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[Só o que resta é saudade]
Por Izabelle Freitas
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Foto da parede da garagem desocupada do Ednaldo Souza - Foto: Sarah Souza
O que é saudade?  Talvez seja dizer que a saudade é um lugar onde guardamos as nossas melhores lembranças, ou que ela é o abrigo onde a dor se transforma em consolo. Saudade é a parte mais bonita de momentos vividos, como já diria Mário Quintana:
“A saudade é o que faz as coisas pararem no tempo.”
 É  ela que nos faz eternizar momentos na memória, nos fazendo voltar por um instante  ao lugar onde nos fez tão felizes, e ficar presos em situações que nos arrancaram gargalhadas, que trouxeram sentimentos e que nos fazem parar no tempo apenas para reviver aquilo que é uma parte de nós. É esse o sentimento que várias famílias que residiam na comunidade do Caiçara compartilham ultimamente e guardam na lembrança, os bons momentos vividos, a amizade entre os vizinhos e principalmente a sensação de pertencer a algum lugar.
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“Nos últimos 16 anos da minha vida, morei no Caiçara e só tenho lembranças boas das vizinhanças, dos amigos que eu fiz, dos meus familiares que moravam ao meu redor. Minha casa era conhecida como uma casa de eventos, porque era onde a gente se reunia sempre para comemorar todas as festividades”. Luiz Paulo, 31 anos, morador há 16 anos do Caiçara.
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Campanha cristã do Natal em família realizada na casa do Givaldo Pinheiro - Acervo pessoal de Luiz Pinheiro
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Aproveitar a própria companhia com uma cerveja gelada e um som ambiente era um dos passatempos favoritos do Edilson Gomes - Acervo pessoal de Alice Rozendo 
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Momento de bate-papo entre irmãos e cunhada na Comunidade do Caiçara, da esquerda para a direita, Tânia da Paz, Maria Betânia da Silva, Goretti Ferreira e Maurício da Silva - Acervo pessoal da Maria Betânia da Silva
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Alegria era sinônimo dos momentos de festividade que aconteciam na casa do Mauro Guedes na Comunidade do Caiçara - Acervo pessoal de Maria Betânia da Silva
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Bloco Caiçara e Saem na folia organizado pela Dona Claudete e acompanhado por vários moradores da Comunidade do Caiçara - Acervo pessoal de Luiz Pinheiro
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“A minha saudade ultimamente se chama Caiçara, um lugar onde construí minha família e minhas filhas nasceram e se criaram, tudo é lembrança” Relata Jaqueline Venâncio, moradora há 23 anos da comunidade do Caiçara.
[Carta aberta ao meu Caiçara]
Uma carta por Laura Souza
Hoje eu tenho 20 anos e há 20 anos eu morava no mesmo lugar, um lugar pequeno, mas vibrante, assim era o Caiçara, uma comunidade estreita, mas cheia de amor.
No Caiçara, muitos de nós deram os primeiros passos, conhecemos o primeiro amor, fizemos os primeiros amigos, aprendemos a andar de bicicleta e a jogar bola ou sabíamos que em dia de clássico entre CRB e CSA vestir o manto de um dos times era quase lei. Mas, o que falar de um lugar que por si, conta tanta história?
Desde que a terra tremeu, nós moradores também trememos juntos, trememos com o medo, com a incerteza, com a saudade e principalmente com a dor de ter uma parte da nossa história apagada.
A Mineradora Braskem não acabou apenas com as casas, mas separou bons vizinhos, incríveis amigos, famílias que eram unidas e lares que não eram formados apenas por paredes,
E, se eu pudesse dizer uma palavra, a cada pessoa que viveu no Caiçara é obrigada, muito muito obrigada por cada momento, cada partilha e principalmente por cada afeto, apesar, da nossa comunidade hoje ser escombros, lembrem que lá nós fomos felizes e pensar seja por um dia ou por apenas segundos no Caiçara, deve ser pensado com saudade, mas com gratidão por cada momento partilhado.
