bcyswannabeher - Tumblr blog

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“I have led a toothless life, he thought. A toothless life. I have never bitten into anything. I was waiting. I was reserving myself for later on—and I have just noticed that my teeth have gone.”

— Jean-Paul Sartre, The Age of Reason (via nauseadaily)

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* . ⊹ um lapso: florence puxa fumaça como uma adolescente, como se aquele não fosse o seu décimo sexto cigarro do dia e como se não fosse seu o péssimo hábito de fumar para aliviar a ansiedade. ela TOSSE com força, aplicando tapinhas na região do peito em uma falha tentativa de fazer passar mais rápido. ugh. como se a mera lembrança daquele dia não tinha sido o suficiente para deixá-la constrangida o bastante, a sua reação catastrófica ao seu primeiro trago na frente de celeste colore as suas bochechas de um vermelho intenso. ela não precisava de um lembrete da jovem adulta tola e ingênua que havia sido (tinha deixado no passado as suas roupas de baixo com estampas divertidas, mas continuava acordando sobre travesseiros molhados de vez em quando). florence quer retaliar, mas olhando para a foto do time — que não deixava de ser uma foto delas — e relembrando de sua história com celeste — principalmente das noites passadas em claro no seu quarto —, ela não encontra nada nem ligeiramente constrangedor com o que retrucar. esse sempre foi o dom de celeste, de qualquer forma. em vez disso, ela é inundada por um sentimento gostoso de nostalgia. ❝ e, uh, a gente ficou até de madrugada inventando coreografias para todas as músicas do último álbum da beyoncé, não foi? ❞

era estranha esse tipo de interação com florence, elas sempre foram muito próximas e do dia para a noite não eram mais. florence não respondia mais suas mensagens, não sentava mais consigo para almoçar, não conversavam, nem se olhavam e tampouco tinham seus encontros no vestiario feminino. nada. celeste ficou no escuro sem saber o que havia acontecido, mas em hipótese alguma ela também iria atrás de uma justificativa tendo em vista de que era difícil demais para si dar o braço a torcer. mas ali estava florence novamente, dez anos a frente da idade que havia lhe conhecido, mantinha os mesmos traços e agora tão distante. celeste poderia ter negado o fogo, inventado alguma história, mas algo queria que ela ficasse ali. esboçou um sorriso curto e puxou um dos cigarros, o colocou entre seus lábios, acendendo-o em seguida. "obrigada." a loira tragou o fumo, soltando a fumaça devagar por seus lábios. "lembra o que aconteceu depois desse dia? você dormiu no meu quarto, usava uma calcinha rídicula de ursinhos carinhosos." soltou uma risada anasalada, sem tirar seu olhar da foto pendurada. "e babou no meu travesseiro."

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* . ⊹ dar de cara com harper wang é uma felicidade que só: ❝ harper?! uau! ❞ até então, desde a formatura, só havia visto a antiga companheira do time de torcida pela telinha da tevê — isso quando ela tinha tempo para respirar e sentar em frente à televisão, o que ficava cada vez mais difícil de se fazer com o passar do tempo. foi por obra do acaso que se deparou com o seu programa de culinária (na ocasião, apertou os olhos e se ajoelhou na frente da televisão para ter certeza de que a sua visão não estava lhe pregando uma peça: ❛ meu deus, é a harp! ela está na tevê! ❜), mas, dali para frente, recorrera algumas vezes às suas receitas mais simples para impressionar uma visita ou outra. talvez lhe devesse uma demonstração de gratidão, começando pelo isqueiro. ❝ obrigada, você salvou a minha vida e não é a primeira vez. ❞ pôs-se a acender o seu cigarro, aliviada de poder enfim controlar os nervos; ajudava que tinha encontrado alguém ao redor de quem se sentia confortável. isso parecia não ter mudado. ❝ mas é claro que lembro, ❞ florence admite facilmente, mirando o troféu com um sorriso metido. ❝ ainda acho que o primeiro lugar foi comprado. quer dizer, a menina do time vencedor caiu durante uma das manobras e elas ganharam? bullshit. o ouro era nosso. ❞

