𝑓𝑟𝑜𝑚 𝑑𝑖𝑠𝑡𝑟𝑖𝑐𝑡 𝑓𝑜𝑢𝑟 ⸻⊹ watching 𝑠𝑡𝑖𝑙𝑙-𝒍𝒊𝒗𝒊𝒏𝒈 r𝑜͟𝑜tsbe consumed by the 𝒻͟𝗅͟𝖺͟𝗆͟𝖾
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BE STRONG, BE BRAVE
Poem “Problem Area” (2016), in Last Sext, by Melissa Broder; // Unknown; // “The Waves” (1931), by Virgina Woolf; // “Notebooks” (2017), by Tennessee Williams; // “Fast Car” (1988), by Tracy Chapman; // “The American Crisis” (1776), by Thomas Paine; // Quote by @maplepecanpastry /// Stills from “Joan of Arc” (1948), by Victor Fleming, starring Ingrid Bergman
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ estava só pensando se estava reconhecendo a pessoa certa. ”̵ㅤ corianne se aproximou com um certo quê de cuidado, ainda esbanjando confiança o suficiente em sua compostura. como tantos mentores, lembrava-se de quando ela passou por seu distrito natal na turnê da vitória; ainda assim, cory era muito nova, e a única lembrança mais concreta que tinha de septima era a de que, por alguma intuição primordial e infantil, embasada somente em seu desgosto, não havia gostado dela.ㅤ “̵ há quanto tempo, septima. ”̵ㅤ imaginava que o reconhecimento era mútuo, então não fez uma movimentação para se apresentar. ㅤ “̵ não me recordava dos seus dentes serem tão… brilhantes ”̵ㅤ embora a lembrança do pontiagudo sim fosse constante; afinal, mais que partes do corpo da mentora, as presas eram armas valiosas; imaginava que a morena teria investido nelas de uns tempos pra cá.
open startar featuring septima.
os olhos esverdeados fincaram-se em muse, passar mais de uma hora no saguão tornara-se um destino enfadonho para septima. habituada às horas de treinamento e o estilo de vida do distrito dois, o mero espaço recordava esta do tempo na capital, os olhares dos cidadãos e de snow, a sensação de ser apenas um objeto de adoração, descartado após uma noite. " ora, não se acanhe, pode olhar " lábios curvaram-se num sorriso, revelando as presas afiadas artificialmente, uma pequena camada de ouro tornava estas mais resistentes, uma arma. " prometo que não vou morder... "
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ corianne encontrava tédio na atividade de olhar pelo salão; à medida que o tempo passava, pouco achava efetivo apenas ficar observando aquelas pessoas por horas, sem muito interesse em qualquer contato.ㅤ “̵ ai! quem é que… ”̵ㅤ ralhou por um momento, quando pensou que algum um tributo tivesse esbarrado nela, pronta para começar uma discussão. quando percebeu, no entanto, que não se tratava de algum outro competidor, as linhas em relevo da testa se suavizaram.ㅤ “̵ ah, perdão. achei que fosse outra pessoa. ”̵ㅤ embora não sorrisse, o tom de voz não adquiria o tom pontiagudo que costumava endereçar aos outros ao seu redor. afinal de contas, quem quer que fosse aquela mulher, não estava inclusa no punhado de pessoas que mereciam alguns cortes. percebeu os petiscos no chão e, com o atraso de um segundo, se abaixou junto à ela para recolher um ou dois restos, em um ritmo devagar se comparado à ela.ㅤ “̵ não acho que vão fazer tanta falta, as pessoas já comeram bastante. ”̵ㅤ ela, pelo menos, estava satisfeita. corianne parecia apenas ter se esquecido, momentaneamente, que havia outros por ali que talvez não tivessem uma rotina alimentar tão boa quanto a sua; porventura, talvez só não se importasse.
𝒔𝒕𝒂𝒓𝒕𝒆𝒓 𝒂𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐 .ᐟ
a experiência de viver ano após ano servindo mais e mais tributos é no mínimo nauseante . mais um ano se encontra em pé , em frente a todos aqueles , traçando mentalmente as chances de cada um dos ali presentes . o coração já havia acostumado a não se apegar — todos eram apenas bonecos , tal qual si própria . o silêncio que advém seus lábios é um lembrete de como a capital sempre consegue o que quer , quando quer . não ousa fazer nada além de permanecer ali , rodeando o saguão com petiscos os quais haviam sido preparados especialmente para a situação . angústia é o que domina o seu peito ao , sem perceber , bate contra o corpo de outrem , levando ao chão o que não havia sido degustado ainda . a boca se abre para um pedido de desculpas — reflexo cruel do que ela não era , mas havia se tornado . em compensação a mudez , o corpo se reverencia em um pedido de desculpas , sabendo que , em algum momento mais tarde , seria a própria tez a qual sofreria com seus erros .