De 2021, para a posteridade, pois cada escombro conta uma história e a nossa é que mesmo com saudade, seremos o Eterno Caiçara!
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[Despedida]
Por Laura Souza 
De acordo com o dicionário, despedida é o ato de partida, separação, saída e de um curto ou longo adeus.  Segundo, os ex-moradores da comunidade do Caiçara, André Luiz Oliveira (40), Edmilson Souza (46) e Josefa da Silva (69) ainda é difícil dizer adeus e pensar em uma vida longe do Caiçara.
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“Eu morava em um área que eu levava cinco minutos para chegar ao trabalho, hoje eu dependo de ônibus e levo uma hora, além da lembrança boa que eu carrego. O meu filho Edmilson Souza, nasceu lá e só o que nos resta é sentir muito, pois eu morava perto de todos da minha família e hoje eu moro longe de todos” pontuam, Edmilson Souza morador há 46 anos e sua mãe Josefa da Silva moradora há 49 anos. 
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 “Como era bom morar no meu bairrozinho, na minha casinha... Eu morava há 35 anos no Caiçara, mas fui obrigado a sair.. nunca esqueço jamais, a saudade aqui já matou muita gente… agora só o que resta é a saudade e os escombros  das casas’’  afirma André Luiz Oliveira, morador há 35 anos da comunidade do Caiçara.
A despedida do Caiçara foi para sempre, mas nada apaga as boas memórias e principalmente a história que cada ex-morador carrega consigo.
Lágrimas no meu lugar
04 de Junho de 2021
Textos:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
Fotografia:
Laura Souza e acervo pessoal
Coordenação de Reportagem e Edição:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
Diagramação:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
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Eterno Caiçara
Por Izabelle Freitas 
Na subida da ladeira
O que não falta é história pra contar
Falar de um lugar de aconchego
Esse era o meu lar
Repleto de felicidade e união
Ah meu Caiçara, impossível de você não lembrar!
Tempo de festas, risadas e de comer aquele lanche no Kiko,
Que só foi silenciado por conta de um tremido
Na madrugada depois uma chuva tudo tremeu
Mal eu poderia imaginar que teria que sair daquilo que era meu
Hoje só o que resta é saudade
Que cresce com o passar do tempo independente da idade
O meu Caiçara que antes era motivo de alegria e encontros
Hoje está tomado por escombros
Podem até ter nos tirado do nosso lar,
 mas esse aqui sempre será o nosso lugar.
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Foto de frase na parede da casa desocupada de Elizabete Ferreira na Comunidade do Caiçara - Foto: Laura Souza
  O que falar do Eterno Caiçara? 
O Caiçara é uma comunidade localizada na subida da Ladeira do Calmon, entre os bairros de Bebedouro e Sanatório em Maceió-AL. Formado por uma população de cerca de 200 famílias, o caiçara era um lugar onde a união existia. A vizinhança marcada por festas, conversas, lanches e brincadeiras compartilhava sentimentos por um lugar que agora só ficou na memória.
  [Na margem dos destroços]
   Por Esther Barros
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Foto da parede frontal da casa da Elizabete Ferreira com frase exigindo que a Mineradora Braskem pague a indenização aos moradores - Foto: Laura Souza
Em meio a inúmeras tragédias ambientais provocadas pelo setor da mineração,  parte da cidade de Maceió  está afundando, em média  1,7 centímetros por mês em relação ao nível do mar, segundo informações do Serviço Geológico do  Brasil. A extração de sal-gema, matéria prima utilizada na fabricação de soda cáustica e  PVC feita pela Braskem foi a principal causa para o aparecimento das rachaduras.          
O problema ficou mais evidente em março de 2018 quando foi registrado um abalo sísmico no local afetando a princípio quatro bairros da cidade. Bairros estes que abrigam cerca de 40 mil pessoas incluindo uma área de frente para a lagoa Mundaú que corre o risco de ter sua margem rebaixada.
