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poemas & prosas por Eduardo Sinkevisque
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blogmenos · 2 days ago
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treta é uma palavra mais antiga que possa supor a nossa vã língua de grupo. não sou etimólogo, nem vou refazer a história do termo. quero apenas dizer que encontrei esse termo usado por um tradutor do século XVII espanhol de Luciano. e conheço o termo da boca de portugueses contemporâneos que nem de longe são da quebrada. e eu nem sou de treta. a grande treta eu dispenso. nem mamo mais na grande teta. abdiquei dela faz tempo. o divertido é pensar em 10 minutos objeto, hipótese e resultados iniciais. me defendem como de Aquiles escudo os slides e meu mercurial também poder de síntese. antenado na língua ática mesmo no médio didático, no chão, não rústico, nem alto estilo, tenho evitado anacolutos, suspenções, reticências. nem lacunas. equilibro-me entre coesão e coerência sem ser sentencioso. estou no devir do encontro entre chegadas e partidas, tanto no clichê quanto na tópica. e se o amor é para uso tópico, topos. Ney Matogrosso eu ouço. Jesuíta o queria mais indígena. e que tivesse Paiaçu como foi Vieira. vou à Granja Viana antes de amanhã pegar a Dutra. vou ver Bebé e Patrícia. um encontro que era para ter acontecido há muito. passou da hora. stop, chega. em pensar que foi O Rabo da Gaja que fez isso.
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blogmenos · 4 days ago
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Carmem. quando a vi, era Carmem. não era mais tão menina esguia. trazia consigo um peso de assim se passaram os anos. e aquela pinta pouco acima do lábio superior à esquerda de quem vê irretocável. marca. perpétuo afeto. Carmem, não Carmenzinha, nem Carmenzita. feminino lunar, saltos altos. tacones. quando a vi cri. tagarela amparei o choque. Carmem com filtro. não de Bizet, nem de Saura. Carmem quarentona.
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blogmenos · 4 days ago
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se eu ainda escrevesse cartas a meu pai, hoje teria que lhe dizer que ontem fui assinar O Rabo da gaja ou o cu da rapariga (Diário de Clarice), romance que publiquei pela Editora patuá em 2023, na Feira do Livro de São Paulo, na Praça Charles Miller no Pacaembu. mais do que assinar livros que amigos queridos compraram (e espero leiam) eu abracei e beijei esses amigos. e que alegria ver na tenda da Patuá Nancy Casagrande, Lula Maluf, cujo nome parece contradição de termos; Patrícia Azevedo (Pat Borges); Ju Borges; Seu Zé Batalha e Mônica Borges. ah, e Serginho e Vera, uns queridos. por pouco não vi Eduardo Duwe, mas vi, beijei e abracei Keila Costa. e vi Clarinha com 17 anos já. Clarinha eu vi nascer. quando a visitei recém nascida me lembro de ter visto em seu rostinho uma luz que só quem acabara de mamar pode ter. eu vi Clara iluminada. ah, e vi meu xará Eduardo Sterzi e Veronica Stigger. foi pena não poder ter ouvido a fala dela na mesa em que ela participou, pois bem no horário de minha sessão de autógrafos na tenda da Patuá. e como distraídos venceremos o engraçado do dia foi que ao ir assinar o Rabo da gaja que Ju Borges comprou por livre e espontânea pressão ao sentar e dizer que era apenas para assinar o livro e eu logo desocuparia a moita, quer dizer, a mesa e a cadeira, dei de cara com Giuliana Xavier que não via há uns 15 anos e com quem namorei (contra ou a favor, já não sei) por nove meses. foi ela quem abriu o blogmenos no tumblr para mim, escolhendo a roupagem da página. foi o tempo de me surpreender, errar a data do autógrafo no exemplar da Ju, perguntar sobre o filho e a mãe de Giuli. ah, e dizer, como um hipocentauro desconcertado vocês são Jus, Ju e Giu, ambas Julianas quase desenhando a ortografia que as difere. dizer um verso bem bonito, adeus e ir embora rindo de nervoso com Ju Borges que sacou tudo. mana, que óooootemo te ver! e que delícia estar com você no equívoco que foi ver Giu. outra coisa engraçada foi que escolhi levar uma caneta com opções de cor de tinta. e assim eu assinei os livros conforme as escolhas de cor dos leitores. foram verde, vermelha e preta as cores do meu arco-íris ontem. e se na véspera eu bebi quentão, ontem cerveja. fui embora com saudade da feira já. quem sabe amanhã eu passeio por lá novamente e espalho meu estilo antes de ir para o RJ para uma banca de qualificação de doutorado justamente sobre estilística. mas antes disso eu te digo, mana: o Rio de Janeiro há de continuar lindo e ser o Rio onde eu sou mais Sinkevisque.
