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blogdonoel · 8 months
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Digimon Adventure 02: The Beginning - Análise
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O segredo das crianças escolhidas é revelado!
Quando as crianças escolhidas se deparam com um digiovo gigante pairando sobre a torre de Tóquio, um novo garoto entra em cena para revelar um segredo que mudará para sempre o destino da conexão entre os digiescolhidos e seus parceiros.
Novas crianças
Digimon Adventure 02 sempre foi uma das temporadas mais polêmicas de Digimon, e sempre que paro para analisar o motivo do aparente ódio ou do nariz torcido dos fãs por essa série, me deparo com análises e impressões (principalmente lembranças) que não condizem com o que realmente foi apresentado no texto, nas imagens, na trilha, e no desenrolar da história.
Há um pensamento quase que unânime de que as crianças escolhidas da segunda temporada não eram interessantes, não eram bem desenvolvidas, não se comparavam aos oito originais, e não tinham personalidades marcantes o suficiente para carregar a série adiante.
Bom, sinto dizer que se a sua lembrança de Zero Two é baseada nas impressões da sua infância ou adolescência, certamente há muito espaço para uma interpretação apressada do que é apresentado nos 50 episódios da série. Garanto inclusive que se você rever todos os episódios na idade adulta e com um conhecimento maior sobre o lore e a temática explícita e implícita do universo digimon, uma bela surpresa o aguarda.
Daisuke, o protagonista que carregava agora a representação da Amizade e da Coragem, na superfície era impetuoso e abrasivo. Uma pessoa carismática, mas que parecia se deixar afetar demais com o que os outros pensavam e acabava se desanimando e fugindo de decisões difíceis.
Miyako com sua personalidade e jeito femininos, tinha uma visão negativa sobre si. Capaz de ajudar os outros a qualquer momento, mas que cobrava demais das próprias ações e pensamentos.
Iori, o jovem introspecto, de grande coração e tanta educação, com sua criação restrita, seus pensamentos conservadores e sua inabilidade de se conectar emocionalmente.
Ken Ichijouji, atormentado pelo passado e levado a extremos na tentativa de fugir de si mesmo e de seus verdadeiros sentimentos. Totalmente incapaz de lidar com a bondade de sua própria alma e superar o passado para seguir em frente.
Takeru, provavelmente o melhor em esconder seus sentimentos, sempre com um sorriso no rosto, mas com emoções sempre à flor da pele, explodindo sempre que era incapaz de conter o que sentia e de lidar com os pensamentos e traumas de suas experências familiares e de aventuras não tão distantes.
Por último, Hikari, sempre altruísta demais. De personalidade sociável, simpática e de moral inabalável, mas incapaz de transmitir seus sentimentos de forma assertiva.
Com um salto temporal de três anos e uma abordagem completamente diferente, Zero Two destaca temas como a solidão, a amizade, abrir mão do passado (ou aceitá-lo) para seguir em frente, e a construção da amizade e dos laços com os companheiros de aventura, sejam eles digimons ou humanos.
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Não se enganem, a nostalgia talvez deixe muita coisa passar batida, mas particularmente, nunca fiz vista grossa a essa temporada como muitos. Zero Two é minha temporada favorita, e sempre tive a impressão de que os temas iam além das aventura no mundo digital e focava mais no cotidiano e da vida individual das crianças, para explorar um lado mais emocional e psicológico, com um texto que abraçava as diferenças e celebrava a amizade e as conexões.
Lá nos anos 2000, Digimon foi uma febre e a galinha dos ovos de ouro para produtos, brinquedos, e tudo o que tinha direito. Era uma época diferente, o acesso aos conteúdos era diferente, e a forma de se consumir era uma verdadeira aventura para quem não acompanhava pela TV. Ser então a sequência de uma temporada extremamente aclamada não era uma missão fácil, e até hoje muitos ainda tem essa lembrança de que a segunda temporada era ruim e não tinha o mesmo brilho da primeira. Mas sinto que é crucial frisar que enquanto Adventure explorava os digiescolhidos através de uma perspectiva de vícios, virtudes e descobrimento interior, Zero Two focava nos relacionamentos entre pessoas (e digimons) e como isso é uma parte importante do crescimento e amadurecimento individual.
Antes de mergulharmos de cabeça nos acontecimentos do filme, acho que um breve olhar sobre a história até aqui é importante para entendermos qual a proposta deste filme que tinha a difícil missão de dar seguimento a história do Last Kizuna.
Em Zero Two, uma nova geração de digiescolhidos nasce da necessidade do digimundo de encontrar uma saída para a impossibilidade da evolução. O Imperador Digimon, usando as Torres e Espirais negras, agora escraviza os digimons com o intuito de trazer uma nova ordem ao mundo digital. Ken certamente foi um dos personagens mais bem trabalhados da franquia, começando sua jornada como vilão e aos poucos se tornando uma criança escolhida disposta a pagar por seus pecados e arrependido de todo o mal que infligiu aos outros, destacando a Bondade que habita em todos os seres, e a capacidade de recomeçar as coisas do zero, se desprendendo do passado.