A desestabilização do solo  percebida em março de 2018  tem efeitos visíveis em centenas de imóveis dos bairros Pinheiro, Mutange, Bebedouro e Bom Parto e as pessoas que ali residiam tiveram que abandonar suas casa e vidas construídas sem nenhuma estrutura e preparo para tal..
Segundo o Serviço Geológico,  a capital alagoana afunda por causa do progressivo desmoronamento das minas de sal-gema da mineradora Brasken. A empresa por sua vez atribuiu a catástrofe a um “fenomeno” mas abandonou a extração de sal-gema e tentou tapar suas 35 cavernas já que fora comprovado desabamento parcial em duas delas.
Os geólogos afirmam que Maceió será mais afetada se houver " colapso" dessas minas, 
Hoje, o cenário é de bairros fantasmas, casas abandonadas, saqueadas, destruídas. Ali ficaram além das residências, dos lares, também sonhos, e principalmente esperança.
Cerca de três anos após os primeiros indícios, as famílias lutam para receber suas indenizações equiparadas ao que realmente se deve e esta batalha judicial vem se estendendo cada vez mais.
O desastre que afundou o solo, causou tremores de terra, destruiu e  ameaçou a vida de milhares de  pessoas, é sem dúvidas algo que deve ser questionado a todo instante por se tratar de um perigo iminente.
O Conecta Daí tentou contato com a empresa Braskem para prestar esclarecimentos sobre as indenizações dos moradores da região e adicionar uma nota sobre a sua situação nesse caso, mas até o fechamento dessa reportagem não recebemos retorno.
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 Após a desocupação dos moradores, a Comunidade do Caiçara tem apenas a estruturas das casas - Acervo pessoal de Edmilson Souza  
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Morador registra foto de sua casa destruída, após ser obrigado a evacuar o local - Acervo pessoal de Waldício Oliveira
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[Eternizando Momentos]
Por Laura Souza
Antes do sol nascer, os passos, o barulho das buzinas, a correria das crianças para irem à escola, as conversas entre os vizinhos e até os andados apressados de quem não podia perder o ônibus marcava que mais um dia se iniciava no Caiçara.
A comunidade do Caiçara, situada no Bairro de Bebedouro em Maceió, era formada por várias pessoas diferentes e dispunha de cerca de 200 famílias, assim como tinha suas próprias leis, aos finais de semana sempre tinha um som ligado, em dia de clássico entre CRB e CSA os fogos e as comemorações eram intensas, a resenha era sempre liberada, ir para a missa ou ao culto fazia parte da rotina de muitos moradores, conversar na esquina ou pedir uma xícara de açúcar ao vizinho era tão normal como dizer bom dia.
Mas, como eternizar uma comunidade que existe há tantos anos?
 O Caiçara continua eterno nas amizades, na memória dos ex- moradores, na saudade das famílias e principalmente nas vozes e fotos de quem não cansa de dizer “Eterno Caiçara”.
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“O que falar do Caiçara, onde eu nasci, me criei e me tornei o homem que hoje eu sou. O Caiçara foi o melhor lugar de se viver, onde nós construímos amizades verdadeiras e pessoas que a gente carrega no coração por toda a vida” Alisson Costa, morador há 27 anos do Caiçara.
