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coisadeantonio · 9 hours
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Aprecio a filosofia budista da 'desimportância' e sua consequência imediata, a 'elevação espiritual'. Embora os termos sejam não simples de compreender nem simples de explicar, cumpram bem seu propósito. Quero continuar assim, além dos telejornais, mas consciente do mundo ao meu redor – sei das queimadas, da violência, da corrupção, e respondo às causas de alguns e de outros não. Pouco sei da vida dos famosos, e gostaria de saber cada vez menos; quem foi preso? Quem foi solto? Quem deu entrada no divórcio? Pouco me importa. Tenho dedicado mais atenção às sensações mais puras, como o vento frio que desliza pelos meus dedos e mãos enquanto estou na garupa da moto, voltando para casa depois de um dia cansativo, ou o sabor intenso e profundo que o mastigar lento de refeições novas (ou familiares) me proporciona; o aroma do café fresco no início de cada manhã, as técnicas de massagem e fotografia que aprendo em cada novo módulo dos cursos que comprei, o amarelo vibrante das paredes e o verde vivo das plantas no Cafofo, as incríveis ideias que tenho quando me acalmo, paro, leio e estudo os milhares de livros que já tenho e os outros milhares que vou comprando. Quero estar alheio a todo resto, mas atento às boas – velhas ou novas – sensações que o mundo me oferece sem a medicação. E por aí vai.
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coisadeantonio · 4 days
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antes da cura
passei muito tempo
vislumbrando versões de mim mesmo
muito distantes, inalcançáveis até
vidas inteiras que idealizava
dependendo de quem e o que me fizessem
fui construindo muralhas em volta de mim
que pudessem esconder ou proteger, nem sei
a dança interior da agitação,
entre minha falta de confiança,
minhas dores incompreendidas,
e o desconforto inerente
de habitar braços e abraços
que não sentiam ser meus
passei muito tempo
dedicando aos outros
o amor que eu não dava a mim mesmo
e no fim, na tarde mais sombria da minha vida
eu senti que um toque me arrancou mais do que devia
e doeu, doeu muito
uma parte boa de mim morreu ali.
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coisadeantonio · 9 days
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Você não deve temer meu sorriso,
Nem minhas risadas, palavras, trocadilhos,
É no brilho que me revelo,
No riso que desfaço os trilhos.
Mas, se o olhar se torna sério,
Se o silêncio envolve o espaço,
Aí reside o verdadeiro mistério,
Onde se esconde o meu compasso.
Calado, não sou vitória,
Calado, me consumo em chama,
No silêncio, a luta é história,
É ali que minha alma clama.
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coisadeantonio · 2 months
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A escrita tem sido a minha terapia, ao menos a maior delas.
Terapêutica para os acontecimentos recentes e os passados, para os traumas que causei e que me causaram. Faço jus ao ranger dos trinta e dois dentes, mordo as peles cruas das línguas que falo e mastigo as palavras com pressa.
Não sou poeta. Gosto de alguns, de ler e apreciar seus esforços, sua arte. Mas, não tenho intenção de sê-lo.
Primeiro escrevo, depois eu penso, volto algumas casas e reescrevo. Eu devoro a podridão e a conservação, digerindo no ácido puro com requintes de sagacidade o que penso e sinto, mas não o faço externo porque ainda que eu tenha muito, falta-me o vintém para advogados. Mas, vez ou outra, escapam-me algumas farpas, ora encorajadas, ora vergonhosas.
Precisarei de maior coragem. Mas, hoje não.
Amanhã.
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coisadeantonio · 2 months
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coisadeantonio · 2 months
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coisadeantonio · 3 months
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coisadeantonio · 3 months
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Ultimamente, tenho me perguntado se também há um Breno (pessoa, ser humano) "para além do relacionamento". Se é um crime tão bárbaro assim optar por não ir a um encontro de casais ou a uma confraternização entre amigos de círculos dos quais não faço parte, acuso dizer que ser o namorado de alguém é ser um acessório de certo valor, destes que nos valemos apenas em ocasiões especiais ou específicas, como um cordão ou pulseira ou anel ou relógio mais caro que normalmente compõem códigos de vestimenta específicos, sendo o acessório uma pessoa e o código de vestimenta um evento ou ocasião.