Sem a possibilidade de evolução espontânea ou guiada naturalmente pela parceria com seus humanos, os digimons agora conseguem evoluir através de um tipo antigo de evolução chamada de Armor Evolution (Evolução Armadura) e mais tarde encontram no Jogress (aqui conhecida como Digivolução de DNA) uma forma de combater o nível de poder das trevas cada vez mais absurdo. É dessa incapacidade de evolução, acredito que você leitor se lembre, que os novos digivices são criados, os D-3. Os novos aparelhos possuem também a capacidade de abrir Portais Digitais entre o DigiMundo e o Mundo Real e também abrem novas possibilidades incríveis, como a viagem entre países extremamente distantes.
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Nessa nova aventura, conhecemos crianças ao redor do mundo com seus parceiros digimons enfrentando ameaças globais e até mesmo auxiliando os escolhidos do Japão a combater MaloMyotismon, o renascido Myotismon da primeira temporada que se revela como a mente por trás de todos os acontecimentos.
São essas crianças, junto com os protagonistas da primeira temporada, que acompanhamos nas aventuras no mundo digital e no mundo real, caminhando para um futuro, 25 anos depois, onde cada pessoa no mundo possui um digimon, numa época onde as fronteiras entre os mundos já não existem.
E se por um lado temos mais crianças, mais evoluções, mais digimons, temos também mais solidão, mais receio, mais emoções suprimidas pelo bem de "se encaixar". A solidão e incapacidade de externar os sentimentos, transformado-os em ações ou em palavras, são temas recorrentes dessa temporada que se conecta diretamente a Last Kizuna e, posteriormente, a The Beginning. É nesta história que essa nova geração aprende o poder da amizade. Sim, isso mesmo: o poder que existe na conexão com o próximo.
15 Anos depois
Ainda que sem efeito direto na história, precisamos lembrar que em Adventure Tri (2015) muito do lore de digimon foi explorado (não muito bem, convenhamos), introduzindo de forma mais direta os Cavaleiros Reais, Homeostasis, explorando o crescimento dos digiescolhidos, mas deixando completamente de lado as crianças de Zero Two. Com exceção de Takeru e Hikari, só vimos os escolhidos da segunda geração no fim da história, onde sua ausência foi explicada por um simples "eles estavam presos o tempo todo".
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É lá no Tri, no entanto, que temos a revelação dos escolhidos que vieram antes de Taichi e companhia, das Quatro Bestas Sagradas, e dos planos de Homeostasis (vida digital que governa o digimundo) para manter o equilíbrio entre o bem e o mal no Mundo Digital.
É relevante entender aqui que Homeostasis, essa entidade que mantém o equilíbrio entre o bem e o mal, é o responsável pela criação dos digiescolhidos, dos digivices, dos brasões, e pela parceria entre humanos e digimons. A criação dos digivices e dos brasões foi baseada nos dados do Tai, da Hikari e das outras crianças em 1995 - Na linha cronológica da série - momento em que Parrotmon apareceu e lutou contra um Greymon no mundo real. Momento esse que foi crucial para Homeostasis e seus associados, que já esperavam pelo dia em que o mundo seria coberto pela escuridão e foram apresentados a uma forma de alcançar a evolução graças ao potencial de uma conexão com humanos.
(Esses eventos acima são contados em Digimon Adventure, filme de 1999 que foi lançado no Japão um dia antes da série original)
O nome Homeostasis nunca é citado de fato nas primeiras temporadas, e tirando sua menção nas novels e seu papel mais ativo (e até mesmo antagônico) nos acontecimentos de Digimon Adventure Tri, pouco se nota sobre essa entidade além dos momentos onde assume o corpo da Hikari para transmitir alguma mensagem.
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Apesar de alguns poucos bons momentos, e desse mergulho um pouco maior no lore do mundo digital, Tri peca em não saber conduzir sua história de maneira coesa. Não consegue se agarrar aos personagens, levando-os pelos acontecimentos como meros bonecos, sem personalidade, sem vida, sem desenvolvimento a por muitas vezes indo contra suas personalidades. A proposta de Tri e sua execução acabam entrando em conflito com a forma que as outras obras deste universo são desenvolvidas. E é nessa série de Ovas (foram seis, no total) que vem a primeira "bomba" com o reboot do digimundo e a perda das lembranças dos digimons. O reboot se fez necessário devido aos digimons infectados pela Meicoomon, e à necessidade de Homeostasis de restaurar o digimundo ao seu estado original, onde tais digimons não existiam.
Do outro lado, temos ainda Yggdrasil (computador hospedeiro do mundo digital ) que arquiteta seu plano de reviver os digimons que morreram no mundo real (e portanto, não podiam ser revividos como digiovos no mundo digital) e usá-los para dominar o mundo dos humanos. Tal plano é carregado através de Himekawa, que tem o objetivo de usar o reboot para se reencontrar com seu antigo parceiro Digimon, Bakumon.