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blogmenos · 7 days ago
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hoje enquanto caminhava de braços dados com minha mãe para ir ao cartório, ao Poupa Tempo e almoçarmos no Shoppin D, eu me lembrava de quando criança que andávamos pela Volunrtários da Pártia de mãos dadas. ela me guiava, me segurava porque se não eu correria como é das crianças récem aprendidas a andar até boa parte da infância. hoje eu a segurava ou ela se segurava em mim, eu a amparava. e também me lembrei do Zé que gostaria de saber que acompanhei Edith. mais 80? prioridade máxima. Edith sentada no cartório e eu fazendo tudo. a rigor, ela não precisava ter ido, mas como tinha que ir ao Poupa Tempo, fomos. ela foi. senta aqui, mãe. que vou me informar, mostrar documentos, pegar sua senha prioridade máxima que não precisava de agendamento. chamaram nossa senha. fica aqui que vou lá. fiz tudo, Edith foi ao guichê somente para assinar. mesma senha para fazer a fotografia e registrar impressões digitais. na hora da foto Edith quis fazer com óculos justificando usar desde os dois anos de idade. não pode, mãe. regra da PF. aceitou. feito, saímos e fomos almoçar. eu um bobó de camarão, ela lasanha, como a menina do Poder Ultra Jovem. eu tal qual o pai do Poder Ultra Jovem: camarões. café e sobremesa. eu só bebi um carioca pequeno. ela um capuccino e uma fatia de bolo de laranja com cobertura. braços dados novamente andando vagarosamente, pegamos um táxi. e eu olhei pro menino da Voluntários da Pátria e dei tchau pra ele. meu coração ficou apertado mesmo quando Edith disse: sabe quanto tempo que não ando sozinha num shopping ou na Voluntários da Pátria? eu queria andar sozinha. é temeroso isso, mãe. outro dia a gente vem no shopping só pra ver vitrine. eu dei tchau pra aquela mãe que dizia na volta a gente compra. hoje a frase quase fui eu quem a disse. agora, eu apenas tinha que respirar, porque debaixo d'água tinha que respirar. me apazigua tudo isso ter sido feito em mais de 4 horas. sem um climão, sem uma discussão ou cara feia. eu fui o filho de minha mãe. ela a mãe de seu filho. e quer saber, leitor em lágrimas? a gente espalhou gentileza. e a gente recebeu gentileza. e como diria o Zé: deu tudo certo.
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blogmenos · 8 days ago
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São João e o carneirinho
aguardo São João. dos santos juninos o meu preferido. Pedro, com a chave do céu encerra os festejos. Antônio abre. foram as quermesses na escola e igreja, no clube, na praça, na rua. tem junho que passo São João em Peruíbe. o santo é padroeiro da cidade. São João Batista. este ano passo dia 24/06 no Rio de Janeiro. pena cair a data numa terça-feira. se der certo, se calhar vou à Feira de São Cristóvão. ao menos à tarde há de ter festa lá. se não abstraio a efeméride e passeio pelo Cosme Velho. queria dizer que talvez possa ir à rua de Mata Cavalos, mas ela já não existe, a não ser na prosa de Machado. não sei. na fotografia em P/B digitalizada a festa junina é no aniversário do Zé, que nasceu no 25/06/1934. era no tempo que as crianças iam às festas, faziam as festas, eram as festas. a festa junina da fotografia foi na Maria Curupaiti, no sobradinho da vila onde vivi até meus 10 anos. no São João muitos estarão a dormir. o Zé estará a dormir, mais tia Sofia, tia Teresinha. até o menino Júlio, que dormiu precocemente. eu vou ser o balão no daqui a uns dias São João. eu vou ser aquele que acende a fogueira, e os estalos das biribinhas e os estrondos dos morteiros. quieto, constrito vou olhar para dentro como olho agora. o mundo em bandeirola.
