Tumgik
codinomeze · 2 years
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2022 NOVEMBRO, 27
Para todos os demônios que um dia ignorei: A vontade de surtar é grande. Eu só quero explodir ou explodir alguém. Mas, espere, de quem é a real responsabilidade pela forma como estou me sentindo: Quem me causa a dor ou quem está escolhendo permanecer com ela? O mundo já está cheio de ódio, eu não quero alimentar ainda mais essa desgraça. E eu acredito que sim, eu sou melhor do que isso, eu sou melhor que essa raiva. Porém,
o que significa ser melhor enquanto Ser Humano?
Questiono-me: Engolir os sapos e deixar que se dissipem em energia densa, acumulando-se em algum órgão vital do meu corpo, é ser iluminada? Começo a perceber o quanto essa necessidade tóxica só existe no discurso. "Você não é um robô", digo, olhando fixamente dentro de meus próprios olhos através do reflexo no espelho, "Permita-se sentir o Ódio do momento". Não é um pedido. É uma ordem e não há ninguém melhor no mundo para obedecer do que eu mesma. Na verdade, eu sou única à quem devo qualquer tipo de satisfação. E grito.
Mas não grito como quem dá esmolas. Grito abundantemente e com toda minha fúria. Respiro fundo, puxo todo ar possível para dentro de meus pulmões e grito outra vez. Eu poderia estar usando um travesseiro para abafar, mas já me abafei demais e continuo gritando como se não houvesse amanhã. Grito até não restar um fio sequer de fôlego. E quando só me resta o choro, me abraço e choro. Choro… Choro… Quando o cansaço enfim bate, estou mais leve que uma pluma e a sensação é a de que posso flutuar, embora só eu queira ficar ali no canto do meu silêncio. Observo o estrago que causei. Aceito. Contemplo. O caos também é uma obra de arte. E então, descanso. Sem culpa. Sem receio. A fera recém parida permanece diante de mim, mas ela já não me domina. Eu a encaro e percebo que ela também só quer descansar. Ela está em paz, pois foi reconhecida. E eu aqui, plena, pronta para ressignificar o que já não me consome mais.
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codinomeze · 2 years
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Eu já nem me lembro a roupa que você estava usando quando te vi partir. Continuo dizendo para mim mesmo e qualquer pessoa que, porventura, venha a me indagar; que dou um boi para não voltar no tempo e uma boiada inteira para não sair de lá.
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codinomeze · 9 years
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Não olhe agora, eu estou te olhando...
E ainda que duvide, hoje reparei no seu novo jeito de amarrar o cabelo. Achei que duraríamos até que ele crescesse novamente e assim eu pudesse confirmar a suspeita que tive desde o começo. Você é linda de qualquer forma, e quando falo isso me refiro a um conjunto de aspectos ímpares, só seus. Aquilo que você me contou certo dia, traços que se deixou mostrar. Eu te conheço tão pouco, você me conhece tão bem. Te acusaria por ter sido injusta nesse quesito, mas o desleixo foi todo meu, eu sei. Admito, é complicado simplesmente aceitar o fato, mesmo que a porta aberta nos lembre o tempo todo que fui eu que te deixei ir. E por permitir isso é que eu te chamo, nem que seja só para falar dos meus mais loucos planos. Você se espalha no canto de minha cama e eu tento não pensar no que eu faria se ainda tivesse o mérito de tirar sua roupa. Gosto quando me olha e espreme os lábios para não deixar escapar o sorriso que te provoquei, como se não quisesse me deixar ainda mais convencido de que sim, eu te faço bem. Certa você. Talvez eu não a mereça tanto quanto no fundo você gostaria que fosse, mas não significa que eu me orgulhe disso. Eu queria ter sido mais do pouco que fui. Eu queria não almejar tanto e tão futilmente. Eu queria que você fosse a única. Queria não ter que me comportar como o bom amigo e o pior cafajeste que sou, e que você não fosse embora da minha vida sem me deixar a certeza de que vai voltar. Paramos na primeira lombada e o carro estancou, você desistiu de empurrá-lo e eu não insisti. E eu continuo sem me mover, enquanto você aparenta se afastar aos poucos. Permaneço na dúvida e você no receio. No final do dia, respiramos as escolhas que fizemos e exalamos a falta do que não foi. Me despeço de você na porta e engulo a mesma pergunta que sempre retorna: E se fosse? (outra vez...)
