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t.,
ele me passou seu número novo. acho que não vou conseguir te ligar por esses dias. tem sido difícil. você deve saber. de todas as pessoas que conheci até hoje, nenhuma chegou perto de ser um terço seu. eu queria arrancar todas as folhas do calendário novo pra conseguir te ver mais rápido. não vai dar certo. eu ainda dou várias mancadas e afasto quem eu amo. mas eu melhorei muito. teria orgulho de assistir quem eu sou agora. você é a única saudade que me faz chorar. faça alguma coisa boa com isso.
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quando eles decidiram se separar, numa segunda-feira de setembro como aquela, eu percebi que a luz também se enfraquece e apaga quando o verão está prestes a começar
que o amor é silêncio no início e no fim eu não os vejo conversando sobre a cassação do Cunha ou como resolveram tampar os buracos das ruas por causa da eleições
nenhuma palavra eu me lembro de como eu não consegui dizer coisa alguma quando eu a vi e quando ela me deixou
agora, eu entendo
eu percebi que as chaves não saem das mãos
elas ainda precisam estar ali ao abrir ou fechar a porta (pra sempre) antes, lar, esconderijo, abrigo desde ontem, telhados, paredes, tintas e choros sendo descascados
o interfone continuará quebrado, ninguém mais chegará a janela continuará trancada, ninguém mais aparecerá do outro lado
as cachorras, um dia, não reconhecerão um ou outro, e rosnarão como o amor em cada um, um dia, não se reconheceu mais, e rosnaram eu percebi que leva quase uma vida inteira pra construir algo e depois notar que uma vida (ou duas juntas) não é suficiente.
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você me perguntou que tipo de amor nos conserta
e eu te disse
nenhum
[um dia, quando eu tinha nove anos, fui ao mercado comprar alho pra minha mãe terminar o almoço e vi o casal do apartamento ao lado discutindo na fila do caixa. eles eram o casal mais bonito que eu já tinha visto na vida. tanto ele quanto ela, as pessoas mais bonitas que eu tinha conhecido até ali. e eles sempre saíam de mãos dadas e sempre sorriam um pro outro, mas não naquela fila e não naquele dia. naquele dia ela parecia ter chorado e ele tinha a expressão cansada. eles não deram as mãos ou sorriram. e eu fiquei triste também, mesmo sem saber, mas fiquei. na volta pra casa eu pude ouvir ele dizendo: você precisa parar de tentar me transformar no seu pai. e ela dizendo: eu só quero o que é melhor pra nós dois. ele disse: pra mim não. e ela saiu andando na frente, com parte das compras e o pisar forte no chão.
quando eu cheguei em casa e entreguei o alho pra minha mãe, quis encostar o ouvido na parede da sala pra tentar continuar ouvindo se eles falassem algo, mas hesitei. fiquei sentada no sofá tentando captar na memória um dia em que eles pareceram não gostar tanto um do outro e, ao não encontrar, me perguntei como eu poderia ter perdido esse momento.
ninguém deixou de ouvir o barulho dele carregando alguma coisa pra fora, nem os soluços que ela soltava no que parecia ser um daqueles choros mudos que eu também dava quando minha mãe me batia.
meses depois, eu a vi conversando com a vizinha. ela não parecia a mesma pessoa de antes, mas ainda era assustadoramente bonita. a vizinha, assim como eu, custava a acreditar que eles tinham se separado. "vocês pareciam perfeitos", disse. concordei em silêncio. e ela respondeu, com uma voz tremida, "é isso que a paixão nos faz acreditar que sim, mas você só sabe que é amor quando aceita que não. nós não conseguimos".
eu tinha nove anos, pra mim era só como uma daquelas brigas que os casais tinham nos filmes. eu esperava que ele fosse aparecer, num dia de chuva, e gritar lá da rua que a amava e que eles foram feitos um pro outro, mas ele nunca veio. ela apareceu com um novo namorado, que não era tão bonito, eles não andavam sempre de mãos dadas ou sorriam feito bobos um pro outro. eles brigavam e deviam pedir desculpas, porque continuavam juntos.
eles eram imperfeitos, mas não parecia importar
aí eu entendi]
você me encarou com olhos surpresos. eu ri.
o amor aceita. não a violência, nunca a violência, mas a imperfeição.
o amor não conserta. ele celebra.
a erosão da gente é quem a gente é.
