤㅤ caridade nunca foi exatamente o forte de bandit, pelo contrário, se o pedissem para ajudar alguém ele seria o tipo de pessoa que se faria de surdo e cego para não continuar uma conversa. em todos os seus anos de vida, não podia dizer exatamente que era uma pessoa cheia de perdas ou uma vida turbulenta. traumática, mas não turbulenta. entretanto, uma coisa que bandit tem para suprir a falta de tato com situações difíceis é a sua alma artística. diria que, em um milhão de anos, era a única herança boa que recebeu dos pais. ele sorri enquanto pega uma pilha de cobertores para distribuir para a fila de pessoas no local esperando para se esquentarem.

ㅤㅤㅤ enquanto distribui o que pediram para que ele fizesse, o francês tenta puxar alguma conversa com as vítimas que se abrigavam naquele domingo. não de uma forma necessariamente confortante, mas sim para aliviar um pouco a tensão tentando fazer com que desabafassem com ele. captava as várias mensagens de dor, tristeza, e outros sentimentos com um rosto empático. para alguém que raramente consegue sentir as coisas em tamanha ansiedade, todos os conflitos emocionais que aquele lugar guardava era uma inspiração pessoal. não em forma de utilizá-los como muses ou coisas do tipo, mas precisamente captar tudo que rondava e colocar em uma forma que eternizaria todo aquele acontecimento da forma mais pura que o mundo podia se comunicar: arte. ele suspira enquanto volta para pegar mais alguns suprimentos e distribuir, dando uma pausa enquanto pega um dos muitos cadernos de rascunhos que tinha. “guernica, barca nostra, el buitre carnivoro, esto es lo verdadero... après les catastrophes vient l'art.” ele murmura para si mesmo enquanto o lápis continua rabiscando no papel grosso bege claro. então, suspira de uma forma cansada. “mas se pelo menos eu tivesse onde colocar essa coleção de quadros.” ele diz para si mesmo sem se preocupar muito bem com quem estivesse perto. pensava alto, em um projeto longínquo que sabia bem nunca sairia do papel.

[bandit-a]

your friend handito is listening to special death by mirah!

ㅤㅤㅤtentando, perdidamente, recuperar-se dos acontecidos recentes. acontecidos estes que fizeram bandit sumir da atenção de toda pessoa que ele possa ter conhecido naquela ilha, o francês rumava mais uma de suas caminhadas noturnas, em esperança que o vento frio carregado com um cheiro metálico de sangue fizesse bandit esquecer tudo que atormentava sua cabeça naqueles dias. era verdade que ele queria ter se divertido um pouco enquanto tinham atrações incomuns, mas o que um pivete cheio de arranhões e tremiliques poderia fazer em meio a tantas pessoas que se demonstravam felizes? apenas conseguiria se depreciar em meio a tudo. os breves, nem tão raros, momentos de solidão que se ele colocava para ninguém soubesse que a sua fraqueza durara meros minutos em meio a uma semana corrida. 

ㅤㅤㅤenlouquecidamente, ele seguia a melodia da música em meio a sua mais profunda vontade de deixar de existir. sim, ele ansiava bem por isso, mas não era o que tentava naquela madrugada gélida de um sábado solitário. sentado em um meio-fio qualquer, cercado de pensamentos e poucas pessoas quaisquer, a única coisa que ele se contentava em meio a própria depressão era um café irlandês com cinco shots de expresso. caro, mas tampouco ele pensou antes de pegar o maior copo e não recorrer aos vícios ordinários que lhe eram tão comuns, quase intrínsecos podendo ousar dizer. não, ele apenas sentava depois de uma leve caminhada, observando o vai-e-vêm dos carros e motos, julgando os caminhares das poucas pessoas que se arriscavam em encarar a gaecheon em antemanhã. o único sentimento que reconfortava bandit naquele momento, era encontrar pessoas tão doidas quanto ele a arriscarem suas vidas. e, sem mal perceber, a música chega ao fim e os poucos segundos de silêncio são preenchidos por passos, estes que fazem bandit tirar um dos fones e olhar ao lado. um sorriso se segue ao perceber a presença de outrem, então ele pausa a música. “é proibido questionar o meu sumiço. pense em mim como o mestre dos magos.” toma um gole de sua bebida, seu tom não é irônico e cômico como todos os escárnios que escapam de sua boca, pelo contrário. ele está abatido, mas recusa-se a conversar sobre isso.

[bandit-a]

hope.

desde sua chegada, havia adquirido o costume de ir para qualquer loja de conveniência que aparecesse na sua frente, depois do expediente estressante. O vício do momento era montar uma ceia com tudo que tivesse loja. já havia esquentado o macarrão instantâneo, e agora decidia qual tipo de kimbap comeria, mesmo sabendo que iria escolher o mesmo de sempre. Nos ouvidos a britney spears sofria cantando “everytime” no volume máximo. Por isso, a visão repentina do outro lhe fez dar um pulinho no susto, enquanto o coração foi parar lá na goela. Tirou os fones no mesmo momento, e o acompanhou sem nem saber porque estava fazendo aquilo, talvez fosse a adrenalina do susto batendo no peito ainda.  Assim que prestou atenção nas palavras ditas por ele, deu uma bela olhada no que vestia. Os coturnos estavam sujos de lama, a calça jeans tinha mais rasgos que o aceitável, e o moletom era o mais velho que tinha no guarda-roupas “você tá falando sério? tá tudo bem?” 

ㅤㅤㅤ parando um pouco mais para pensar, talvez, e apenas talvez, bandit não soubesse coisa nenhuma de moda. ele coloca ambas as mãos no ombro dela, olhando nos olhos enquanto tenta deixa a situação menos estranha. “claro que está, do que importa pensar que não está bonita quando todos vamos entrar de branco nos reinos de deus?” ele diz, como uma voz quase cômica. tira as mãos e cruza os braços perto do peitoril, pendendo um pouco a cabeça para o lado. “nem todos, eu vou entrar de preto nos reinos de lúcifer, já recebi meu convite flamejante. modéstia à parte, achei mais divertido que as pombinhas branquinas de você sabe quem.” ele acena como se devesse deixar para lá. exisitam poucos momentos em que bandit entrava em leve êxtase, e eles eram muito percepítiveis. “dá para perceber que eu comecei a tomar medicação? ou eu to incrivelmente interessante e jovial como todos os outros dias?” ele espera uma resposta, mas interrompe ela quando hope começa a falar. “deixa, vou comprar pão doce e a gente conversa enquanto come.” ele acena com a cabeça para a mesa que ela estava há poucos segundos atrás antes de bandit a incomodar com papos sem sentido algum. ele rapidamente compra o que se propõe e volta para perto dela. “você acha que vai ter alguma coisa interessante essa semana? em gaecheon só tem morte e nenhum cassino ilegal para eu acabar pagando com meus órgãos em péssimo estado.” ele, mais uma vez, devaneia coisas sem sentido algum.