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Bloco Caiçara e Saem na Folia em 2019, da esquerda para a direita, Cícero Henrique Farias, Adalberto Santos, Mauro Guedes Júnior, João Marins, Maria Quitéria Gomes e  Wiverton da Silva (abaixado) - Acervo pessoal de Cícero Henrique Farias
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Terço de Nossa Senhora de Fátima, na casa da Dona Ziza da Silva em comemoração aos seus 69 anos - Acervo pessoal de José Edmilson Souza
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Diversão em família no quintal da Dona Nenzinha Costa, da esquerda para a direita, a avó Luciana Costa, o neto Enzo Costa, o neto Yuri Nicollas e o filho Alisson Costa - Acervo pessoal de Luciana Costa
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Dia de diversão e cerveja gelada em família que residia há 19 anos no Caiçara, de frente para trás, a filha Jordana Cavalcanti, o pai Carlos Cavalcanti, a irmã Clara Cavalcanti e a mãe Márcia Cavalcanti - Acervo pessoal de Márcia Cavalcanti
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Amigas de infância comemoram Natal juntas, da esquerda para a direita, Rafaela Santos e Bárbara Oliveira - Acervo pessoal de Bárbara Santos
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Dia de comemoração entre os amigos do Caiçara na garagem do Ednaldo Souza , da esquerda para a direita (sentados), Rafaela Santos, Luciana Costa, Marta Cavalcante, Ednaldo Souza, Josualdo Venâncio, Luciane Pereira, Alisson Costa (no telefone)  e Gilvan Venâncio (em pé) - Acervo pessoal de Luciana Costa
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Domingo era dia de festa entre amigos na garagem do Ednaldo Souza, Da esquerda para a direita, Ednaldo Souza e Carlos Antônio - Acervo pessoal de Carlos Antônio
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Amigos comemoram o título de campeão alagoano do CRB em 2016 no Caiçara, Da esquerda para a direita, Laura Souza, Vanessa Gomes, João Martins, Quitéria Gomes, Priscila Gomes, Sarah Souza e Ryana Gomes (crianças) - Acervo pessoal de João Martins
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Uma boa amizade e um vinho geladinho não faltam na Comunidade do Caiçara, da esquerda para a direita, Rafaela Santos e Flávia Maria - Acervo pessoal de Flávia Maria
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Comemoração do aniversário de 30 anos do Luiz Pinheiro, da esquerda para a direita, Luiz Pinheiro e Herlandson Oliveira
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Em dia de jogo do CSA as moradoras decoravam os carros e as suas casas, Da esquerda para a direita, Janete Ribeiro e Arleide de Oliveira - Acervo pessoal de Janete Ribeiro
[Famílias Silenciadas]
Por Esther Barros
O afundamento do solo das regiões afetadas pela tragédia causada pela Braskem, gerou uma reviravolta na vida de cerca de 55 mil moradores. Este processo começou em 2018 com sucessivos desmoronamentos de minas subterrâneas que foram abertas para extração de sal-gema às margens da lagoa Mundaú.
Em 2020 cerca de 20 mil pessoas foram evacuadas de suas casas que ameaçavam cair. A instabilidade do solo causou tremores de terra e espalhou rachaduras nas residências que foram condenadas pela defesa civil.
Hoje essas famílias encaram um drama diário para se reinventar longe de suas casas, de onde fizeram suas vidas.
Segundo a mineradora, 14.319 imóveis foram identificados até o momento e 12.426 estão desocupados, o que representa cerca de 55 mil pessoas que precisaram deixar suas casas, seus projetos de vida e seus sonhos.
Estas famílias foram classificadas por áreas/zonas que vão do A ao H e de acordo com o termo assinado entre a empresa e as autoridades o prazo para a realocação de todos é até o final de 2022. Realocação esta que vem acompanhada de uma compensação financeira que segundo os moradores não chega nem perto do valor de seus imóveis. Até o momento 4.087 indenizações foram pagas às famílias, o que não chega nem à metade das pessoas atingidas.
Estes dados constam do relatório mensal de acompanhamento do Programa que é apresentado às autoridades e que faz parte do termo do acordo.
A pergunta que fica é: E as tantas famílias que foram desabrigadas? Muitas delas sem remuneração alguma. Será necessário aguardar até quando?
