Don't wanna be here? Send us removal request.
Video
youtube
Coreografia das Cheerleaders da RI no capítulo 4.
3 notes
·
View notes
Text
Capítulo 4: Pizza e Coca-Cola
- O que você quer dizer com maldição de sangue? – Thaiz perguntou.
- Eu não sei explicar direito, Thaiz. – Otávio continuou. – Eu aprendi a ler tarot com a minha avó e me lembro que ela me disse que essa configuração em específico simbolizava uma maldição transmitida de geração em geração.
- Que coisa específica. – Thaiz retrucou.
- Nem me fale. – O menino concordou. – É por isso que fiquei tão assustado.
Otávio se comprometera a contatar sua avó e tentar descobrir as nuances daquela leitura. Não parecia tão simples, mas talvez alguém com mais experiência pudesse ajudar. Thaiz, em sua posição, ficou encucada. Que raios de maldição seria essa? E se é transmitida por sangue, teria vindo de sua mãe ou de seu pai? Seu irmão Danilo também seria uma de suas vítimas? Tudo que sabia naquele momento é que não queria se envolver em encrencas.
Em casa, Babi chorava no colo da mãe. Não acreditava que tamanha onda de má sorte atingiria os negócios da família pela bilionésima vez. Fora extremamente difícil transformar um restaurante falido em uma boate de sucesso e agora um assassinato vinha desmantelar todo o trabalho que ela e o irmão tiveram.
- Fique calma, filha. – A mãe de Babi insistia. – Você sabe como são negócios. Uma maré de azar pode aparecer e desaparecer em instantes.
- Isso não é só azar, mãe. – Babi respondeu. – Eu tenho certeza que alguém está tentando nos prejudicar.
- Você está conspirando demais, meu amor. – Disse mudando o tom de voz. – As coisas vão se ajeitar. Você é especialista em transformar limões numa limonada.
- Nisso você tem razão, mãe. – Babi finalizou matutando. – Nisso você tem razão.
Assim como Babi, Dany havia passado a noite pensando. Raí era um grande amigo, mas uma eleição era algo a se vencer. Só podia existir um vencedor e Dany precisava garantir que seria ela. Não era nada fácil, entretanto. Raí era um dos alunos mais populares da universidade, senão o mais. Com certeza, grande parte dos votos já pertencia a ele, então a menina precisaria pensar numa campanha agressiva, que garantisse o voto dos seus e dos indecisos. De uma coisa tinha certeza: precisaria de ajuda.
Diferentemente da maioria de sua turma, Ana Luísa curtia uma noite tranquila. A menina não tinha tantas preocupações. Procurava não se envolver em disputas e muito menos em maldições ou bares assombrados. Já tinha demais com o que se preocupar. Estava mais centrada em ter um bom semestre, participar das aulas e arrasar no cheerleading. Terminava a quarta-feira assistindo uma comédia romântica, comendo pizza e tomando um bom vinho com sua colega de apartamento.
Muitos diriam que Ana era a garota perfeita. Inteligentíssima, alegre e com uma aparência de tirar o fôlego. O que poucos sabiam, todavia, é que o que sustentava aqueles grandes olhos sempre abertos era a vontade fugir. Melhorar pra fugir. Se formar pra fugir. Trabalhar pra fugir. Fugir de todos os problemas que a assombravam desde a infância. Seu sono fora mais do que tranquilo. Com a barriga cheia de pizza e a cabeça de vinho, dormira feito um bebê: com pouca consciência e cheia de gases. Lore não ligava.
De manhã é que as coisas estavam meio esquisitas. Seu celular estava cheio de mensagens de Nathália, freneticamente explicando como as cheerleaders de outro curso haviam invadido a quadra e se recusavam a sair, mesmo tendo reservado antes do início das aulas. Lu não tinha cabeça pra lidar com aquilo antes de tomar café. Mas o dia havia reservado mais um pouco de caos para a garota. Lore não havia coado o café, como prometera na noite passada e, pra piorar, Ana descobrira que o pó havia acabado. Precisara substituir por Coca-Cola, o que fazia muito mal pra saúde, mas muito bem pro ânimo. Aliás, até o pão-de-queijo fora substituído por um pedaço de pizza fria que repousava sobre a mesa, quando acordara. Não era o ideal, mas era suficiente.
Seu cabelo finalmente voltava a crescer. Após cortá-lo como nunca antes, não via a hora de deixá-lo no cumprimento de antes – batendo no bumbum. Ao mesmo tempo, a tentação de sentir nenhum peso e não ter que se preocupar com o calor ainda a comovia. Colocara seu uniforme de líder de torcida e chamara o Uber, como de costume. Não demorara a chegar na faculdade, mas os passos do hall de entrada até o ginásio onde treinava pareceram como uma eternidade. Nath já estava a sua espera. De braços cruzados, vale ressaltar.
- Essas piranhas não vão sair. - Nath reclamou. - Eu já tentei de tudo.
- Já tentou bater nelas? - Lu ironizou dando um sorriso. - Brincadeira, vou falar com elas.
Lu pegou o comprovante de que aquele horário havia sido reservado e tentou argumentar com as três meninas que estavam ali praticando. As dez de Relações Internacionais todas encaravam-nas com desprezo. Eram do curso de Direito e a rivalidade entre elas precedia sua chegada na universidade. Era praticamente atemporal. Passava de geração em geração. Quase como a suposta maldição de Thaiz.
- Vocês peruas não desistem, não é mesmo? - Uma das líderes do direito disse, provocando.
- O que disse? - Lu retrucou.