Notemos aqui que temos três lados, com objetivos diferentes, e antagonistas que tem sucesso somente em irritar os digiescolhidos e bagunçar ainda mais as coisas. Não só dentro da história, como fora também. Afinal, Tri teve seu hype, mas não ficou bem visto justamente por não encontrar coesão em sua história. As personalidades dos personagens se contradizem, os fatos históricos e a forma como o mundo vê os digimons se contradizem, e no fim foi uma decepção monumental. Não existe uma profundidade verdadeira atrelada ao crescimento dos personagens que amamos. Não temos explicações, não temos uma narrativa que conduz essas crianças para a vida jovem adulta mantendo as características e as vivências que conhecemos.
Temos somente um embate entre Yggdrasil, Digiescolhidos e Homeostasis, sem praticamente nenhuma consequência ou desenvolvimento real. Evoluções forçadas, fanservice que oferece somente desserviço e uma fuga total dos temas que são tão bem trabalhados em Zero Two e, posteriormente, em Last Evolution Kizuna.
A última evolução
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Digimon Adventure: Last Evolution Kizuna tinha uma missão quase impossível de se realizar. Contar uma história sobre as crianças da primeira aventura, agora adultas, e tentar acompanhar o crescimento delas de forma orgânica, coisa que Tri não fez.
Os laços tão importantes que conectavam as crianças e seus parceiros digimons agora estavam em jogo. Crescer significava perder essa conexão, abrir mão dos sentimentos e dos pensamentos infantis e começar a encarar o mundo entendendo que as escolhas do agora impactariam diretamente no futuro. Ou, ao menos é isso o que o filme se esforça para transmitir como mensagem num primeiro olhar.
E sim, temos novamente uma garota com um plano para se reunir com seu parceiro digimon há muito tempo morto. Mas aqui, diferente de Himekawa, temos uma digiescolhida cujo laço com seu digimon parceiro se esgotou. Uma garota de 14 anos que cresceu muito rápido, cuja adolescência se transformou de maneira precoce. Uma mente brilhante que se desenvolveu rapidamente e foi além do que comumente se vive nessa época de descobrimento, de indecisão, de esperança para o futuro. Menoa, a "vilã" do Last Kizuna, queria apenas se reunir com seu parceiro Digimon, Morphomon, mais uma vez.
Tudo isso serve de pano para o verdadeiro conflito do filme, um que por vezes pode passar despercebido nesse primeiro olhar superficial que o filme apresenta: seguir em frente. E esse seguir em frente e deixar a infância para trás normalmente é representado pelo momento em que viramos adultos. Enquanto a série original fala sobre se descobrir, sobre criar conexões com os digimons e entender partes de si que nem sempre estão visíveis, neste filme temos uma corrida contra o tempo onde a parceria que eles carregam desde pequenos está com os dias contados. Aquele amigo de infância deixará de existir. A própria infância e ingenuidade serão deixados para trás. As lembranças das aventuras serão somente isso, lembranças. Ainda assim, Taichi e companhia estão dispostos lutar mais uma vez, preparados para o pior, mas sem aceitar completamente que aquele é o fim.
Imaginem então que existe um lugar onde você pode ser criança para sempre, com seu parceiro digimon ao seu lado, sem medo de crescer, sem medo de perder uma parte crucial do que te fez ser a pessoa de hoje em dia.
Abrir mão de uma amizade que literalmente te salvou tantas vezes e te fez ser uma pessoa melhor é algo inaceitável, ainda mais nesses termos. Se o motivo dos digimons se conectarem tão bem com crianças é por causa de seu potencial ilimitado, o que acontece quando esse potencial atinge seu ápice e a pessoa cresce? Mas será que crescer, se tornar adulto é realmente o problema em questão? Quando nós tornamos adultos, nossas possibilidades se acabam?
Nesse primeiro olhar, o mundo ideal de Menoa foi feito para ter relação com algo bem simples do outro lado da tela: quem via digimon nos anos 2000 hoje cresceu. São adultos presos em fantasias e aventuras que não voltam mais. Sua Terra do Nunca tem esse nome por isso. Nós como espectadores guardamos a imagem dessas crianças exatamente como crianças. Vê-las adultas é também uma forma de estarmos presos na nostalgia e nos momentos em que as coisas eram mais simples.
E é aí que está o trunfo de Kizuna. Não somente em sua bela animação, ou na trilha nostálgica e atualizada. Está na sua lição, na capacidade de fazer o fã, o espectador confrontar seu próprio crescimento e confrontar suas escolhas. Quem somos nós sem nossos digimons? Quem somos nós uma vez que nos desprendemos da nossa criança interior? Será que na vida adulta há lugar para essa criança e para os laços que foram construídos? Será que na nossa vida adulta ainda há espaço para Digimon?
Last Kizuna é um grande soco no estômago por mexer com algo tão precioso: nossos laços, nossas conexões, nossa memória afetiva. Se desprender disso não é fácil. Se em Digimon Adventure 02 temos uma jornada de se desprender do passado e deixar as coisas RUINS de lado, aqui temos outra forma de seguir em frente: deixar as coisas BOAS, as lembranças boas, somente no passado.