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eu não lembro se na infância eu pedia bichos de estimação para a minha mãe, acredito que não, sempre tivemos tantos cachorros que da maioria eu nem me recordo o nome mais. já na adolescência, ganhei do meu primeiro amor um aquário do bob esponja com dois peixes, um azul e outro vermelho. mesmo cuidando deles como quem cuida de uma borboleta com a asa quebrada, buscando a delicadeza com que os raios de sol tocam a água, ambos morreram. e me perturba pensar nisso porque eles morreram justamente quando o meu primeiro amor morreu [em mim]. foi aí que eu entendi sobre o cuidado que requer uma borboleta com um asa quebrada, porque ela ainda pensa que pode voar. e não desiste de tentar. porque quando eu enterrei sob o pé de romã os dois peixinhos beta, uma parte de mim foi sepultada junto.
da pra acreditar que por anos eu me culpei pela morte dos peixinhos? acho que era o meu jeito de tentar não me culpar por ter deixado morrer as borboletas que moravam no meu estômago, mas não existia outra opção. com o tempo elas queriam sair pela boca, voando por aí em busca de um peito que fosse mais florido, naquele momento eu não sabia, mas as minhas flores estavam murchando, não pela ausência de cuidado, mas pelo excesso de um toque que não germinava, mas podava tudo.
nunca mais ganhei peixinhos [mesmo já tendo sonhado com um aquário de peixes dourados], mas as borboletas insistiram em voltar, sempre outra vez, principalmente quando eu achava que aquela era a última, que seria a minha última chance. já que eu não podia ter asas, que eu cultivasse e cativasse os seres alados, porque mesmo que eu não pudesse voar, quando eles estavam em mim era como se eu mesma não estivesse, como se eu não pisasse no chão, a lei da gravidade não era mais soberana sobre mim, algumas potências se curvam à outras, acho que disso é feita a vida.
alguns caminhos só fazem sentindo porque se existe a possibilidade de ir, existe a possibilidade de retornar. mais de 10 anos depois e as borboletas insistem em voltar.
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você é de qual estado?
Na verdade eu moro no Distrito Federal! :)
E você, anon?
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come a little bit closer
sábado. tô fazendo o almoço enquanto harvest moon preenche a sala e eu me lembro de quando comer, rezar e amar era meu filme de conforto. lembro da cena em que a liz imagina o ex marido no terraço do templo e o perdoa. de quando ele diz que vai sentir saudade e ela responde "sinta" e no fim eles dançam ao som dessa música, a que tocou no casamento deles é a mesma do fim. do fim que ela desejava ter. um sonho.
quantas vezes eu sonhei o nosso, não só o fim, como o início.
neles eu te disse tantas coisas, disse que te amava de tantas formas e em todas elas desejei que cê estivesse bem, que seu coração se curasse, que sua mente te desse paz. paz pra dormir, pra acordar, pra ir à feira, ao mercado, ao trabalho.
nem em todas elas fui forte o suficiente pra não chorar porque te queria de volta. porque eu quis. desesperadamente te quis de volta tantas e tantas vezes.
depois das mágoas, senti seu amor também. forte e potente como o meu. inalterado independente do tempo e das perdas. nossa prisão é mesmo essa, não é? esse amor tempestuoso que mantemos imaculado um pelo outro.
nesses milhares de fins imaginados desejei também que você amasse de novo: não um amor como o nosso, mas tão inebriante quanto. que te comovesse de novo os olhos e mãos e traços de alguém. que te iluminasse e te fizesse sorrir, pegar chuva, atravessar a cidade com o peito batendo forte.
a gente merece, sempre mereceu, por isso que também fizemos isso um pelo outro, nos amamos assim.