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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Você é exagerada, isso equivale a uma semana comigo mesmo. Agora eu sou um romance feito engenhosamente...
Letra: http://goo.gl/a2NnyE
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codinomeze · 9 years
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E agora que o sono bateu e o corpinho espreguiçou, eu me pergunto: por onde anda o amor? Agora que a mamãe deixou o leito, fechou a porta devagarzinho para não fazer barulho, eu me pergunto: o que o mundo se tornou? E se o fim for o melhor começo longe daqui, será que devo acordar? Vale mesmo a pena ficar? Talvez exista um lugar melhor...
L.R.Magalhães
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codinomeze · 9 years
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codinomeze · 9 years
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O amor acontece...
Feito chuva em tempo quente, um gole d’água durante a sede, ele acontece. Ao acordar de manhã bem cedo e se lembrar que não existem compromissos para aquele dia, a não ser fazer qualquer coisa que não seja rotineiro; No meio do transito, na fila do supermercado, caminhando pela calçada, ele acontece. A gente espera que seja algo inusitado, premeditado, milimetricamente acertado, é tanta ânsia que chega cega. Ele acontece ao redor, e de tanto olharmos só para frente, esquecemos de observar nossas transversais. Numa mudança de planos, ele acontece. Quando ocorre um atraso, ele acontece. Num sorriso ou até mesmo numa cara fechada, revendo o passado ou planejando o futuro. Ele não bate na porta, mas invade se você abrir. O amor acontece sem que precisemos insistir. Acontece porque precisava existir, embora não por necessidade, mas pela sina, quiçá. De onde menos se espera e da maneira mais improvável, acredite, ele acontece. E vai ter forma, cor e cheiro familiares, apesar de nunca tê-lo visto antes. Vai gostar das mesmas coisas ou ser totalmente diferente do que somos. Você ainda não sabe, mas esteve ali o tempo todo. Ele acontece quando chegada a hora de acontecer. Num pôr-do-sol na praia ou num gramado qualquer, se é verdade que gente inspira o que exala, permita-se conceder o afeto para que o mesmo adentre. E que ele não só te preencha como transborde até que se possa afogar.
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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codinomeze · 9 years
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Para cada vez que a vida te arrancar o fôlego
Respire... Respire para recuperá-lo e encarar o mar do dia seguinte. Respire para tudo o que aparenta ser difícil, pois nada é tão difícil nem mesmo quando acreditamos ser. Respire para admitir seus erros e pedir perdão. Respire para engolir o orgulho e perdoar, pois por mais que alguém te ame, ela vai te machucar pelo menos uma vez, e no final das contas essa pode ser a única saída. Respire antes de se reerguer de um tombo e para as críticas que surgirão, pois do que figura alheia precisa vende no mercado, você não tem que emprestar o seu espelho. Respire para a dura verdade; Com uma dose de compreensão ela vai descer. Respire para o que seus amigos te aconselham, mas não esqueça que é preciso respirar fundo para o nosso próprio conselho. Respire para enxergar a perfeição onde mais há erros, porque as vezes é exatamente nesse ponto onde se encontra o que você sempre procurou. Respire quando for a sua opinião contra a de vários outros. Respire para conceder uma nova chance, mesmo que as probabilidades de frustração sejam altas e ainda que te julguem por isso. Arrisque hoje o que amanhã pode não existir; Erre enquanto não te provarem que é acertando sempre que se alcança o que é realmente certo; E se o mar valer a pena, pule, não importa o quão alto seja o penhasco; Lute pelos seus sonhos, pelos seus conceitos, pela sua felicidade e pelas pessoas que você ama; Acredite, pois mesmo que não haja a continuação, haverá o recomeço e que se ainda existe esperança, não é porque ela é a ultima que morre, e sim, porque ela está fadada a permanecer acesa, sobrevivendo de dentro pra fora.
Palavras de quem arriscou, errou, pulou e acredita que não há causa perdida enquanto ainda restar um último tolo que lute por ela. Eu sou tolo, amo e continuo respirando.