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blogmenos · 10 days ago
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Sobre Ode à Errância
por Eduardo Sinkevisque
Não precisava. Mas errar uma hora todo mundo erra (…)
Jacyntho Lins Brandão
Se tem uma coisa que Jacyntho Lins Brandão acerta é em seu mais recente livro de ficção Ode à Errância (Patuá, 2025).
Explico. Os contos que compõe o livro têm todos enredos que giram em torno de situações e/ou personagens erráticas, que derrapam, que, por mais precisas e rigorosas que sejam ou tenham sido, equivocam-se, erram. É nesse erro que o autor acerta, e muito.
Para não fugir às histórias contadas em Ode à Errância, invento-me um comentador também errático, que derrapa, que calcorreia.
Eu seria menos errado se não partilhasse da máxima de Oswald de Andrade, premissa também do livro de Jacyntho Lins Brandão: “com ‘a contribuição milionária de todos os erros’ ”. Isto se explicita logo na epígrafe, inclusive com a grafia da palavra erro estando errada desde Oswald: “eros”. Então, o livro conta com a contribuição do erro e de Eros, o deus. Mas, também com “amor / humor” oswaldianos.
Ao ler os contos não conseguia me esquecer do impacto de quando enfrentei o livro de poemas Harsíase (Patuá, 2024), também de Jacyntho Lins Brandão, para escrever comentário n’ A Terra é Redonda.
Entretanto, não era sobre dar voz ao morto o que lia dessa vez, nem era o mesmo tom do livro em prosa que eu tinha visto (e talvez esperasse ver) no livro de poemas do mesmo autor.
Em Ode à Errância, o imortal pela Academia Mineira de Letras, o professor emérito, helenista etc., etc., etc., premiado por Harsíase, dono de uma extensa obra acadêmica, põe em cena tipos que no auge de sua maturidade patinam em suas jornadas. Tipos risíveis, cômicos em mistura do sério com o jocoso, do dramático com o cômico. Aspecto dramático mais forte ainda se lembrarmos dos anos 60/70/80 em que a ditadura militar (1964-1984) é aludida e / ou é pano de fundo de alguns dos contos ainda que narrada de modo leve, despretensioso.
Digo das personagens, das histórias, mas poderia dizer isso dos climas que as histórias evidenciam com vivacidade, dos esquecimentos, das pequenas confusões, de demonstrações de fragilidade presentes nos enredos.
Não pensava em escrever sobre o novo livro de contos de Jacyntho Lins Brandão.
Enquanto ia avançando na leitura dos contos, apenas conseguia me divertir, rir, mas aquele riso de canto de boca, de constrangimento pelas situações e personae das e nas situações.
Até que comecei a fazer anotações e uma ideia também “fixa” começou a me rondar. A imagem do anão que sobe no gigante para se tornar grande e poder enxergar longe me perseguiu na leitura toda de Ode à Errância. Eu me imaginei subindo num gigante para poder escrever sobre os contos do volume.
Então, daqui de cima, montado na montanha monstruosa que são as histórias contadas no livro, consigo destacar um núcleo de contos que mais me moveram a escrever este comentário. E escolher um conto para tentar me deter indicando aos leitores que também subam nesse gigante.
Embora os contos tenham vida própria, ou seja, possam ser lidos, e devam ser lidos, de modo individual, pois encerram cada um deles enredos próprios, há uma série de contos de quase mesmo nome, com a mesma personagem. Estou me referindo à “Clepsidra”, desdobrado em 5 contos, e me referindo ao conto “Câmara Sombra”.