Dentro de Kizuna, a história da Sora é um ótimo paralelo para a luta interna de Taichi e Yamato. Sora sente a necessidade de crescer, de tomar sua decisões, mas se encontra em dúvida quanto ao caminho que deve seguir. O laço de Sora com Piyomon, esse que carrega o brasão do amor não por coincidência, tem um papel importante na sua decisão de deixar a infância de lado e virar adulta.
Sora decidiu não lutar como seus amigos. E Piyomon, mesmo em sua personalidade infantil (todos os digimons são puros e infantis, são uma parte interior de cada digiescolhido), mas em seu amor pela Sora, decide ficar ao lado dela, e apoiar a decisão de sua parceira, ainda que isso signifique o fim. O fim de uma parceiria de tantos anos, de uma parceira que foi reconstruída do zero após o reboot ocorrido no Tri. A escolha de ver Sora feliz e apoiá-la também traz uma consequência irreversível. Ainda assim, Piyomon fica ao lado de sua amiga até o fim.
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Temos muitas memórias afetivas das músicas que tocam na série, das sequências de evolução, dos dramas infantis, mas realistas. E é nessa bolha em que nós fãs vivemos. É dessa bolha que a história se aproveita, mostrando que já crescemos, e é importante entender que o que fica lá na infância é insubstituível, mas precisa ser observado com um novo viés.
Numa das cenas mais lindas do filme, Agumon e Gabumon demonstram o quanto ficaram felizes por poder acompanhar o crescimento do Taichi e do Yamato. E nós também compartilhamos desse sentimento. Como ficamos felizes de ver essas crianças crescendo e descobrindo seu futuro? Fazendo suas próprias escolhas?
Kizuna nos deixa uma lição de que a vida adulta é uma escolha necessária e natural, e então toda aventura que surgir a partir desse momento, é o resultado das nossas vivências, do nosso amadurecimento. E é só assim que de fato encontramos nossa última evolução, aquela que é definitiva.
Os laços
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Kizuna significa os laços duradouros entre as pessoas – relações estreitas forjadas através da confiança e apoio mútuos.
É muito importante que também tenhamos um segundo olhar para a mensagem do filme a fim de notar que essa não é a única lição que pode ser encontrada no filme, e o motivo da parceria entre os digimons acabar não é simplesmente "se tornar adulto". Essa é uma teoria proposta por Menoa, baseada na sua experiência e nos seus estudos, mas que não faz sentido quando sabemos que no futuro do Epílogo em 02 todo ser humano possui um parceiro digimon. Inclusive os adultos.
Taichi e Yamato há muito tempo estavam presos nesse momento onde precisavam tomar decisões adultas. Sora precisava decidir entre seguir o caminho de sua mãe com os arranjos florais ou descobrir o que realmente desejava. Menoa, com apenas 14 anos, precisou encarar estas mesmas decisões, e foi nesta situação onde estes escolhidos passaram a negligenciar seus parceiros digimon. Agumon nunca tinha visitado o apartamento onde Taichi Morava. Yamato deixava seu parceiro Gabumon aos cuidados do irmão, Takeru. Entendemos então que não havia espaço para os digimons em suas vidas. Não da mesma forma que antes. E isso é uma escolha, ainda que inconsciente. Taichi e Yamato inclusive brincam com o fato de levar seus parceiros digimons para a faculdade, porque é a mesma coisa que levar uma criança, um irmãozinho para a faculdade. É constrangedor. Os digimons são esse lado inocente, infantil, conectado às emoções dos escolhidos. Eles não se mantiveram parte do cotidiano dos seus parceiros humanos de forma orgânica, natural e intencional. Sora não tem tempo para Piyomon, ela tem coisas mais importantes a fazer. Taichi e Yamato também tem um futuro a decidir. Seus futuros. São estas decisões que em sua grande parte não incluem os digimons em seu dia a dia.
É somente ao encarar a iminente separação de seus parceiros que eles começam a entender que ao negligenciá-los, o laço entre eles se enfraquece e se estingue. Menoa não era adulta quando perdeu Morphomon, percebam. Mas seu amadurecimento precoce e seu desejo de se tornar uma adulta tão cedo a fizeram deixar sua parceira de lado.
Os digimons, de forma bem simples, representam o coração dos seus parceiros humanos, um reflexo daquelas partes que normalmente não se enxerga, de seu potencial. Esses digimons, com suas características que consideramos "infantis", são a imagem das partes que normalmente os Digiescolhidos não se permitem enxergar ou expressar externamente.
Quando acreditamos que uma parte nossa não precisa mais ser desenvolvida, ou não faz mais sentido dar atenção a um sentimento ou atitude, significa que estamos "amadurecendo". E por isso mesmo que acabamos negligenciando certos aspectos de nós mesmos que sempre foram traços ou características importantes e marcantes de nossas personalidades ou de nossas identidades. Para Taichi, era tarde demais para voltar atrás e deixar de negligenciar o Agumon. Sua parceria, que dependia da conexão de seu coração, de sua alma, já havia se esgotado. E como somos obrigados a lidar com as consequências de nossas escolhas, precisamos também usá-las para crescer (evoluir). Não se tornar adulto, mas sim crescer. Abaixo vocês podem ler a tradução da tese do Taichi que demonstra o momento em que ele percebeu a importância do relacionamento e da convivência com os digimons. Da ponte que eles ajudam a criar e do potencial que ajudam a despertar em cada um. Era tarde demais para voltar atrás e fazer escolhas diferentes. Era tarde demais para incluí-los em suas vidas, mas a lição não passou batida por nenhum deles.
