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carlospereirajunior · 10 months
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NÃO ME INTERESSA
Não me interessa qualquer papo abstrato
sobre pessoas e fatos,
ou sobre autoconsciência,
economia, ecologia e Estado.
Não me interessa a sociedade
e o mundo.
Nada disso tem futuro.
A vida é só um quarto escuro
onde a gente agoniza e some
enquanto tudo degrada.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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TEMPO DE ADEUS
É no passado que a vida se faz
carne, sangue e verbo.
Que existimos plenos entre os mortos
e o ser floresce sobre a  pele .
A vida é o que foi,
o que passou,
e não aquilo que
que contra nós será 
ou ainda acontece.
A morte e o presente, 
inventam um futuro luto
que nos supera.
É sempre tempo de adeus.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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ESPÍRITO GREGÁRIO
Somos , antes de tudo,
tristes animais gregarios.
Tudo que nos importa é a segurança de algumas verdades,
a certeza dos outros que nos conformam a realidade de um rebanho,
ou, simplesmente , 
algum tolo ideal de felicidade comum.
Almejamos ao tédio, a rotina,
a mesa farta, a disciplina
e a segurança do chão que nos sustenta os pés.
Somos animais que buscam,
como qualquer outro,
sua mera sobrevivência
em um mundo de incertezas
onde a morte  governa.
Mas estamos, entretanto, 
todos condenados.
Seremos superados pelo tempo e os  fatos
que exigem o parto de um novo mundo.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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TEMPO DE LUTA
A vida não vai mudar. 
Pelo menos não hoje 
ou pela manhã. 
 Há muito ainda para sonhar, 
 para resistir, gritar, 
 desejar e lutar,
 contra o tempo e o mundo em que estamos. 
 Mas pouco importa o porvir. 
Não temos futuro.
É o devir, o intempestivo, 
o que nos torna nômades e revolucionários
 contra os juízos e certezas 
do mundo contemporâneo.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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carlospereirajunior · 10 months
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MISÉRIA ASSALARIADA
Nunca quis nada,
mas sempre esperei tudo.
Aceitei o jogo absurdo
de uma existência fútil,
inútil e desesperada
em troca de alguns trocados.
Me tornei escravo da minha sobrevivência,
prisioneiro do futuro das minhas necessidades,
na contramão do desejo.
Perdi o controle do meu tempo,
do meu pensamento
e da minha sorte.
Fui reduzido a um zumbi assalariado,
despido de imaginação e vontade,
um novo tipo de escravo.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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O PROTESTO ESCATOLÓGICO DOS POMBOS
Quando for hora do almoço, 
hei de alimentar os pombos
 Que cagam nos carros de luxo 
 Dos chefes da nossa empresa, 
que lançam seus excrementos sobre a  viatura policial,
 sempre parada na esquina,
 a garantir a segurança dos empresários. 
 Quero mostrar toda minha gratidão aos bons camaradas penados,
 Sempre prontos a atentar contra a empresa e o pudor.
Eles me representam.
 Sei que não vão mudar o mundo com sua fisiológica delinquência, 
Mas eles salvam meu dia 
e renovam minha paciência.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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TEMPO LIVRE
Preciso ter  tempo para 
envelhecer e morrer,
sem me preocupar com o passar dos anos.
 
Quero completar mais uma volta em torno do sol,
construir minha morte,
sem temer o silêncio do universo.
Não serei, afinal, 
mais um corpo produtivo e inútil,
um compulsivo consumista,
enterrado vivo em rotinas,
reproduzindo a vida de merda que um dia matará todos nós.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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A INCONSCIÊNCIA DO CORPO
O corpo carrega o fardo da consciência,
mas sente apenas o peso do mundo,
dos sentidos, dos afetos,
das artes e necessidades
que oprimem o pensamento.
O corpo quase não se percebe
ou conhece
Por dentro e por fora da pele
na incerteza de suas partes
e da sua própria matéria.
O segredo do corpo é a morte.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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A GEOGRAFIA DO SER
Não há lugar sem corpo
ou corpo sem um lugar.
O tempo é um modo de estar
sempre em transição,
em movimento,
e nunca saber o vazio,
a indeterminação do silêncio.
A medida da vida é o corpo.
E o corpo é sempre um lugar,
um ponto qualquer que observa
na medida em que é observado.
Cada um escreve sua própria geografia
na arte de ser e de estar.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 10 months
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DEVIR TEMPO
O futuro não me verá morrer 
Como o hoje não me viu nascer. 
Existo apenas no passado
e sei que o tempo é indiferente a  existência. 
O tempo é lugar, movimento,
 Incerteza e inconstância. 
Tudo nele escapa.
O tempo é o oposto de ser.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 11 months
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UM POUCO DE OSCAR WILDE
Oscar Fingall O' Flahertie Wills Wilde (1854-1900) é um autor essencialmente britânico, nascido em Dublin, Irlanda.
Publicou, entretanto, pela primeira vez em Londres seus primeiros versos por volta de 1878 e em pouco tempo notabilizou-se como autor de peças teatrais muito bem sucedidas entre as quais constam O Marido Ideal, O Leque de Lady Windermare e aquela, considerada por muitos sua obra prima, A Esfinge.
Pessoalmente estou mais familiarizado como as densas e indefiníveis páginas do seu único romance: O retrato de Dorian Gray e com suas Histórias de Fadas. Estas últimas, diga-se de passagem, foram escritas, como se sabe, para seus filhos. Wilde casou-se em 1884 com Constance Mary Lloyd, com quem teve dois rebentos. Após o nascimento destes repentinamente tomou horror da vida conjugal e passou a viver em companhia do jovem Alfred Douglas, escândalo que lhe custou à época dois anos de prisão e toda a boa reputação como escritor. Durante o período de carcere redigiu De Profundis, uma amarga apologia a dor e da melancolia... Mas em suas aparentemente inocentes Histórias de Fadas, já nos deparamos com o amargor e a tristeza como traços essências da vida em meio a feiura, encanto, surpresas, ilusões e desilusões que definem o mundo.
