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Brunu Marchetti
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brunumarchetti · 2 years ago
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Apita o árbitro e assim, começa a vida. No tempo que corre as pernas dos sentimentos dão passes por toda a área, é sempre hora de marcar gol. E marcar alguém e se permitir ser marcado, e ter calma na cabeça e agilidade no caminho, não perder a bola, nem o coração. E assim, alimentar o drible, dar de cabeça, de bicicleta, se virar para que o destino vibre na arquibancada. Todo movimento nos leva ao êxito.
E isso não significa ganhar sempre e nem ser um eterno perdedor. Mas na vida, assim como num jogo, não é importante apenas pelo título, pela medalha, pelo troféu. “O importante é participar”. E o futebol nos ensina muitas coisas. Que a vida e uma partida sempre tem uma importância, a da vida não sei qual é, mas a do futebol, nesse caso, é ganhar o campeonato. Para bordar mais uma estrela na camisa, na altura do peito.
E nesse tempo que ultrapassa os 90 minutos, os acréscimos e a prorrogação, tudo está em jogo. O seu corpo, os seus sentires, a forma como se comunica, as cartadas que tem na manga, as mandigas que faz, a sorte. E não existe previsão, nem ensaio; não existe “vida comprada”, nem jogo tranquilo. Tudo que há é a oportunidade de se preparar, nenhuma estratégia é garantida. O jogo só acontece quando está sendo jogado, a vida SÓ ACONTECE quando está sendo vivida. É tudo que temos.
E nessa partida você vai faltar com alguém, mas vai compensar com um tiro de meta; vai cobrar escanteios e pênaltis, mas vai ter que entender que o corpo acompanha a cabeça e parar não é uma alternativa. Apesar de possível. E aí é tudo ou nada. Viver é um jogo de mata-mata. Ou vai, ou vai. Peito aberto, chuteiras amarradas, cabelos presos, pernas sem câimbras, sangue nos olhos. Respirar, correr, respirar, comemorar.
Até que a gente alcance a nossa Taça do mundo (que tenho pra mim que é a morte), tem muito jogo pela frente. E é importante lembrar que toda partida importa. Sendo ela substantivo ou verbo, sendo ela um jogo de Brasil x Coreia do Sul ou Brasil X Argentina, sendo a gente contra a gente à flor da idade, nas quartas de final ou a gente num racha contra a vida, num final de tarde – tudo que for pensado, agido, goleadas e empates, tudo é importante. Inclusive, o hexa.
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brunumarchetti · 2 years ago
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brunumarchetti · 2 years ago
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O amor é uma navalha desafiada que insiste em mapear o coração com o corte. Provoca um ardume que, raramente, você conseguirá fugir. Às vezes as fugas acontecem, em uma mesa de bar, no calor de outro abraço, entre um cigarro e outro. Mas quando bate o ponto, volta feroz. Feito um cão faminto preso em correntes.
Demorei a entender qual o sentido de se aprender gramática para além do texto escrito. Até que a disritmia alvoraçada pelos sentimentos viraram atos cotidianos e a necessidade de dividi-los ou multiplicá-los tiraram os pontos da gaveta, para botá-los nas relações. Por mais que eu entenda que a vida é um ciclo vicioso de começos e fins, e que nada, absolutamente nada, é para sempre, é difícil engolir os fins, uma vez que eles tem textura de peixe que arranha a garganta. E raramente, nesse caso, pão seco é a solução.
Os pontos finais pesam. No papel, na caneta, na vida. Deixam rastros desagradáveis, mas necessários. Pra você, pro outro, pra sua história. Às vezes também é importante insistir nas vírgulas, respirar fundo, higienizar o texto, recortar de lá, colar de cá, continuar. A gente é feito pra acabar, mas nesse intervalo de tempo se faz necessário os recomeços.
Novos parágrafos, novas histórias. Tem amor que dura um hai kai, outros que duram um soneto de Camões. A beleza da história não mora no seu tamanho, reside na intensidade das suas palavras. Medidas ou desmedidas, elas sempre revelam a sua verdade. Viver é o vício da escrita, porque o tempo todo, em qualquer lugar, com qualquer pessoa, sua história está sendo redigida.
