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brasilafricano · 5 years
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Cidade de Deus - CRÍTICA
Tão real que é como se estivéssemos assistindo a um documentário. Essa foi a sensação que tive ao assistir Cidade de Deus (2002). Com impecável estrutura narrativa, roteiro, fotografia, direção, movimentos de câmera e montagem da obra, Fernando Meirelles mostra a realidade de pessoas que vivem em regiões periféricas como a Cidade de Deus com chocantes cenas de violência e criminalidade. Através da narração de Buscapé, os personagens são apresentados numa quebra cronológica extremamente bem feita que torna a história envolvente e com diferentes pontos de vista. Não há vilão nem mocinho, apenas a realidade e as consequências da desigualdade social.
A representação da convivência das crianças, em maioria negras, com a violência dos bairros pobres é alarmante. Vemos jovens roubando, traficando, portando armas, fugindo de tiros, protegendo seus irmãos mais velhos criminosos, presenciando a morte de seus pais, sendo violentados e até mesmo mortos injustamente pela polícia. Basicamente é o retrato de crianças que não tiveram o direito de viver uma infância.
O personagem Dadinho é o perfeito reflexo da criança que, assistindo aos mais velhos cometendo crimes, deseja seguir o mesmo passo. Ainda criança, o garoto ia aos locais que seriam roubados junto com o Trio Ternura, grupo que costumava fazer pequenos assaltos na Cidade de Deus nos anos 60, porém era constantemente humilhado por eles. Assim, em uma revolta, ele engana o trio em um assalto a um motel fingindo que a polícia estava chegando, para que os três garotos fugissem, e, então, entra no local e mata todos ali presentes. Com isso, a trajetória criminosa de Dadinho se inicia e, junto a ela, o desejo de se tornar o mais temido comandante de tráfico da Cidade de Deus, o que, através de matanças e tomadas de bocas de fumo, consegue anos depois, quando já é conhecido pelo nome Zé Pequeno.
Em um ambiente como a Cidade de Deus, o traficante torna-se sinônimo de sucesso, porque é ele o mais respeitado, endinheirado e poderoso do local, além de ser a pessoa que, de certa forma, protege a comunidade. As crianças veem no tráfico uma saída para acabar com a vida de humilhação e pobreza que possuem. É isso que acontece com o Caixa Baixa, grupo de crianças que sonham em ser como Zé Pequeno, se espelhando completamente em sua trajetória e almejando chegar onde ele chegou. Inclusive são elas que, ao final do filme, matam Zé Pequeno, utlizando as armas que o próprio deu a elas, com o desejo de tomar seu lugar.
Também são os garotos do Caixa Baixa que vemos assaltando comércios da própria comunidade, mais por diversão e treino do que pela necessidade do dinheiro, mostrando mais uma vez que a criminalidade é vista por essas crianças de uma maneira glamorosa. Por causa desses roubos, Zé Pequeno decide puni-los com um tiro no pé ou na mão. Essa cena é agoniante porque são crianças muito novas passando por uma punição desumana até para um adulto e vivendo uma humilhação, violência e medo surreais, mas que são extremamente reais em nosso país. Além disso, nessa mesma cena, Filé, que deve ter no máximo 12 anos e é convidado para andar com a turma de Zé Pequeno, é obrigado, por Pequeno, a dar um tiro em um dos garotos do Caixa Baixa. É perceptível em seu olhar que ele não gostaria de fazer isso, evidenciando a inocência que há nessas crianças e a falta de oportunidade, porque se Filé enxergasse outro caminho, ele não estaria ali. Mesmo assim, Filé faz o que Pequeno exige por medo e vontade de fazer parte daquele grupo tão admirado por todos os jovens.
No momento do filme em que é explicado como funciona o tráfico, mostrando que se trata de um verdadeiro negócio, em que há fornecedor, linha de montagem e até plano de carreira, as crianças são apresentadas fazendo parte dessa estrutura, “trabalhando” nos menores cargos para que sejam promovidas ao longo do tempo. Mais uma vez a infância delas é deixada de lado.
Apesar de esta crítica ter focado nas crianças, o filme é bem mais rico que isso. Há diversas questões colocadas em pauta ao longo da narrativa e, ao fim, há, por um lado, a sensação de satisfação devido ao fato da obra ser excepcional, e, por outro lado, o sentimento de que nossa sociedade precisa de reparo urgentemente.
Por fim, deixo a frase do filme, dita por uma criança, que mais me marcou e que resume as questões aqui discutidas: “Que criança? Eu fumo, eu cheiro, já matei e já roubei. Sou sujeito homem!”.
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brasilafricano · 5 years
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Quando me descobri negra - CRÍTICA
Em um país em que o presidente afirma que “racismo no Brasil é coisa rara”, um livro como Quando me descobri negra é extremamente necessário para apresentar a realidade de nossa sociedade que, mesmo tão miscigenada, é racista. A leitura é leve, porém aplica um peso na alma do leitor. Principalmente se este for, como eu, branco. De uma maneira poética e sentimental, o racismo é mostrado nos pequenos gestos, falas e exclusões que acontecem diariamente. Apesar de curtos, os relatos que compõem o livro Quando me descobri negra são tão densos e emocionantes que é possível fazer uma grande análise e crítica de cada um individualmente. Mas, como este blog é voltado ao tema infância, selecionei aqueles que se encaixavam nessa categoria para, a partir das escritas de Bianca Santana, refletirmos sobre alguns dos problemas que crianças negras passam na sociedade contemporânea.