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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codinomeze · 9 years
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Apaixonada pelos seus textos, desejo que essa inspiração pra escrever esteja sempre contigo.
Gratidão, pessoa bonita! Fico feliz em ler isso, afagos ♥
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codinomeze · 9 years
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Nossa, aqui é simplesmente perfeito. Adoro o insta também, me ajuda muito ❤❤❤
Obrigada, minha linda, pelo carinho! Espero de coração que fique sempre que voltar ♥
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codinomeze · 9 years
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Bilhete na porta da sua geladeira
Há mais ou menos um ano, estava eu fazendo a escolha mais difícil da minha vida, até hoje. Achei que só faria um bem maior à mim, mas consegui enxergar que, no final das contas, ambos precisávamos viver nossas fases desentrelaçados um do outro. Você com sua sede de vida, e eu com minha sede de amor. Não faço ideia de quantas outras pessoas ainda passarão pela minha vida, mas sei que não deixarei ficar se eu não puder ser recíproco. E, claro, não venho através deste deturpar o rumo que essa história tomou. Entendo perfeitamente que existem os casos e os desacasos, e maneira como cada um decide lidar com isso é bastante ímpar. Respeito os dois lados da moeda e quaisquer que tenham sido suas escolhas. No fundo, Maria, a gente sabe para onde a vela do nosso barco aponta, mas arriscar é um mar aberto e uma vez dentro dele é impossível sair sem se molhar. 
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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Onde mora o amor...
No andar mais alto, mas não o último. O amor mora no meio. Entre os dois olhos, entre os dois seios. Tons claros e receios, ora se liberta, ora se abstêm. É um presente onipresente, pois não se ama alguém antigamente. O passado é um tempo que não se aplica ao amor. De tanto que habitou a mágoa, hoje habita os sonhos e os anseios. O amor não volta, pois esse nunca se foi, nunca deixou de estar. No andar mais alto, ele continua lindo, com os mesmos olhos de menino à procura de uma redenção. Permanece. Sereno como a brisa que assobia, leve como o toque que jazia sobre a pele quando íamos nos deitar. Reluta. Desconfiado como uma raposa à beira da estrada, conformado por acreditar que se perdeu.
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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Sou flor...
Nasci e cresci num campo onde as demais são um tanto quanto diferentes de mim. Eu poderia dizer que eu sou diferente delas, afinal, sou minoria; Uma flor amarela entre centenas de flores rosas. Quando brotei, eu sabia que não seria fácil defrontar as discordâncias, e que o modo como as coisas fluiriam dependeria apenas de minhas escolhas. Bem, por vezes tive a chance de me igualar às outras; pensar, agir e ser como elas. Confesso que o abandono alheio é capaz de nos mover para longe de nossos conceitos. Há quem se curve por medo de acabar sozinho. Contudo, o abandono de si mesmo, afinal, é o pior de todos. Ainda não sei qual o meu propósito nesse mundo, mas garanto que não estou aqui para agradar ninguém. Vivo para os meus anseios, corro pelos meus sonhos. Faço o que me estima e não me envergonho de admitir que o meu gosto é mais acentuado do que habitualmente vemos por aí. A liberdade que tanto procuramos ter vem de dentro, e há um pássaro que voando em mim. Sou livre para ser quem eu quiser. Preservo a minha essência e nunca, de maneira alguma, me retiro do MEU lugar pelo pesar de estar incomodando. Ninguém irá podar minhas pétalas. Pois quando olho para céu, não é de rosa que o Sol se pinta. Já dizia o velho ditado que a porta é serventia da casa e, honestamente falando, não me fará falta quem não quiser ficar. Florisos!
(L.R.Magalhães)
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codinomeze · 9 years
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codinomeze · 9 years
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Prefácio.
SÉRIE: Overdose de café // EPISÓDIO: 01 // SINOPSE: aqui!