A analogia é péssima. Mas, pior que ela é a sensação de que você se perdeu por própria culpa numa relação e há muito pouco de você entre os dois. Falo de perder a autonomia nas decisões sobre onde e o que comer, sobre o que consumir ou o que fazer sem o olhar e as impressões invisíveis do outro; de poder dizer "não" sem o peso da culpa em retorno, de ter segredos e de fazer coisas sozinho ou com outras pessoas porque nem tudo precisa ser feito sempre juntos. Pior que as exaustivas discussões sobre isso ao longo da rotina é a teoria de que, em um relacionamento, há sempre "um jardim e um jardineiro". A analogia sobre a relação de dependência se explica por conta própria.
Notas sobre o que sinto e só consigo racionalizar quando escrevo (parte II).
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coisadeantonio · 3 months
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Às vezes, me pergunto se existe um Breno (pessoa, ser humano) "para além do trabalho", porque trabalhar é algo que tenho feito e que compete com todos os outros setores da minha vida. Gosto de ler e escrever, mas não tenho tanto tempo para me dedicar a leituras profundas e escritas mais estruturadas; gosto de desenhar, mas nem sempre tenho disposição — porque tenho estado cansado — para transformar rascunhos em arte final. Gosto de estudar outras coisas fora da minha área de atuação; adoraria fazer um curso de curta duração para aprimorar meus conhecimentos em design gráfico, e me vejo sempre produzindo para os outros porque me falta tempo para produzir para mim. Adoraria poder me dedicar mais à vida fitness, mas nem sempre tenho tempo e disposição. Há muito pouco espaço para outras facetas da minha vida quando estou sobrecarregado pelo trabalho. E ultimamente, tenho me perguntado se também há um Breno (pessoa, ser humano) "para além do relacionamento" (...)
Notas sobre o que sinto e só consigo racionalizar quando escrevo.
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coisadeantonio · 3 months
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Ainda com algumas reservas desnecessárias em exibir os corpos, encaramos o mar com cautela, vislumbrando mergulhos coletivos, mas apenas em pensamentos individuais. Até que, como de um súbito levante, arrancamos nossas peles de cordeiro e nos fizemos selvagens, como lobos. E lobos uivam. E nós uivamos. Entramos no mar com calma, pouco a pouco, onda por onda, até os pés submergirem, as cinturas, os peitos. Não gritamos, berramos; agradecemos a Deus pelas férias, pela folga, pelas cervejas e por todo o resto que, pouco a pouco, lembrávamos ser gratos. Lidar com pessoas é um trabalho árduo, e todos nós lidamos com trinta ou quarenta delas a cada cinquenta minutos. Exaustos ou não, o fôlego que tínhamos se foi nas águas g��lidas do mar, sob ondas grandes e de forças razoáveis. Agradecemos muito, diga-se, e compreendi a importância de estarmos ali, de eu estar ali, agradecendo e experienciando o que a vida de modo simples tem a oferecer: um dia de praia. Mergulhamos um pouco mais, rimos, boiamos — cada um do seu jeito —, na profundidade que conseguimos, e uma onda quase levou minhas vestes baixas. Dei risada e segui o baile. Recolhemo-nos, secamos os corpos, rimos mais um pouco. A vida pedia um dia de praia.