Em “Clepsidra”, temos a “fala do professor X, no X Congresso Mundial de Literatura Oral”. O relógio de água fica impreciso na fala do professor. Ele se perde, ele erra. Em “Clepsidra 2”, temos o “Primeiro conto reunido pelo Professor X”. Nele “não se conserta erro com erro”. Em “Clepsidra 3”, o leitor encontrará o “Segundo dos contos recolhidos pelo Professor X, que inicia com “ ‘Foi um erro’ ”. “Clepsidra 4”, o meu preferido entre os contos (juntamente com “Câmara Sombra”) e entre os com nome Clepsidra, é o “ Terceiro dos contos reunidos pelo Professor X”. Por sua vez, “Clepsidra 5” é outra “[f]ala do Professor X no XX Congresso Mundial de Literatura Oral, dez anos depois em relação à temporalidade do conto “Clepsidra”, que iniciou a série. Num “Apêndice s/nº”, o Professor X volta e encerra o volume, talvez um alter ego do autor, ao menos nessa reunião de contos.
“Câmara Sombra” emula uma carta. Nela se conta a história da morte de Roland Barthes, onde o termo “sombra” parece emular em chave irônica o termo “clara”, em equívoco, do conhecido livro Câmara Clara, de Roland Barthes. O narrador performatiza tensão entre eficácia e ineficácia; eficiência e ineficiência; certo e errado; fracasso e sucesso, sendo o sujeito apto e inapto ao mesmo tempo ou se equilibrando nessa corda bamba.
O mais divertido nesse conto é o fato de o narrador nos lembrar que Barthes foi atropelado e morto, justamente ele que foi um dos principais teóricos da “morte do autor”, que “decretou a morte de todo e qualquer autor”. Divertido para quem lê a ironia fina em Ode à Errância.
Somente um intelectual do porte e da estirpe de Jacyntho Lins Brandão, somente alguém com maturidade o bastante para rir de si mesmo para, no ápice de seus conhecimentos e de tamanha potência pensante, ter a generosidade de inventar e oferecer histórias de erros, equívocos, lapsos, e tudo o mais que os dicionários conceituam como errante / errância ou próximo disso: histórias de quem erra, anda ao acaso, é itinerante, desviado do bom senso, desmedido.
Tiradas todas as máscaras, talvez o leitor possa ver o rosto de Jacyntho Lins Brandão rindo de si e do outro, das histórias que oferece ao outro e ri com o outro.
Talvez não apenas como deleite Ode à Errância possa ser lido. Não apenas como ensino, mas como dotado de docere e delectare, mesmo não sendo os contos histórias exemplares. Porém, justamente, por serem histórias nada exemplares e residir essa ironia na grande chave de leitura do livro.
No fim das contas, ops dos contos, desço do gigante. Não sou anão, nem nada parecido. Tendo o tamanho que tenho e sem máscara rio do frágil, do pequeno, do constrangedor que é ser humano, se é que isso existe.
Um último comentário: os narradores em Ode à Errância, parecem-me todos narradores que, embora envolvidos na ação e na trama, são narradores distanciados, estrangeiros, estranhos, cujo ponto de vista me parece ser o do kataskopos típico da tradição luciânica, que o Professor Jacyntho conhece muito bem, talvez não o Professor X.
Voltando ao início: o que era erro ficou acerto também, como foi o acerto em toda a contribuição com teses, artigos, livros acadêmicos, orientações etc., do professor Jacyntho Lins Brandão, que se permite em Ode à Errância calcorrear pela estrada pedregosa da prosa de ficção mais ou menos curta em extensão, ou seja, do conto.
Se tem uma coisa que faço e julgo acertada é ler com lápis. Assim eu fiz, isto é, apontei meu lápis tão logo abri Ode à Errância. Penso que nisso acertei.