- Na verdade eu errei de animal. - A garota cotinuou. - Vocês representam bem o mascote do time de você: são dragões.
Nesse ponto Nathália tinha certeza que Lu partiria pra cima das garotas. Apesar de amigável, todos conheciam Lu por seu pavio bem curto. Entretanto, a garota surpreendeu.
- Vamos resolver isso como fazemos em Cunha. - Lu propôs. - Com uma batalha de dança.
- Você tá achando que isso aqui é o High School Musical, garota? - A rival incitou, causando risadas em suas parceiras.
- Não exatamente. - Ana retrucou. - Mas garanto que nós somos tão boas que poderíamos estar no filme.
- Vocês, piranhas vão se arrepender de ter proposto isso.
Como a quadra era bem próxima ao Diretório Central de Estudantes, foi fácil escolher uma plateia que julgasse a competição. Apesar de nenhuma das garotas do direito terem ideia de onde Cunha ficava, o desafio às animou. Estavam preparadas pra aquele momento. A “banca examinadora” era composta majoritariamente por garotos. E não pareciam garotos muito sensíveis. Impressioná-los seria fácil o que era por um lado bom, mas isso servia para as garotas do Direito também. Aliás, foram elas que começaram. Decidiram dançar um hit atual, muito bem ensaiado - “New Rules”, da Dua Lipa. As garotas arrasaram. Os aplausos podiam ser ouvidos da biblioteca e atrapalhavam quem tentava estudar. Lu, Nathália e Martina, outra ótima cheer da RI se posicionaram. Sabiam que pra ganhar precisavam fazer algo um pouco mais apelativo. Dançaram “Buttons”, um hino atemporal dos anos 2000 cantado pelas Pussycat Dolls. Se a apresentação das líderes de torcida do Direito gerou palmas e muito barulho, a de Lu e suas amigas deixou o lugar silencioso e os queixos caídos. Aquela faculdade nunca tinha visto tanto sensualidade. Foi de lavada a vitória.
- E da próxima vez - Lu finalizou, ofegante – reservem a quadra.
Era impossível retrucar naquele momento. As garotas apenas saíram e voltaram para o seu prédio. Enquanto isso, as líderes de torcida vitoriozas conduziram o seu treinamento, completamente inspiradas na ação de sua companheira. Lu nem era a capitã do time, mas depois de tanta atitude, poderia vir a se tornar.
Conforme o tempo passava, mais gente chegava na faculdade. Daniely, tirando as líderes de torcida, fora uma das primeiras. Tinha bolado algumas estratégias e mal podia esperar para colocá-las em prática.
- Leo. - Dany disse ao ver o amigo entrando na sala.
- Não faz isso, viado. - Leo respondeu. - Me mata de susto.
- Desculpa, migo. - Dany continuou. - Eu tava ansiosa com a sua chegada.
- Me ama, né? - Ironizou. - O que você quer?
- Eu tenho uma proposta pra te fazer. -Dany continuou.
- Medo. - Leo disse, fazendo careta. - O que é?
- Eu gostaria que você fosse meu diretor de campanha do MINIONU.
Apesar de dar risada por considerar o MINIONU um jogo de aparências, Leonardo achou a proposta interessante. Apenas isso não era o suficiente, contudo. Leonardo precisava de alguma coisa em troca e Daniely ofereceu.
- Caso você me ajude e nós vençamos, vou te nomear como assessor acadêmico.
Fora o suficiente para convencer Leonardo. Não só pelo prestígio do cargo, mas também pela bolsa. Pra um universitário, dinheiro nunca era demais. A aula passara rapidamente para quase toda a turma. Para Otávio e Thaiz, no entanto, demorara uma eternidade. Otávio havia contatado sua avó e descoberto que uma velha amiga vivia na cidade e poderia ajudar. Os dois não demoraram a sair, assim que a professora Mariana fizera a chamada e se dirigiram para o ponto de ônibus. O endereço da ajuda não era muito complicado. Na verdade, ela morava em uma das principais ruas do centro da cidade. Encontrá-la não foi muito difícil.
Convencê-la a sair, contudo, fora uma tarefa complicada. Tocaram a campainha várias vezes e ninguém aparecia. Quando estavam prontos para desistir uma moça jovem e de cabelos castanhos apareceu. Ela com certeza parecia mais jovem do que Otávio esperava.
- O que vocês querem? - A mulher perguntou.
- Você se chama Lana? - Otávio explicou. - Minha avó nos mandou até você.
- Não sou a Lana, mas ela mora aqui. - Continuou. - Meu nome é Ângela.
- Será que poderíamos falar com a Lana? - Thaiz indagou.
- Sobre que assunto?
- Uma maldição de sangue.
Ângela parecia saber do que se tratava. Levou os dois rapidamente para dentro. Lá conheceram Lana que aparentava ser um pouco mais velha que a avó de Otávio, em torno de 70 anos. Lana não disse muito assim que entraram. Apenas ficou observando Thaiz atentamente. Parecia buscar alguma confirmação.
- Querida, - A senhora começou a falar. - Você é como eu.
- A senhora também é amaldiçoada? - Otávio perguntou ultrapassando limites de intimidade, como sempre costumava fazer.
- Bem, de certa forma sim. - Ela respondeu. - Nós somos Helenas.
- Helenas? - Thaiz indagou. - O que isso significa?
- Helenas são mulheres com dons especiais. - Lana explicou.
- Que tipo de dons?
- Isso varia entre cada Helena. - Lana explicou. - Mas temos uma relação muito estreita com o universo.
- É como magia. - Ângela interrompeu, tentando ilustrar a situação.