É claro que Harper não perderia uma oportunidade de poder vagar pelos corredores da instituição, só um pouquinhozinho. Tinha tantas boas memórias da universidade! Foram aqueles corredores que a tornaram a pessoa que era hoje (pelo bem e pelo mal, mas ela gostava de acreditar que muito mais pelo bem). Os troféus e as fotos dos times de esporte estavam expostos e foi direto vê-los: para sua surpresa, deu logo de cara com sua antiga capitã das líderes de torcida! ─ Florence? É você? Caramba amiga, quanto tempo! E sim, eu tenho fogo. ─ tirou da bolsa um isqueiro e a entregou. Harper fumava? Não. Mas uma das coisas que aprendeu na UCLA foi que carregar um isqueiro consigo podia ser uma boa desculpa para conversa. Depois de entregar o objeto, deixou que a mulher acendesse o cigarro e ela estendeu a mão para um dos troféus expostos. ─ Lembra desse? UniCheers 2012... Segundo lugar! Foi um sonho. ─

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* . ⊹ celeste lockhart continuava linda. dez anos mais velha, claramente, mas tão bonita quanto florence se recordava. ao longo desse tempo, sonhara algumas vezes com a cabeleira loira e o sorriso travesso da menina, agora mulher, que um dia teve a honra de chamar de sua melhor amiga (entre outras coisas que ela não sabia nem nomear); sempre que isso acontecia, florence acordava no meio da noite, com sede, e se perguntava como teria sido a sua vida se tivesse mantido celeste por perto; quanto mais perto, mais dolorido, de imediato ela se repreendia, e voltava a dormir sabendo que tinha feito a coisa certa em se afastar. mas lá estava ela, e ela estava linda e fazia tanto tempo... florence tem que fingir não se abalar. ❝ minha heroína, ❞ ela brinca (e se arrepende) e rapidamente acende um cigarro com o fogo emprestado. antes de guardar o maço, porém, ela o estende na direção de celeste e se convence de que o faz por educação, definitivamente não porque algo dentro dela quer impedir que a interação esfrie. ❝ me acompanha? ❞

Celeste seguia na sua excursão a UCLA, relembrando de diversos momentos na qual passara, já havia ido até seu saudoso armário, encontrado alguns rabiscos que fizera no banheiro e no teatro, outros no rádio e dessa vez era o momento de analisar a si mesma e os trofeus que ganhou pela universidade como lider de torcida, era um pouco bizarro como o seu corpo, rosto e flexibilidade havia se modificado com o passar dos anos. "chezz... eu não consigo mais fazer isso com as pernas" pensou alto quando sentiu uma mão tocar seu ombro. A loira olhou para trás, esboçando um curto sorriso. "Muito." Ergueu as sobrancelhas mas logo relaxou sua face, em uma cantada um tanto quanto barata tentando quebrar o gelo que ela estabeleceu para si quando pisou no ambiente. Celeste sacou de seu blazer um isqueiro prateado, puxando a base para trás liberando uma chama tímida. "Voilá."

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❥ ⋆･ﾟ: TASK #1: ❝ você é o que você veste... ❞

pinterest.

* . ⊹ ao contrário do que pode parecer, florence não é uma garota muito vaidosa. é comumente flagrada perambulando pelas alamedas do campus da ucla em trajes desportivos, antecipando sua parada final de todos os dias no pavilhão de esportes da universidade, seja para treinar com as líderes de torcida, levantar pesos na academia ou descontrair nos estúdios de dança. nunca se esquece de esquecer seus livros em seu dormitório com o objetivo de fazer espaço na sua bolsa para os fones de ouvido, a garrafinha d'água, o estojo de higiene pessoal e maquiagem, a toalha de rosto e a revista de fofocas da semana. ela gosta de se sentir confortável no seu dia a dia, por isso esbanja uma coleção enorme de moletons surrados, blusas simples e calças jeans. abre exceções nos dias de festa, que são muitos, quando a sua intenção é deslumbrar. sente-se nua se sai de casa sem um par de brincos nas orelhas, e ao redor do pulso esquerdo está sempre atada uma fina pulseira de ouro que pertencera à sua mãe. no geral, seu estilo pode ser definido brevemente como casual e feminino.

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* . ⊹ faz anos, talvez sete, desde o dia em que florence virou o seu último copinho de bebida incolor e com cheiro de produto de limpeza. a revelação certamente chocaria qualquer um dos seus colegas de turma que tenha comparecido a uma ou mais das famigeradas resenhas no seu dormitório na época da faculdade. uísque, embora mais decente do que qualquer bebida com a qual ela estava acostumada a virar quando era uma jovem adulta, também não lhe apetecia tanto agora. ela declina a oferta do homem com um abano de mão — ❝ bebi o suficiente hoje, obrigada. ❞ — e guarda os seus cigarros, levemente desapontada. ❝ convenhamos que ele nunca foi o mais perspicaz: guardava seus segredos tão bem quanto desvendava o dos outros. não é à toa que quase não haviam consequências para as nossas festinhas nos dormitórios... ❞