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blogmenos · 11 days ago
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hoje quase vi Lenora
na rua
e digo hoje
para que amanhã
saibam que foi hoje
cabelos longos cacheados
sobretudo
e botas
na esquina de sua antiga
casa
onde edifícios
derrubaram pinheiros
mas o clube de futebol
continuou a sujar uniformes
de terra vermelha
Lenora me levou à Nora
e se numa continuação
descontínua e desmedida
de diário
as duas amantes futuras?
futuros amantes
de escafandro
de Nora a Dora
Rainha do frevo e do maracatu
Oh Dora, Oh Nora, Oh Lenora
hoje eu quase me vi
e digo hoje para que saibam
disso amanhã
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blogmenos · 15 days ago
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prima,
foi um barato ter ido ao Posto de Saúde tomar vacinas com você. eu depois, finalmente, comprei tinta para minha impressora. abastecido de carga preta e colorida, testei a máquina. calibrada, funcionou. o scanner independe de tinta já funcionava. a copiadora já não. ela necessitava de tinta. agora eu clamo por Dios e por Júpiter. as traduções-controle do prof. dr. de Coimbra são escorreitas, fluidas e elucidativas. ele arrola também provérbios adaptando às vezes ao contexto cultural português, ou seja, adapta provérbios. ao menos ele não inclui provérbio castelhano, nem português no texto de Luciano. ele estabelece paralelos entre provérbios. isso era de se esperar. neste sentido, Custódio Mangueijo entrega tudo. penso sempre, Iza, naquilo que me disse sobre ingestão de proteína para minimizar dosagem de açúcar. foi um barato ver o jacaré na sua camiseta quando você foi vacinada. enquanto você foi à farmácia eu conversei com o motorista quebrando o gelo. no fim das contas ficamos camaradas, chapas mesmo. ele super elogiou você no que concordei em gênero, número e grau. cá entre nós, que Henrique Cairus não nos ouça, nem a faperj, mas por eu ter uma compreensão maior em português por motivos óbvios, reconheço mais graça no Luciano do Mangueijo. por outro lado, talvez não seja apenas uma questão linguística eu reconhecer nas traduções do Luciano para o espanhol menos graça, um texto mais duro e, depois, em castelhano seiscentista, clerical, que emula Cícero, que emula Erasmo, que emula Luciano também, mesmo este sendo ático. digo menos graça, não ausência. encontro passagens risíveis tanto em espanhol quanto em português. no mais o dia transcorreu frio. eu me dei abrigo nos livros.
Duda.
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blogmenos · 16 days ago
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antes que eu faça uma viagem ao redor de meu escritório, lembro-me de que uma vez li que Mário de Andrade subiu as escadas do sobrado em que morou na Barra Funda em estado febril e passou a madrugada escrevendo Pauliceia Desvairada, que à altura era Paulicéia. eu era jovem, estava na graduação ainda. fiquei impactado num misto de crença e de descrença, mas como na altura eu era o último romântico, romantizei a cena, normalizei a cena. e tive vontade de viver algo semelhante ao que lera. ter vontade é diferente de ter inveja. eu admirava Mário, como ainda o admiro. entretanto escrevi uma série de poemas que chamei de sinfonia numa madrugada. eu não tinha a pesquisa que Mário certamente tinha. eu tinha anos e anos de noitadas entre Paulista e Consolação, Bixiga e Marquês de Itu. também me lembro que no último dia que escrevi a primeira versão do Rabo da gaja eu fiquei o dia todo escrevendo, e vinha acumulando 6 meses diários de escrita do romance. naquele dia, já noite, eu tive febre. e desliguei tudo em casa, apaguei as luzes e fui dormir sem saber se acordaria no dia seguinte. tanto sinfonia quanto romance eu reescrevi muitas vezes. o romance publiquei pela Patuá. a sinfonia, série de poemas, está inédita. e a febre? já escrevi muito em estado febril. recentemente escrevi novas cartas caiçaras, Cartas a meu pai, uma escrita de luto, em luto que, ao contrário do que imaginaria, não escrevi em estado febril. foi um misto de urgência com digestão, elaboração que foi mansa, transcorreu mansa. mas eu tinha o céu de Peruíbe e marinhas de lá e o mar para me ajudar. não acho saudável escrever febril. e já não sou mais o último romântico. porém, continuo esperando o beijo que me resgate e xeque-mate.