    Não me lembro ao certo quando comecei a me incomodar com a espera. Não que ela não incomode, de fato, mas assim, tão rápido, pra ser honesto, eu não me lembro. Já se passaram quarenta minutos desde o combinado. Tenho convicta noção de que largar no horário em plena terça-feira de pico não é fácil pra ninguém. No entanto, estou tranquilo, digo, não estou chateado com a demora, só meio ansioso, afinal, um ano de namoro, bem... É um ano de namoro. É bastante tempo... Passei o dia inteiro ignorando a data para não estragar a surpresa. A fiz acreditar que este seria um encontro entre amigos, como de costume o fazemos. Não consegui preparar nada de tão grandioso ou, até mesmo, merecedor desse momento, mas estive esperando que a agrade de alguma forma.     Quando o garçom aponta próximo à porta, eu o chamo. Peço mais um quarto de conhaque e alguns biscoitos de maisena pra tirar o gosto. Por sorte - para a minha sorte -  o lugar não está tão cheio. Quantos menos senhorinhas, como essa sentada na mesa ao lado me encarando, melhor. Estico as pernas e relaxo as costas. Começo a recapitular meu discurso mentalmente. Por um segundo, não mais que isso, aperto os olhos e baixo a cabeça. Porra! O que é que eu ia dizer mesmo nessa parte... Meu corpo, então, pressente a presença de calor humano por trás. Meu cérebro logo abandona o que estou fazendo e começa a cogitar as possibilidades. A lógica indica o garçom; A ansiedade clama pela minha convidada especial. Mas o perfume... Familiar, porém onipresente. Está se deslocando. Permaneço parado, na mesma posição. Eu poderia esperar ver qualquer pessoa nesse instante, qualquer uma, menos a criatura que acaba de se sentar à minha frente. Ela está olhando fixamente para mim. Sua expressão está suave, mas consigo enxergar as batidas aceleradas de seu peito saltando pela jugular.
– Oi - diz ela. Engulo a seco. – Oi. Ela ofega em meio a um sorriso e, agora, acho que é a minha jugular quem está me entregando. – Eu estava ali sentada do lado de fora e o vi aqui dentro. Na verdade, eu estou te observando a mais ou menos meia hora. Estava decidindo se vinha ou não. – E por que? – Por que o quê? – Por que estava decidindo? Quero dizer, por que passou trinta minutos decidindo sobre isso? - Digo e, em seguida, sorrio de canto. – Ah, você sabe... Mas se eu estiver atrapalhando, sei lá, se estiver esperando alguém... – Não, não. Tá tudo bem. Não está me atrapalhando não. Não? Confesso que falei sem pensar, mas senti ao falar e não me arrependi à seguir - ou pelo menos por enquanto. Porém, estou meio nervoso. Não posso dizer ao certo se pelo fato de a “mulher da minha vida” estar tão próxima após um ano sem nos vermos ou por eu ter acabado de mentir para ela e para mim mesmo. – Mas e ai? Tudo bem com você? – Estou bem, sim. E você? – Bem. – Você tá... Diferente. – É? Você continua a mesma. E eu quero dizer a mesma em todos os sentidos. O mesmo aspecto, o mesmas forma de me abordar, o mesmo sorriso amarelo quando comete o erro de apagar as luzes antes do fim. A mesma Diana, a minha Maria Diana, de quem tanto sinto falta e, ao mesmo tempo, nunca senti... – Quebrada, digamos. – Me recorde de quando você foi inteira... Sorrimos juntos. – Um pouco dispersa, na verdade, mas isso não faz muita diferença. Eu sempre me viro de qualquer jeito. – Isso me soa muito “eu”. – Que nada! Você não está somente bem, Luís, você está... Está radiante, sem olheiras, sem café... - Ela aponta com os olhos para a taça de conhaque vazia. – É uma boa observação, embora um tanto quanto superficial. – É... Estou meio enferrujada de você. Mas soube que se libertou do folk e agora ouve jazz. Quem diria! – Na verdade, eu me libertei de muitas coisas. E essa foi a primeira frase da qual me arrependi de dizê-lo. Não porque não queria dizê-la, mas pela forma como soou e como Diana poderia ter interpretado. Mas agora é tarde. Ela já fechou a cara para mim. Está inexpressiva, mas sinto o desconforto se esvair por seus lábios apertados. – Veja, não foi