- Isso quer dizer que as bruxas que apareceram são reais? - Thaiz perguntou, conectando os pontos.
- São muito reais, minha querida. - Lana disse. - Mas não pense que você é uma delas. Nem toda Helena se torna uma Bruxa, mas todas as Bruxas foram Helenas um dia. Precisamos de você agora mais do que nunca.
1 note
·
View note
Photo

Uniforme das cheerleaders do curso de RI. Substituam “Bearcats” por “Dragões”.
1 note
·
View note
Text
Capítulo 3: Não é fácil ser a Paula
Todos estavam assustados, mas só uma pessoa reconhecia aquele rosto quase inidentificável: Thaiz. Aquele era o homem do seu sonho. O homem que veio até ela ensanguentado. Mesmo com a aparência mórbida, o homem parecia mais vivo do que o cadáver encontrado no Neon Valley, mas ainda assim Thaiz conseguia perceber ser a mesma pessoa. Dera graças à Deus por não ter conseguido chegar ao clube, mas amaldiçoara os grupos de Whatsapp que viralizaram a imagem do defunto.
Depois da blitz e da notícia mórbida, a garota preferiu voltar pra casa. Sua mãe aguardava desesperadamente na porta. A notícia tinha se espalhado pela cidade toda em pouquíssimo tempo e deixou todos os que esperavam em casa preocupados por aqueles que haviam saído. Ao abraçar a mãe, despencou em lágrimas. Aquilo estava assustador demais pra ela. Não conseguia pensar em nenhuma explicação racional e na verdade sentia que n��o havia nada de racional na situação toda.
Os pais de Dany receberam a notícia rapidamente, mas preferiram guardá-la inutilmente. O grupo da sala no Whatsapp estava lotado de mensagens de Leonardo explicando tudo o que tinha acontecido e contando como as gêmeas, Ana Lu, Paola e Juliana foram parar na delegacia sob custódia policial. A situação das meninas não era nada confortável, aliás. Natali estava sob o efeito da droga colocada por Márcio em sua bebida e não conseguia testemunhar.
- E como vocês explicam o fato de os seguranças terem encontrado vocês nocauteado um garoto? – Perguntou um dos policiais.
- Ele atacou a minha irmã, policial. – Nathália respondeu. – Mas isso não tem nada a ver com o corpo que vocês encontraram.
- Difícil de acreditar, senhoritas.
A polícia de Poços de Caldas não tinha muita expertise. Nem conhecimento político diga-se de passagem. A sua principal teoria era a de que “as bruxas” que enfim voltaram eram um grupo feminista radical e associavam a ação das meninas nesse cálculo. Só quando o tio das gêmeas, o senhor Nicolas Castro, um respeitado advogado, apareceu é que as garotas puderam ir embora. Não sem levarem a maior bronca, é claro. Todos os pais foram contatados e as meninas castigadas com a proibição de irem a qualquer outra festa por estes dias. Natali ainda passava mal enquanto era levada pelo tio até o hospital.
- Não acredito que esses incompetentes mantiveram vocês sob custódia com uma pessoa passando mal por ter sido drogada. – Protestou Nicolas.
Apesar da preocupação do tio, fora Nathália quem passara a noite cuidando da irmã. Após ser medicada, Natali foi levada para seu apartamento, onde permaneceu sob a vigia de seu par. Nathália passou a noite acordada não só preocupada com a irmã, mas também pensando sobre tudo que acontecera até então. O cadáver a assustava. Mais ainda a mensagem escrita em sangue.
Para Daniely a noite também fora longa, mas por outros motivos. Se preocupava em quem mais iria se candidatar ao cargo de Secretário Geral e de que forma conduziria sua campanha. Demorou a adormecer, mas diferente de suas amigas tivera um a noite de sono tranquila. Acordou bem cedo e se arrumou bem. Era quarta-feira e nada melhor do que um vestido cor-de-rosa pra anunciar sua candidatura. Seus pais estavam sempre ali para lhe oferecer suporte e o melhor jeito de ajudar a filha a começar bem o dia era com um café da manhã digno de uma presidente.
Paula, por sua vez demorara um pouco mais para se arrumar. Havia dormido na casa de Dany por insistência de seus anfitriões pra que não saísse dali devido ao clima de violência que permeava a cidade naquela noite. Diferentemente de Dany, a pequena Paula não tinha nada de especial pra aquele dia e se arrumou como o de costume. Se juntou à mesa do café é aproveitou. No dia a dia nem sempre tinha tempo de comer tão bem. Corria sempre pra conseguir manter a leitura dos textos em dia.
- E quando você vai fazer o anúncio, filha? – Perguntou o pai de Daniely.
- No intervalo da segunda aula, pai. – Dany respondeu. – Todos os candidatos vão fazer um discurso de abertura.
- E você não está nervosa? – Sua mãe indagou.
- Não. – Dany respondeu olhando pra Paula. – Minha melhor amiga vai estar do meu lado.
No início das aulas, entretanto, foi outro anúncio que chamou a atenção. O reitor da Universidade reuniu os alunos de todos os cursos no auditório principal acompanhado de Bárbara e seu irmão Gabriel. Iran, como o homem se chamava, se mostrava muito tenso. Além de boas-vindas aos calouros, o reitor atualizou os alunos sobre o que deixava todos curiosos: a situação do corpo encontrado.
- A polícia ainda não conseguiu identificar o corpo e nem os responsáveis. – Iran disse causando um burburinho. – Mas medidas de segurança serão implementadas para garantir a segurança do campus.