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coisadeantonio · 3 months
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autoperdão
não faz muito tempo que entendi
que não precisava ser tudo aquilo que esperavam de mim.
que olhei pra trás e vi os tantos erros que já cometi
e admiti ter magoado tanto pessoas que amo profundamente
apesar de ter me arrependido
todas as vezes.
não faz muito tempo que parei pra me observar
e descobri dentro de mim os defeitos
que ainda não sei como mudar
e que agora então aceito e engulo como quem precisa
tomar um remédio qualquer
esperando que as dores passem.
eu vi de perto as chances que desperdicei por medo
e soube que fiz o que pude
ainda que não o que gostaria de ter feito.
eu escavei o passado com tudo o que fui
e o presente com tudo o que sou,
e ainda que não concordasse com todas as minhas ações
muito menos com todas as partes de mim
fui capaz de me perdoar
pelos erros antigos
pelas inseguranças atuais
por tudo o que não pude controlar
e por tudo o que ainda hoje não consigo modificar.
eu me perdoei
porque percebi que mereço o meu amor
o meu cuidado
e o meu respeito,
e esse foi o perdão mais bonito que eu já experimentei.
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coisadeantonio · 3 months
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Ano que vem eu terei vinte e sete,
E desta vez quero algo diferente,
Um dia cheio de novas cores,
Sorrisos leves e doces sabores.
Nada de festas grandiosas ou confetes,
Apenas momentos que o coração enfeites,
Quero andar descalço pela areia,
Sentir o vento, viver a ideia.
Um jantar à luz de velas num jardim,
Brindar à vida com gente boa junto a mim,
Rir até a barriga doer,
E ver as estrelas, sem querer saber.
Quero deixar a rotina para trás,
E me perder no que a alma faz,
Um abraço apertado, um beijo lento,
Celebrar o amor, cada momento.
Ano que vem eu terei vinte e sete,
E quero viver cada instante,
Com gente boa ao lado, um viver ardente,
Fazendo da vida um romance vibrante.
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coisadeantonio · 4 months
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coisadeantonio · 4 months
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coisadeantonio · 4 months
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Acho que as coisas esfriam, de certa forma. Podemos estar naquele estágio em que as coisas ficam mornas ou amenas ou tranquilas e sossegadas o suficiente para que não tenhamos dúvidas sobre o que sentimos, mas, também não seja mais tão necessário assim estar atualizando os status de como estamos, o que estamos fazendo, com quem estamos, onde estamos. Já conquistamos um ao outro.
Já li sobre isso em algum lugar. Sobre relacionamentos a médio e a longa distância que acabam se consumindo em si mesmos e tomam a forma de uma relação que se mantém estável e fixa por tempo suficiente, mas não tão próxima e íntima quanto é estar com alguém sob o mesmo teto, convivendo, dia após dia, compartilhando rotina e carinhos matinais.
No entanto, há que se considerar o que penso, o que você pensa, o que sinto, o que você sente. E nenhum de nós está errado sobre o que pensa e o que sente. Mas, talvez, por algumas circunstâncias aquém ao nosso controle, as coisas estejam como estão.
Você daí. Eu daqui. De vez em quando a gente se encontra, renova nosso contrato de relacionamento, coloca nossos afetos na mesa, distribui e compartilha. Depois, cada um retira sua porção do que sobrou, e guarda para uma próxima vez
Odeio achar que Bauman tinha razão.
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coisadeantonio · 4 months
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Às vezes penso com muito saudosismo sobre ser professor concursado/efetivo da rede estadual. Minha meta é um IF, mas sinceramente, dormiria e acordaria bem mais tranquilo se fosse efetivo. Eu me preocuparia menos em ser super produtivo e mostrar serviço, não faria nada de trabalho durante feriados e certamente conseguiria aproveitar melhor minhas horas fora do trabalho, pela sensação de segurança e estabilidade que um emprego como esse proporciona. É claro que talvez ainda mantivesse minha vontade de fazer alguma diferença, mas sinceramente, estou muito convencido de que meu trabalho seria cinco vezes mais tranquilo se não tivesse que demonstrar produtividade o tempo todo. Isso é bizarro, porque tenho 26 anos e já me sinto com mais de 30.
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coisadeantonio · 7 months
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