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O teatro de horrores no palco futebolístico do velho continente: o racismo que a FIFA e a UEFA não aprenderam a combater.
 Uma das coisas que Fanon deixa claro em seus escritos, principalmente em “Os condenados da Terra”, é que a Europa fracassou com o mundo no seu processo civilizatório. Invadindo terras estrangeiras em nome de Deus e do Estado civilizador os europeus produziram desequilibro, fome, miséria e calamidades pelo globo. Não bastou explorar os recursos naturais dos continentes invadidos, eles tinham que subjugar, explorar e exterminar os povos que ali viviam. Fanon fala que devemos abandonar a Europa, não a vendo mais como a farmácia do mundo, a panaceia dos homens, a cura da humanidade, antes essa Europa deve ser deixada de lado, porém isso não significar ser antieuropeu, significa entender que a Europa não é o centro do mundo.
O racismo funda as sociedades europeias, forja sua cultura, estrutura os seus grandes sistemas políticos, econômicos, sociais e epistemológicos, não há nada na Europa que não evoque seu caráter racista e colonizador, o futebol não é diferente, antes é o arquétipo perfeito dessa relação perpetua entre colono e colonizado. O futebol parece seguir a mesma lógica que outrora moldou a realidade do Período Colonial, o roubo, a exploração e o desfecho são semelhantes. Os clubes dos continentes Americano, Africano e Asiático funcionam como colônias, que semeiam sonhos e cultivam promessas que logo são ceifadas e levadas ao centro do futebol europeu para serem usadas como peças de um espetáculo, facilmente descartáveis atuam anos até que as portas se fechem e eles retornam aos seus países de origem na maioria das vezes.
No futebol há ainda aqueles jogadores que estão no velho continente desde sempre, mas que não pertencem aquela terra, o que só faz manifestar a face assombrosa do colonialismo que se faz presente em todos os lugares, inclusive no futebol. Como exemplo, é impossível não apontar que a atual seleção campeã do mundo, a França, teve em seu elenco campeão mais da metade dos jogadores de origem africana. Recentemente a Europa voltou a hastear a bandeira do racismo no futebol, antes ela estava um pouco escondida, mas agora está, sem o menor pudor, fincada no mais alto ponto.
O futebol volta à estaca zero quando o racismo acontece dentro de campo, nas arquibancadas do estádio ou em qualquer outro lugar no mundo futebolístico. O esporte bretão tem sido palco de vergonhosas ofensas racistas, os casos mais recentes de racismo sofrido por jogadores negros são: do belga de origem togolesa Romelu Lukaku, do italiano de origem ganesa Mário Balotelli, bem como, os brasileiros Taison e Dentinho, já na da terra da rainha o jogador jamaicano naturalizado inglês Raheem Sterling também sentiu na pele insultos racistas, mas eles não são os únicos, muitos outros casos acontecem por aí, e pasmem, as vezes, os punidos são os jogadores que sofreram as injurias raciais. A explosão do racismo sem pudor revela que estamos retomando o caminho contrário no combate ao Racismo.
A FIFA e a UEFA, entidades futebolísticas do velho mundo, são passivas e inteiramente parciais, parecem não entender que não basta “não ser racista”, para se combate o racismo é necessário ser antirracista. O jogo de futebol em si deve ser menos precioso que a dignidade humana, as vaidades de um belo espetáculo devem dar espaço a decência e a humanização dos jogadores em campo, o jogador de futebol, inclusive, não é apenas um atleta, é gente! Gente que se constrange, que se revolta, que sente humilhada, que chora, que sente vergonha, raiva!  A FIFA e a UEFA são parte do sistema racista do futebol mundial e elas parecem não se importar se o racismo acontece de fato, e mais, suas atitudes são sempre brandas e condescendentes com os atos racistas. Não basta levar bandeiras e falar nos microfones que somos todos iguais e que precisamos dizer “não ao racismo”, pois não se combate o racismo com leniência ou exaltando a boa atuação do jogador ofendido e atacado, é preciso mais. O futebol é didático e contribui na formação do caráter de vários indivíduos, não está descolado do contexto social e político do mundo, por isso, se começarmos a aceitar o racismo no mundo do futebol com naturalidade a tendência e que retornemos ao século XIX e XX quando esse esporte só era elitizado e praticado apenas uma certa classe de pessoas.
O futebol está em franca derrocada e o retrocesso iminente aponta para o mundo de modo geral, estamos vendo tempos sombrios e começamos a retomar o caminho que culminou na Europa da Idade das Trevas. Racismo no futebol se combate com punição e responsabilização dos envolvidos, diga não aos racistas! Punam os racistas!
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