_ Ah, eu tenho sim! - Respondeu com um sorriso travesso e moveu as sobrancelhas. O hálito, os olhos quase fechados e o constante indicavam o estado de embriaguez do rapaz. Certamente tinha se deliciado do uísque que roubara da sala do reitor. - Algumas coisas nunca mudam, sabe? O cara continua escondendo a chave da sala mais importante no vão entre a porta e o teto. Todo mundo conhece esse segredo, todo mundo sabe o que ele esconde e onde ele esconde. E nós que somos os bocós que precisam relembrar de 2014? Aceita? - Estendeu a garrafa do uísque para a mulher.

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* . ⊹ o arrependimento de tê-la assustado se esvai no mesmo instante em que florence reconhece sabine como a sua companhia, e em seu rosto se desenha uma expressão de completo alívio. não sabe dizer quando fora a última vez que se encontraram para colocar o papo em dia (naquela cafeteria descolada no centro de los angeles onde elas tinham até uma mesa favorita), o que é lamentável, mas na semana passada havia marcado sabine rogers-sinclair em um meme no facebook porque tinha certeza que tiraria dela uma risadinha (ou a faria chorar). de todos os seus colegas de turma ali presentes, esbarrar na única pessoa com quem mantinha contato relativamente frequente só poderia ter sido um favor do universo.

o olhar de florence cai brevemente sobre o maço de cigarros, só cigarros, na sua mão e então ela se dirige para sabine como quem divide um segredo ou uma piada interna: ❝ hoje não. ❞ ela guarda os dunhill no bolso do blazer de onde vieram e põe-se a caçar alguma coisa dentro da sua tiracolo: band-aids. agachando-se ao lado da amiga, ela lhe estende um. ❝ faça bom uso, cinderela. ❞

〜 caminhar pela universidade, semi-bêbada, e com os saltos que tanto odiava não foi a melhor ideia que sabine teve no dia, mas há quem diga que ela já havia feito escolhas inconsequentes durante toda a semana que perdurou até o fatídico reencontro. a ânsia em se reconectar consigo mesma não cessou assim que viu os colegas, sendo obrigada a procurar pelo seu único ponto de paz no campus: a piscina. com os pensamentos confusos, tinha certeza que poderia nadar na sua baia da sorte sem maiores problemas, mesmo sem ter colocado os pés em um ambiente olímpico por tanto tempo. obra do destino ou apenas senso de localização deturpado, não chegou a tempo nas dependências do time de natação antes que os sapatos terminassem de matá-la, sentando no meio do corredor vazio para desabotoar seu peep toe. a voz sublime chegou em seus ouvidos ao mesmo tempo que o contato, a despertando do transe. — por misericórdia divina, de onde você surgiu? — as mãos automaticamente foram de encontro com o coração. será que mais algum evento daquela noite bastaria para que saísse pela boca? — se disser pra mim que aí dentro tem um baseado e vamos dividi-lo, faço questão de arranjar agora!

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Lucy Liu as Dr. Joan Watson

ELEMENTARY (2012 – 2019)

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❥ 𝑂𝑃𝐸𝑁 𝑆𝑇𝐴𝑅𝑇𝐸𝑅 !!

* . ⊹ depois do quinto canapé, florence cede: pede licença ao homem com quem estava engajada em uma conversa para lá de fiada sobre política — falhara miseravelmente na tarefa de se recordar do nome do seu interlocutor, mas reconheceu de cara a imbecilidade das suas opiniões — e parte em direção às portas do centro de convenções. ela precisava de um pouco de ar. ironicamente, a primeira coisa que faz ao pisar fora do local do evento é descansar a sua taça de vinho vazia em um canto e tatear o blazer à procura do maço de dunhill que havia comprado mais cedo, em um posto de gasolina no meio do caminho entre pasadena e los angeles; de vinte, restavam-lhe apenas cinco cigarros.

seus pés, comandados pela força do hábito, levam-na pelos corredores do pavilhão de esportes da universidade até uma vitrine de troféus que reluzem sob o brilho amarelado de um sistema de iluminação artificial. do outro lado do vidro, olhos iguais aos seus, menos os pés de galinha, encaram-na de volta, estáticos e orgulhosos. na moldura da fotografia há uma fina placa que indica que as meninas empilhadas na foto, todas de uniforme azul e dourado, são da ❛ equipe de torcida, 2014. pódio nacional. go bruins! ❜ e florence — bem, uma versão mais jovem e feliz sua — é a que está no topo da pir��mide. o registro fá-la sorrir de canto.