e quando o neil young canta because i'm still in love with you eu sei que ainda é e que talvez seja pra sempre
mas quando ele diz i want see you dance again
sei que não serão meus braços ou meus pés
porque algo entre nós encontrou e descansou no fim
(mesmo que não tenha sido o amor, mesmo que ainda não tenha sido o amor)
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eu queria que você pudesse me ver agora. queria que soubesse da minha vida. minhas obsessões, minhas cores favoritas, meus hobbies, quais músicas eu não consigo parar de ouvir, a comida que eu mais gosto de fazer, as roupas que eu mais gosto de usar, os lugares que adoro ir, o último filme que assisti e gostei, o que é que tem mexido comigo e o que quero aprender ainda. queria que visse o quanto tô mais saudável agora e forte e cuidadosa. queria que conhecesse a minha versão que adora ficar, que adora conhecer, que não tem medo de intimidade. queria que me visse adulta ainda que medrosa e muitas vezes imatura ou insegura ou desesperada. queria que me visse simplesmente chegar do outro lado, sobreviver aos problemas, insistir. queria que me visse brigar pelo que e por quem eu amo. e eu queria que soubesse que eu entendi. eu entendi que o que senti por você nunca foi amor e eu queria também poder me desculpar e eu queria também ouvir suas desculpas. queria que soubesse de todas essas coisas, que ficasse feliz por mim, queria ficar feliz por você e então me despedir e então te ouvir dizer adeus. porque dentre todas as coisas que eu queria, a principal era que você soubesse quem eu sou, porque naquela época eu não sabia, porque naquela época eu só queria ser o tipo de garota que você gostava, porque eu só queria ser gostada por você. e agora que essas coisas não importam, eu gostaria que você me visse, de verdade, me enxergasse. queria poder te ver também, na real, sem minhas projeções românticas. eu gostaria que descobríssemos, finalmente, que nunca fomos compatíveis e que achássemos graça do tempo que acreditamos ser. eu queria rir com você. dizer "quando éramos jovens". perceber contigo que o tempo passou. o tempo passou. eu queria te olhar e dizer "ainda bem que o tempo passou". eu queria ir embora de você. sem arrependimentos dessa vez.
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não consegui dormir.
tenho lido muitas coisas em inglês e por vezes me pego pensando
como esse idioma que não é o meu adentrou a minha mente a ponto de eu não precisar de correspondências?
aprender a ler depois de saber ler é diferente
então talvez amar também seja
(não que eu esteja reaprendendo a amar agora)
talvez isso aconteça toda vez que a gente se dispõe a gostar muito de alguém de novo
sempre um novo idioma, ainda mais complexo e detalhado que o anterior
estamos no inverno
as noites parecem mais longas
era pra essa noção de tempo me entregar um sentimento de conforto, mas
são cinco e pouco e já ouço as pessoas nas ruas, a cidade tá acordada há horas
ela também tá aprendendo algo
fico pensando. fico pensando se sou um novo idioma pra alguém
se pareço mais difícil
ou se num dia qualquer simplesmente passei a fazer sentido
então me ler
se tornou quase tão fácil
quanto me tocar
(algumas palavras podem ser só ouvidas, mas ainda possuem relevos.
eu queria ser a sensação inexplicável de toque pra alguém)
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(um) o amor me acorda cedo e gentilmente me pede para correr na avenida e eu digo não (dois) o amor faz playlist tristes e animadas e sobre tudo e nada, e não (três) o amor é desajeitado e novo e não sabe muito de nada e acha que sabe tudo, e não (quatro) o amor gosta de conversar sobre textos e músicas e passear em praias e o amor não tem amigos, e não (cinco) o amor é emocional e medroso e foge, e quase sim, mas não (seis) o amor tem medo do relógio parado quando dizem que o tempo cura e não é linear não não não, e não (sete) o amor é ‘você até parece familiar’, mas não. não é perto (oito) o amor me deixa sem sono de noite porque é agitado e nervoso e quer tudo pra agora e continuo dizendo não, não (nove) o amor me convida pra dançar e eu paro e danço e vou embora, não há estadia em um peito em guerra não (dez) porque esse amor me acorda gentilmente e me pede pra correr na avenida e todas as vezes que eu quase me acostumo e entro no ritmo eu canso e a resposta é: não.
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você sabe que no tempo da minha memória poucas coisas se perdem, sempre brinquei que fui amaldiçoada com uma memória que não esquece nunca. nunca. e hoje eu tava lembrando de uma frase da Matilde que fala sobre a tristeza de retas paralelas que nunca se cruzam, apenas se encontram no infinito. e sinto que mesmo que a gente tenha se cruzado, sempre fomos duas retas paralelas, sem a parte do infinito.
os números nunca me interessaram tanto quanto as palavras, mas sobre a gente eu guardo uma série deles. por você eu me reinventei em muita coisa, essa é a verdade. enfim, dividimos mais de mil dias, da pra acreditar? falando assim parece tanto [e tão pouco]. as viagens eu fiz questão de perder a conta, não porque foram tantas assim, mas porque eu acreditei que viriam muitas outras. e esse é o tipo de coisa que a gente espera fazer tanto até esquecer mesmo. os shows eu consigo contar, mas não quero. não faz mais sentido. mas teve o do Coldplay, o Chris Martin cantou Yellow, a minha favorita da banda, e você a dedicou pra mim. eu te dediquei o show inteiro, só não disse, mas acho que você sentiu.