bem o que eu quis... – Tudo bem, não importa. Eu sei - ela me interrompe. – O tempo passa, não é? As coisas tendenciam à mudar. O meu amor não. Ela nunca muda... É claro que eu não posso simplesmente dizer isso agora. Eu ainda nem creio direito que estamos tendo esse diálogo, e 398 dias não são dez minutos de um reencontro circunstancial. Mas que curiosidade essa que me invade em querer saber como vai sua vida pessoal, como anda o coração. A maldita dúvida do devo ou não devo. Sabe-se Deus quando irei vê-la outra vez... – Mas aproveitando o instante, conte-me mais! Diana então me olha surpresa. – Mais? Sobre...? – Você. Sua vida... Qualquer coisa da vasta lista de coisas que perdi esse tempo todo. – Passaríamos o resto da noite aqui. – As que você considera principais, talvez. – Não estou com ninguém - Ela dispara. – Não?! - Tento disfarçar minha surpresa, embora eu já soubesse que não. – Não, assim... Fixo. Certo. – Ah, sei. Bom. – Bom? – Digo, ok! – E o seu relacionamento? – O que tem ele? – Como tá? – Bom! – Bom? – Digo... Bom, ele... Tá indo. Estamos bem. – Ah, bom. Nunca usurpei tanto de uma palavra quanto hoje. Bom. O que é bom, afinal? Bom é quando algo não está ruim? Porque o papo não está ruim, mas também não está bom. Sinto minhas pernas enrijecer embaixo da mesa e as têmporas de Diana se apertam cada vez mais. Só então percebo que o conhaque e os biscoitos estão demorando, mas que, para minha sorte, minha companheira também. Eu não tenho nada a esconder dela, mas seria realmente estranho, prum jantar romântico, ela nos encontrar ali. Contudo, por mais que Diana devesse ir embora, algo em mim implorava para que o tempo estagnasse e ela ficasse só mais um pouco. Mas se bem a conheço, sua partida está próxima. Ainda sou capaz de perceber sua inquietude, mesmo enquanto ela apenas respira e olha para minha taça. – Quer me contar um segredo? - Arrisco. – Um segredo? – É. Algo além do que eu já saiba. – Hum... Não sei. Não consigo pensar em nada em específico, agora. Me conte você. – Eu? A chegada do garçom me interrompe. Eu meio que pulo com o susto. Enquanto ele realiza a troca de taças, meus olhos encontram-se alinhados aos olhos de Diana. Ela nunca os desvia, tampouco eu. – Algo para a moça? - Pergunta o garçom. Meu celular começa a vibrar em cima da mesa, roubando a atenção de nós três ao mesmo tempo. Observo o visor da tela e friso os lábios, apreensivo. Em seguida, volto-me para Diana e ela está se levantando. – Posso oferecê-la o drink da casa, senhorita? – Não, obrigada, senhor. Já estou de saída - Diana se apressa. – E foi bom revê-lo, Luís. Num movimento involuntário, acabo derrubando a taça em cima da mesa, molhando a toalha e a mim. Ela começa a caminhar em direção à saída e eu ainda não disse nada, sequer um “tchau”. Há somente uma coisa que eu gostaria de fazer naquele momento, mas não sei se seria o mais sensato. Diana me apareceu como um fantasma. Vê-la e ouvi-la foi como enfiar minha cabeça num poço de lembranças sem sequer tomar um fôlego. Devo, então, deixá-la sumir como um fantasma também? – Ei, espere! - Eu a chamo. Deixo a mesa e caminho rapidamente pelo corredor de mesas, dando tempo de pegar a porta se fechando. Ela olha para trás e diminui o passo até parar. Espero me aproximar e digo: – Foi realmente bom revê-la, depois de tanto tempo. Ela consente com a cabeça, mas não diz nada. – Eu espero mesmo que você esteja bem do jeito como está, eu... - continuo. Sua mão então descansa sobre meu rosto e tão serenamente ela o acaricia. – Se eu tivesse que contar um segredo meu, algo além do que você já saiba, eu diria que um dia fui inteira: amei por inteiro, me dei por inteiro, senti por inteiro. Compartilhei por inteiro de uma vida. Mas hoje... Hoje eu sou metade, Zé, e não importa o tamanho do descontentamento alheio. Para cada um e qualquer um, sem restrição, sem absolvição, sem exceção. E apenas foi...
Trilha: Aquela Música - Jay Vaquer. Letra: aqui! Ouça:
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