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Com esse tipo de conclusão (por ora) ficou a dúvida de como essa questão iria impactar os demais escolhidos, especificamente as crianças de Adventure 02. No entanto, como mencionei no começo do texto, Zero Two é bastante diferente da temporada originais pois foca no relacionamento entre os escolhidos (e digimons) e na importância do crescimento e amadurecimento individual através das amizades.
Se para a primeira geração de crianças essas escolhas e consequências se mostraram conflituosas e angustiantes, levando-os a focar no que era "importante", para as crianças da segunda geração existe um caminho BEM distinto e que pode ser entendido ao se atentar aos detalhes que a história proporciona. The Beginning te dá uma resposta sobre os dilemas de Last Kizuna. E para absorver completamente essa resposta, precisamos entender o quanto Digimon Adventure 02 e Last Kizuna estão conectados.
O começo
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Seguindo a tradição das últimas produções de personagens que perderam seus parceiros digimon, The Beginning traz uma reviravolta interessante. Lui, aquele que é considerado agora o primeiro digiescolhido, matou seu Digimon. Isso mesmo, matou. Parece dark e pesado demais e deixa eu falar: The Beginning é muito PESADO. Se você assistiu ao filme e se pegou cobrindo a boca, ou cerrando os olhos, ou até mesmo emitindo suspiros, gritos, e expressões desconfortáveis então sim, o filme teve sucesso em te transmitir o exato terror dessa situação.
Mas vamos então por partes. The Beginning cronologicamente se passa após os eventos de Last Evolution Kizuna. Não temos no entanto nenhuma menção ao fato da parceria dos digimons com os humanos ter se acabado de alguma forma. O próprio Kizuna não menciona os acontecimentos do Tri, sendo sua única conexão o aparecimento da Mei aprisionada com sua Meicoomon na Neverland de Menoa. Mas irei elaborar mais sobre essa não menção ao kizuna mais pra frente, pois as consequências e confirmações estão sim no filme e, sem surpresa, envolta em muita polêmica.
(Abrindo um parênteses aqui pra mencionar que depois de tudo o que a Meicoomon e a Mei passaram, elas mereciam um pouco mais de destaque e uma história que as fizesse jus, afinal, foram 6 ovas das duas sendo perseguidas por todos, sendo vilanizadas, e não ganhando sequer uma sequência de evolução lógica).
Somos apresentados a um novo personagem envolto em mistérios e que logo revela seu passado traumático com seu antigo parceiro digimon: Ukkomon. Lui, esse garoto desconfiado e introspectivo, revela que foi o primeiro humano a se conectar com um digimon através de um digivice. E que Ukkomon concedia desejos, ainda que ele não soubesse da consequência disso até muito tempo depois. Lui era uma criança atormentada, cuja mãe o espancava e o maltratava. O pai, doente e acamado, recebia os cuidados da mãe que aparentemente dedicava sua vida a cuidar do marido e do filho da forma que podia. Temos então uma criança que sofre abusos em casa, cheia de machucados, que não entende completamente a realidade em que vive, mas que deseja apenas o bem de sua família, a atenção da mãe, deseja ter amigos, se divertir, tudo que uma criança normal quer. É quando então um digiovo aparece em sua frente, e Ukkomom nasce ali mesmo, tornando-se o parceiro de Lui.
Mas espera aí, não faria sentido o Lui ser o primeiro digiescolhido, não é? Afinal, a Himekawa e o Daigo (Adventure Tri) faziam parte do grupo dos primeiros digiescolhidos que salvaram o mundo digital com as Quatro Bestas Sagradas derrotando Apocalymon. E Homeostasis, através da Hikari, já tinha revelado ser o responsável pela criação os digivices, dos brasões, e quem criou essa parceria entre humanos e digimons ao notar o potencial para evolução que já muito não se via no mundo digital.
E olha, essa certamente é a parte mais polêmica do filme. Quando os primeiros spoilers começaram a sair, uma revolta se instaurou no fandom. Afinal, segundo o que é mostrado, quem criou a parceria entre humanos e digimons foi Ukkomon. Por causa do desejo de Lui de que todas as pessoas tivessem um parceiro digimon e fossem tão felizes quanto ele. No entanto, Lui é mais novo que Daigo e Himekawa, então realmente não faria sentido cronologicamente.
Não parece fazer sentido pedir para deixar o lore de lado quando essa análise basicamente mergulhou nele para relembrar os acontecimentos da história até aqui. Mas o ponto importante aqui não é dar um sentido direto a tudo isso de forma linear, por mais que seja possível sim encaixar tudo e usar da boa e velha conjectura pra organizar tudo.