- Além disso as festas foram canceladas. – Disse Babi interrompendo o reitor e aumentando os comentários. – Não só as temáticas do Neon Valley, como a própria Integra Bixo. – O reitor olhava para a ruiva com desaprovação enquanto ela descia do palanque. – Eu fiz minha parte aqui Iran.
O homem queria deixar essa notícia por último porque sabia a revolta que causaria. Nem queria ter oferecido aquele espaço para tal, mas o chefe de polícia insistira. Foi difícil retomar a atenção e ainda mais mantê-la. De maneira rápida, explicou que câmeras de segurança seriam instaladas e que a ronda de guardas aumentaria pra garantir a segurança dos alunos contra qualquer tipo de atentado. No fundo todos sabiam que Iran só queria garantir que nada de ruim recaísse sobre suas costas.
Gabriel ficara envergonhado com a impulsividade da irmã, mas esta já se encontrava dentro da sala de aula, apenas aguardando um dos professores mais queridos: Klei. Apesar do clima de morbidez e da ausência das gêmeas (que eram duas de suas alunas favoritas), o homem loiro e de olhos azuis acolheu seus alunos com muita felicidade. Após apresentar o plano de ensino, perguntou a seus alunos sobre suas férias. Camila e Júlia o fizeram com muito entusiasmo, contando sobre suas divertidas experiências num resort e as deliciosas quitandas preparadas por suas avós, respectivamente. O restante da turma por outro lado não fazia parte da conversa oficial. Vários bate-papos paralelos se formavam. O maior deles entre Leandro, Thaiz, Otávio e Babi sobre a tamanha bizarrice que estava tomando conta de Poços de Caldas e o outro entre Juliana, Paola, Dany e Paula sobre a eleição a Secretário Geral. Leonardo e Ana Lu transitavam entre estes dois.
Durante o intervalo, Paula recebeu um estranho bilhete. Era uma pequena carta em papel couché recomendando que fosse ao laboratório de informática do prédio. O bilhete estava assinado apenas com duas iniciais “M.P.” no final.
- Que estranho. - Paula resmungou mostrando o bilhete para as amigas. - Quem será o autor dessa carta?
- E você não sabe, Paula? - Juliana retrucou ao ler as iniciais. - M.P.?
No mesmo momento, Paula saltou da cadeira e se dirigiu rapidamente para o laboratório. Sentada em frente a um dos computadores, uma figura misteriosa a aguardava. O livro ao seu lado, contudo, confirmavam as suspeitas da menina. Era Maria Paula, a então rainha do Oriente Médio.
- Fico feliz que tenha aparecido, Paula. - Maria disse inclinando sua cadeira.
- Oi, Maria. - Paula respondeu sem entender o que acontecia. - Por que você me chamou aqui?
- Eu tenho certeza que já ouviu falar do Vanguarda Internacional, um grupo de estudos do curso. - Maria explicou.
- E não é uma lenda urbana? - Paula indagou.
- Não. - Maria respondeu entre risadas. - Recebeu essa fama pela seletividade de seus membros.
- Nossa. - Paula falou, atônita.
- A questão é - Maria continuou - Nós gostaríamos que você entrasse.
- Seria uma honra! - A menina comemorou. - Quando posso começar?
- As coisas não são tão simples. - Maria esclareceu. - Você precisa passar por uma entrevista com o professor Rogério, o nosso gestor. Se ele achar que você se encaixa no perfil do grupo, você está dentro.
- Entendi. - Paula assentiu. - E pra quando fica essa entrevista?
- Hoje depois da segunda aula. - Maria disse. - É o único horário disponível do Rogério essa semana e na próxima semana já iniciamos as nossas atividades.
- Não pode ser. - Paula retrucou. - A minha amiga vai fazer um discurso de candidatura nessa hora.
- Bem, a escolha é sua. - Maria continuou. - Eu fiquei sabendo nos corredores que você está tentando alcançar o posto de destaque e estar no Vanguarda pode te ajudar muito. Você sabe que o Rogério faz parte da comissão seletora dos alunos destaques, não é?
A dúvida prevalecia na cabeça da garota. Aquela era a sua chance de se tornar a quarta Paula na linha de sucessão dos destaques acadêmicos. Ainda assim, no mesmo dia Daniely havia salientado o quanto a sua presença no discurso seria importante.
- Eu realmente espero que você não me deixe sozinha, Paula. - Dany disse ao saber da situação de Paula.
Ela, contudo, não podia perder a oportunidade. Encontrou-se com o professor Rogério e fez com que ele falasse o mais rápido que já fizera em toda a sua vida. E isso era, de longe, impressionante já que o professor era famoso por suas aulas lentas e cheias de conteúdo.
- “Quando uma mulher avança, nenhum homem retrocede.” - Dany citou, iniciando seu discurso. A garota falara esplendorosamente e com muita convicção. A ausência de sua amiga nas cadeiras da plateia, porém, a desanimava. Raí, o outro candidato e também amigo de Daniely também discursara de forma sensacional. Após os discursos, um pequeno debate foi mediado pelo professor Vinícius, que coordenava o MINIONU em Poços de Caldas há anos. A menina nem tinha muitas forças pra debater, mas, quase no fim, avistou Paula sentada. Em algum momento, ela conseguira chegar. Foi tudo o que precisava para amigavelmente terminar a apresentar suas propostas. Abraçou seu adversário e também sua melhor amiga. Os dois candidatos foram aplaudidos pelos colegas e as duas amigas se reconciliaram com um sorriso.