Um assunto abordado mais de uma vez na obra e que é a temática do título do livro é a questão de crianças negras não se enxergarem como negras. No primeiro relato, intitulado de “Quando me descobri negra’, a autora afirma que demorou vinte anos para se entender como negra, mostrando que os termos “moreno” e “morena” são constantemente usados para classificar as pessoas negras de pele clara, que são comuns no Brasil devido à miscigenação. O uso desse termo acontece porque no nosso vocabulário, que é racista, as palavras “negro” e “negra” são associadas a coisas negativas. Assim, não é afirmado que uma criança é negra porque é, erroneamente, considerado uma ofensa, então ela é definida como “morena”. Porém, é de extrema importância que as pessoas negras saibam, desde a infância, sua identidade e sua origem. “Fui branqueada em casa, na escola, no cursinho e na faculdade. É como disse Francisco Weffort: o branqueamento apaga as glórias dos negros, a memória dos líderes que poderiam sugerir caminhos diferentes daquele da humilhação cotidiana, especialmente para os pobres.”, diz Bianca Silva ainda no primeiro relato de seu livro.
A importância de se entender como negra e orgulhar-se disso é mostrada ainda mais claramente no relato “Eu sou morena”, em que a autora conta a história de Lili, de cinco anos, a única negra dos quatro irmãos. A garota, mesmo com tão pouca idade, já percebeu que ser negro é visto como algo ruim e, por não ter encontrado sua identidade, devido às questões já ditas antes, ela mesma se branqueia, se afirmando como “morena” e enraizando o racismo em si. Em “A primeira crônica” é nos apresentado uma menina que não quer ser negra: “Teve uma vez, na terceira série, que a professora elogiou o bronzeado da Vivian quando ela voltou da praia. Sem ninguém perceber, coloquei meu braço perto do dela e comparei: a cor era a mesma. Que alívio! Era isso, então. Eu tomava muito sol.”. A garota discorre sobre não gostar do próprio cabelo, o classificando como “ruim”, contando que os meninos a chamavam de vassoura e afirmando que enquanto ela não tiver cabelo liso jamais será bonita. A meu ver, essa necessidade que meninas negras sentem de terem cabelo liso e de se parecerem o máximo possível com suas amigas brancas vem da falta de representatividade negra na mídia. Enquanto as crianças negras olharem para os modelos, personagens, apresentadores e celebridades e só encontrarem a beleza branca, a Nati da crônica “Desculpa, Nati” achará que faz “uma falta danada ter um cabelo que crescesse pra baixo, não pra cima”. Esta crônica ainda mostra que o racismo é inserido rapidamente nas crianças, quando Nati mostra que quer ter cabelo liso para poder ter amigos.
O relato intitulado “Alemão” é um dos mais pesados de todo o livro. Fala de Eduardo, um garoto negro de dez anos que vive em uma periferia. O texto abre caminho para refletirmos sobre a constante violência em que crianças periféricas (em sua extrema maioria, negras) estão expostas. O fim do relato (“Começava a se concentrar na pergunta que copiou da lousa quando viu o coturno do policial. Levantou a cabeça. A mãe ouviu o disparo.”) me lembrou da fala de Taís Araújo em seu TED de 2017, em que ela afirma que seu filho, negro, tem que evitar sair na rua de chinelo, sem camisa e mal vestido mesmo tendo apenas seis anos. O homem negro já é visto como infrator pela sociedade e pelos policiais desde sua infância. Mesmo quando ele só está, como Eduardo, fazendo a lição de casa.
Quando me descobri negra traz empatia, representatividade e realidade. É importante ser lido por pessoas negras, principalmente mulheres, porque levará identificação e a sensação de que não se está sozinho. E, ao branco, a leitura é obrigatória, pois faz com que  a causa racial seja entendida, mostrando que o racismo não é só agredir fisicamente um negro, e leva à reflexão: Será que cometo atitudes racistas no meu dia a dia? Ao fim, a autora pede para esse leitor branco: Se já foi racista com uma preta ou um preto, tente não repetir.
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brasilafricano · 5 years
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Sobrevivendo no Inferno, Racionais MCs - CRÍTICA
Não é à toa que Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais Mc’s, é o álbum mais importante do rap brasileiro. Com o tom agressivo já característico do grupo de rap, cada música de longos minutos que compõem o álbum é um relato sobre o que é ser negro e periférico no Brasil que, devido ao rico uso de palavras, atinge o ouvinte como um soco no estômago. Como a grande maioria dos raps, o ponto forte das músicas é a letra, sua narrativa e seu significado, deixando o instrumental em segundo plano. Entendo esse álbum como um desabafo e uma crítica, onde homens negros que nasceram em periferia mostram à sociedade a realidade em que vivem pela perspectiva deles, já que a mesma é retratada somente pela perspectiva da mídia branca.
