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Olhar a janela e ver outro rosto
A cidade não cairá em meus sonhos celestes. Navios não irão mergulhar. Nada me pertence — Nem o céu Nem o mar.
Antes de Deus, veio a palavra E posso pelo menos dizer que essa reside em mim Como esperanças manipuladas Por certas sucessões de falhas
Enquanto Deus respira A cidade e os navios dormem Então, posso sonhar — Enquanto houver barganha e um desconhecido para me afundar
Mas navios usualmente não afundam Tendem a permanecer nessa estática de um azul inebriante. Mas transpiro o cheiro de um homem bêbado De olhos flutuantes em tonturas Meu céu é azul — Meu sonho, vertigem.
Nesses sonhos, sou tudo menos borboletas. Não sou guia da morte. Mas será que existe outro lugar que posso dormir Senão nas pulsões que transformam o fim?
Assim como o céu não pode cair Não posso me afogar. A cidade não irá afundar, E não há bordas que navios consigam cair
Acaba que não é sobre ver Mas analisar Assim como não é sobre sonhar Mas permitir-se delirar
Desnortear-me-ei Em confusas pulsões Que me molham a palavra Banhada de curiosa divindade
Dormir, meu mártir. Você é um caminho de Deus, Como se a experiência pousasse em ti. Posso te encontrar pelo menos duas vezes — Antes de dormir.
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Uma rapadura e um copo d'água
derretimento sonoro - o tempo escorre
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Eu parei de recusar o prazer e passei a ler Freud como se fosse sustentar algum desejo.
Osteoporose da hipótese ao céu em outra dose à terra por gravidade na procura da cura na loucura da idade na proposta da próstata no prolapso da reposta me esquecem como me esqueço quando batem à porta não houve pergunta não fui lá fora atentaram outro idiota cansei de tomar nota
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Sinistro
O sinistro revogado vou começar de novo O sinistro revogado é como… tentar corrigir uma escoliose andando torto para o outro… vou pensar com o novo o que é o outro lado? sinistro de novo salmonela com casca de ovo andando toooorto e semi-semi-pensante se bem que… qual o problema? se realidade também é narcose febre de errante itinerário do irregular sexualizando o edema… há um sonho em ser normal advém debaixo da normalidade mim! poder-se-ia escapar pena que existem esquinas cabra é marcado para morrer e não para sonhar é muito susto para pouca carne me falta bebida para beber e muito fumo para fumar eis os tons de doses — vozes para para para para para excede minhas balizas despenco numa bela ribanceira sem me dar conta do que há há um sol lindo para se ver som de metal estatelando-se o volante é na dianteira e visão bela é antes de morrer pois, eis a denúncia: aforismo é só intensidade não há desculpas no aeroporto nem cores na janela se não posso duvidar minhas dúvidas há quem duvide das minhas dores súbitas e ergue com vontade a espreita da cidade nas sombras do aeroporto vestígios com marcas e marcos vestígios dum morto a sombra dum sinistro novo novo
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E se alguém se ofender por isso tudo se torna mais engraçado
Anátema do anatômico Apóstolos gritam na crema gases, relações sonoridades russas gememos no movimento dos átomos de comboio lento e tendemos a convulsionar em doenças em química, movimento Anátema do anatômico vivo no cósmico e no cômico
há nuvens, no entanto e essas tendem a chover há água e essa tende a se conformar e se não há quem se doa haverá aqueles que se deformem como hão aqueles que já são ar
Então há soluços em meus choros como deve haver navios no mar como há discursos em meus coros como hão decursos no ar Ao passo que respiro, transpiro e semeio sem tomar
Mas também tenho simpatia pelo pecado Simpatia por minha indiferente, portanto, inóspita misericórdia e em uma hipocrisia poética de modéstia moléstia hão de me crucificar
se eu der um tiro no meu joelho ainda há quem me peça para carregar o peso de ir e voltar
vocês falam "não fode" e querem que eu volte
água e movimento sotnemasnep ed aiedac e chove e chove e na curiosa conformidade da emulsão de meu sangue haverei de ser banhado e ser dilúvio eu parei no dilúvio no temporário de vossas têmporas no íngreme absurdo
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saindo fora
E numa despedida petricor A janela chora comigo Como que numa tentativa de acalento.
Dormi na nova empreitada de Saudades premeditadas no itinerário de nossas cidades nos mil caminhos e dolorosas datas
Folhas secas queimam mais rápido, e por essa lógica, estou em combustão quando choro. Quando tu choras.