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Já notaram que basicamente todas histórias que não seguem o anime, sejam em filmes ou OVAs tendem a introduzir algum personagem novo? Temos o Wallace em Digimon Hurricane Touchdown, Meiko em Tri, Menoa em Kizuna, e agora Lui em The Beginning. Isso segue uma tendência de explorar a história das crianças que já conhecemos e observar como suas interações são importantes quando colocadas sob uma perspectiva externa. Digimon Adventure 02 sempre foi muito bom em fazer isso, afinal, a série brilhava no desenvolvimento de seus personagens junto com as pessoas ao seu redor.
Brincar com o conceito da primeira criança a ter um parceiro digimon pode parecer batido, já que tivemos diversos casos de crianças que encontraram seus digimons em outras ocasiões. Aqui, no entanto, podemos conjecturar que a parceria entre Lui e Ukkomon se diferencia aqui devido a um contrato. Sendo assim podemos transformar "a primeira criança a ter um parceiro digimon" em "a primeira criança a formar um contrato com um digimon". E isso pode ser visto pela natureza inicial da relação dos dois. Vemos aqui o instrumento de contrato, o Digivice, e toda a dinâmica que se desenrola devido a inocência do pequeno digimon e da inocência de um Lui de apenas quatro anos de idade.
Ao descobrir que seus desejos estão sendo realizados, mas a um preço alto demais para qualquer um pagar, e com consequências impensáveis, Lui tenta matar seu parceiro digimon, que desaparece sem deixar rastros, retornando apenas muitos anos depois. Saímos de uma história de infância, negligência e vida adulta diretamente para assassinato.
E pode parecer algo muito pesado e nenhum pouco condizente com a forma que digimon sempre tratou suas histórias, mas escolhas de tom à parte, nós conhecemos o protagonista desse filme como alguém instrospectivo e traumatizado, incapaz de externar completamente seus sentimentos, com medo de se conectar com pessoas e até mesmo digimons. Lui carregou durante toda sua vida o peso da morte de pelo menos um de seus pais por culpa de Ukkomon e a constante desconfiança de relacionamentos em que ele pode se permitir ser ele mesmo e desejar coisas. Conseguem lembrar de personagens que também possuíam dificuldades parecidas?
Bem, a escolha do elenco de Zero Two não é à toa. Temos aqui um grupo de personagens que imediatamente começa a construir uma rede de suporte para Lui, não somente através do ímpeto de justiça e preocupação, mas também de questionamentos pertinentes. Questionamentos esses que poem em jogo até mesmo tudo o que eles conhecem sobre a origem de suas parcerias com seus digimons. Mas isso não deveria ser surpresa considerando que estes personagens foram desenvolvidos através de situações que os obrigavam a olhar não só para si e seus sentimentos (algo crucial e comum com o grupo dos mais velhos), mas a aprender com as pessoas (e digimons) ao seu redor.
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Eles são o suporte emocional natural pois, desde que se conheceram, essa é a forma com que eles aprenderam a interagir e a crescer como pessoas. Enquanto a jornada dos veteranos gira em torno do autoconhecimento, os escolhidos do grupo de Daisuke vivem através dos relacionamentos com seus amigos, o que consequentemente torna essas crianças mais em sintonia com seus digimons.
Digimon Adventure 02 desenvolve seus personagens de forma que não existe um momento no meio da série em que eles falam sobre seus sentimentos e demonstram terem entendido algo ou tido algum tipo de epifania. Em vez disso, o crescimento deles se encontra na forma como eles interagem uns com os outros.
Essas crianças aprenderam a aceitar ajuda e a se apoiar de forma mútua. Temos a oportunidade de entender quem esses personagens são quando eles interagem entre si. É onde vemos cenas desses escolhidos levando os digimons para a escola, para restaurantes, para todo lugar na verdade. Fica difícil imaginar esses mesmos personagens negligenciando seus digimons, não é mesmo?
É aqui que Zero Two e Kizuna se conectam. Afinal, enquanto em um nós temos a temática de deixar o passado prejudicar demais em nosso presente, interferindo em nosso futuro, no outro temos a visão de como é prejudicial se desprender totalmente do passado, negligenciando certos aspectos de nossas, em favor desse mesmo futuro. No fim, a mensagem é clara: você não pode deixar o passado te segurar.
Boa parte dos episódios de Zero Two se importa em mostrar não somente o sofrimento e o arrependimento de Ken, por exemplo, mas também como os outros ao seu redor lidam com isso. Como eles lidam com alguém que veio de fora, que passou boa parte do tempo como inimigo deles, e que agora está tentando mudar e ser útil.
E em The Beginning é este o ponto crucial. Lui, assim como Ken em Zero Two, Himekawa em Tri e Menoa em Kizuna está deixando que o seu passado o impeça de seguir em frente. E quando Ukkomon aparece numa forma extremamente bizarra e assustadora, é compreensível sua hesitação e seu receio de encarar a situação de qualquer forma positiva e produtiva que seja. Ele não teve uma boa experiência com digimons. Não teve aventuras, momentos de alegria, de superação, de compartilhamento de experiências. Ele somente teve a vivência provavelmente mais assustadora que se poderia ter com um parceiro digimon.