Após cantarem uma oração a São Jorge em “Jorge da Capadócia” e fazerem uma forte introdução em “Genesis”, o álbum começa realmente em “Capítulo 4, Versículo 3”, já com dados sobre a violência policial contra os negros e a falta de negros em universidades. A música “To Ouvindo Alguém Me Chamar” conta a história de vida de um negro que entrou para a criminalidade, mostrando a triste e cruel realidade daqueles que vivem do roubo, não vitimizando-os, mas humanizando-os. Nessa composição há diversos momentos que falam sobre a criança de periferia e como ela está sujeita a se tornar criminosa tão precocemente. Em um desses trechos, mostra como foi a infância de Guina, um conhecido ladrão que é personagem da música:
Lembro que um dia o Guina me falou Que não sabia bem o que era amor Falava quando era criança Uma mistura de ódio, frustração e dor De como era humilhante ir pra escola Usando a roupa dada de esmola De ter um pai inútil, digno de dó Mais um bêbado, filho da puta e só Sempre a mesma merda, todo dia igual Sem feliz aniversário, Páscoa ou Natal Longe dos cadernos, bem depois A primeira mulher e o 22 Prestou vestibular no assalto do busão Numa agência bancária se formou ladrão Não, não se sente mais inferior Aí neguinho, agora eu tenho o meu valor
Em “Rapaz Comum” Edi Rock mostra como a vida negra é frágil, em que se torna normal amigos e conhecidos morrerem em tiroteios, e, ao fim da música, o narrador que é morto a tiros, mostrando que se tornou estatística e narrando seu próprio velório. “Diário de um Detento” faz referência ao diário de Jocenir, que escrevia sobre sua vivência no presídio do Carandiru, e fala sobre o trágico massacre que ocorreu ali, matando 111 presos, como se seres humanos pudessem ser descartáveis.
As composições de Sobrevivendo no Inferno são extremamente densas, fazendo com que seja necessária a percepção, a análise e a reflexão de cada frase dita pelos Racionais. Sendo assim, apesar das breves menções a algumas músicas nos parágrafos anteriores, neste post escolhi focar em “Mágico de Oz”, que reflete por completo a vivência de uma criança negra e periférica.
O nome da música é referente à Terra de Oz, cenário do conto infantil O Maravilhoso Mundo de Oz. Escrita por Edi Rock, ela é iniciada com a fala de uma criança, Pulga do ABC:
Comecei a usar pra esquecer dos problemas Fugi de casa Meu pai chegava bêbado e me batia muito Eu queria sair desta vida O meu sonho? Estudar, ter uma casa, uma família Se eu fosse mágico? Não existia droga, nem fome e nem polícia
Assim, inicia a história sobre um menino morando na rua. Ainda criança, confia mais em traficante do que em polícia, já que é esta que mata os moradores de periferia. O menino começa a usar crack, entrando no vício das drogas de maneira precoce, tanto para se aquecer do frio da noite quanto para esquecer seus problemas. Então, Edi Rock diz que o menino “viu a malandragem com o bolso cheio”, mostrando que, em um ambiente onde as pessoas que possuem a “melhor vida” (no sentido financeiro) são aquelas que vivem do crime, é normal que a juventude de periferia se espelhe nesses exemplos, entrando, também, para o tráfico. No trecho “Dizem que quem quer segue o caminho certo, ele se espelha em quem tá mais perto”, o rapper reafirma essa questão de jovens se espelhando em traficantes e, mais do que isso, faz uma crítica ao discurso meritocrático conservador. Essa questão da inexistência da meritocracia é mais uma vez levantada em “Hey mano, será que ele terá uma chance? Quem vive dessa porra merece uma revanche”. Em outro trecho, “Ninguém liga pro moleque tendo um ataque, foda-se quem morrer dessa porra de crack”, é pontuado o preconceito que há contra usuários de crack, mesmo quando estes são crianças, tirando o valor de suas vidas. No último verso da música, Edi Rock conta que deu dinheiro a um moleque que pediu “Qualquer trocado, qualquer moeda, me ajuda, tio!” mesmo sem saber o que o garoto faria com o dinheiro:
Se diz que moleque de rua rouba O governo, a polícia no Brasil, quem não rouba? Ele só não tem diploma pra roubar Ele não se esconde atrás de uma farda suja
Por fim, o rapper diz que gostaria que Deus ouvisse sua voz e transformasse ali no Mundo Mágico de Oz, ou seja, um mundo do jeito que Pulga do ABC, a criança da introdução da música, deseja.
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brasilafricano · 5 years
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África Brasil, Jorge Ben - CRÍTICA
“África Brasil” é o nome perfeito para definir o que é o álbum de Jorge Ben Jor. O instrumental de todas as músicas do álbum nos remete, ao mesmo tempo, uma brasilidade e uma africanidade, pois Ben Jor utilizou de instrumentos que foram desenvolvidos pela matriz africana brasileira para compor a musicalidade de seu trabalho. Além disso, a guitarra elétrica presente em algumas faixas do álbum remete à música negra estadunidense que, acredito eu, foi utilizada pelo cantor com a intenção de um reconhecimento internacional, que de fato houve. Apesar de belas composições as quais decorrerei em breve, o ponto alto do álbum é essa deliciosa mistura de gêneros que resultou em ritmos dançantes, envolventes e extremamente afro-brasileiros.
É importante lembrar que na época de lançamento do álbum, anos 70, o Brasil vivia a triste e censurável época da Ditadura Militar. Sendo assim, não é esperado que haja músicas com explícitas críticas sociais, ao contrário do álbum Sobrevivendo no Inferno, dos Racionais MC’s, em que farei a crítica no próximo post. Ao invés disso, Jorge Ben Jor mostra sua identidade negra através de muitas referências à cultura e história africana-brasileira. Em “África Brasil (Zumbi)”, o cantor faz uma grande homenagem ao Zumbi dos Palmares, o líder quilombola brasileiro. Em “Cavaleiro Do Cavalo Imaculado”, chama São Jorge de “príncipe de toda a África”. Em “Xica da Silva”, fala sobre a histórica Chica da Silva, nascida da união de uma escrava com um português, que, não alforriada pelo pai, foi vendida como escrava para o médico João Fernandes que, ao se apaixonarem, alforriou Chica da Silva, fazendo ela viver como uma senhora rica e importante daqueles tempos. Essa música pode ser vista, também, como uma forma de falar sobre mulheres negras ricas que, mesmo tendo dinheiro, ainda passam pelo racismo. Também identifiquei uma crítica na música “O Plebeu”, em que conta a história de um casal que seria feliz se ele, o homem deste casal, não fosse pobre. Numa suave e romântica melodia, é mostrado que a desigualdade social interfere nas relações pessoais.