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ a viagem não havia sido tão longa, considerando que o distrito de onde vinha era um dos mais próximos à capital; ainda assim, uma viagem era capaz de instituir cansaço físico e, enquanto podia, permanecia sentada rente ao encosto dos sofás escuros. se fosse sincera, teria preferido uma noite de sono à ficar de conversinha com os outros.ㅤ “̵ estamos esperando o começo da preparação com as equipes, acho. ”̵ㅤ foi sucinta em sua colocação, dando de ombros. observava a garota com o número dez chamando atenção em sua vestimenta, competindo com seu rosto por atenção. corianne não havia gostado muito daqueles uniformes.ㅤ “̵ o que, espero muito, não deve demorar. está ficando cada vez mais tedioso ficar aqui sem fazer muita coisa. ”̵ㅤ além de manter conversas sem sentido com outros indivíduos. não esperava que necessitasse traçar conversas de proximidades com outros tributos; até onde tinha a noção, o dever de formação de alianças estava mais concentrado nas mãos de seus mentores que nas suas.ㅤ “̵ não está ansiosa para conhecer seus estilistas? ”̵ㅤ
starter aberto — no saguão principal.
durante o trajeto do distrito dez até a capital ela teve tempo o suficiente para aceitar que seu destino era aquele, que não poderia dizer nada para mudar o que já estava decidido e que, principalmente, não havia como voltar atrás — não sem prejudicar sua irmã. quando pisou no saguão não pode deixar de olhar ao redor. esperava algo mais… extravagante vindo da capital. mas, de certa forma, fazia sentido. por que gastariam recursos com vermes dos distritos? não se sentiu à vontade o suficiente para se sentar, mas não percebeu que talvez parecesse estranha estando de pé como um poste ao lado de um dos sofás. as mãos estavam unidas na frente do corpo, os dedos brincando entre si. “ parece que tem um relógio na minha cabeça contando os segundos pra minha morte. ” murmurou ao sentir a primeira presença. “ o que estamos esperando aqui? ”
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ não acho que você esteja errado. ”̵ㅤ a fim de remendar aquela primeira interação, gaunt abanara os ombros, mantendo o timbre suavizado ao observá-lo. se ele não estava errado, ela obviamente também não estava, em seu ponto de vista. ㅤ“̵ como eu disse, acho que é estresse. a viagem e a despedida já foram estressantes o suficiente para um dia só. ”̵ㅤ a viagem havia sido consideravelmente rápida e a despedida, morna, repleta de subtons os quais ela não queria decifrar e palavras as quais havia preferido não dizer. o cansaço, a contraponto, era real e, se fosse uma escolha apenas sua, teria preferido não conversar com nenhuma daquelas pessoas para se aprofundar em algumas horas sob o domínio do sono. infelizmente, nem todos os desejos poderiam ser atendidos. ㅤ“̵ é claro que todo mundo está triste — puto, até. eles, você e eu também, skandar. ”̵ㅤ imaginava que teria acertado o nome, que se lembrou ao reparar no número doze estampado no peito da companhia. esforçou-se ao máximo para não deixar transparecer qualquer insegurança através das ranhuras de sua personalidade. sua tristeza e suas preocupações diziam respeito somente à si mesma, e tinha a intenção de mantê-las exatamente assim, enjauladas em uma gaoila dourada, tilintando em sua consciência. acrescentou que, se todos iam morrer, era melhor passarem os últimos momentos comendo bem e descansando nos sofás do que se debulhando em maus sentimentos. ㅤ“̵ mas não há o que fazer, é isso. ”̵
⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀⠀ ⠀ ⠀ ⠀⠀ ⠀A PRIMEIRA REAÇÃO FOI UM OLHAR ATRAVESSADO. Skandar estivera com o rosto apoiado na mão e o cotovelo no braço do sofá. O olhar distante, percorrendo lentamente entre os outros tributos e a mente fervilhando sobre como deveria lê-los e julgá-los. Especialmente em um momento tão delicado quanto aquele. Sentia-se mal, por si mesmo, obviamente. Não queria estar ali. Não queria estar ali com aquelas pessoas. E não queria que estivessem indo para a arena. Mas ali estavam todos eles. E talvez estivesse tão absorto em seus próprios pensamentos e achismos que ouvir um pensamento tão divergente do seu o pegou completamente desprevenido.
Então, ajeitou-se no sofá de modo que pudesse encarar quem tinha dito algo tão indelicado. A tentativa dela de consertar a fala não fez efeito. Era tarde para mudar sua mente agora. ━━ Me corrija se eu estiver errado, mas acho que a hora mais propícia para chorar é essa. ━━ Rebateu em um tom levemente sarcástico, porque não acreditava que estava errado. ━━ Quer dizer, fomos arrancados de nossas casas e vamos ser enviados para uma arena para lutar até a morte só para entreter um velho cretino e um bando de gente igualmente filha da puta. Acho que chorar é uma ótima maneira de reagir a tudo isso.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ bem, não estou fazendo piada. ”̵ㅤ pontuou gaunt, observando sua mentora; através de seus olhos amendoados, uma das únicas certezas a que corianne poderia tentar se agarrar era a que, de todas as pessoas envolvidas diretamente com os jogos, thomasin era a que mais torceria pelo seu sucesso. afinal de contas, esteve na mesma situação quando lhe coube a responsabilidade de vencer — de sobreviver — e levar a vitória de volta ao distrito onde nasceram. ㅤ“̵ e, sinceramente, não acho que eu odeio tudo. odeio essa choradeira, é claro. a vida começa a ser mais fácil de lidar quando simplesmente se aceita as coisas. ”̵ㅤ pelo menos era o que poderia dizer, partindo da própria experiência pessoal. pelo menos, quando abraçou uma personalidade fabricada ao redor de oponentes — uma em posição de adorno e beleza, sem a perspicácia que lhe era natural —, seguindo a fluidez da correnteza, a convivência ao redor de outros tinha ficado mais fácil. ㅤ“̵ como eles, também não quero morrer; não é por isso que vou ficar ao redor do saguão, choramingando. ”̵ㅤ bufou mais uma vez, resoluta em seu posicionamento. o estresse ainda pulsava em suas têmporas, a enxaqueca martelando o lembrete de que se instalaria sob sua pele à qualquer instante. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ imitou-a, recostando a parte superior do corpo em uma superfície própria, esperando que o peso de de sua cabeça fosse aliviado ao tocá-lo na parede gélida. também preferia, pelo menos por enquanto, a conversa sem contato visual. preferia mudar de assunto; outra linha de raciocínio seria melhor que essa, onde suas estratégias poderiam ser apontadas por outrém. guardaria-as para quem eram inéditas. ㅤ“̵ como serão os próximos dias? você que já esteve aqui com certeza deve saber me falar. ”̵ㅤ espero ter um bom estilista, acrescentou, apenas mentalmente.