Enquanto todos comemoravam o início de mais um ciclo para o MINIONU, Otávio e Thaiz continuavam trocando ideias sobre o quão bizarra a aparição do corpo em Neon Valley havia sido. Thaiz compartilhou com o novo amigo que o mais estranho era o fato de ter sonhado com o morto. Durante essa troca de informações, Otávio contara algo que nem Babi sabia ainda, ele era um leitor de Tarot. Não gostava de se chamar cartomante por toda a carga que o título trazia. O ponto é que ele puxou 3 cartas para tentar entender melhor o porquê de aquilo estar acontecendo com Thaiz e o Diabo, a Papisa e o Oito de Ouros indicavam uma coisa: uma maldição de sangue perseguia Thaiz.
3 notes
·
View notes
Photo
Uma olhada por dentro do Neon Valley alguns momentos antes do incidente acontecer. Notem que a luz azul tem o formato de um diamante do The Sims, porque a Babi é apaixonada no jogo.

44K notes
·
View notes
Text
Capítulo 2: Rumo ao Neon Valley
A cabeça da morena balançava. A escuridão não permitia que focasse seus olhos em um ponto fixo. A menina nem sabia de onde havia surgido tanta sombra. Começou a tatear buscando escapar da terrível visão que tivera a segundos. Suas mãos, entretanto, mostraram que estava sobre uma superfície macia. O cheiro do ambiente também era muito familiar. Assim que alcançou o interruptor, Thaiz percebeu que nunca saíra de seu quarto. Aquele havia sido o sonho mais estranho de todos. Mas ao mesmo tempo o mais nítido.
O primeiro pensamento que passou por sua cabecinha confusa foi pegar o celular. Ainda eram três da manhã e havia muito tempo pra dormir. O sonho estranho não permitia, contudo. Aquele homem careca cheio de sangue ainda a assombrava. Havia alguma coisa de inocência em sua figura, mas no geral ele emanava terror.
Depois de tomar duas pílulas de Diazepam, a garota voltou a dormir. O sonho não voltou a incomodá-la. Na verdade, não tivera mais nenhum. O sono só teve a utilidade de descansá-la. Zero prazer, o que era estranho para Thaiz que amava dormir.
Ao acordar, a sensação de déjà vu não a abandonava. Aproveitou as coisas boas do sonho. A ideia de como se maquiar foi uma delas. Terminou a arrumação e se cobriu com um sobretudo preto. Era verão, mas na maravilhosa cidade de Poços de Caldas, as estações não passavam de palavras escritas nos calendários de senhoras amargas. Clima continuava uma instituição à parte e isso era muito estranho. Enquanto saía segurando as chaves de seu Chevette, observou sua mãe cozinhando na mesma posição estática do sonho. Estática era uma ótima palavra para descrever tudo que a menina observava.
A paranoia só começou a diminuir quando no semáforo, não recebera nenhuma buzinada. A inexistência do babaca foi o suficiente para tranquilizar Thaiz. A presença de Otávio, o aluno da transferência, entretanto, as trouxe de volta. Ainda desengonçado, ainda derrubando papéis e ainda formando uma dupla com Babi tornavam tudo aquilo muito estranho. Thaiz subiu novamente à biblioteca, mas dessa vez se lembrou de levar sua carteira e pegou o Amor Líquido que tanto queria ler. A menina tentara convencer seu melhor amigo Leandro de que adquirira dons proféticos, mas a ausência de um homem ensanguentado no final da aula retirou todo o seu crédito.
- Menos mal. – Thaiz disse, indo embora desconfiada.
Babi e Otávio, por outro lado, não estavam nem um pouco preocupados. Babi levara seu novo amigo para conhecer a cidade. Apesar de possuir a carteira de motorista há mais de um ano, a ruiva dirigia freneticamente e tão sem rumo que precisava ficar atenta para não atropelar cachorrinhos. Ou mulheres. Ou seus bebês. Decidira levar o amigo no melhor lugar da cidade: o seu. O Neon Valley era o melhor clube da cidade. Anteriormente um restaurante dos avós de Babi, o lugar foi transformado numa balada colorida depois de quase entrar na falência. Gabriel, irmão mais velho de Babi era quem administrava o lugar pós-reformas, mas fora a menina quem dera a personalidade ao clube. O lugar era tão colorido quanto suas roupas. Deixar Babi tomar conta da decoração, das músicas e da divulgação foi a melhor coisa que sua família poderia ter feito. O lugar se tornou um dos principais pontos de encontro da cidade.
Era tão descolado que as gêmeas passavam lá toda semana. Nathália e Natali não estavam em seu melhor momento, mas continuavam irmãs e melhores amigas. O que causava atrito entre elas era o pior dos motivos: um cara. Ele nem era “o cara”, era só mais um mané que conquistara o coração de ambas. Como Babi sugerira para o irmão, fazer uma série de festas temáticas para criar um clima pra Integra, a festa mais famosa de início de semestre ia trazer muitos convidados pro Neon Valley. E muito dinheiro também.
A primeira festa tinha o tema 007 e como fãs assíduas dos filmes, as Naths não poderiam não comparecer. Natali ainda se sentia incomodada com o fato de a irmã ignorar seus sentimentos e se esbanjar sobre seu possível-futuro-novo-namorado. Mesmo assim, decidiu que não ia deixar isso acabar com sua noite. Se vestiu com um apertado vestido preto, e arrumou seu cabelo cor de cobre para se parecer com outra espiã dos filmes que era apaixonada: Natasha Romanoff. Paola e Juliana acompanhavam Natali e Ana Lu e Leonardo seguiam ao lado de Nathália.