as suas mãos procuram nos seus bolsos pelo seu isqueiro, mas permanecem vazias até que ela, enfim, se cansa de procurar. para a sua sorte, ela não fora a única que teve a brilhante ideia de escapar da reunião de formandos de 2014 — do vinho barato e de reencontros indesejados — para se afogar na nostalgia daquela situação toda em silêncio. timidamente, com a cartela de cigarros na mão, ela toca o ombro de sue companheire para perguntar: ❝ você tem fogo? ❞

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ei !! você viu FLORENCE WU-FENMORE por aí? você sabe, aquela aluna da graduação que tem 34 ANOS e se parece muito com LUCY LIU. acho que ela se formou com especialização em CIÊNCIAS POLÍTICAS e em 2014 se parecia muito com HAVANA ROSE LIU. dizem que ela era ❝ THE JOCK ❞ e toda vez que passava pelo dormitório dela, ouvia-se YOU & I da ONE DIRECTION tocando pela porta. todos que a conhecem dizem que ela costuma ser EXTROVERTIDA, mas também pode ser COVARDE. será que em 2024 ela ainda é assim ??

❥ perfil apelidos flo, flossie, ren. pronomes ela/dela. nascimento 6 de julho, câncer. cidade natal pasadena, califórnia. educação ciências políticas - ucla, classe de 2014; pós-graduação em direito - uc berkeley, classe de 2017. profissão advogada. orientação sexual bissexual. família jinzhu "lily" wu (mãe), william j. fenmore (pai), thomas s. fenmore (meio-irmão mais velho), felix n. fenmore (meio-irmão mais velho).

personalidade entp. traços generosa, criativa, avoada, justa, inconsequente, cuidadosa, competitiva, perfeccionista. hábitos dedilhar superfícies, mastigar canetas, assoviar. habilidades dança, piano, caligrafia, mandarim (intermediário), persuasão. o música pop, filmes românticos e besteirol, festas, a cor azul, cachorros grandes, miojo, longas caminhadas, one direction, pizza. x copos vazios, gente séria demais, a família do seu pai, o seu emprego, mentiras.

❥ história

antes de 2014

quando engravidou, lily wu tinha vinte e quatro anos e uma ambição: ter uma grife para chamar de sua. seus pais imigraram ilegalmente da china para os estados unidos quando seus irmãos mais velhos ainda usavam fraldas, atrás de provar o gostinho do tal sonho americano. lily, a caçula, nasceu em solo californiano e era a única menina entre os três. enquanto seus irmãos acompanhavam a rotina de trabalho do pai em uma fábrica de embalagens, ela aprendia com a mãe tudo o que podia sobre tecidos e costura; aos quatorze anos, auxiliava a sua progenitora em seu ofício em uma loja chique de vestidos de noiva, onde passou a trabalhar oficialmente a partir dos dezesseis. 

antes de william fenmore, lily conheceu cassandra — sua noiva: foi ela quem costurou o vestido de casamento da futura senhora fenmore. lily e william tiveram um caso durante os dez meses que antecederam o seu casamento com cassandra. na época, lily não tinha ciência do seu noivado — muito menos de que ele estava noivo de uma cliente, com quem ele já tinha até filhos! mas a verdade veio à tona depois da notícia da gravidez de lily. william foi bem-sucedido em esconder o seu caso e as suas consequências de cassandra e do resto da sua família por exatos dois dias; o escândalo fez esfriar o relacionamento do casal, mas pelo bem das crianças eles decidiram seguir com o casamento, na condição de que ele seria fiel à sua esposa dali para frente. e ele foi. 

ao contrário de lily, william vinha de uma família abastada e influente. era mais velho e tinha um bom emprego no escritório de advocacia da família. quando florence nasceu, embora william não tivesse muito contato com a filha bastarda, nunca deixou que a ela algo faltasse — além, evidentemente, da presença recorrente de uma figura paterna. até mais ou menos os treze anos, seu pai era uma assinatura em cartões de aniversário e natal. apesar da ausência do seu progenitor, a menina teve uma infância relativamente boa e normal; da família por parte de mãe ela recebeu todo o amor, carinho e atenção que ela precisava e merecia. 