Estava cansada do silêncio. Não o silêncio em si, mas aquele tipo específico que escorria pelas paredes do Centro dos Tributos, aquele tipo tenso, doído, tão espesso que parecia colar na pele. Era o silêncio antes do abate. E ela o conhecia bem. Sabia reconhecê-lo nos rostos que não choravam mais, nas costas envergadas demais para a idade, nas bocas que tremiam sem emitir som. Foi por isso que os olhos se voltaram para a garota do Distrito 4 com mais atenção do que costumava dedicar a estranhos. A primeira frase, impregnada de desdém, não a surpreendeu. Era fácil se esconder atrás de escárnio. O que pegou Thomasin desprevenida foi o remendo tímido logo depois, costurado às pressas em um tom falsamente leve. A tentativa de não parecer cruel. Aquilo, mais do que a provocação inicial, a fez endireitar a coluna e girar levemente o corpo para encará-la. "Não precisa se desculpar." A voz saiu num tom baixo, mas firme, com aquela melodia embargada de quem já foi obrigada a crescer antes da hora. Os olhos castanhos de Thomasin percorreram o rosto da mais nova com uma lentidão calculada, não para julgar, mas para entender. E ali estava: a dor cuidadosamente envernizada com humor. Ela conhecia bem essa fórmula.
"É só que... quando a gente faz piada disso tudo cedo demais, corre o risco de se acostumar com a ideia de que tem que sorrir pra morrer." Havia um certo peso nas palavras, mas nenhuma dureza. A exaustão de alguém que já tivera que vestir mil máscaras diferentes para continuar respirando, e agora reconhecia o gesto em outra. O olhar suavizou, e um pequeno suspiro escapou antes de continuar. "Você me lembra a minha irmã. Dizia que odiava todo mundo quando tava com medo. A diferença é que ela dizia olhando nos olhos." Pousou o braço no encosto do sofá, não exatamente em um gesto de aproximação, mas como uma ponte invisível, um espaço aberto, um convite. Não queria assustar. Não queria ensinar nada. Só queria que a garota entendesse que não precisava sangrar sozinha. "Fica perto de mim amanhã. Eles ainda não ensinaram como derrubar a gente sem dividir primeiro." E com isso, reclinou a cabeça contra a parede fria atrás de si, fechando os olhos por um breve instante. O cansaço era físico, sim, mas muito mais do que isso: era o cansaço de alguém que sabia exatamente o que viria, e, ainda assim, escolhia cuidar.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ scylla! ”̵ㅤ a primeira reação de corianne foi expressar seu reconhecimento. deixou que os olhos castanhos perdurassem na feição delicada a qual já conhecia, uma reminiscência da passagem da vitoriosa pela terra natal de gaunt. é claro que, dada a indisposição da nação para a comunicação entre as subdivisões distritais, há muito não mantinham contato. ainda assim, o gênio da de cabelos dourados, por mais difícil que fosse, reconhecia lancaster com um pouco mais polidez. ㅤ“̵ bem, destinos são destinos, eu imagino. não sabemos qual será o de cada um. ”̵ㅤ reprimiu a necessidade de dizer por um momento que quase não se importava com o dos outros enquanto pudesse manter o seu intacto, regido à bel prazer de seu consciente. o pensamento não fugia tanto de sua recente linha de raciocínio, mas percebeu que era melhor guardar isso para si. ㅤ“̵ você não acha melhor estar consciente? bem, alguns dizem que a ignorância é uma virtude, mas não sei se acredito nisso. ”̵ㅤ suavizou o timbre, meneando os ombros como quem acreditasse que aquela situação era inevitável — e realmente era, não? ㅤ“̵ de qualquer maneira, é bom vê-la. gosto de ver rostos conhecidos. ”̵ㅤ em seu máximo, aquela colocação simplória evidenciava uma afabilidade verdadeira que era quase extinta nas ações de gaunt. quando costumava expressar o mínimo de carinho à muitas pessoas, se pautava em mentiras: pelo menos, com scylla, estava sendo transparente. a distância entre elas, no entanto, ainda existia, enraíza na diferença entre distritos. não importava que gostasse dela em outra vida; talvez ali fosse diferente, até para lancaster. infelizmente, corianne ainda não havia desenvolvido a capacidade de ler mentes. ㅤ“̵ como anda você? já fazem alguns anos... ”̵ㅤ