A festa se desenrolava muito bem. Juliana e Ana Lu continuavam sua competição para decidir quem era a maior beijoqueira das Relações Internacionais. Leonardo também não ficava pra trás. Paola, por outro lado, era comprometida e se manteve dançando com sua amiga Natali. Nathália, no outro canto do salão, beijava Márcio, o pequeno embuste que causava problemas entre ela e sua irmã.
Enquanto isso, no lado oposto da cidade, Daniely e Paula jantavam celebrando mais um ótimo início de semestre. As duas amigas não eram muito baladeiras como o restante da sala, mas adoravam comemorar. Com certeza a sua noite seria a mais prazerosa da turma. Comiam um risoto de limão siciliano preparado pelos pais de Dany acompanhados de um bom vinho (ungido pelo Senhor, é claro). Ambas tinham objetivos muito claros para o semestre. Dany queria conquistar o cargo de Secretária Geral da simulação da ONU conduzida pelo curso e Paula adoraria ser reconhecida como aluna destaque. Na verdade, as Paulas daquele curso tinham uma tradição de ser destaque. Como o curso era bem jovem na cidade, poucos destaques haviam emergido. A primeira aluna a conseguir o reconhecimento foi Paula Tesche que saiu depois de três semestres se aventurando como estagiária de Pavese. A segunda foi Maria Paula, um período acima do de Thaiz e seus colegas. Maria era reverenciada como a rainha do Oriente Médio e escrevia tantos artigos que já era considerada uma referência no curso. O terceiro e único homem a integrar a lista era Paulo Ricardo, um menino tímido, mas cheio de potencial. Era agora a chance de a pequena Paulinha mostrar o seu valor. Mas naquela noite ela só queria saber de terminar aquele risoto maravilhoso.
Enquanto as meninas lavavam seus pratos, Leandro buzinava a algumas quadras dali. Estava estacionado em frente ao apartamento de Júlia e Camila. As duas demoravam bastante pra se arrumar. Mais até do que Thaiz que impacientemente batia seus dedos sobre o vidro do banco da frente. Ainda era o Chevette da morena, mas Leandro adorava dirigi-lo e Thaiz sempre agradava o amigo. Quando Ju e Ca finalmente desceram do 5º andar e subiram no carro, Leandro correu tanto que uma blitz os parou. O motivo, entretanto, não era o excesso de velocidade.
De volta ao Neon Valley, Otávio e Babi dançavam muito ao som de Giorgio Moroder, um DJ italiano e o favorito de Otávio. Não que Moroder estivesse tocando ali, só na playlist do Spotify. O Neon Valley era famoso, mas ainda nem tanto.
- Esse lugar é sensacional, Babi! – Otávio gritou tendo a voz sufocada pela música alta.
- O que? – Babi retrucou sem entender o que amigo disse.
- Lugar sensacional! – Otávio tentou explicar com palavras mais curtas e gesticulando, apontando para as paredes do lugar.
- Claro, eu que montei. – Babi respondeu rindo. Otávio não conseguiu ouvir uma palavra, mas deu um sorriso pra finalizar o assunto.
Do lado de fora, o causador de problemas tentava se explicar par Natali. Márcio argumentava dizendo que era suficiente para as duas irmãs, mas ao contrário dele, Natali não era babaca. Ele, entretanto, era muito, o pó de princesa que jogara na bebida de uma das gêmeas fazia com que ela se sentisse cada vez mais tonta.
- Me deixa voltar lá pra dentro, Márcio. – Natali disse empurrando o garoto. – Eu cansei de pensar em você.
- Não fala assim, gata. – O moleque responde pegando Natali pelo braço. – Vamos comigo pro meu apartamento.
- Eu falei pra me deixar voltar! – Natali gritou puxando seu braço de volta e causando uma reação negativa em Márcio. O menino era pequeno, mas o estado alterado de sua vítima fez com que fosse fácil pra ele começar a arrastá-la.
- Tira suas mãos dela! – Gritou Paola que viera em socorro da amiga ao ouvir seu grito.
Paola que não era boba nem nada trouxera Juliana, Ana Lu e Nathália consigo. Nathália ficou atônita. Não podia acreditar que o menino que a pouco a beijara estava agora inciando um estupro contra sua irmã.
- Nunca mais chega perto da gente, seu otário. – Disse empurrando-o e derrubando-o no chão. – Da próxima vez que você pensar em violentar uma mulher se lembre disso. – Disse antes de começar a chutá-lo.
As outras três meninas, observando o estado alterado da amiga e indignados com a ação de Márcio se juntaram à Nathália pra mostrar pra aquele projeto de estuprador de que as mulheres também sabem se defender. Lu chutou com tanta força na barriga do garoto que o fez cuspir um pouco de sangue. A segurança, porém, não demorou a perceber a movimentação e expulsou as garotas. A polícia já as aguardava do lado de fora. A coisa não parecia se resumir apenas à sua revolta contra o machista. Algo mais sério tinha acontecido.
- Sua habilitação confere. – Um policial disse devolvendo os documentos de Leandro, ainda na rua do apartamento de Ju e Ca. – O que vocês estão aprontando por aqui?
- Estamos só tentando chegar a uma festa. – Leandro respondeu. – O que aconteceu?
- Uma coisa que Poços de Caldas vai se lembrar por muito tempo.
Aos poucos a polícia continuava a evacuar o Neon Valley. Gabriel e Babi estavam em choque. Uma coisa daquelas nunca tinha acontecido antes. Um cadáver há muito tempo apodrecido estava nos fundos da boate e um recado escrito em sangue o acompanhava: as bruxas voltaram.
2 notes
·
View notes
Audio
Música que estava tocando quando as gêmeas e seus amigos chegaram no Neon Valley no Capítulo 2.