Quando digo que a escolha desse elenco para contar essa história não é à toa, é por saber que por estarem mais em sintonia com seus digimons, e com seus amigos humanos, que essas crianças tem a extrema capacidade de deixar de lado o choque de descobrirem que suas parcerias foram fabricadas e agirem com empatia com Lui. É por terem um relacionamento saudável e genuíno com seus digimons que essas crianças se colocam tanto no lugar do Lui quanto do Ukkomon, afinal, o pequeno digimon também deve ter sofrido. Então para seguir em frente, será que a melhor alternativa não seria realmente dialogar? Se comunicar? Expressar seus sentimentos assertivamente, por mais que exista sim um motivo para ter medo de dar esse passo a frente?
Bem, sabemos que Ken esteve num lugar muito parecido com esse, e seus amigos tiram dessa experiência um aprendizado que aqui é trazido para uma situação com consequências devastadoras como a morte de um parente, a perda de um olho, e tudo mais que aconteceu com o Lui. Não é de se espantar que logo ele se convença a tomar uma atitude e dar o braço a torcer. Estamos falando dessas crianças que estão felizes com seus sonhos e suas vidas e aproveitam cada momento que podem com seus amigos. Eles estão em constante contato com sua criança interior, algo que Lui não pode fazer por causa de seu trauma. Temos o grupo perfeito para encorajar Lui, com personalidades desinibidas, abertas ao novo, com experiências positivas com seus digimons, especialistas em dividir os fardos e as dificuldades da vida com os outros e dispostos a se descobrir a todo momento.
Toda essa perspectiva que temos sobre esse grupo de escolhidos está lá na segunda temporada. O que eles aprenderam nem sempre está descrito de forma didática e direta, mas está lá. Essas crianças mudaram, cresceram e se mantiveram verdadeiros, sem a necessidade (no momento) de pensar demais no futuro ou em coisas difíceis como se tornar adulto, ainda que muitos deles façam isso, eles não levam as coisas a sério demais. E isso é maravilhoso. Esse jogo de cintura, essa leveza, essa atitude é exatamente o que Lui precisa. Toda a experiência com o Imperador Digimon foi um momento de aprendizado para Ken e para seus amigos. É natural que eles consigam enxergar a situação desse novo garoto com um olhar maduro.
E vemos então que Lui aprende em pouco tempo com essas crianças. Ele decide abrir o coração para Ukkomon porque entende ali que precisa seguir em frente. Se prender ao passado e se impedir de viver sua vida não fará bem para ele. Confrontar Ukkomon, e consequentemente seus medos, e a dura possibilidade de que o que aconteceu com ele em parte pode ter sido culpa de seu desejo por aprovação da sua mãe é uma tarefa difícil. Ele tinha descartado Ukkomon por se sentir culpado? Por não conseguir aceitar a verdade?
Bem, apesar de tudo, Ukkomon foi seu único amigo. Ele o salvou da solidão, do medo, da incapacidade de expressar seus sentimentos. O pequeno digimon estendeu sua mão e ficou ao seu lado. E isso é expresso no filme de maneira muito bonita, afinal Ukkomon decide carregar todos os pecados e pagar o preço para que Lui possa seguir em frente.
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Em um dos audiodramas lançados na época do filme, e focado justamente neste sentimento do Lui, temos todos esses questionamentos acima, mostrando que a sensação de culpa e pecado nunca vão desaparecer, da mesma forma que aconteceu com Ken, mas o importante aqui é a decisão de seguir em frente. Juntos. E isso se aplica não somente à relação de Lui e Ukkomon, mas também à relação que essas crianças escolhidas terão daqui pra frente.
Não parecia fazer sentido pedir para deixar o lore de lado, mas o objetivo de The Beginning se torna claro quando levamos tudo isso em consideração. Se formos levar em conta que a conexão entre os digimons e humanos foi fabricada (graças a um poder maior, que sim, pode ser homeostasis) e neste filme temos a dissolução dos digivices, podemos conjecturar que o verdadeiro laço não será quebrado por causa disso. Agora provavelmente é o momento interessante de mencionar que mesmo no epílogo de Zero Two, os adultos e crianças de 25 anos no futuro estão juntos de seus digimons, mas nenhum deles possui um digivice.
Se esse grupo passará pelo mesmo que Taichi, Mimi, Sora, Yamato, Koushirou e Joe certamente passaram, não sabemos. Mas considerando como eles possuem experiências diferentes e uma abordagem muito mais desapegada pela vida, não consigo imaginar que a dissolução das parcerias deles venha a acontecer. E creio que isso seja também um ponto de debate paras as pessoas que se perguntam porque o tema da dissolução não é mencionado no filme. Mas se observarmos, tivemos uma morte dissolução entre Lui e Ukkomon, e tivemos respostas sobre como possivelmente os digimons dessas crianças não serão negligenciados. As crianças do 02 já conviviam no dia-a-dia do mundo real com seus digimons, eles já faziam parte de seu cotidiano de maneira natural, eles estão genuinamente felizes em interagir um com os outros e de fazer parte da vida uns dos outros, sem precisar de um inimigo causando confusão para que possam se reunir. Veemon não desgruda do Daisuke na loja de Lámen, Hawkmon viaja pelo mundo com a Miyako, Takeru leva o patamon para todo lugar de carro, Tailmon está tão envolvida com as crianças quanto a Hikari. Iori carrega um tatu pesado por aí para tudo que é aula, e isso é NORMAL para eles.