Famílias que residiam a 30/40 anos e que tiveram que abandonar suas histórias, suas conquistas de anos e que se encontram em total abandono. Além da perda material se formos falar das perdas emocionais, tais não possuem valor. É inimaginável pensar sobre ter que de uma hora para outra deixar seu patrimônio para trás, deixar sua casa sem a menor estrutura, tendo que procurar imóveis para alugar depois de tanto lutar para conseguir suas casas próprias. Imóveis estes que devido a alta procura chegaram a dobrar os valores de locação e em sua maioria sem dinheiro para tal.
Três anos já se passaram e para quem teve que abandonar seus lares isso se faz bem maior. Até quando estas pessoas serão silenciadas com falsas promessas?
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Primos curtem o São João no Caiçara em 2018, Da esquerda para a direita, Evellyn Souza, Mariana Silva, Laura Souza, Sarah Souza, Lucas Silva, Gislaine e Gisele - Acervo pessoal de Mariana Silva
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Registro de um dia comum na companhia do doguinho, Da esquerda para a direita, cachorrinho Ryko e mãe Márcia Cavalcanti - Acervo pessoal de Márcia Cavalcanti
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Na casa da Dona Ziza Silva todo dia era momento de aproveitar o amor do filho, Da esquerda para a direita, a mãe Josefa Silva ( Dona Ziza) e o filho Edmilson Souza - Acervo pessoal de Edmilson Souza
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A Comunidade do Caiçara era o local do encontro entre as primas da família Cavalcante, Moreira e Souza, da esquerda para a direita (atrás), Laura Souza, Mariana Silva, Marta Cavalcante, Raphaella Moreira, Evellyn Souza e Regina Moreira, Sarah Souza, Miriã Cavalcante, Elayne Vitória, Deusa Vitória e Emilly Cavalcante (na frente) - Acervo pessoal de Marta Cavalcante
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Família e amizade era uma marca registrada da Comunidade do Caiçara, da direita para a esquerda, comadre Andréa Menezes, ao lado do compadre Marcos André (centro) e do afilhado Rodrigo Mickael  - Acervo pessoal do Marcos André
[ De portas fechadas e corações abertos]
Por Izabelle Freitas 
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Foto da parede interna da casa desocupada de Elizabete Ferreira no Caiçara - Foto:Laura Souza
Dizem que quando a saudade é grande, ela não consegue ser expressa apenas com palavras, mas como explicar a saudade de um lugar que sempre foi seu? Dizer que o tempo vai amenizar a dor e gerar o costume de um novo lugar é verdade, mas as lembranças de anos vividos, essas nunca poderão ser consoladas.  
Assim era a comunidade do Caiçara, cercada de  momentos compartilhados,  momentos esses que nunca poderão ser apagados e por mais que as portas estejam fechadas ou destruídas, o coração e o amor pelo lugar, sempre será o mesmo, ou até mais forte pelo simples fato de ter um espaço especial reservado dentro de cada um que nesse lugar foi feliz.
Quem diz que criança não sente saudade, não conhece a Clarinha!
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 “Eu quero te apresentar o Caiçara, eu gostava muito dele, brincava com a Ryana, lá eu saía com meu pai, brincava de patins e também amava lá” Maria Clara Mota, moradora há 5 anos.
Registros de um lugar que sempre fará parte da infância
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Andressa Sophia Rotandaro, de 8 aninhos na sala de sua casa no Caiçara - Acervo pessoal Alice Rozendo.
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Andréa Arthur Bernardo Santos, de dois anos, no quintal da casa da vovó Norma Santos  no Caiçara - Acervo pessoal de Andréa Santos.
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O nascimento de mais um membro animou a família Dantas, da esquerda para a direita, a avó Maria Betânia Dantas, ao lado do neto Murilo Dantas (centro) e da irmã Marina Dantas - Acervo pessoal de Maria Betânia Dantas
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Comemoração do aniversário de 2 anos do Yuri Nicollas Costa , Da esquerda para a direita, o tio Alisson Costa, o sobrinho Yuri Nicollas Costa  (centro) e a avó Luciana Costa - Acervo pessoal de Alisson Costa
Falar sobre o Caiçara, é juntar criança, adolescente, adulto e idoso em uma mesma frequência de boas lembranças e grandes momentos de saudade.