Em seu álbum é perceptível o gosto que Jorge Ben Jor possui pelo futebol, esporte extremamente afro-brasileiro. Em “Camisa 10 Da Gávea” homenageia Zico, memorável jogador brasileiro do Flamengo. Em “Ponta de Lança Africano” é contada a história de um jogador de futebol africano chamado Umbabarauma. E na música “Meus Filhos, Meu Tesouro”, entrando no foco deste blog, o menino Arthur Miró quer ser jogador de futebol. Se no atual Brasil, mesmo com cotas e afins, as oportunidades de futuro para um garoto negro e pobre já são escassas, nos anos 70 a situação era mais agravante. A visão de senso comum era que esse garoto só possuiria dois destinos: ou se tornaria jogar de futebol, ou bandido. Sendo assim, era muito comum (e ainda é) que o sonho de garotos negros de periferia fosse esse, inclusive era o sonho de Jorge Ben Jor em sua infância.
A música que mais chamou minha atenção foi “A História de Jorge”, me trazendo a sensação de uma criança esperançosa, onde qualquer sonho pode se tornar realidade. Mas minha recomendação é de todo o álbum África Brasil, que apresenta uma afro-brasilidade alegre, colorida, cultural e dançante.
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brasilafricano · 5 years
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Meu crespo é de rainha - CRÍTICA
Com a absurda falta de representatividade negra na mídia, principalmente nos anos 90, época de lançamento do livro nos Estados Unidos, em que não haviam tantas campanhas exigindo a representação de negros quanto há atualmente, é de extrema importância que existam obras infantis que tenham como objetivo mostrar a beleza da negritude às meninas negras. Meu crespo é de rainha faz lindamente esse papel. Com ilustrações graciosas, que mostram meninas negras com diferentes cabelos e penteados, bell hooks apresenta um poema empoderador e, apesar de uma linguagem simples, por ser infantil, de muita força.
No livro Quem tem medo do feminismo negro?, da ativista Djamila Ribeiro, ela conta que, em sua infância, se enxergava como “neguinha feia do cabelo duro” e que mesmo após fazer várias químicas relaxantes, alisamentos e escovas, procedimentos que faziam mal a seu couro cabeludo, não se sentia satisfeita, pois, em suas palavras, “meus cabelos não ficavam como eu fantasiava, como os da moça da capa de revista”. Além disso, a autora relata que, sendo a única negra da escola, sofreu muitos insultos racistas voltados a seu cabelo, o que a fazia gostar menos ainda dele. No livro Quando me descobri negra, de Bianca Silva, também há relatos de garotas que odiavam seus cabelos crespos, eram xingadas por eles e começaram a usar químicas fortes nos cabelos já na infância. Sendo assim, é perceptivelmente comum meninas negras se sentirem insatisfeitas com seus cabelos e, mais do que isso, sofrerem agressões verbais por causa deles. Isso é acontece porque, como já mencionei, apenas a beleza branca é enaltecida. O cabelo liso está nas modelos, nas bonecas e nas protagonistas de novela. O crespo, nas mulheres colocadas como feias. Por essas questões, é importante que Meu crespo é de rainha seja lido, não só por crianças negras para que elas percebam a beleza de seus fios, mas por crianças brancas para que ajude-as a não enraizarem o racismo que é tão cedo inserido na cabeça dos jovens. 
As palavras usadas por bell hooks para definir o cabelo crespo são essenciais para a construção da autoestima de uma garota negra que vive o racismo diariamente. A autora define os cabelos negros como “uma coroa, cobrindo cabeças cheias de estilo”, mostra que existem muitas maneiras de usar o cabelo (e nenhuma delas é alisando ou usando fortes químicas), afirma que crespo é “macio como algodão” para desvalidar xingamentos como “cabelo duro” e “cabelo ruim” e ainda usa o termo “pixaim” de maneira positiva.
Meu crespo é de rainha é um ótimo livro para uma mãe ajudar sua filha a construir um amor próprio ou ajudar seus filhos a entenderem a diversidade de aparências e etnias que há no mundo. Além disso, acredito que a deliciosa leitura, mesmo sendo infantil, possa levar autoestima a mulheres negras de qualquer idade.
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brasilafricano · 5 years
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TED da Taís Araújo - CRÍTICA
O título “Como criar crianças doces num país ácido” é a frase perfeita para resumir os dez minutos da brilhante palestra de Taís Araújo. É interessante analisar os desafios pelos quais uma criança negra pode enfrentar no Brasil através da preocupação de uma mãe que se questiona qual a melhor forma de criar seus filhos em uma sociedade preconceituosa e desigual. Ela percebe que não é adequado jogar sobre suas crianças as tristes vivências e mágoas sofridas por ela, mas necessita de uma forma de prepara-las para o racismo, para que não que enfrentem o mundo de maneira ingênua. Essa fala é importante para que seja criada a consciência de que, se ser mãe já é difícil e traz muitas inseguranças e incertezas, ser mãe de uma criança negra deve ser pelo menos duas vezes mais delicado.