No prefácio que elabora para o Retrato de Dorian Gray, Wilde, como bom critico da moral vitoriana que era, traça a imagem da atividade artística como um exercício absoluto de liberdade, uma criação acima de qualquer restrição ética ou moral, da subjetiva “impressão das coisas belas”... Em suas próprias palavras ao término do citado prefácio:
“ Pode-se perdoar-se a um homem a criação de uma coisa útil, contando que ele não a admire. A única justificativa para a criação de uma coisa inútil é que ela seja admirada intensamente.
Toda arte é absolutamente inútil.”
Mas esse encantamento pelo beleza encarnada na inutilidade de uma obra de arte pressupõe também que:
“... Toda arte é ao mesmo tempo aparência e símbolo.
Os que penetram abaixo dessa aparência o fazem por sua conta e risco.
Os que decifram o símbolo também o fazem por sua conta e risco. A arte reflete o espectador e não a vida.”
Uma passagem desta obra merece aqui ser citada:
“...- Eu agora, nunca aprovo nem reprovo nada. Aprovar e reprovar são atitudes absurdas para com a vida. Não viemos ao mundo para dar largas aos nossos preconceitos morais. Jamais presto atenção ao que diz o vilgo, nunca interfiro no que fazem as pessoas sim´páticas. Quando uma personalidade me fascina, seja qual for o modo de expressão escolhido por essa personalidade, considero-o absolutamente satisfatório. Dorian Gray apaixonou-se por uma linda pequena, que personifica Julieta, e pretende casar-se com ela. Por que não? Se casasse com Messalina, nem por isso seria menos interessante. Você sabe que eu não sou um paladino do casamento. O verdadeiro inconveniente do casamento é que ele extingue em nós o egoismo. E os seres sem egoismo são incolores. Carecem de personalidade. Ainda assim, há temperamentos que o estado conjugal torna mais complexos. Esses conservam o seu egotismo e acrescentam-lhe muito muitos outros “egos”. Obrigados por isso a viver uma vida múltipla, tornam-se superiormente organizados. E ser superiormente organizado é, ao meu ver, a finalidade da existência do homem.” (Oscar Wilde. O Retrato de Dorian Gray. Tradução de Marina Gaspary. RJ: Ediouro, 9º Ed., 2001, p.73.)
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 11 months
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CONTRA O PASSADO E O FUTURO
Cansado de tanto passado
e tão pouco futuro
tenho sonhado outros mundos
para suportar a realidade.
Tenho tentado desaprender a viver,
questionado toda verdade que circula entre nós,
vomitado princípios, virtudes  e felicidades.
Tenho, em poucas palavras,
duvidado de tudo
e recusado todas as minhas poucas possibilidades
oferecidas pela sociedade.
Estou cansado do mundo
e pouco tenho a perder
matando o passado e abolindo o futuro.
Algo inteiramente novo
 precisa nascer do fundo de nossas angustias,
crescer na contramão do amanhã,
enquanto  sonhamos contra a realidade.
Carlos Pereira Júnior
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carlospereirajunior · 11 months
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TEMPO LIVRE
Preciso ter  tempo para 
envelhecer e morrer,
sem me preocupar com o passar dos anos.
 
Quero completar mais uma volta em torno do sol,
construir minha morte,
sem temer o silêncio do universo.
Não serei, afinal, 
mais um corpo produtivo e inútil,
um compulsivo consumista,
enterrado vivo em rotinas,
reproduzindo a vida de merda que um dia matará todos nós.
Carlos Pereira Júnior
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NOS TEMPOS DO NIILISMO
É tempo de desengajamentos,
Inércias  e desencantos,
onde, apesar de tudo, percistimos
 entre a indiferença e o espanto.
Ninguém sabe exatamente onde erramos,
onde o mundo não deu certo.
Talvez,  o erro seja a ilusão do humano,
do racional e divino sentido das coisas.
O erro é, tão simplesmente,
a raiz de todas as nossas certezas.
Talvez, não exista o certo .
Estamos sempre as vésperas
de alguma catástrofe
 inventando novos abismos.
Estamos todos errados,
errantes e desesperados.
Carlos Pereira Júnior
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O TEMPO CONTRA O ESPAÇO
Minha vida, presa a pequenez de um espaço,
nunca saberá a liberdade que define o mundo no tempo.
Pois se é verdade que todas as coisas passam,
que meu corpo morre,
também é verdade que o mundo fica
e supera todas as coisas,
como um devir incerto e abstrato.
intuindo a imensidão do universo
onde nada realmente existe,
inclusive o tempo,
adivinho um mundo 
que se faz livre além de mim e do espaço,
como uma idéia viva e intempestiva
que ultrapassa meu pensamento.
Carlos Pereira Júnior
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CONTRA A IDÉIA DE FUTURO
O futuro é qualquer coisa antiga
que nos impede de devir.
Pois ele é feito de muros, certezas,
velhas apostas, 
e quantidades assombrosas
de identidades e passados.
O futuro sonha eternidades,
progressos e propósitos,
em nome da sobrevivência.
Mas a vida é um permanente exercício
de destruição e morte.
Ela é tempestade e imanência,
a apoteose do efêmero e do insignificante.
Carlos Pereira Júnior
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