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Blog da Vania
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blogdavania · 15 hours ago
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Orbital
Várias vezes, nas minhas idas as livrarias, peguei o livro Orbital da escritora inglesa Samantha Harvey nas mãos e declinei.
Escolhia outros e acabava deixando esse livro para outra vez, até que a vez chegou.
Por que não fiz isso antes á algo que não sei explicar.
Talvez achasse que um livro cujo tema fosse seis astronautas, homens e mulheres de varias nacionalidades, viajando pelo espaço durante nove meses, fosse tedioso.
Ledo engano...
Orbital é um tratado sobre a existência humana.
A inteligente e frágil raça humana.
Nos faz refletir sobre a nossa inutilidade perante o universo infinito, bem como sobre o porquê de querermos abandonar nosso planeta a própria sorte, enquanto buscamos outros mundos, outros lares.
A nossa solidão, a falta de respostas para as perguntas que insistimos em fazer.
O tudo e o nada.
A grandeza, a beleza, e a imensidão.
O livro Orbital, recomendo.
P.S. Lendo esse livro a pergunta que fica é: Para que tudo isso?
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blogdavania · 2 days ago
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Dança Livre
A dança é um instrumento valioso para desenvolver nossa saúde mental e física, além dos aspectos estéticos, da convivência com os outros e consigo mesma, e o prazer do movimento no tempo e no espaço.
Quando dançamos não somos mais nós, somos muitas, em várias composições e formatos.
Somos aquilo que desejamos e imaginamos ser.
O nosso corpo ganha múltiplas possibilidades, abandonamos o corpo utilitário da biomecânica e da bioquímica, para alcançarmos a transcendência, o além do humano.
Podemos ser bichos, arvores, montanhas, podemos nascer de novo, brotar do chão e ganhar o espaço, voar.
A dança livre, aquela que nasce do íntimo de cada dançante, é a forma mais libertária de dançar.
A presença no espaço, a consciência do tempo que passa no e pelo corpo, a catarse. a mais pura expressão corporal.
A la Danse!
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blogdavania · 3 days ago
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Uma Bela Vida
Uma Bela Vida é o mais recente filme do diretor Costa Gavras em cartaz nos cinemas.
Quem esta acostumado aos filmes com temas políticos desse diretor, ira se surpreender ao se deparar com um filme que fala de escolhas, da finitude e da morte.
Apesar do tema, em nenhum momento quem o assiste pensa em morbidez, e sim em dignidade, coragem, e reconhecimento pela vida vivida.
Um filósofo celebrado e um médico especialista em cuidados paliativos que se encontram e passam a refletir juntos sobre os caminhos da vida e da morte.
Reflexões essas que passam a ser também de quem assiste o filme, e se emociona com toda a delicadeza e respeito com que o tema é tratado.
Talvez o diretor esteja se preparando para a sua própria morte, talvez a vida seja isso mesmo, uma longa e algumas vezes curta preparação.
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blogdavania · 4 days ago
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Memória
As vezes o casal ia ao Gardênia na Praça dos Omaguás.
Gostavam de almoçar lá aos domingos, mas também foram algumas vezes a noite com amigos.
O Gardênia era um simpático restaurante, ficava de frente para a praça onde aos domingos havia uma feira de antiguidades.
Eles gostavam de chegar cedo e ficar em uma das mesas que davam para a porta de vidro, de onde podiam ver o movimento da rua.
Quando ainda lá existia a FNAC, as vezes saiam do restaurante e iam xeretar as novidades, ela os livros e ele a sessão de eletrônicos.
Na praça sempre encontravam um bom lugar para estacionar o carro com conforto e segurança.
Algum tempo depois o Gardênia fechou, o casal perdeu um de seus programas favoritos.
Em seu lugar várias coisas foram abertas, mas nada que substituísse o antigo restaurante.
As vezes é muito difícil aceitar as mudanças, mas elas são inevitáveis.
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blogdavania · 5 days ago
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A Crença
Existe a crença de que temos uma alma e de que ela é imortal.
Entra e sai dos séculos, atravessa o tempo, vive momentos no antes, no agora e viverá no depois.
Existe a crença de que essa alma volta aos lugares onde deixou pedaços de si, fragmentos de si, como se estivesse em uma busca constante da sua inteireza.
Pensando nessa crença, me veio à cabeça para quais lugares minha alma voltaria depois dessa passagem em busca da sua completude.
Em quais lugares ela teria deixado pedaços como se eles tivessem se recusado a abandonar aquelas sensações, lembranças e emoções.
Talvez minha alma voltasse à Rua General Elói Alfaro de onde avistava a ladeira ao longe.
Com certeza voltaria à Rua Maria Antônia, entraria pelo portão, alcançaria as escadarias do colegial, e subindo os degraus chegaria a ampla sala do clássico eclético de tantas descobertas e paixões.