Em uma ótima dialética, toda a sua inquietação é transformada em fortes frases. Taís afirma que seu filho não tem o poder de usufruir da liberdade, pois, mesmo sendo uma criança, pode ser visto como um bandido ao sair de casa desarrumado. E ainda prevê que, quando ele for adolescente, não terá o direito de ir para a escola com seu boné e seu andar jovial sem correr o risco de ser abordado violentamente pela polícia, ou de pessoas mudarem de calçada e esconderem seus celulares. Isso me traz uma reflexão do quanto o racismo supera as classes sociais. Taís Araújo, uma mulher rica e famosa, se preocupa com questões que, teoricamente, seria preocupação de pessoas pobres. Mas, não é. É preocupação de negros. O filho dela, mesmo possuindo milhões como herança, será visto como o que ele é: negro. E o negro é, em nossa sociedade, lido como ladrão, pobre, drogado ou traficante.
A atriz apresenta dados: enquanto, em 2015, o número de feminicídio contra mulheres brancas caiu 9%, o feminicídio contra mulheres negras aumentou 54,8%. A filha dela, mesmo criança, mesmo com pais famosos, está no grupo de pessoas que mais são mortas no Brasil. Penso na necessidade de dar proteção que uma mãe de uma menina negra deve ter. Eu, sendo mulher branca, desde criança deixo minha mãe aflita sempre que saio de casa. Imagine então para a mãe negra, que precisa dizer a sua filha que ela corre muito mais riscos do que outras pessoas simplesmente por causa, não só de seu gênero, mas de sua cor.
Saindo do recorte infância, eu gostaria de decorrer sobre a minha parte preferida do discurso de Taís Araújo. Ela esclarece que a violência e a falta de segurança que têm no Brasil só existem por que há pessoas com uma vida precária. Então, para melhorarmos a vida de todos de uma sociedade, é necessário melhorar a vida dessas pessoas. E, para isso, é preciso olhar para o outro com atenção e cuidado. Termino com a frase dita pela atriz que se encaixa em qualquer militância: “As diferenças não são um problema desde que elas não causem desigualdade”.
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brasilafricano · 5 years
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Museu Afro Brasil - CRÍTICA
Apesar de ser difícil encontrar o Museu Afro Brasileiro no Parque Ibirapuera, devido à falta de indicação, nos primeiros minutos dentro do museu já é perceptível que a procura vale a pena. Não exagero ao afirmar que esse é, a meu ver, o melhor museu que há na cidade de São Paulo. Tanto devido à temática, quanto a estrutura, tamanho, acervo, e informações contidas nele.
O museu ocupa três andares de um espaço enorme. No acervo permanente encontram-se livros, engenharias, pinturas, adereços e objetos, todos criados por artistas negros e enaltecendo a cultura afro-brasileira. Na parte de “Design e Tecnologia no Tempo da Escravidão”, a qual não consegui identificar se fazia parte do acervo permanente ou temporário, há muitos instrumentos de trabalho confeccionados e utilizados por negros escravizados na época da escravatura. Além disso, há o espaço de “Arte Antiga e Contemporânea” em que são encontrados muitos vestuários, peças de cabeça e tecidos de origem africana, além de apresentar a religiosidade do povo afro-brasileiro, tanto a cristã, quanto as religiões de origem africana, e mostrar obras de artistas da atualidade que representam a afro-brasilidade. Por fim, há a carcaça de um navio negreiro, que traz tanta curiosidade quanto um aperto no coração, pois é impossível não imaginar tantas pessoas sendo transportadas de maneira desumana naquilo que um dia foi um navio. Esse eu considerei o ponto alto do passeio. Ao redor da carcaça, nas paredes, há imagens de negros escravizados e, mais uma vez, sinto o aperto no coração.
Mesmo com a intenção de aproveitar cada detalhe do museu sem preocupações, passei todo o trajeto procurando imagens, objetos ou o que fosse que remetesse à temática infância. Encontrei algumas representações de crianças negras em fotografias e pinturas, além de alguns objetos, como bonecas. Mas duas coisas tomaram minha atenção. A primeira é a fotografia “Punição com palmatória” (c. 1860-1865) em que mostra uma mulher branca dando palmatórias em um menino negro, provavelmente filho de escravos dessa mulher. A outra é uma parte do museu dedicada às amas-de-leite. Elas eram mulheres negras, geralmente escravas, que cuidavam dos filhos das mulheres brancas as quais elas trabalhavam. Como a principal função delas era a amamentação, as amas-de-leite eram mulheres que tinham seus filhos pequenos e, sendo assim, era muito comum que essas crianças negras fossem, obrigatoriamente, colocadas em segundo plano pela mãe para que ela cuidasse do filho de uma mulher branca, deixando de lado, assim, o afeto e a educação de seu próprio filho. A pintura do acervo que mais me marcou foi a “Mãe Preta (estudo)” (1918) de Lucílio de Albuquerque, que mostra uma ama-de-leite amamentando uma criança branca enquanto seu filho está deitado no chão. Ao fim deste post, há um vídeo gravado e editado por mim com as imagens relacionadas à infância, mostrando a parte das amas-de-leite e as duas imagens citadas aqui.
O Museu Afro Brasileiro é de extrema importância. Ele leva uma identidade ao negro brasileiro, mostrando toda a pluralidade que há nessa cultura, a importância dela para o nosso país e a força que os afro-brasileiros tinham em tempos piores, dando resistência aos que, ainda hoje, enfrentam o racismo.
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brasilafricano · 5 years
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Sobrados e mucambos: “O pai e o filho” - CRÍTICA
Com o pouco conhecimento que tenho em relação ao Gilberto Freyre e seu trabalho, pré-julguei que a leitura do texto “O pai e o filho” de seu livro intitulado Sobrados e mucambos seria complexa e de difícil entendimento. Me surpreendi com uma escrita simples, em que o autor conta de forma direta e histórica sobre os meninos que viviam no Brasil entre o século XVIII e XIX.