" você está encarando uma viúva , um futuro órfão , alguém que perderá um irmão . " tão resoluta quanto o nível de sinceridade que escorre dos lábios bonitos . reconhece o timbre e modulação antes que sequer a observe ; embora a curiosidade , indomável , seja um obstáculo e tanto para scylla . não demora para vislumbrar , com certa minúcia , os detalhes do rosto de corianne . à priori não sabe o que está procurando ; um sinal de franqueza , pânico ou frenesi ? que seja , mas se perde por alguns milésimos na fisionomia . " se for ' pra pensar desse jeito , cru e direto , ' cê está cercada de gente morta . " não concorda com àquela visão ríspida ; mas , ora , não há como julgar quem está com os ânimos a flor da pele . a própria scylla está , pois pisar ali remete as memórias da própria colheita . " imagino que você esteja ... hm , " não há uma palavra que venha fácil a mente . bem seria uma hipérbole , mal seria um desânimo e nada estimulante . permite , portanto , que a reticência se faça presente na pronúncia polida . " sim , é claro . totalmente compreensível . " a concordância é genuína adjunto ao suspiro sôfrego , embora discreto , que oscila dos lábios carmesim . " não há muito que eu possa dizer , você parece tão ... consciente . " da situação catastrófica e sanguinolenta que ela está sentenciada . detesta que exista aquela tensão implícita entre as duas ; outrora a abraçaria , almejaria acalentar e dizer que corianne poderia ser transparente para consigo .
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ é claro que tem. eu adoraria que se lamentassem caladas, no entanto. ”̵ㅤ murmurou mais para si do que para outrém, revirando os olhos castanhos.ㅤ “̵ só parto do pressuposto óbvio: lágrimas e choro não vão salvar ninguém. o quanto antes outras pessoas aceitarem que o próprio destino, mais fácil fica para elas. é só um conselho. ”̵ㅤ enquanto sua preocupação era falsa, a resignação era apenas meia-verdade, forjada na necessidade que tinha de parecer superior, embora também fosse humana; a apreensão, imaginava, era um denominador comum no subconsciente de todos os presentes.ㅤ “̵ você não me parece o tipo de pessoa melancólica, harin. tenho certeza que entende o que eu quero dizer. ”̵ㅤ a conheceu há muito tempo, quando a turnê de vitória de jo fizera sua passagem pelo distrito quatro. na época, corianne não era mais que uma criança que nem completara uma década, que se escondia atrás das pernas longas do pai, observando de relance os forasteiros que passavam, ano após ano, vítimas da vitória — geralmente, um vitorioso não era tido como vítima, mas era o que a pequena de olhos escuros entendia quando era criança e, através de toda a honra e glória, percebia sempre o mesmo tipo de olhar baixo e cansado nos anunciados vitoriosos. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ é claro que pretendo vencer; não imagino que qualquer um veio com o propósito de sair com a garganta cortada. ”̵ㅤ resoluta em sua colocação, meneou novamente os ombros, como quem pontuava um fato sucinto. a derrota não lhe era uma opção, assim como, provavelmente, também não era a de nenhum outro tributo.ㅤ “̵ você acha que tem algum problema em ser confiante? ”̵ㅤ era uma dúvida até que genuína; em seu leque de possíveis papéis para interpretação, estava aberta a se tornar quem fosse necessário para fortalecer sua própria narrativa. harin não era sua mentora, e corianne tinha a noção de que a mulher estaria com o foco de fazer com que sua mentorada vencesse — ainda assim, cory acreditava que fazia mais sentido tentar conquistar alguma fagulha de simpatia dos mentores alheios do que manter uma boa relação com algum tributo que não valia sua atenção. afinal, somente os mentores já tiveram alguma experiência verdadeira.. “̵ é uma surpresa ver você aqui. até onde eu sabia, você não costumava mentorar... ”̵
Não era mentora com frequência. Ficava enfurnada no laboratório ou dentro de casa, ignorando grande parte das edições. Se não assistisse, não teria como sofrer por aqueles que estavam sendo ceifados na mão de uma falsa premissa de liberdade e memória. As lágrimas, os rostos de pessoas que sabiam que morreriam, ficavam gravados em sua mente com bastante precisão. Definhavam a falsa sensação de estabilidade que desenvolvia, o que fazia com que pesadelos retornassem todos os anos, na mesma data. Escutava os lamentos como se fossem estacas a atravessando em um sentimento de impotência. As palavras alheias fez com que saísse da própria miséria, lembrando-se que era uma mentora. A sua função deveria deixar as pessoas mais preparadas para sofrerem o enfrentamento. "As pessoas têm o direito de lamentar o fim das próprias vidas." A voz era cansada, saindo quase como um suspiro. Os olhos finalmente voltaram-se ao rosto da dona da voz. Corinne Gaunt. Tinha assistido a Colheita dela. Filha do prefeito, bonita, carismática... E, acima, de tudo, carreirista. A desconfiança era automática e natural, principalmente dado o seu histórico. "Ou você não planeja retornar como vitoriosa, Corianne Gaunt? Ser mais um na contagem de mortos. Esquecida." A língua era voraz em provocá-la, esperando uma reação da máscara que utilizava. Corinne provavelmente tinha sido treinada para isso.