Minha alma voltaria a Tabatinga em um fim de tarde ao por do sol e andaria até o fim da praia junto as pedras.
Ela viajaria para muitos países e cidades, passaria pelas pontes sobre o Sena, voltaria á zona portuária de Edimburgo, aos pubs de Dublin, ao Píer 17 em Nova York, subiria o monumento Vitório Emanuelle em Roma, sentaria na mesa do Kebab em Berlim na Alexanderplatz, ficaria parada durante horas admirando o Tejo em Lisboa ou o Douro no Porto.
Tantos lugares, ruas, cidades, países...
Mas para onde sempre e sempre minha alma voltaria, seria para a praça em frente a casa geminada, e mesmo que ela um dia não mais exista, a pobre alma peregrina nunca deixará de vê-la e de senti-la.
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blogdavania · 6 days ago
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Quase um Hai Cai
A lua branca e fria
a solidão humana
estaremos mesmo sós?
Para que hastear bandeiras onde não há vento?
Um livro descansa sobre a mesa
alguém cochila na poltrona.
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blogdavania · 7 days ago
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Oração para Desaparecer
Esse é o nome do livro da escritora Socorro Acioli e é aquele tipo de leitura que nos enleva e fascina.
É de um profundo misticismo, fala da magia das coisas invisíveis e inenarráveis.
Quem dera pudéssemos as vezes desaparecer, fugir do mundo, das notícias, da maldade ,das atrocidades, e aparecermos ilesos e ilesas em algum outro lugar.
"Sou pássaro do senhor e abro as asas do milagre
Sou peixe do senhor e singro o mar em tempestade
Sou passo em terra santa que nunca anda em descaminho
Sou semente que renasce vestida em flor sem espinho
Sou grão de areia que Deus vê sopra e liberta
Sou coração que louva a Deus na hora aberta
Sou criatura divina e oferto o corpo a salvação
Sou pensamento que firma meu nome na escuridão
Sou olho do infinito que vê o tempo estremecer
Sou boca que reza nove vezes a Oração para Desaparecer
Sou corpo que envulta em nome da glória de São Jorge
Sou alma livre que desenvulta em terra nova e boa sorte
Sou voz que canta toda canção da alegria
Sou luz que acende a fé de todo dia".
Oração para Desaparecer - Índios Tremembé
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blogdavania · 8 days ago
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Hai Cai
A Piscina na casa vazia
uma rã salta para dentro dela
Deve ter chovido muito.
Os pequenos insetos rastejam
entrando pela janela do quarto
É o verão que se aproxima.
O líquido no conta-gotas
a areia na ampulheta
escorre o tempo.
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blogdavania · 9 days ago
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Palavras
AS pontas da toalha da mesa caiam em desalinho, já que postas aleatoriamente.
As velhas almofadas, manchadas pelo uso descansavam em desarmonia no sofá.
O Feng Shui afirma que a desarmonia dos objetos da casa, revelam o mesmo no interior de seus moradores.
Quem sabe acender um incenso que preconize a paz e a harmonia seja uma boa ideia.
Quem sabe jogar as almofadas fora, já que ninguém as usa, seja uma ideia ainda melhor.
Talvez arrumar a toalha sobre a mesa...
Talvez escutar o disco do Santana, e dançar.
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blogdavania · 10 days ago
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Ela...
Ela era aquela menina que ia com a mãe respirar o ar puro do Parque Trianon durante os acessos de asma.
Ela era a jovem que saia do colégio e ia com a amiga do peito assistir os filmes do Alain Delon nos cinemas do Conjunto Nacional.
Ela era a mulher que no meio da avenida festejou os cem anos da sua inauguração.
Ela era a jovem senhora que ia com o amor da sua vida, andar pelas suas calçadas, sentar nas mesas de seus bares e olhar e olhar.
Ela é a pessoa que ainda vagueia pelas mesmas calçadas, da mesma avenida, as vezes só, as vezes com amigos e amigas.
A avenida ainda é a mesma, já ela...
Para onde foram aquelas outras?
De certo estão guardadas em algum canto, em alguma gaveta da memória.
Basta abri-la para senti-las novamente juntas, como se fossem as várias camadas de que ela é feita.
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blogdavania · 11 days ago
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O Quereres...
Queria sentar no balcão de um Izacaya em Tóquio.
Pedir a comida mais bonita entre as fotos do cardápio.
Pedir um saquê nacional e fingir entender aquela língua maluca.
Voltar andando para o hotel na noite cheia de luzes.
Olhar o Japão com meus olhos ocidentais, e só sentir sem nada entender.
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blogdavania · 12 days ago
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Ai que preguiça...