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blogmenos · 17 days ago
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aquele guri vindo
do Sul
parecia Belchior
o conheci num voo
para o Ceará
aquele guri
me lembrou
a mim mesmo
carregando livros
num outro voo
a gente subindo
o país
eu-sozinho-cheio-de
livros
atravessando
o Atlântico
aquele guri
ficou um guapo rapaz
não me peça
para escrever
uma cantiga como
se deve
um beijo breve
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blogmenos · 17 days ago
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Tumblr media
na edição extra de aniversário de 15 anos do blogmenos eu deixei de publicar este poema que encerra as Novas Cartas Caiçaras. publico hoje.
Pós-escrito às Cartas a meu pai: Novas Cartas Caiçaras
Coisas que ficaram
faltando fazer
e elas não têm a menor
importância
e vão ficar faltando
porque não são
elas que faltam
mas quem com quem
seriam feitas
O espelho de um interruptor
o puxador de uma gaveta
um reparo num corrimão
e aquela conversa
nunca tida
sempre prometida
E agora que as cartas
se findam
e a vida se finda
a permanente finitude
é o que fica
A lição de voar
andar no chão
e velejar
Vai, pai, eu te vejo
águia, não mas passarinho
e dos ninhos que você
construiu
e nos deu guarida
o guardião agora sou eu
Imagem: William Feitosa Nascimento
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blogmenos · 19 days ago
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quando me vejo
em ângulos que
não estou acostumado
a me ver
me estranho
quando não estou acostumado
a me ver me estranho
estranhos são o factual
e o factoide
quando os vejo
pão de queijo industrializado
dono do capital
waffles
as datas, os artigos
as prerrogativas
o bem comum
a razão de Estado
quando não estou
em mim
quem é o outro que me acode?
Armas de Portugal
contras as de Holanda?
Restauração de Pernambuco?
no metrô, estação Restauradores
eu beijei você na boca
e todos os livros
da Biblioteca Nacional
e da Torre do Tombo
se abriram
por baixo os trens
por cima os aviões
e eu aqueduto romano
de Lisboa
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blogmenos · 20 days ago
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Zamba, Zambelli, Zambalele
Zambalele tá doente
tá com a cabeça
quebrada
Zambalele precisava
ter o passaporte apreendido
ou ter prisão preventiva
decretada
Zamba, Zambelli, Zambalele
Zambalele tá lascada
Zambalele precisava
de tornozeleira eletrônica
Zamba, Zambelli, Zambalele
Zambalele tá ferrada
em Italiano
Zambalele tá fottuto
e nóis tá como?
dando risada
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blogmenos · 20 days ago
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Vindo para USP de busão, passo em frente onde o Zé alugava uma vaga de garagem na época que trabalhou na Consolação. Angélica, que saudade. Daí lembrei de um domingo que fui almoçar no Família Manccini, que fica na Avanhandava perto do tal estacionamento, com um primo e outra pessoa que não quero expor. Depois do almoço que foi daqueles que terminam tarde, fomos ao show de Ângela RôRô. A pessoa que não quero expor dirigia o carro do Zé, que o havia emprestado. Como o show era perto do tal estacionamento, no SESC, paramos o carro do Zé na vaga alugada. Detalhe a gente fumou um. E saímos tortos da garagem. O show da Rô Rô tinha participação de Denise Stocklos que fazia umas esquetes de mímica. Inclusive da cena em que supostamente Ângela RôRô agrediu Zizi Possi. Eu tava tão torto que mal me lembro do repertório do show. Lembro que foi impactante presenciar aquilo. Eu era moço. O Zé era jovem ainda. E o cheiro do Beck? Voltamos pra casa com as janelas do carro aberta.