"Está acontecendo muito, de fato." Desviou o olhar para aquelas pobres pessoas, vítimas das decisões de outra pessoa. Não podia sentir nada além de pena e, de certa forma, culpa. "A recomendação que eu tenho é que se acostume com os gritos e com as lágrimas. Eles tendem a piorar dentro da arena." A dica foi sincera e voltou novamente para a loira. Talvez ela tivesse sorte com os patrocinadores, principalmente por conta da beleza e a forma com que ela desempenhava a máscara que lhe foi ensinada. Em poucas palavras, era perceptível o treino alheio.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ bem, não sei de que sarcasmo está falando. ”̵ㅤ pontuou a loira, mantendo o tom de voz no limítrofe do que ainda achava aceitável. se já apresentava traços de estresse anteriormente, mal podia imaginar o que a conversa do outro tributo poderia fazer com seus nervos à flor da pele. mas reiterou-se: não estava ali para brigar na primeira noite de capital, então dosaria a conversa em sua vantagem quando fosse possível — era esperta e sabia que, assim como o condicionamento físico era imprescindível em sua colocação, a coleta de informações também ocupava um posto chave nos Jogos. ㅤ “̵ e não estou com medo. não acho que tem do quê ter medo. ”̵ㅤ era uma afirmação categoricamente muito estranha para se fazer na situação em que estavam inseridos, mas não pretendia mostrar inseguranças aos outros, ainda mais desconhecidos. ㅤ“̵ você também não parece estar com medo… elian, acertei? a julgar pela sua atitude, imagino que você se garanta… ”̵ㅤ testou a linha da simpatia, erguendo as sobrancelhas loiras-escuras como quem, de repente, ficou interessada na conversa.
Dá poltrona onde estava sentado, Elian escutava tudo, enquanto silenciosamente estudava o bracelete que haviam lhe dado junto do uniforme, sua curiosidade mecânica fazendo com que os olhos percorressem o dispositivo com cuidado. Quando ouviu o comentário de Corianne, não se deu o trabalho de levantar a cabeça, apenas murmurando. " você fala como se o sarcasmo te tornasse mais forte. " começou antes de erguer os olhos e deixou que eles encontrasse a figura da garota. " eu conheço esse truque, é o mesmo que eu uso quando estou com medo. " encarou-a por alguns segundos antes de voltar sua atenção novamente para o bracelete, uma pena que não tivesse suas ferramentas ali, poderia desmontá-lo em segundos. " você não está errada, só está tentando sobreviver. " não a julgaria, todos tinham direito de reagir como bem desejassem ao infortúnio que lhes abatia.
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ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ “̵ não se preocupe, eu sei muito bem como fazer amigos. só não está nos meus planos, por enquanto. ”̵ㅤ comentou corianne ao mentor quando este se aproximou, deixando que os cantos dos lábios se curvassem, de relance, em um minúsculo sorriso de reconhecimento. a presença dele era uma constante inconstante em sua vida; filha de um dos homens mais importantes do distrito, era natural que o prefeito mantivesse um fio de ligação com um vitorioso, principalmente river gaunt, que tinha apreço particular por conversas e aliados. dorian já havia jantado na residência dos gaunt vezes esparsas através dos anos e, indiretamente, havia a visto crescer. ㅤ“̵ estou realmente estressada com o choro, mas imagino que não vá melhorar muito daqui pra frente. ”̵ㅤ na arena, não imaginava que os ânimos das pessoas estivessem sob controle; se ali, naquele saguão, alguns competidores se despiam da compostura e da invulnerabilidade, mal podia imaginar quando a vida e a morte estivessem tão prróximas em uma linha tênue como dentro dos jogos em si. ㅤ“̵ e prefiro a companhia de alguém em que consigo reconhecer a competência. ”̵ㅤ alguém em que estava ao mesmo lado do dela, primordialmente. mesmo não sendo explicitamente seu mentor, visto que era quem regia o tributo masculino de seu distrito, cory conseguia entender — pelo menos imaginar — que ele não torcia pela sua derrota. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ estendeu os dedos franzinos em direção à garrafa d'água. ㅤ“̵ obrigada. ”̵ㅤ verbalizou o sentimento, não demorando a destampar o recipiente e se esbaldar em alguns poucos goles. ㅤ“̵ tomara. acredito que as entrevistas sejam uma porta de entrada importante para atrair patrocinadores, não é? ”̵ㅤ baseava-se na ideia de que se a garantia de uma habilidade mortífera não era suficiente. sem um pouco de carisma, esse valor podia escorregar pelos dedos feito água corrente. ㅤ“̵ você foi bem na época das suas entrevistas? teve muitos patrocinadores? ”̵ㅤ a pergunta era além de a título de curiosidade; era muito nova quando ele venceu, então talvez fosse bom revisitar estratégias e acontecimentos.