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gritos e sussurros
que me desdobre a onda prazerosa do efêmero com muita sutileza e libertina simpatia
surdo sentimento é vômito que não veio sussurro antigo clamando rejeição ao mundo corpo é guerra, guerra ao mundo tão perto e ainda tão distante grito e sussurro
tudo está para grito mudo meu corpo macio e de bom tom com desprazeres mostrando-me uma saída psicogenia sintomática — exorcismo que é desbunde distúrbio intratável d'uma humanidade longínqua
Humanidade que também é corpo corpo que é contorção, tosse, fluídos, febre, espasmo, sono e gemido sintomatologia de uma possessão devaneios de guerra — Lupercais e objeção
que me desdobre a onda prazerosa do efêmero com muita sutileza e libertina simpatia
que me desdobre a pulsação leiga do desconhecido respirando eternidade em um momento e meio ou dois semi-instantes
que me desdobre, então, a própria dobradura d'uma sequência variável de pássaros que banham-se numa pequena fonte em um esmero e inerme presente
E que me desdobre, enfim, a atemporalidade de minhas memórias em minhas escrituras, desde que haja a contemporaneidade do divino e curtos comerciais do diabo.
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Duas facas que quando se atritam amolam-se Faíscas que demarcam continentes nativos idiomas quid pro quo de práxis paradoxal
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Idioma materno Brasileiro lírico Se eu der um tiro no meu joelho há quem me peça para ser carregado A quentura brasilírica Meus vestígios transfixos Trampolins quânticos Idiomaterno Espelhos convexos e charmosos Um quem manda em quem até um momento de grito e busca Um grande outro eu de gengivite titânica me acolhe e me derruba
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E esquecendo-se de falar que aprende-se a ouvir
Nas tintas disléxicas de Duchamp Escoltando alarmes Ressoando passados, presentes e futuros Quietos, derramados Na razão de canetas esferográficas Ou mesmo de ideias conturbadas Que razão há em meu tímpano Se ele apenas serve como tortura?
O que admiro são lágrimas nostálgicas Diga-me que não é passagem, então Presságio — agouro cafeinado A reprodutibilidade deve fazer isso comigo Reverbera permanência de objeto ou o quê?
Que o sol se exploda mesmo E teça torturas auriculares Meu objeto de sublimação (…) Que se esmague escuridão eterna sobre minhas sinapses e sintaxes O inferno boceja e seu ruído equaliza com meu barulho Que é acumulado, distorcido, molhado Chicotes molhados costumam ser mais pesados...
O inferno causalista está aqui Na dispneia que é a alfândega desse reino invasivo De fendas que me são alérgicas Psoríases mnêmicas D'um jejum neural O psicótico — meu real
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natural
Quando a montanha em eterna oração expira nuvens brancas A pureza realiza abortos macios e os cospem com inerente vingança Atingem furiosamente a superfície A Terra treme em agonia oprimida Quebra seus ossos Derruba todas as árvores e plana todas as colinas A nudez com cheiro de autoflagelamento Produz novos monstros no solo Indiferente caos e velocidade selvagem Que minha mãe Terra administra Conspira a gravidade da vida Altera meu sangue Apertando, esmagando Deixando mais rápido ou sufocando E fazes do novo Momento estranho.
O amor é líquido E o amor toma banho O amor é banhado Na chuva do crepúsculo Criando formas em sóis cansados O amor é banhado Na chuva do suor Criando silhuetas por instintos embaçados O amor é a resposta É o fruto do solo O amor toma banho E também é chuva Germina todas as coisas E alimenta todas as criaturas Fortes Caladas Emaranhadas Vicárias Nascidas para morrer e não para serem lembradas. É toda flor desabrochada; Toda gota desmanchada Única Manifestada Barulhenta Fraca.
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Estacionamentos vazios são como cemitérios de relacionamentos.
Muletas paliativas Na roda de samba dos teus olhos, mulher Pressiona e chuta Amplia e amputa
Economia de atenção Estímulo vodu Alfineta meu peito E o arrepio é um aviso de ti, mulher
Cachorros limítrofes Estrofes algozes Presos em mim E na morte das tuas doses
Duas doses e o amor é político Será que é? Ou é a desculpa que injetamos Porque não sabemos o que queremos?
Não me fode a calma Fui o primeiro a dizer eu te amo Fui o último a ouvir "Eu te amo"
Poderia ter sido pior Eu poderia ter respondido de volta Foi o pior cenário possível Eu respondi de volta Então adivinhando o acúmulo do meu remorso Deduzo que atirei na cabeça da nossa despedida Minhas mãos vermelhas de sangue E o teu véu respirando esperança Deduzo que não deveria ter respondido de volta Meu remorso é ter que te largar Como quem não sabe admitir uma derrota
Te devoto nessa angústia de agora… Minha devoção é ânsia de sofrimento ou é o meu sofrimento que te devota? Minhocas devoram a terra ou a terra que as devora?
