Tumgik
cinzasderosa · 7 years
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Assim é minha vida
Meus deveres caminham com meu canto. Sou e não sou: é esse o meu destino. Não sou, se não acompanho as dores dos que sofrem: são dores minhas. Porque não posso ser sem ser de todos, de todos os calados. Minha poesia é cântico e castigo. Me dizem: “Pertences à sombra”. Talvez, talvez, porém na luz caminho. Sou o homem do pão e do peixe, e não me encontrarão entre os livros, mas com as mulheres e os homens: eles me ensinaram o infinito.
Pablo Neruda
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cinzasderosa · 7 years
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Ô mãe, Porque a gente ainda se utiliza De limpar os sonhos na manga da camisa De cortar os pés nos cacos de ilusão Ô mãe, Cuidaste bem da minha catapora Hoje sou homem forte e agora Posso seguir na minha solidão
Kleber Albuquerque
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cinzasderosa · 7 years
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Sinto que sou um bosque que há rios dentro de mim, montanhas, ar fresco, ralinho e parece-me que vou espirrar flores e que, se abro a boca, provocarei um furacão com todo o vento que tenho contido nos pulmões.
Gioconda Belli
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cinzasderosa · 7 years
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Canção do vento e da minha vida
O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. O vento varria as luzes, O vento varria as músicas, O vento varria os aromas... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De aromas, de estrelas, de cânticos. O vento varria os sonhos E as amizades... O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E minha vida ficava  Cada vez mais cheia De tudo.
Manuel Bandeira
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cinzasderosa · 7 years
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Vestido de sentimento sou tecido por um olhar.
Truck Tumleh
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cinzasderosa · 7 years
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cinzasderosa · 7 years
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Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura
Martha Medeiros
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cinzasderosa · 7 years
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Eu sou o medo da lucidez
Choveu na palavra onde eu estava.
Eu via a natureza como quem a veste.
Eu me fechava com espumas.
Manoel de Barros
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cinzasderosa · 7 years
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Se cada dia cai, dentro de cada noite,
há um poço
onde a claridade está presa
há que sentar-se na beira
do poço da sombra
e pescar luz caída
com paciência.
Pablo Neruda
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cinzasderosa · 7 years
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Me viu
            Te vi
Corei
           Gostei
Olhei
          Cheguei
Teus olhos
          Teu sorriso
Senta
          Garçom!
Amor
         Pra dois.
Martha Medeiros
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cinzasderosa · 7 years
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Repouso
Dá-me tua mão E eu te levarei aos campos musicados pela canção das colheitas Cheguemos antes que os pássaros nos disputem os frutos, Antes que os insetos se alimentem das folhas entreabertas. Dá-me tua mão E eu te levarei a gozar a alegria do solo agradecido, Te darei por leito a terra amiga E repousarei tua cabeça envelhecida  Na relva silenciosa dos campos. Nada te perguntarei, Apenas ouvirás o cantar das águas adolescentes E as palavras do meu olhar sobre tua face muito amada.
Adalgisa Nery
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cinzasderosa · 7 years
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Poesia
Se todo o ser ao vento abandonamos E sem medo nem dó nos destruímos, Se morremos em tudo o que sentimos E podemos cantar, é porque estamos Nus em sangue, embalando a própria dor Em frente às madrugadas do amor. Quando a manhã brilhar refloriremos E a alma possuirá esse esplendor  Prometido nas formas que perdemos. Aqui, desposta enfim a minha imagem, Tudo o que é jogo e tudo o que é passagem. No interior das coisas canto nua. Aqui livre sou eu - eco da lua E dos jardins, os gestos recebidos E o tumulto dos gestos pressentidos Aqui sou eu em tudo quanto amei. Não pelo meu ser que só atravessei, Não pelo meu rumor que só perdi, Não pelos incertos atos que vivi, Mas por tudo de quanto ressoei E em cujo de amor me eternizei.
Sophia de Mello
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cinzasderosa · 7 years
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Porque cantamos
Se estamos longe como um horizonte se lá ficaram as árvores e céu se cada noite é sempre alguma ausência você perguntará porque cantamos
cantamos porque o grito só não basta e já não basta o pranto nem a raiva  cantamos porque cremos nessa gente e porque venceremos a derrota
cantamos porque o sol nos reconhece e porque o campo cheira a primavera e porque nesse talo e lá no fruto cada pergunta tem a sua resposta
cantamos porque chove sobre o sulco e somos militantes desta vida e porque não podemos nem queremos deixar que a canção se torne cinzas.
Mario Benedetti
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cinzasderosa · 7 years
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Não há guarda-chuva
Não há guarda-chuva contra o poema subindo das regiões onde tudo é surpresa como uma flor mesmo no canteiro.
Não há guarda-chuva contra o amor que mastiga e cospe como qualquer  boca, que tritura como um desastre.
Não há guarda-chuva contra o tédio: o tédio das quatro paredes, das quatro estações, dos quatro pontos cardeais.
Não há guarda-chuva contra o mundo  cada dia devorado nos jornais sob as espécies de papel e tinta.
Não há guarda-chuva contra o tempo, rio fluindo sob a casa, correnteza carregando os dias, os cabelos.
João Cabral de Melo Neto
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cinzasderosa · 7 years
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O verbo no infinito
Ser criado, gerar-se, transformar O amor em carne e a carne em amor; nascer Respirar, e chorar, e adormecer E se nutrir para poder chorar
Para poder nutrir-se; e despertar Um dia à luz e ver, ao mundo e ouvir E começar a amar para poder chorar.
E crescer, e saber, e ser, e haver E perder, e sofrer, e ter horror De ser e amar, e se sentir maldito
E esquecer de tudo ao vir um novo amor E viver esse amor até morrer E ir conjugar o verbo no infinito...
Vinicius de Moraes
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cinzasderosa · 7 years
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Eu não caibo mais nos meus próprios textos. E deixo tudo aqui calado, mesmo que no íntimo as coisas nunca achem seu lugar.
dm.
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cinzasderosa · 7 years
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hoje eu não quero falar do que machuca, porque isso sempre está aqui. eu quero me lembrar que também sou feita de dias quentes e que não os vivi sozinha. que na inconsequência de uma risada, por um algum momento, nada doía.
dm.
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