Digimon Adventure 02: The Beginning pode chocar, deixar dúvidas, mexer com o lore como nenhuma outra obra de adventure fez antes, mas sua mensagem se utiliza desse desconcerto para dar possíveis repostas para questões que envolvem o futuro, para colocar a relação entre as crianças e os digimons no holofote, e mostrar como os temas dessas séries se interconectam. Se "crescer" parecia algo ruim em Kizuna, aqui podemos entender de fato que esse não é o problema. Se prender ao passado pode te impedir de viver o futuro, e se preocupar demais com o futuro pode te impedir de viver o presente. E isso não é uma mensagem somente construída em 1h20 de filme, mas que vem desde Zero Two e Kizuna, que se dispõem a construir esses personagens e seus relacionamentos com os amigos, com os digimons, com o futuro, com seus sentimentos, com suas atitudes, com suas escolhas.
De um lado uma obra que se utiliza de um tom mais moderno e puxado para o terror psicológico para contar a história do primeiro digiescolhido. Do outro, temos esse grupo de personagens que se aceita, que se apoia um no outro e que cresce através de sua amizade. Zero Two sempre foi sobre como interagir com os outros, como se apoiar, como expressar os sentimentos, e como estar em sintonia com sua criança interior proporciona uma perspectiva esperançosa e positiva a esses personagens, ainda que de forma prática eles tenham seus muitos defeitos e até mesmo futuros muito menos engajados e promissores que seus veteranos.
Seja se propondo a superar o passado para seguir em frente ou amadurecer com o apoio de seus amigos, Digimon continua importante em seus questionamentos. Então por mais polêmico que seja usar o encerramento da conexão entre Ukkomon e Lui, personagens novos, como explicação para a parceria entre os digiescolhidos e também para a destruição dos digivices, acredito honestamente que The Beginning acrescenta tanto ao lore e ao desenvolvimento dos personagens, mas novamente, é preciso realmente olhar e analisar esse filme não somente pelo que ele é, mas também tudo o que a história até aqui nos apresentou para tentar fazer sentidos dessas revelações e do desenrolar dos acontecimentos.
E sim, muito do que foi falado acima parte de muita conjectura, expectativa e de pedaços de informação espalhados por 25 anos de Adventure. No entanto, assim como os personagens cresceram, nós fãs também crescemos e precisamos desenvolver um olhar mais crítico e apurado para entender o que está sendo mostrado. Muito daquilo que podemos considerar atitudes chatas ou irresponsáveis, irritantes de muitos personagens faz parte do desenvolvimento desses personagens que acabamos deixando passar batido presos nos recursos narrativos e visuais que são escolhidos para contar essa história, sejam eles evoluções chamativas, níveis de poder, roupas, escolhas de cenários, de cores, etc. Todos esses elementos são escolhidos intencionalmente para se contar uma história, e Zero Two certamente vai parecer um anime diferente se você, assim como eu, assistí-lo mais velho.
No fim, a aventura continua evoluindo, e dessa vez tivemos grandes revelações que solidificam ainda mais as relações entre humanos e digimons, e se os dois últimos filmes provaram algo, é que Adventure ainda tem muito o que contar.
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Pensamentos posteriores:
- Não parece interessante que no começo de Zero Two, essas crianças que estão se conhecendo ainda não conseguem se expressar e se entender, mas conforme elas se unem e aprendem umas com as outras elas desenvolvem a capacidade de literalmente unir seus digimons para alcançar um poder maior?
- O diretor de The Beginning já deixou claro que não gostava da ideia de estar preso a um Epílogo de algo que foi feito há mais de 20 anos atrás, mas no fim ele acabou dando uma solução bem simples para as coisas.
- Ver os Digivices desaparecendo doeu, vou confessar. Mas essa decisão abriu as portas para o futuro de maneira fenomenal.
- O ovo do Ukkomon reaparecendo na cena pós-créditos abre muitas possibilidades, principalmente para o retorno do Agumon, Gabumon e dos outros cujas parcerias se encerraram. Dessa vez, sem um contrato, sem digivices ou brasões. Talvez no fim, a partir do momento que os escolhidos entendem mais sobre si mesmos, se aceitarem, e escolherem viver plenamente, sem estarem presos ao passado, seja quando os digimons renascerão de alguma forma.
- Para uma primeira postagem, sei que ficou extremamente extenso, mas considerando a confusão que The Beginning gerou por parecer quebrar o lore e não desenvolver os personages, precisei mergulhar de fato numa análise mais detalhista sobre a trama e o desenvolvimentos dos digiescolhidos.
Abaixo, alguns sites e blogs que usei como referência e base para minha análise.
Análises aprofundadas sobre Digimon: Shihanne's Blog
Notícias e entrevistas: With The Will
Tradução do AudioDrama de The Beginning (Em inglês): DigiLab
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