[Ansiedade da distância]
Por Laura Souza
Todo morador de Maceió se lembra do que estava fazendo no início da tarde de 3 de março de 2018, dia chuvoso na capital alagoana, quando a terra balançou por três ou quatro segundos, com magnitude 2,5 na escala Richter.
Desde 2018, 55 mil moradores, de acordo com os dados da prefeitura de Maceió, já deixaram as suas casas e o número não para de subir. Apenas na Comunidade do Caiçara, 200 famílias perderam os seus lares e muitas desenvolveram problemas como ansiedade, depressão, perda de emprego e principalmente dificuldade de adaptação em um novo bairro.
De acordo com o psicólogo, Givaldo Pinheiro (53), o índice de ansiedade e depressão que acomete as famílias que perderam as suas casas, acontece também por “Apagar uma parte da história de cada pessoa”.
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“Com esse problema da Braskem, tivemos que deixar a nossa residência e buscar uma outra localidade para viver.Isso gerou mais insegurança, a exacerbação do nível de ansiedade, muita depressão, insônia e mais uma série de problemas nas pessoas que moravam nos bairros e tiveram que deixar aquela região.” Psicólogo, Givaldo Pinheiro, morador há 16 anos da Comunidade do Caiçara.
Quando a saudade aperta...
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“Eu posso até ser chato, mas vocês estão sentindo a minha falta”, afirma Cícero Henrique Farias,  morador há 31 anos do Caiçara e conhecido popularmente como “Kiko Lanches” - Foto: Reprodução Instagram
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  Festa de despedida da Comunidade do Caiçara organizada pelos antigos moradores do bairro em 2020 - Acervo pessoal de Cícero Henrique Farias.
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Amigas do Caiçara organizam última festa dos amigos de infância, Da esquerda para a direita, Tânia da Paz, Luciana Costa, Rosimeire Marinho, Jaqueline Venâncio, Edna de Souza (em memória) e Maria Edilene Souza - Acervo pessoal de Rosimeire Marinho
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Família registra uma de suas últimas fotos na Comunidade do Caiçara, Da esquerda para a direita, a filha Flaviane Maria  ao lado da mãe Antônia Maria (centro) e da irmã Flávia Maria - Acervo pessoal de Flávia Maria
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Família se reúne em festa de despedida da comunidade do Caiçara, Da esquerda para direita, o filho Arthur Nicolas ao lado do pai Cícero Henrique Farias (centro) e a irmã Maria Clara - Acervo pessoal de Cícero Henrique Farias
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Confraternização de despedida do Caiçara organizada pelo grupo de amigos “Furões”, Em pé da esquerda para a direita, Liliane Casado, Luiz Pinheiro, Claudineia Vieira, Leia Marques, Lane Marques, Julydienne Nunes, Thatiane Marinho, Jaqueline Venâncio e agachados, Catarine, Vanúbia Quintela e Herlandson Oliveira - Acervo pessoal de Luiz Pinheiro
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“Foi um tempo muito bom, conheci pessoas que mudaram minha vida.. todo mundo era amigo, todos se ajudavam... Sai do Caiçara em Dezembro com o coração partido”. Marcia Cavalcanti, ex-moradora há 15 anos da comunidade do Caiçara.
“Nem sei porque você se foi
Quantas saudades eu senti
E de tristezas vou viver
E aquele adeus, não pude dar
Você marcou em minha vida
Viveu, morreu na minha história
Chego a ter medo do futuro
E da solidão, que em minha porta bate” 
Tim Maia - Gostava tanto de você
Continua na Parte 2 
Lágrimas no meu lugar
04 de Junho de 2021
Textos:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
Vídeo e fotografia:
Laura Souza e acervo pessoal
Coordenação de Reportagem e Edição:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
Diagramação:
Esther Barros, Izabelle Freitas e Laura Souza
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