A nova polêmica entre músicos, cantores e entidades arrecadadoras de direitos autorais, é o aparecimento de grupos fazendo música através da inteligência artificial.
Sempre ela...
A tal da IA, onipresente em todas as conversas e discussões, sejam músicos, cantores, artistas plásticos, cineastas e afins, agora deu de criar artistas não reais e faturar com eles.
Fico pensando se chegará o dia em que não saberemos mais se as pessoas com quem nos relacionamos são verdadeiras ou fruto de algum elaborado projeto de software.
É claro que por trás da IA existem humanos de carne osso e inspiração, ou imitação, porém não deixa de ser assustador esse novo normal, ou admirável mundo novo, onde tudo pode ser falso ou não tão verdadeiro quanto parece.
Ai que preguiça que me dá...
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blogdavania · 13 days ago
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A Moça
A moça encontra com algumas velhas amigas poucas vezes por ano.
Nos bons anos conseguem se encontrar no máximo três vezes.
Isso depois de muito tempo de encontroa mensais muito intensos, com muita troca intelectual e afetiva.
Mas é assim, a vida muda, a rotina também, alguns distanciamentos são inevitáveis, mas o importante é que sempre há a costumeira admiração e cumplicidade.
A moça as vezes nesses encontros, apesar das conversas animadas, das risadas e das vozes que crescem em volume para se fazerem ouvidas, sai completamente do foco, como se sua alma deixasse lá o seu corpo e voasse para longe em uma outra época e lugar.
Como se a sua presença já não fosse necessária, então revisita uma parte da sua vida pessoal e profissional.
Tempos mais felizes? Talvez...
Seja como for, nesses momentos de fuga, a moça consegue ter a plena convicção de que tudo valeu a pena, e de que aprendeu muito mais com elas do que aquilo que julgava ter lhes ensinado.
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blogdavania · 14 days ago
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O Primeiro Leitor
A coisa mais linda no ótimo livro O Primeiro Leitor de Luiz Schwarcz, dono da editora Companhia das Letras, é quando ele narra suas experiências e vivências com os amigos.
Histórias que não deixam de falar das dificuldades de lidar com alguns deles, as crises, as dúvidas, as idas e vindas, mas repletas de carinho, reconhecimento e gratidão.
As amizades talvez sejam o grande presente que ganhamos da vida, e quando as relações amorosas e fraternas transformam-se em amizades profundas, atingimos a forma mais perfeita de amor.
As narrativas deliciosas do editor/escritor sobre o seu fazer profissional, o amor aos livros e aos escritores e escritoras, nos fazem ter a certeza do poder transformador da literatura.
O livro O Primeiro Leitor de Luiz Schwarcz, recomendo.
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blogdavania · 15 days ago
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Viajar
Viajar é como uma droga pois vicia.
A maioria das pessoas que começam a viajar tendem a querer sempre mais e mais, como se fosse uma coceira que não cessa nem com reza brava.
É claro que o ato de viajar implica muita coisa, disponibilidade de tempo, condições financeiras, e muitas vezes companhia, para quem não gosta de viajar só ou prefere compartilhar as experiências vividas.
Apesar de em toda viagem haver muitos momentos estressantes, é na maioria das vezes o melhor investimento que se pode fazer na vida.
De todo modo para quem não pode ou não quer viajar fisicamente, restarão sempre as viagens da imaginação, como diria Fernando Pessoa, "Para viajar basta existir".
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blogdavania · 16 days ago
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Palavras
"Sim. Seremos esquecidos.
É a vida, nada podemos fazer.
Aquilo que hoje parece importante, grave, cheio de consequências, um dia será esquecido, deixará de ter relevância.
E o curioso é que não podemos saber hoje o que será um dia considerado grande e importante ou medíocre e ridículo.
Pode ser também que esta vida de hoje à qual nos agarramos, seja um dia considerada estranha desconfortável, desprovida de inteligência, e insuficientemente pura, e quem sabe até passível de culpa".
Anton Tchéhov
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blogdavania · 17 days ago
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Memória
Minha memória me leva à Rua Dona Veridiana, entrando no ônibus verde da linha Higienópolis Moema.
Viajava sentada já que o pegava no ponto final e ia sempre na janela observando as ruas, os carros, as pessoas que enfeitavam a cidade no lusco-fusco do final de tarde.
Pegava esse ônibus quando voltava mais tarde pra casa, depois de nadar no SESC Consolação, que na época se chamava Vila Nova.
Saía de lá com um cheiro de piscina mesmo tendo tomado banho e lavado a cabeça.
E era tanta energia naquela juventude, tanta confiança no futuro, tanta eletricidade contida em cada centímetro de pele, que a lenta e longa viagem no ônibus verde ganhava contornos épicos, como se eu desbravasse limites e territórios de um mundo sempre novo, em direção ao meu futuro.
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