O capítulo inicia falando que, no Brasil patriarcal, o menino tem duas fases: a angelical, que é até os seis anos, e a do menino-demônio, que ocorre dos seis aos treze anos. É nessa segunda fase que ele é inferiorizado em relação os homens adultos e, assim, fica sob os domínios do pai e dos mestres dos colégios de padre. Esse poder do patriarca castigava cruelmente o menino, Freyre até compara esses castigos com as violências sofridas pelos escravos: “Castigo por uma sociedade de adultos em que o domínio sobre o escravo desenvolvia, junto com as responsabilidades de mando absoluto, o gosto de judiar também do menino”. Mas, com a educação dos jesuítas, a autoridade paterna sob seu filho é enfraquecida, mesmo criando adultos passivos e subservientes.
O que me chamou atenção nesse início é que esses meninos que recebiam educação nos colégios de padres não eram somente brancos, pois há trechos como “Foi das mais poderosas, no sentido daquela integração, sua influência sobre os filhos dos ricos e sobre os meninos caboclos (...)” e “(...) os jesuítas impuseram (a cultura precoce) aos filhos mais inteligentes dos colonos e aos culuminzinhos arrancados às tabas, à força de muita disciplina e de muito castigo”. Isso me traz uma reflexão: Por que seria do interesse dos jesuítas dar educação aos negros e indígenas? A conclusão que chego é que essas crianças não brancas estavam ali exclusivamente para aprenderem o cristianismo. A religião também era ensinada para os brancos, mas estes, devido aos colégios de padre, se tornaram figuras da política, das letras e das ciências brasileiras. Acho extremamente improvável que os meninos negros e indígenas tiveram o mesmo futuro.
O preconceito linguístico e um pouco racista foi o meu maior incomodo durante a leitura. O autor, ao decorrer sobre os esforços dos colégios de padre de conter os excessos de diferenciação da língua portuguesa no Brasil, usou frases como “Ainda hoje os membros de certas famílias ilustres de engenho ou fazenda se deixam identificar por vícios de pronúncia particularíssimos, que pegaram com os negros dentro de casa” e “(...) muitas senhoras, verdadeiras negras no falar, comendo os rr e os ss no fim das palavras, trocando os rr por ll (...)”.
Saindo do assunto negritude, gostaria de pontuar o quanto a educação jesuíta pode ser semelhante à educação atual. Geraldo Freyre afirma que a precocidade era estimulada, fazendo os meninos se tornarem adultos o mais depressa possível. Além disso, o texto fala da competitividade entre os garotos, em que os melhores eram colocados em destaque. Hoje, as instituições de ensino aplica muita responsabilidade em cima de jovens, forçando-os a tomar decisões importantes muito precocemente e também incentivam essa competição entre estudantes.
As últimas páginas do texto mostram as mudanças após Pedro II entrar no poder, em que meninos muito jovens passaram a tomar o cargo que antes eram ocupados por homens experientes, decorrendo um pouco mais sobre essa precocidade já mencionada. Esses meninos ocupando cargos eram brancos, levantando mais uma vez o questionamento de onde estavam aqueles caboclos que também estudaram nas escolas jesuítas.
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brasilafricano · 5 years
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Sobrados e mucambos: “O pai e o filho” - DOCUMENTO
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FICHA TÉCNICA
Autor: Gilberto Freyre Editora: Global Editora Ano de lançamento: 1936 (edição atual: 2003) País de origem: Brasil Idioma: Português Número de páginas: 1008
“O pai e o filho”, capítulo III do livro Sobrados e mucambos de Giberto Freyre, retrata a figura da criança entre o século XVIII e XIX com o declínio do patriarcado rural no Brasil. Freyre decorre sobre a figura paterna que antes de 1840 era extremamente respeitada e ao longo dos anos foi perdendo seu prestígio, sendo substituída pelos jesuítas, que exerciam uma pedagogia sádica no menino. Além disso, o texto mostra a precocidade com qual os meninos se tornavam (ou aparentavam) adultos e algumas mudanças que ocorreram após Dom Pedro II entrar no poder.
O livro completo é de domínio público e está disponível para leitura aqui.
Capítulo lido por mim dia 08/05/2019
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brasilafricano · 5 years
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Museu Afro Brasil - DOCUMENTO
Localizado no Pavilhão Padre Manoel da Nóbrega, dentro do Parque Ibirapuera, o mais famoso parque de São Paulo, perto do Portão 10, o Museu Afro Brasil é uma instituição pública, subordinada à Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e administrado pela Associação Museu Afro Brasil - Organização Social de Cultura. É um museu histórico, artístico e etnológico, voltado à pesquisa, conservação e exposição de objetos relacionados ao universo cultural do negro no Brasil. Inaugurado em 2004, ele conserva,  em 11 mil m², um acervo de aproximadamente 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XV e os dias de hoje. O acervo abarca diversas facetas dos universos culturais africano e afro-brasileiro, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a diáspora africana e a escravidão, e registrando a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira. O museu também oferece diversas atividades culturais e didáticas, exposições temporárias, conta com um teatro e uma biblioteca especializada.
Seu funcionamento é de terça-feira à domingo, das 10hs às 17hs, com permanência até às 18hs, sendo R$ 6,00 o ingresso e R$ 3,00 a meia-entrada, com entrada gratuita aos sábados. 