1 note
·
View note
Photo

Sabrina
I’m watching Chilling adventures of Sabrina and i love it so much! I think this is the perfect fan art for Halloween :)
65K notes
·
View notes
Text
Capítulo 1: Déjà vu
A garota nunca teve dúvidas. Seus instintos nunca falharam. Aquele corpo podre era só mais uma confirmação: Thaiz não deveria viver. Talvez as coisas tivessem sido diferentes se o orgulho e o medo não a tivessem cegado no início do semestre. Mais uma vez fora traída por quem menos esperava e deixara de confiar nos que estavam do seu lado.
Thaiz era uma estudante de Relações Internacionais na PUC de Poços de Caldas e, diferentemente do que todos – inclusive seus pais – esperavam, ela se dava muito bem. Definitivamente não era tão focada quanto Paula, a moça exemplar que não se dava ao luxo de perder um ponto. Ainda assim, era poderosa e se destacava da mediocridade. Mal sabia que a serpente, em carne e osso, se apresentaria pra ela naquele ano. Muito menos enquanto se maquiava para o primeiro dia. Não era o grande primeiro dia. Não como quando ingressou no curso. Simplesmente voltaria a ver os rostos familiares que ficaram férias sem se encontrar. Na verdade, para Thaiz era um alívio ter tido um tempo sem eles. Não que fossem pessoas ruins, mas eram tão ativos que esgotavam a menina em segundos.
Terminou a arrumação e se cobriu com um sobretudo preto. Era verão, mas na maravilhosa cidade de Poços de Caldas, as estações não passavam de palavras escritas nos calendários de senhoras amargas. Clima era uma instituição à parte.
- Estou saindo. – Foi tudo o que disse para a mãe, antes de pegar a chave do Chevette verde-água e se dirigir pra faculdade.
O trânsito estava surpreendentemente tranquilo. Não fosse um babaca buzinando no semáforo, teria sido uma travessia perfeita. O tanque estava cheio, os cadernos arrumados e os cílios impecáveis. Não tinha o que dar errado. Ainda.
Enquanto estacionava o carro, viu pelo retrovisor um pobre coitado derrubando um monte de papéis. “Calouros”, foi tudo o que pensou. Antes de se dirigir para a sala de aula, passou pela cafeteria e pegou um copo grande de Cappuccino. Cafeína era completamente necessária. Enquanto saía, evitou um desastre (e um clichê). O mesmo rapaz que vira pelo retrovisor estava a um palmo de trombar e derrubar seu café. Thaiz não brigou. Revirar os olhos era sua maneira de reprovação.
- Desculpa. – O moço de cabelos pretos disse. – Você pode me dar uma informação?
- Tá bom. – Respondeu com pressa.
- Sabe me dizer onde vou ter essa aula? – O menino disse mostrando um de seus milhares papéis. – Não entendo esses códigos.
- Instituições Internacionais? – Thaiz perguntou surpresa. – Sala 9204. É pra lá que eu estou indo.
- Uau. – O menino respondeu descrente na coincidência.
Evitava-se um clichê e se chegava em outro. O rapaz, chamado Otávio, vinha de transferência da PUC de Belo Horizonte. Pela rápida olhada que Thaiz dera na sua grade de horários, eles fariam todas as matérias juntos. A moça não queria se tornar uma babá do novato, mas parecia não ter escolha. Assim que chegaram na sala, Otávio sentou do seu lado. Ele parecia estatelado, aliás. Não conseguia se enxergar em nenhum das ilhas que logo foram se formando pela classe. Era uma sala cheia, mas ele era o desconhecido por ali. Thaiz até manteve um certo nível de conversa com ele, mas isso até que Leandro, seu melhor amigo chegasse. Não era culpa de nenhum dos dois, ora essa. Ninguém era obrigado a ser amigo de ninguém.
Mesmo que os relógios marcassem 13:40, a professora não demonstrava sinais de aparecer. Só algum tempo depois que apareceu. Além de professora, era a coordenadora do curso. Carolina Boniatti Pavese. Um nome pra se ter respeito. E medo, sem dúvidas. O som dos seus saltos era mais ameaçador do que os rumores do fantasma do fundador da faculdade estar assombrando os prédios. Era baixinha e imponente.
- Sejam bem-vindos de volta. – A mulher começou a falar numa velocidade difícil de acompanhar. – Esse semestre será incrível, como todos os outros que vocês tiveram aulas comigo.
Apesar de provocar risadas, todos se sentiam um pouco desconfortáveis. Carol era conhecida por ser leve nas aulas e pesada nas provas. Mesmo assim, uma tendência ao otimismo permeava a turma. Até mesmo para Leonardo, o representante de turma cruel e com devaneios artísticos.
- Antes de começarmos, gostaria de dar as boas-vindas ao nosso novo aluno. – Carol disse apontando para Otávio. – Não quer se apresentar?
- Meu nome é Otávio. – O garoto respondeu se levantando. – Eu vim de Belo Horizonte.
- E por que pediu transferência? – Carol perguntou curiosa.
- Pra deixar o passado pra trás. – O garoto finalizou, se sentando.
- Muito bem, então. – A professora continuou. – Nós vamos começar bem o semestre: formem duplas, vamos começar um trabalho.
Ninguém pareceu surpreso. Carol não era de perder tempo. Otávio, entretanto, não se encontrava ali. Não era enxergado como uma dupla possível. A turma nerd era par: Paula e Dany, Paola e Juliana. As gêmeas Nathália e Natali eram uma dupla natural. Thaiz e Leandro nem cogitaram pensar no menino que sentava ao seu lado. As amigas silenciosas Camila e Júlia, também não viam problema em ignorar. Até mesmo Leonardo tinha sua fiel escudeira, a cheerleader Ana Lu.