Tem gente que estampa todos os capítulos, tem gente que se fez ponto final antes de ser espaço que antecede a frase. Esse texto é um ponto final, ainda que eu permaneça vírgula. Sigo destoante, ora exclamação, ora interrogação. Mas com a certeza de que os pontos da minha vida estão coesos, ainda que dolorosos. Com quantos pontos é costurada a ferida do seu coração? Quantas vírgulas te fizeram seguir sem pretensão?
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brunumarchetti · 2 years ago
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firulas, lonjuras e beburas
tenho pouco dinheiro e alguns sonhos na niqueira. lá guardo também sementes de romã e alguns pedidos que fiz em uma virada que passei na praia. não me lembro muito deles, mas sempre que apago uma vela no meu aniversário, amarro fita de bonfim no braço, deposito papéis na porta de Chaguinhas, a “felicidade” sempre me ocorre.
eu sou um menino da fé engraçada. cheia de firulas. não passo debaixo de escada nem por reza brava. faço meus banhos, meus rezos, opto pra tudo quanto é santo, quanto é deus, quanto é energia. minha fé se aproxima da arte, é tetral e literária, bonita.
esse ano tirei todos os meus amuletos da gaveta, buscar a sorte é tentar encontrar com a gente. topo comigo todos os dias nos cômodos de mim, às vezes acomodado, muitas vezes incomodado, mas tenho suportado a minha grandeza.
Minha amiga tirou essas fotos nesses últimos dias. apesar de todos os pesares, eu estava feliz. mais pela minha paz turbulenta do que pelas bebidas.
a bebura é a fuga do que nos ferve a cabeça, a minha traz a tona a minha alma febril. sem muitos rodeios gosto de falar que amo a quem amo. e de rir, o riso já me salvou de cada coisa.
no meu peito e às vezes no dedo e sempre no coração trago estampada a imagem de São Jorge. tenho afeição por santos e armaduras, coragem e dragões. a fé literária.
2022 foi ano cheio de dragões. acho que pra todos nós. apesar de acreditar que as coisas só terminam quando acabam, sinto que nos saímos bem. a terra de nós é mágica.
esse ano quando as datas se cruzarem quero pedir vagareza e lonjura. apreciar a vista, aproveitar o hoje. entender que o agora é um milagre e só nos resta desejá-lo. com unhas e dentes.
no mais, “eu andarei vestido e armado com as armas de Jorge...”
ande também, tá?
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brunumarchetti · 2 years ago
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Torcer para o tempo (não) parar
hoje passei a tarde me desdobrando em meus escritos antigos na tentativa de sepultá-los. há tempos procrastino o descanso do meu eu-lírico para trazer ao mundo um outro. ou outros vários.
há vestígios desse novo-eu que rondam a efemeridade das postagens aqui no instagram, das mensagens privadas e caladas em um só ouvido.
eu faço textos particulares.
foi um dia atípico, revisitando coisas, lugares, pessoas e pessoas-lugares.
~ A vIdA é MuItO dOiDa ~
a saudade é um sentimento cruel e bom. e hoje senti tantas. de tantas coisas. de pessoas que passaram e passando cederam espaço para que outras estejam e mais tarde passem e dê espaço para novas coisas. tem as que não passam nunca, gente-memória.
viver como gotículas de um rio que, mais cedo ou mais tarde, serão bolhas brancas de um mar que bate na altura do nosso peito.
sinto saudades do que fui, mas anseio pelo que serei. vivo me equilibrando entre a certeza e a dúvida, fetiche em viver arriscadamente.
quero ser novo, fazer de mim a minha eterna primeira vez e de novo ser velho.
é bom se revisitar, rir de sofrimentos antes grandiosos que hoje a gente tira de letra. de cena. nem vê passar.
enquanto eu arquivava textos de um bruno-jovem, ouvi sem parar “coisas dentro das coisas”, das lindezas do 5 à seco. isso tudo vai virar um livro com o nome dessa canção. um livro livre, que talvez, rogo eu, nunca irá pro mundo. as gavetas também merecem uma alma.
enfim, essa foto o @dalagoaazul tirou em um dia lindo. a uso para ilustrar o túmulo de coisas que me doeram o punho e o peito.
respiro ares futuros. sem a interrupção das coisas-que-não-foram-resolvidas. meus pés estão descansados, minhas costas prontas para novos fardos e novos brotos de asa.
torço para o tempo (não) parar.
é bonito ser outro.
sem culpa.
sem remorço.
sem mordaças.
apenas ser, outra vez, o ventre, o choro, o cordão e a tesoura.
ser inédito
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