Dorian observou os arredores, um tanto incerto do que estavam fazendo ali. Não lembrava de ter se juntado com outros tributos em seus jogos, e nem nos jogos dos tributos que vieram depois, mas ele sabia que a Capital tinha algo em mente; os centésimos jogos seriam bem diferentes, ele podia sentir. Estavam empenhados em fazer os tributos darem uma grande performance naquele ano, já que o anterior havia sido um fiasco. Dorian resolveu focar-se nos tributos do distrito quatro só para não ter que conversar com os outros mentores. O que deveria dizer, afinal? Que estava com saudade dos antigos colegas de trabalho? Que sentia muito que alguns tinham que ver os parentes indo morrer? Não, ele preferia lidar com tudo em silêncio. Seus tributos nem tinham um vínculo familiar com Dorian e já era difícil pra ele, então não conseguia nem imaginar como seria para os outros.
Corianne foi a primeira que lhe chamou a atenção. A filha do prefeito do distrito quatro já era uma conhecida de Dorian, que foi chamado para diversos jantares na casa dela para conversar com o prefeito como um vencedor do distrito; como se tivesse qualquer orgulho naquilo. Dorian fingia que sim, que ser vitorioso lhe trazia alguma honra, até porque socializar com figuras importantes de seu próprio distrito era a maneira mais fácil de iludir a capital de que ainda estava sendo manipulado por eles. A parte mais difícil, no entanto, ele não queria nem lembrar agora. Focou-se em Corianne então, observando-a tentar se retratar sobre o comentário ríspido anterior. O tributo que estava ao lado dela apenas bufou e saiu de perto, e Dorian não sabia se era por ter detestado o que ela disse, ou o mentor dele apenas instruiu que não conversasse com mais ninguém. Acontecia muito. "Ótimo jeito de fazer amigos." Dorian comentou, estendendo-a uma garrafa d'água. Ele sabia bem como era essencial ficar hidratado, afinal, participou de uma arena que a água ou era do mar ou era envenenada. Ele a ofereceu um sorriso, um tanto mais genuíno do que aquele que ela ofereceu para o tal tributo. Pensou em perguntar como ela estava se sentindo, mas achou melhor deixar isso de lado. "Bem, pelo menos posso te ver se destacando bem nas entrevistas." Seja por bem ou por mal, é claro. O importante era se destacar.
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⠀ㅤ⠀starterㅤ⠀[ … ]ㅤ⠀com @ghenvyre no saguão.
ㅤ⠀ㅤ⠀seja lá que entidade fosse responsável pelos acasos, não parecia estar disposta à brincar; qual teria sido a chance de alguém com o sobrenome venture ter sido sorteada, junto à si, à uma posição na competição? a aparência dessa tal genya lhe era ainda mais estrangeira que o nome e segundo nome, que só vieram a repousar em seu campo mental recentemente quando, por um ato de intromissão, fora bisbilhotar as cartas que chegaram à residência gaunt e encontrou palavras suspeitas em um bilhete pouco chamativo que era endereçado ao seu irmão caçula. a maioria das cartas que chegavam eram para o pai, algo natural, dado o cargo que ocupava no distrito; a própria primogênita pouco tinha acesso à correspondência, visto que seu conhecimento de outros distritos era pouco, como era regida a comunicação em panem. olhos menos atentos teriam deixado a carta passar — o que provavelmente aconteceu, já que o item chegara ao seu destino final —, mas corianne havia guardado em si cada palavra do pequeno papel amassado desde que havia lido, alimentando os devaneios com aquele conteúdo insurgente. custava a entender como, ou por que, soren se metera com aquele tipo de coisa; e se a princípio a curiosidade era alimentada pela surpresa, agora era o instinto irmã mais velha que guiava seus movimentos. sua intenção era entender o quanto a outra mulher sabia de alguma indisposição ocorrendo dentro da própria família; ou se, mais além, sabia que um gaunt poderia estar envolvido naquele tipo de esquema chulo.ㅤ “̵ você deve ser a genya. ”̵ㅤ sem cumprimentos ou firulas, corianne tomou o lugar no sofá ao lado da de olhos verdes, recolhendo-se do olhar de outros tributos e mentores mais próximos.ㅤ “̵ acertei? meu nome é corianne gaunt. ”̵ㅤ a outra provavelmente já tinha o acesso à essa informação, mas corianne queria inspecionar se, nas íris verdes da companhia, poderia capturar algum mísero lampejo de reconhecimento.
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⠀ㅤ⠀starterㅤ⠀[ … ]ㅤ⠀aberto para respostas.
ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ corianne estava cansada de lamentações. durante o trajeto de trem para a capital, os estágios do luto já haviam consumido-a de dentro para fora, e a negação foi o primeiro que havia abandonado junto ao distrito quatro. seria errôneo, é claro, apontar que estava feliz — nem imaginava que chegaria um dia à tal disposição nirvânica, utópica até para os mais entusiasmados —, mas a convivência em comunhão com os outros tributos estava fazendo com que as têmporas obtivessem a característica pulsátil de uma enxaqueca. o próprio medo formigava o próprio estômago desde que havia deixado o distrito natal, mas tinha pelo menos a certeza de que não estava miserável de maneira aparente como outros ao seu redor. além de tudo, não só audível, o sofrimento conjunto era visual; os rostos torturados de seus competidores eram uma visão do inferno para gaunt que encarava ladinamente os dedos trêmulos e olhos baixos dos outros, escondendo o julgamento nos olhos castanhos.ㅤ “̵ sinto que estou encarando uma viúva em um cemitério! quanto chororô! ”̵ㅤ ralhou com uma mesquinharia rompante e impaciente, deixando um suspiro profundo escapar enquanto massageava um dos lados da cabeça. ㅤㅤㅤㅤㅤㅤㅤ não imaginava que um simples comentário fosse gerar qualquer desavença, mas fingiu um segundo suspiro cansado, um tom sôfrego fabricado em sua entonação. o primeiro dia não era um dia de se gerar inimizades; guardaria isso para a manhã seguinte. ajeitou-se no sofá e se virou para a pessoa que sentava-se mais perto de si, que era quem tinha certeza que poderia ter escutado sua descompostura.ㅤ “̵ não estava falando de você, sabe? só estou muito estressada. são tantas coisas acontecendo. ”̵ㅤ dissimulou, imprimindo no tom de voz o pequeno sorriso fabricado.
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PEARLS
A Pearl, Mitski / Girl with a Pearl Earring, Johannes Vermeer / Warming Her Pearls, Carol Ann Duffy / Moment’s Silence (Common Tongue), Hozier / Woman with a Pearl Necklace, Johannes Vermeer / Pearl, Sobi
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Madelyn Cline as Sarah Cameron OUTER BANKS — 1.05 'Midsummers'
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im not interested in glory through combat anymore. i do not want to be a part of this shit.
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⠀ ⠀ ⠀ ⠀a pearl in my head ㅤ⧆ㅤ the pearl, distrito 4 ㅤ⸻ ㅤpor favor, aplausos para corianne gaunt, nossa representante do 𝒅͟𝒊͟𝒔͟𝒕͟𝒓͟𝒊͟𝒕͟𝒐 𝟒͟! se não me falha a memória, essa graciosidade tem apenas vinte e quatro anos e vem se destacando desde que foi sorteada na colheita, especialmente por sua habilidade com arbaletes e por ser charmosa e rancorosa. a verdade é que toda capital não vê a hora de descobrir o que esse rostinho angelical é capaz de fazer!
⸻ ㅤ ⊹ ㅤ 𝑑𝑎𝑑𝑜𝑠𝐛͟𝐚́͟𝐬͟𝐢͟𝐜͟𝐨͟𝐬.
ྀི ῾ ㅤ⸻ㅤ nome completo: corianne mare gaunt ㅤ⋆ㅤ apelidos: cory ㅤ⋆ㅤ distrito: distrito quatro ㅤ⋆ㅤ idade: vinte e quatro anos ㅤ⋆ㅤ conhecida por: filha do prefeito, tributo carreirista, rostinho bonito ㅤ⋆ㅤ possíveis qualidades: cautelosa, resiliente, oportuna, charmosa, esperta ㅤ⋆ㅤ possíveis defeitos: cínica, manipuladora, rancorosa, passivo-agressiva, paranóica.
⸻ ㅤ ⊹ ㅤ ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜́𝑟𝑖𝑎𝐠͟𝐞͟𝐫͟𝐚͟𝐥.
o histórico da família gaunt prova que a morte não diferencia os pecadores e os santos. talisa foi a responsável por inaugurar o sobrenome da família na casta de vencedores da competição, na quinquagésima segunda edição dos jogos vorazes; seu histórico era pouco e insuficiente antes de ter se tornado uma estrela por conta da vitória, sendo filha de uma família qualquer do quarto distrito. a vitória lançou-a ao estrelato e, quando pôde ver, estava casada com um dos jovens mais promissores do distrito. com ele teve um par de filhos gêmeos, cujos futuros se diferiram tão profundamente que mais pareciam os lados de uma moeda. o mais velho dos gêmeos, neptune, se voluntariou para poupar o namorado, com quem preservava, até então, um romance escondido; sua morte foi brutal e televisionada para toda panem, e sua garganta cortada transformou o orgulho da família gaunt pelos jogos em um assunto ácido e pontiagudo para alguns dos integrantes. por outro lado, o gêmeo mais novo, river, talhou o próprio destino tão interligado com a capital quanto o do irmão, embora imensamente diferente; com afinidade para a politicagem e lábia, escapou da idade máxima da colheita ileso de ter o nome colhido do montante e se dedicou à governança e administração, algo que lhe rendeu o título de prefeito do distrito quatro. o cargo lhe garantiu prestígio e influência, que vieram acompanhados, como qualquer coisa, de consequências ominosas; river gaunt era, sim, um dos homens mais poderosos do quatro distrito, mas sua prosperidade vinha intrinsecamente atrelada a coleira que a capital enlaçara em seu pescoço. além de prefeito, chefiava o negócio da família de mercadoria de frutos do mar e, posteriormente, extração de pérolas, que alimentavam os vislumbres estéticos da capital.