na escola, florence se destacava pelo seu talento na dança, mas principalmente pelas suas companhias. talvez tivesse alguma coisa a ver com o fato de ela ser uma líder de torcida e, como tal, sair com um dos caras do time de futebol, mas todo mundo sabia quem era florence wu. e, por algum motivo, todos a idolatravam, bem como suas companheiras. florence amava a atenção e amava fazer parte do time de torcida, tanto que a sua dedicação para com o esporte não passou batida pelos olheiros das universidades. o único monstro erguido entre ela e uma bolsa de estudante-atleta em alguma boa universidade era o seu desempenho acadêmico, que era péssimo. 

por parte de william, a vontade de se aproximar da sua filha bastarda surgiu de um lugar de orgulho e vaidade: precisava ter certeza de que a sua filha (que era sua filha, no fim das contas) seria tão bem-sucedida profissionalmente como os seus meio-irmãos. na sua concepção, isso significava que ela tinha direito a usufruir dos mesmos privilégios que os seus outros filhos: formaria-se em uma boa universidade, em direito, e teria um emprego no escritório de advocacia dos fenmore. na adolescência, assim, florence passou a conviver mais com o pai e a sua família. ele era, afinal, a sua chance de entrar para uma universidade — a sua chance de dar continuidade à sua carreira como líder de torcida, mesmo que ela tivesse que chegar a um fim... eventualmente. 

em 2014

florence está correndo atrás dos sonhos… do seu pai. mais alguns anos e a caçula dos fenmore se formaria advogada, a sétima da família, e ganharia uma plaquinha dourada com o seu nome gravado na porta do famigerado escritório de advocacia compartilhado entre o pai, os meio-irmãos e os primos mais próximos, em pasadena. fazia o que podia para adiar a chegada desse momento: pegava o número mínimo de matérias por período e se deixava ir muito mal nas provas dos cursos obrigatórios de propósito, só para ter que refazê-los. nessa brincadeira, florence demorou mais do que o esperado para chegar ao seu último ano. não era nem de longe e muitos menos de perto a aluna mais brilhante do campus, mas gostava de frequentar a universidade — mais pela oportunidade de socializar do que por uma necessidade latente de buscar conhecimento. não fosse o renome (e as contribuições monetárias) do pai, certamente não teria sobrevivido nem ao primeiro ano de faculdade. na época, ela andava só com três coisas na cabeça: coreografias novas para o time de torcida, opções de roupa para usar na próxima festa e o zayn da one direction. era evidente que ela se preocupava muito mais com o desempenho das suas líderes de torcida em campeonatos do que com o próprio desempenho acadêmico, pois dedicava horas e horas dos seus dias para o time, enquanto quase nada era voltado para as suas apostilas.

em 2024

com muito custo, florence se formou em ciências políticas pela ucla em 2014. no mesmo ano, não sem o auxílio (vulgo dinheiro) do pai, ingressou em uma pós-graduação em direito e se formou advogada aproximadamente três anos mais tarde. teve a sorte, ou melhor, o grande azar de ter logo de cara um emprego para chamar de seu, na firma dos fenmore. por mais que o tipo de trabalho não lhe apeteça, ela não consegue não fazê-lo bem: suas melhores qualidades brilham quando ela está em um tribunal, bem como faziam quando pisava no ginásio para treinar ou quando chegava a uma festa. o tempo a transformou em uma mulher séria, mas não menos gentil e solidária. em 2019, um de seus primos foi eleito prefeito de pasadena; não foi até o último ano do seu mandato que florence descobriu que ele e o resto dos fenmore estavam envolvidos em um esquema de corrupção e desvio de dinheiro público. florence foi convencida a não levar o caso à mídia; isso porque qualquer escândalo envolvendo a sua família poderia arruinar as suas próprias chances de ser eleita para o mesmo cargo neste ano — ideia que ela mesma tinha tido para tentar fazer algo que pudesse a satisfazer mais, mas sem comprometer os bons laços com a sua família. ela carrega esse segredo como tijolos nos bolsos, dividida (como sempre) entre fazer o certo e o que a sua família quer. 

❥ trivia

i. durante o seu tempo na ucla, além de ser capitã das líderes de torcida, florence também fazia parte do time de debate e era membro do governo estudantil. seu pai a convenceu a participar de tais atividades extracurriculares no intuito de enriquecer o seu currículo. ii. em 2024, florence é obrigada a esconder a sua paixão por música e divas pop, embora a sua obsessão fosse extremamente aparente no passado. iii. florence é uma ratinha de academia. ela se exercita por puro prazer. iv. adotou o péssimo hábito de fumar cigarros recentemente, como uma válvula de escape para todo o estresse do trabalho somado à sua campanha para as eleições, que estão mais perto do que nunca.

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𝑇𝐴𝐺 𝐃𝐔𝐌𝐏 !!