lembra de quando fomos ao Rio? foi a sua primeira vez vendo o mar. nessa viagem, você também me disse que eu fui a sua primeira vez vendo o amor materializado em pessoa. foi a minha primeira vez no Rio também. depois de você eu já estive lá, ainda era a cidade maravilhosa, mas de um jeito diferente, será que você entende? acho que tivemos muitas primeiras vezes juntas, nosso amor foi um mar de descobertas. mas também foi uma ponte, e pontes são sempre atravessadas. algumas travessias custam mais que outras. alguns caminhos a gente só faz uma vez, sem retorno. por isso digo que a ponte que me levou a você não foi a mesma que me trouxe de volta pra mim. eu acho que não teria coragem de fazer de volta um caminho que sempre torci para ser só de ida. faz sentido? sobre as retas eu já nem sei mais, sobre o infinito: nunca nos interessou.
P.s: esse texto só existe porque fui ouvir Interestelar, música que te dediquei, e quando chegou no trecho que diz “te amo como quem acende uma vela no espaço. te amo desde a dificuldade de se acender uma vela no espaço. na dimensão infinita de um universo sem esquecimentos. aqui, cheia de som, canto teu codinome” a vontade de escrever me inundou como se a matéria do meu corpo fosse constituída por palavras. sem células, sangue ou sonho. só ficaram as palavras. elas sempre ficam.
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Te perdendo eu me perdi também
é sabido que quando um relacionamento chega ao fim, uma vida conjunta é sepultada junto, visto que toda uma dinâmica deixa de existir. esse processo de não-existência se assemelha ao barulho potente, mas silencioso, já que não alcança ninguém, de uma árvore frondosa desabando no meio duma floresta vazia.
mas, de todo esse processo de perdas, me perder para tentar encontrar resquícios de quem já fui está sendo o mais doído, faz meses que não escrevo nada, porque sempre que a inspiração surge eu me encolho até caber dentro da menor concha, que mesmo reverberando o barulho do mar, segue sendo silêncio. eu corro, na ânsia de que os meus pés me levem para longe das palavras que me levariam de volta ao lugar que não pertenço mais.
sempre digo que a gente precisa elaborar nossas dores, para, assim, saber lidar com elas. mas o que da pra elaborar de uma dor que de tão doída parece nem me alcançar mais? não é que ela não esteja mais aqui, é que de tanto estar ela já parece ser. não sei dizer o quê, mas espero que não seja parte de mim.
enfim, o fim de alguns ciclos simboliza o fim de uma vida que durante muito tempo foi tudo que eu tive. e óbvio que terei vários outros fins, várias outras vidas. mas até que elas cheguem, eu continuo correndo. hoje não corro das palavras, mas corro ao encontro de uma parte de mim que de tanto silêncio precisava falar.
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“ser livre e gentil comigo mesma (…) às vezes ler, às vezes não ler. Sair, sim - mas ficar em casa apesar de ser convidada.”
essas eram as resoluções de Virgínia para o ano de 1931 [quem gosta de história sabe que foi um ano péssimo, mas espero que não para Woolf]. e de alguma forma isso bateu forte aqui dentro, como quase tudo que ela escreveu e eu já li, sempre ecoando em alguma parte de quem eu sou.
percebi que as minhas resoluções são muito mais sobre “ler um livro por mês” do que “colocar uma música, me servir uma taça de vinho e me escutar com carinho”. e cá estamos, nos últimos dias do ano de 2023 [não sei se pra posteridade vai ter sido um ano difícil, historicamente falando. mas, pra mim, foi visceral e desafiador do dia 1 ao 31] e parece que as minhas resoluções pra 2024 não são mais tão importantes, se continuarem como eram antes.
eu não quero mais ler um livro por mês, por mais que eu saiba que eu vou ler bem mais que isso, provavelmente. eu quero ser gentil comigo, eu quero ser gentil com os outros. eu quero que os meus ossinhos se fortaleçam, não pelo impacto do mundo, mas pelo toque do amor. eu quero ser tão livre, que ao fechar os olhos eu saiba exatamente pra onde voltar. eu quero escrever mais sobre o que me move, eu quero encontrar mais quem me motiva, eu quero me encontrar mais.
ultimamente eu tenho pensado muito que se perder também é caminho e se encontrar requer coragem. que em 2024 eu saiba percorrer quantas vezes for preciso o caminho de volta pra mim, com o máximo de coragem, mesmo com o coração cheio de medo. porque isso também faz parte.
ainda não escrevi minhas resoluções, mas sinto que escrevi algo ainda maior aqui dentro. será que conta?
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rezo para você ter pés para correr,
não para voltar pra mim
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o olhar demorado prometia não ser a última vez, mas foi.
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