Fontes: [1] e [2]
Segue abaixo um vídeo com algumas das imagens feitas por mim em minha visita ao Museu Afro Brasil no dia 31 de março de 2019. 
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brasilafricano · 5 years
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TED da Taís Araújo - DOCUMENTO
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O TED da Taís Araújo “Como criar crianças doces num país ácido” aconteceu em agosto de 2017 no Allianz Parque, estádio localizado na cidade de São Paulo. Em 10 minutos e 24 segundos, Táis fez um discurso que tem como temática principal os riscos que os filhos dela, crianças negras, correm vivendo no Brasil. Ela fala sobre condição sexual, desigualdade de gênero, desigualdade social, feminicídio e racismo no Brasil. 
Taís Araújo é uma das atrizes negras mais bem sucedidas do país, sendo a primeira protagonista negra de uma novela brasileira. A carioca de 40 anos usa sua visibilidade para dar voz ao empoderamento negro e à militância por igualdade racial.
Fonte: [1] 
Acessado por mim dia 06/05/2019
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brasilafricano · 5 years
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Meu crespo é de rainha - DOCUMENTO
Meu crespo é de rainha, escrito pela autora e teórica feminista bell hooks, foi originalmente publicado nos Estados Unidos e no Canadá com o título original Happy to be Nappy no dia 10 de setembro de 1999 pela editora Jump At The Sun no idioma inglês. Com ilustrações de Chris Raschka, o livro infantil apresenta um poema que celebra o cabelo afro feminino. Em português, a obra de 32 páginas foi publicada no Brasil pela editora Boitatá no ano de 2018.
Com mais de trinta livros e numerosos artigos acadêmicos publicados, a principal temática das obras da escritora estadunidense de 66 anos bell hooks é interseccionalidade de raça e gênero, englobando assuntos como capitalismo,  sistemas de opressão, sexualidade, mídia de massa e classe social.
Fontes: [1] e informações disponíveis no livro
Lido por mim dia 06/05/2019
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brasilafricano · 5 years
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África Brasil, Jorge Ben - DOCUMENTO
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FICHA TÉCNICA
Lançamento: 1976 Gravação: 1976 Gêneros: Samba, samba rock, soul, funk Duração: 40:10 Número de faixas: 11 Idioma: Português Formato: LP Gravadoras: Philips Records e Polysom Produção: Marco Mazzola Arranjos: Jorge Ben Jor (base), José Roberto Bertrami (orquestra) e Marco Mazzola (vocal)
FAIXAS
Lado A
"Ponta de Lança Africano (Umbabarauma)" -  Duração: 3:49 
"Hermes Trismegisto Escreveu" - Duração: 3:01
"O Filósofo" - Duração: 3:20
"Meus Filhos, meu Tesouro" - Duração: 3:51
"O Plebeu" - Duração: 3:03
"Taj Mahal" - Duração: 3:04
Lado B
“Xica da Silva" - Duração: 4:03
"A História de Jorge" - Duração: 3:45
"Camisa 10 da Gávea" - Duração: 4:01
"Cavaleiro do Cavalo Imaculado" - Duração: 4:42
"África Brasil (Zumbi)" - Duração:  3:31
África Brasil, décimo quarto álbum de Jorge Ben Jor, faz uma fusão de gêneros musicais entre a música pop negra estadunidense e música afro-brasileira. Segundo o site Wikipédia, o álbum representou um marco na trajetória musical de Jorge Ben Jor e da música nacional, pois foi a partir deste trabalho que ele trocou o violão acústico pela guitarra elétrica. Além disso, foi eleito o 22º em lista dos 50 álbuns mais legais do mundo pela revista Rolling Stone, sendo o único disco brasileiro da lista.
Fonte: [1]
Ouvido por mim dia 05/05/2019
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brasilafricano · 5 years
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Sobrevivendo no Inferno, Racionais MCs - DOCUMENTO
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FICHA TÉCNICA
Lançamento: 20 de Dezembro de 1997 Gravação: 1997 Gênero(s): Rap, Hip hop alternativo Formato(s): LP, CD Gravadora(s): Cosa Nostra Produção: Gertz Palma e Racionais MC's Artistas: Jorge Ben Jor, Mano Brown, Edi Rock, Jocenir, Ice Blue Número de faixas: 12 Duração: 1h 13 min
FAIXAS
Jorge da Capadócia
Gênesis (intro)
Capítulo 4 Versículo 3
Tô ouvindo alguém me chamar
Rapaz comum
 …
Diário de um detento
Periferia é periferia
Qual mentira vou acreditar
Mágico de Oz
Fórmula mágica da paz
Salve
Sobrevivendo no Inferno, segundo álbum dos Racionais MC’s, é considerado o álbum mais importante do rap brasileiro. Segundo o site Wikipédia, em 2007 ele figurou na 14ª posição da lista dos 100 melhores discos da música brasileira da Revista Rolling Stone Brasil. E, em 2018, entrou na lista de obras de leitura obrigatória para o vestibular de 2020 da UNICAMP. Além disso, no mesmo ano a obra virou livro que, em 160 páginas, traz fotos inéditas e informações do grupo.
As músicas que compõem o álbum contam a realidade de pessoas negras que moram em periferia. Sendo pobreza o cenário, as narrativas das composições recorrem sobre racismo, violência, morte de pessoas negras e exclusão racial e social. Em um tom de revolta e indignação, as canções mostram a luta pelos direitos dos negros periféricos e pela igualdade social. 