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Vocês tem preguiça de escrever
Escrever é sentir
E isso é demais pra vocês
Então vocês assediam a chuva
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a língua da realidade a receita da felicidade não reside nessa cidade não existe nas ambiguidades
a bula da mediocridade não resiste nessa cidade é preciso que haja uma procura uma cura que haja uma dose de loucura
a efervescência da humanidade no lirismo da ambiguidade ambiguidade
é preciso salutar duas estrelas estar entre gêmeos da tristeza o sono e a miragem no lirismo da ambiguidade
não existe nessa cidade não me faça mais lembrar nem mesmo celebrar
(co-autoria Ananda Soares)
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Carta
Amortecido no lapso entre meu ego e o tecido social Sou um livro tão aberto que meus mistérios são o excesso É como se o abismo pudesse bocejar
Instintivo como a recorrência d'água em estado de sede
Somos tão iguais quando se trata de ansiar pelo novo Eu só queria poder — aquilo que coloco em atitudes — nos aproximar em expressões
"Mi cuerpo es muy sensible a las palabras" E eu posso te dizer que já conversamos como quem é casado tem dois anos e um pouco mais
Pipas e fios são o que podemos conduzir Como que por um fio grosso ou fino A pipa ainda nos é presa Como se pelas margens ou o centro de nossas expressões Não podemos escapar de deduzir o que o outro tenta transmitir
Tu és um livro tão aberto que teus mistérios são o excesso E porra, esse abismo é o que me encanta Às vezes olho para a lua e tenho acesso ao portal da certeza de que ainda estou aqui e você também.
Te ouço e te escuto, sei que não te possuo e me irrita não prender minha língua a sua; careço da liberdade de te ter e isso me transborda uma loucura estrangeira — não te ter é a graça de nós dois.
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Movimento
Usualmente, me tenho na teia de meu âmago, em flutuações de distrações magnéticas, como vibrações aquáticas, densas e penetrantes, num vai e vem mutável que respira afogamentos.
Normalmente, quase caio da mureta desse lago, quase que desmaio nas espirais d'um vasto indiferente. Peixes pesados como condores, que nadam como astros em órbitas poderosas, em distantes inconscientes coletivos.
De cara com a consciência, vejo também que minha água não é cristalina. A substância é verde e pesada. Também não há belas aves aqui, mas à noite analiso a anatomia de grandes morcegos em luzes obtusas e prateadas.
Usualmente, também sou atacado por formigas, e é claro que elas existem em exércitos, perdidas entre ruínas de Romas abaixo das árvores. Acaba que não me agrada, não me agrada estar exposto à margem desse lago. Também não me agrada que eu não possa deitar em terra firme, porque não há solo que não haja fezes de sapos e bitucas de cigarros.
Normalmente, tenho de sentar num banco qualquer de meio metro de distância das muretinhas, com meus pés retorcidos de paranoia, e os olhos navegando em gravidade.
De cara com a consciência, me tenho na teia de meu âmago, assim, nesses movimentos, sempre tão mais ou menos.
Consigo chorar de felicidade por isso, Ainda que também haja velhas caquéticas e católicas pregando bíblias.
Consigo chorar de felicidade pela geometria caótica disso tudo, que é calma e viscosa.
Fecho meus olhos, porque sou um macaco preguiçoso. Consigo ouvir aranhas indecisas, assim, como quem tem um coração denunciador, de ventos, habitando novas distrações.
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Mímica
A mímica do desperdício
Segunda-feira Ontem tive mil crises alérgicas Muito papel higiênico E ideias interrompidas Resultando em papéis rasgados Na minha lixeira Só branco desbotado
Terça-feira A frustração me beija gostoso Fumo doze cigarros bebo meu são brás Não sou tão pateta assim Na minha lixeira Também tem restos de comida
Quarta-feira Tenho um pouco de paz No interstício da semana A moreninha de 1,70 vem me distrair Na minha lixeira Tem umas camisinhas gozadas
Quinta-feira Passei tempo demais comigo E ontem não fiquei sozinho Fico naquelas sem energia social Ou mesmo sem me entender Na minha lixeira Só vou vendo meu reflexo
Sexta-feira Nem passo mais tempo aqui Vou no Benfica e bebo dos outros Ocasionalmente compro cigarros E trago coisas comigo que não lembro da origem Na minha lixeira Vai todo esse desperdício
Sábado É sábado porra Já me estraguei ontem e hoje é de novo Com meus melhores amigos e muita bebida Na minha lixeira Só tem desgraça
Domingo Domingo de reflexões Domingo de missas Domingo de merda Domingo de mímicas Fico tentando me esquecer em futilidades E quando tenho consciência Tento me esquecer em hobbies
Domingo Domingo de escrita Domingo de livros Domingo de música Domingo de líricos Fico tentando me esquecer em trivialidades E quando tenho consciência Tento me esquecer em desperdício
A mímica do desperdício Sou todo meu lixo Sou todo meu fedor Sou o nó do plástico E aquela umidez esquisita Camisinha esporrada Cigarro na metade Vodka, Rum Cervejas e baseados Papéis e mais papéis De Marcos interpretados Não tem problema cara Alguém tem que buscar isso E eu posso me reinventar nesse lixo
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