- Te deixaram sozinho, novato? – Carol perguntou retoricamente. – Você pode fazer um trio...
- Desculpa o atraso! – Uma garota gritou escancarando a porta. – Eu perdi o ônibus.
- Bárbara! – A professora gritou assustada pela interrupção inesperada. – Entra, garota.
Babi era excentricíssima. Carregava uma cachoeira ruiva na cabeça. Se vestia como uma personagem de quadrinhos dos anos 60. Cropped-top verde-neon, calça rosa e um par de Louboutin de saltos médios. Não estivesse excêntrica o suficiente, trazia no colo um Lhasa Apso branco no colo. Era Spike o nome do cãozinho. Percebendo a formação natural de duplas, Babi se sentou ao lado do único assento disponível.
- O que tá acontecendo? – A garota perguntou perdida.
- A Carol entregou as instruções pra um trabalho. – Otávio explicou.
- Mas já? – Babi perguntou surpresa.
- Não é pra hoje. – O moço respondeu rindo. – Temos que entregar daqui um mês.
Pavese explicou como se desenrolaria o semestre e apresentou algumas diretrizes para o trabalho. Não parecia ser impossível. Não para quem era acostumado com o “Império Carolíngio”. Otávio e Babi se identificaram de cara. Ela era a louca atrasada e colorida e ele o menino novo que queria deixar o passado pra trás. Uma bela dupla de esquisitões. Eram barulhentos e inconvenientes, mas se percebia o alívio de todos na classe por não precisarem se preocupar com incluir o menino novo.
Durante o intervalo, o centro das atenções foram as gêmeas. Depois de uma caminhada de mãos dadas, elas se viraram e começaram a discutir. Ninguém parecia saber decifrar o motivo. Nath gritava com Nath. Paola e Juliana rapidamente se moveram para apoiar Natali. A menina era tão frágil que o simples levantar de voz de sua irmã fez com que murchasse. Nathália, por outro lado, deu braços com Ana Luísa e saiu balançando seus pompons. Precisavam treinar, porque a temporada de jogos, logo começaria.
Paula e Dany perderam a movimentação. Estavam xerocando os textos passados por Carol. Queriam se manter adiantadas. Na verdade, essa era uma promessa que renovavam todo semestre: “Dessa vez não vou atrasar a leitura de nenhum texto”. Essa promessa durava, em média, 3 semanas. Depois desistiam e se viravam como podiam. Aliás era assim com a maioria.
Otávio e Babi, descansavam na cafeteria, comendo uma torta de chocolate para esperar a próxima aula. O lugar estava, ainda, vazio. Mais vazio do que Babi conseguia se lembrar. Ninguém parecia surpreso, porém. Estavam acostumados a não verem muita gente nos primeiros dias de aula.
- Vamos comigo na biblioteca? – Thaiz disse para Leandro, interrompendo o silêncio barulhento que permeava os corredores.
- Biblioteca no primeiro dia de aula? – Leandro retrucou. – Você tá pior que a Paula.
- Muito engraçado. – Thaiz respondeu. – Quero pegar um livro do Bauman.
“Bauman” foi suficiente para convencer Leandro. Também tinha alguma curiosidade sobre os escritos do autor, desde que o professor Rogério o citara no último período. Thaiz queria estudar o “Amor Líquido”, livro que descrevia as relações amorosas na atualidade – tão plásticas que não duravam por muito tempo. Parecia descrever os namoros da faculdade. Entretanto, nenhum dos conseguiu pegar o livro. Esqueceram sua carteira, e sua viagem ao monte olimpo da biblioteca fora sem recompensas.
Voltaram para a aula da professora nova: Zezé. Nova era apenas a sua presença no curso. Desde o início mostrara-se com opiniões velhas. Calças que só velhos usam, também. Não era má pessoa, apenas uma vereadora apaixonada por empresários e descrente no nordeste. Sua aula fora um pouco confusa, mas todas as aulas inaugurais costumavam ser. Juliana até simpatizou com a professora e adorou seus óculos fofos.
- Alguém vai na Integra? – Paola perguntou, assim que Zezé finalizou a aula, buscando companhia para a festa.
- Eu vou. – Ana Luísa respondeu. – Vou levar um amigo de Cunha.
- Eu também. – Responderam as gêmeas, simultaneamente.
- Quando é essa festa? – Otávio indagou.
- Quinta-feira. – Juliana respondeu. – Eu estou vendendo ingressos, se você quiser ir.
Aparentemente, a classe toda iria. Thaiz não tinha certeza ainda. Precisava resolver alguns assuntos pendentes. Quando procurou as chaves do carro, não conseguiu encontrar. Leandro já tinha ido embora, então não poderia ser ele pregando uma peça, como de costume. Devia ter esquecido na sala. O corredor estava vazio. As luzes começaram a piscar. Quando entrou na sala, viu suas chaves na mesa da professora. Não conseguia imaginar o motivo de estar ali. Quando passou pela porta viu um homem com roupas eclesiásticas e sangrando pela cabeça. Ele se moveu na direção de Thaiz e ela não conseguiu expressar reação.
2 notes
·
View notes
Photo

Crazy Daisies
Watercolor, Gouache and Chinese Ink On Cotton Paper
2016, 9″x 12″
Yellow Daisies
Commission- Private Collection-Denver, Colorado
6K notes
·
View notes