Fonte: [1]
Ouvido por mim dia 28/04/2019
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brasilafricano · 5 years
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Quando me descobri negra - DOCUMENTO
Quando me descobri negra, título dado também ao primeiro relato do livro, foi lançado no dia primeiro de janeiro de 2015 pela editora SESI-SP. Bianca Santana, a autora, tem 35 anos, é nascida na cidade de São Paulo e é escritora, cientista social, jornalista e taróloga.
Com ilustrações feitas por Mateus Velasco, que deram ao livro o Prêmio Jabuti de 2016 na categoria “Ilustração”, Quando me descobri negra é dividido em três partes. A primeira apresenta relatos narrados em primeira pessoa, em que a autora conta histórias reais vivenciadas por ela; na segunda parte, a narração é em terceira pessoa, apresentando situações reais que Bianca Santana ouviu de outras pessoas (“de Douglas Belchior, Fabiana Gotardo, Gaia Leandro Pereira, Luiza Nascimento Carvalho e da querida editora Renata Nakano”, de acordo com ela); e na terceira e última parte a autora escreve crônicas, ora na primeira pessoa ora na terceira, que, apesar de fictícias, parecem tão reais quanto os demais relatos. No total, o livro é composto por 28 histórias que tratam do tema negritude e racismo em 96 páginas.
Fontes: [1] e informações disponíveis no livro
Lido por mim dia 21/04/2019
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brasilafricano · 5 years
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Cidade de Deus - DOCUMENTO
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FICHA TÉCNICA:
Lançamento: 30 de agosto de 2002 País de origem: Brasil  Idioma: Português Duração: 130 minutos Orçamento: R$ 8 200 000 Receita: US$ 30 641 770 Direção: Fernando Meirelles Codireção: Kátia Lund Produção: Andrea Barata Ribeiro e Maurício Andrade Ramos Coprodução: Marc Beauchamps, Daniel Filho, Hank Levine, Vincent Maraval e Juliette Renaud Produção executiva: Donald Ranvaud e Walter Salles Roteiro: Bráulio Mantovani Narração: Alexandre Rodrigues Elenco: Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Phellipe Haagensen, Douglas Silva, Jonathan Haagensen, Matheus Nachtergaele, Seu Jorge e Alice Braga Gênero: Drama, Ação Música: Antonio Pinto e Ed Cortês Direção de arte: Tulé Peak Direção de fotografia: César Charlone Edição: Daniel Rezende Companhia(s) produtora(s): O2 Filmes e Globo Filmes Distribuição: Lumière Brasil e Miramax
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Cidade de Deus (2002), considerado um dos filmes brasileiros mais importantes de todos os tempos, sendo enaltecido pela crítica especializada, é uma adaptação do livro de Paulo Lins que recebe o mesmo título do filme. O autor fez um intenso trabalho antropológico durante o período de 1986 a 1993 na própria Cidade de Deus, conhecendo de fato a violência e o cotidiano do local e transferindo tudo para seu livro, o que faz com que a obra seja um trabalho documental, ou seja, baseada em fatos reais.
A Cidade de Deus, comunidade da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, teve sua construção iniciada em 1965, para ser realizado o objetivo do governador Carlos Lacerda de remover as favelas da Zona Sul. Sua “inauguração” foi antecipada para 1966 devido à enchente catastrófica que ocorreu naquele ano, deixando muitos moradores do Rio de Janeiro sem casa. Assim, surgiu Cidade de Deus, com a ideia de que pessoas de baixa renda tivessem sua própria residência, pagando apenas 10% de seu salário. Porém, com o despreparo do Estado, houve um crescimento desordenado de moradores no local. Então, a partir do início de 1980, o lugar se tornou um dos mais perigosos do Rio de Janeiro devido ao tráfico de drogas. O foco do livro é nesse período de violência.
Cidade de Deus (2002) é narrado pela voz de Buscapé, morador da Cidade de Deus, mostrando o crescimento do garoto em um ambiente de extrema violência e propício para a vida do crime e como ele fugiu desse caminho. Os personagens são apresentados aos poucos, quebrando a ordem cronológica da história e fazendo com que tenhamos o ponto de vista de cada um em relação aos acontecimentos, apesar do narrador ser sempre Buscapé. Primeiro somos apresentados ao Trio Ternura (Cabeleira, Alicate e Marreco): mais velhos que Buscapé, eram eles que cometiam os roubos quando o garoto era criança. Também conhecemos Dadinho (que anos depois será chamado de Zé Pequeno e se tornará o mais temido comandante de tráfico da Cidade de Deus) e Bené, irmãos mais novos de Cabeleira. Cenoura, Mané Galinha e Otto também são personagens importantes para a história.
O filme retrata as transformações sociais as quais passou Cidade de Deus, mostrando a ascensão do tráfico de drogas, a proteção do traficante com a comunidade, a corrupção da polícia, a busca pelo poder dentro da favela, a matança desenfreada de inocentes, a luta pelo comando do tráfico de drogas, o estado de guerra que surge no local e como são as crianças convivendo em um ambiente de crimes. Esse último tema será o foco da minha crítica.
Fontes: [1], [2] e [3]
Assistido por mim dia 02/04/2019
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brasilafricano · 5 years
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Roteiro Cultural
Obrigatórios
Recente: Quando me descobri negra, de Bianca Santana Museu: Afro-Brasil Disco: África Brasil, Jorge Ben Clássico: Gilberto Freyre, Sobrados e mucambos, p. 110-127
Escolhas
Vídeo: TED da Taís Araújo, "Como criar crianças doces num país ácido?" Infantil: Meu crespo é de rainha, bel hooks Filme: Cidade de Deus, Fernando Meirelles, Kátia Lund Disco: Sobrevivendo no Inferno, Racionais MCs 
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