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blogmenos · 21 days ago
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vontade de dizer pra uns dois ou três do app de pegação que eles são uns estúpidos, pretenciosos, sisi na sua etc. digo não. bloqueio. mesmo que não se dirijam a mim. a salada de repolho cortado fino com cenoura ralada ficou ótima. sem pretensão, nem estupidez. caiu bem com arroz cateto cozido novo e com o escabeche de sardinhas. Luciano na Espanha do século XVII (e porque não em Portugal também já que as edições circularam lá também e no caso de Lagunas ele foi editado em PT)?) é Ancien Régime. muito que bem, eu li os textos de meu corpus. eu li mais 6 traduções que não eram do corpus. nelas, sem pretensão, nem estupidez, há algo que nas outras havia e algo que torna tudo mais instigante e interessante. Luciano por Bartomé Leonardo de Argensola e Sancho Bravo de Lagunas também acomodam suas traduções segundo sistema de crenças católicos de seu tempo. fazem um Luciano cristão como os cinco portugueses que também traduzem Luciano nos séculos XVII / XVIII. Há nos dois espanhóis de minhas leituras finais do corpus da pesquisa de pós-doc que empreendo semelhanças no que toca ao tema tradução cultural, recepção, apropriação etc., entretanto há neles uma questão importantíssima dos século XVI ao XVIII. Argensola incorpora em suas traduções do samossateno o conceito de Razão de Estado, Antigo Regime total. Lagunas não deixa por menos, insere-se na política das mercês, Antigo Regime total. mais do que isso, que comprava minhas hipóteses de recepção, matérias paralelas como ciceronianismo e ersasmismo de possíveis modelos retóricos parecem se apresentar também nesses dois últimos tradutores. sem pretensão, nem estupidez eu digiro os pretenciosos e estúpidos do app de pegação enquanto digiro o arroz cateto e a sardinha. qualquer dia escrevo sobre esse tipo de discurso. esse do app. por ora, eu não estou nem aí. eu gosto mesmo é de comer com coentro. e em SP pode até haver amor. agora, paulistano que come com coentro é difícil.
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blogmenos · 23 days ago
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antes que o finde se acabe, preciso dizer, querido diário, que as sardinhas frescas, limpas e sem a espinha central, que cozinhei na pressão com tomates, alho, cebolas e temperei com páprica apimentada e doce, pimenta do reino branca moída, azeite e sal ficaram bem boas. e que ao terminar texto e slides da apresentação de quarta-feira próxima na Cátedra Jaime Cortesão (FFLCH/USP) já posso escrever para mim. já posso voltar a coser para dentro. não o outro, o espião, denunciante do Tribunal do Santo Ofício, Duarte Guterres Estoque. vai ser uma alegria proferir comunicação em lugar tão especial para mim. fui bolsista da Cátedra Jaime Cortesão / Instituto Camões por 3 meses durante parte de meu mestrado. tenho amigas caríssimas ligadas à Cátedra. então, falo de mim, de sardinhas. e por que não de pimentos? sozinho eu cometo uma traição a amigos. sardinhas na brasa ou cozidas na pressão são para se fazer e comer com amigos. fizemos isso em Santa Teresa certa vez, graças a Cris que comprou as sardinhas e o coentro. eu gosto mesmo é de comer com amigos. e de comer com coentro. reparei ontem que uso muito mais vezes a adversativa mas em detrimento de usar porém ou contudo, ou entretanto. me policiei a esse respeito. falo de mim é uma frase e tanto, hein leitor psicanalista? discorro. no prédio de História da USP eu já vi e vivi de tudo. já vi expulsarem fascistas. já bati cabeça pro Lula no estacionamento às vésperas da campanha de 2022. no dia que defendi doutorado, Will estacionou seu carro ali, e fomos almoçar antes de eu enfrentar a banca. acho que naquele prédio só não beijei na boca. falo de mim. já posso voltar a ler traduções de Luciano. na quarta-feira falo do outro.
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blogmenos · 23 days ago
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O bom menino não só não faz xixi na cama, guarda a roupa recolhida do varal, como arruma a cama. Ouve Só as mães são felizes e pensa em sabão líquido íntimo feminino. Sabão de buceta, de xereca, de xoxota. Uma vez escrevi xoxotinhas hilstianas, xoxotinhas líricas numa novela. O sabão íntimo feminino faz muita espuma e cheira a casa toda. Cassia Eller a riscar o fósforo, tragar e soltar. Wally Salomão a fazer às vezes de Gregório de Matos. Triste Bahia. Não são os nomes que gosto. Gosto dos modos, dos estilos. Sinestesias apreendidas. Coisas da vida. tempo de mexericas. Aroma de cítricos nas mãos. Sabão líquido íntimo feminino. Sabão de buceta. PH. íntimo.
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