𝑐͟𝑜͟𝑟͟𝑖͟𝑎͟𝑛͟𝑛͟𝑒 foi a primeira filha de river gaunt e sua esposa, mare, mulher que não tinha atrativos intelectuais, o que era compensado pelos físicos; sempre muito bonita, embora igualmente apática, movida a esse relacionamento para usufruir do dinheiro do marido. algumas mulheres não nasceram pra ser mães, sendo mare gaunt um exemplo exímio desse princípio; seus filhos, corianne e soren (este nascido quatro anos depois da primogênita), foram criados sem as bases maternais de carinho e proteção, condicionados a um relacionamento morno com a progenitora. o pai portava em seu coração um pouco mais de carinho, mas com maior nível de imposições; a intenção de river era apontar a estabilidade de seu sobrenome e, mesmo contra a vontade da filha, cori foi inserida no programa de treinamento dos carreiristas assim que seus membros ficaram fortes o suficiente para sustentar algumas pancadas. mesmo com a falta de vontade, a prática lhe veio com facilidade, conseguindo bons resultados em testes físicos e apresentando constante melhora em seu condicionamento. ainda assim, não havia nele a brutalidade característica de outros carreiristas, recusando-se a abraçar a crueldade a que era condicionada em sua capacitação. não demorou para que outros percebessem que gaunt destoava, e comentários não eram poupados a cerca de sua má vontade e possível incapacidade de sobrevivência. imaginavam que havia dotado o caráter de sua mãe, em que a apatia era um estado natural e a utilidade residia em ser um rosto feito para adornar algum artigo principal. o erro de tal análise era a subjugação de suas capacidades; cori era, sim, displicente e silenciosamente rebelde, e sua falta de apego à ideia de se voluntariar e estrelar um dos jogos não anulava sua capacidade que crescia com o treinamento. o cerne de sua rebelião era a visão egoísta de seu desacerto com o rumo de sua vida; os olhos que cresceram sob o véu do privilégio ainda pouco encaravam a discrepância que redomava panem.
corianne cresceu condicionada à uma rotina que aprendeu a abominar, e a pré-adolecente quieta que um dia foi se transformou, gradativamente, em uma adulta infimamente amarga, cujo desgosto se escondia por detrás do sorriso brilhante e olhos escuros. a vida serviu como um exercício de dissimulação, onde aprendeu a usar o charme que cultivou como escapatória para o máximo de situações que não lhe apeteciam, visando tornar sua existência um pouco menos abominável. aprendeu que a vida era um pouco mais fácil para mulheres que sorriam e acenavam, o que a ajudou nos anos recentes de sua vida; se o que esperavam dela muitas vezes era a função estética de adorno e rosto bonito, permitia-se brincar sob o véu desse papel, deixando que a subestimassem, contanto que isso a permitisse permear uma liberdade implícita:;sabia que era mais fácil sobreviver quando ninguém esperava que você soubesse como.
o declínio do nome dos gaunt vinha acontecendo há meses, quando os negócios da família ligados à extração de pérolas começaram a falhar pela escassez dos recursos e perda de alguns contratos com a capital. a perda de dinheiro pela quebra dos contratos significava a diminuição proporcional da influência que river trajava. o patriarca tentou de tudo, tentando inflamar sua reputação em discursos parciais sobre tradição e força, mas era esperto o suficiente para entender que a realidade de sua família não distava de turbulências e atribulações. nenhum de seus planos vingava para fazer com que a credibilidade renascesse em solo já não fértil.
o sorteio do nome de da primogênita dos gaunt para a competição a trouxe diversos sentimentos, como imaginava que seria; entendeu que a própria vida inteira foi só uma longa preparação para aquele momento porque nunca houve, de fato, qualquer outra alternativa. encarava a situação com a desolação de uma criança perdida, fantasiando até os últimos segundos sobre alguém que poderia vir a salvá-la com uma atitude voluntária. como isso não aconteceu, interpretou os jogos como um martírio e uma chance para a liberdade, liberando-a daquele destino nefasto. a noção de perder a vida — que pouco pareceu lhe pertencer — se mostrara muito mais devastadora na prática do que era no mundo dos pensamentos. não queria morrer, e isso era tudo o que sabia. pensou que, se ganhasse os jogos, se finalmente cumprisse o seu dever e restaurasse a credibilidade do sobrenome que carregava, a vida que teria pela frente seria apenas sua, e a idealização de uma história que lhe pertencia foi o suficiente para que a inspirasse a perseguir a vitória.
⸻ ㅤ ⊹ ㅤ 𝘩𝑎𝑏𝑖𝑙𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠𝐞͟𝐬͟𝐩͟𝐞͟𝐜͟𝛊́͟𝐟͟𝐢͟𝐜͟𝐚͟𝐬.
um arbalete é uma arma usada para pesca marítima, que tem a estrutura semelhante a uma balestra/besta, sendo apenas um pouco mais estreita; de tal maneira, é tradicionalmente manuseada por mergulhadores para capturar presas submersas com precisão e silêncio. sua habilidade com o arbalete permite que dispare dardos com alto grau de precisão, principalmente em distâncias curtas e médias, se privilegiando em emboscadas e em ataques planejados. o arbalete não é uma arma feita para a repetição rápida, visto que exige tempo para recarga e linha de visão clara, o que impede corianne de usá-lo quando se depara com uma situação inusitada, tendo que recorrer imediatamente à força física ou alguma artimanha improvisada. a arma funciona melhor em situações de emboscada e caça, como seu intuito original, e é menos eficiente em combates diretos.
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